Sinopse
Uma mensagem enigmática foi encontrada entre os papéis que um velho historiador deixara no Rio de Janeiro antes de morrer. Tomás Noronha, professor de História da Universidade Nova de Lisboa e perito em criptanálise e línguas antigas, foi contratado para descodificar esta estranha cifra. Mas o mistério que ela encerrava revelou estar para além da sua imaginação, lançando-o inesperadamente na pista do mais bem guardado segredo dos Descobrimentos: a verdadeira identidade e missão de Cristóvão Colombo.
Baseado em documentos históricos genuínos, O Codex 632 transporta-nos numa surpreendente viagem pelo tempo, numa aventura repleta de enigmas e mitos, segredos encobertos e pistas misteriosas, aparências enganadoras e factos silenciados, num autêntico jogo de espelhos onde a ilusão disfarça o real para dissimular a verdade.
Opinião
Ora aqui está um dos poucos livros que ainda faltavam para completar a minha colecção de livros escritos por
José Rodrigues dos Santos. Ainda por cima, trata-se do livro onde nos é apresentado, pela primeira vez, o personagem mais icónico do autor, Tomás Noronha. É ainda o retrato de um homem de família, casado, com uma filha pequena e a consolidar a sua carreira como professor e especialista na sua área. Apesar deste retrato tão distante do Tomás dos livros mais recentes, é interessante conhecer o seu passado e perceber as influências que determinam algumas das suas decisões.
Por outro lado, já sabia que este era um livro sobre Cristóvão Colombo e não estava de forma alguma em condições de perceber que mistérios assim tão interessantes poderiam existir sobre essa personagem histórica que todos conhecemos dos livros de História. Isto só demonstra a minha ingenuidade e o quanto estou longe de saber o que de verdade aconteceu na época de glória que foi a dos Descobrimentos.
É uma era de ouro na História de Portugal, mas está também envolta em inúmeros mistérios e perguntas sem resposta aparente. Afinal, como um país pequeno, sem população para povoar o território que já tinha, e sem poder económico foi capaz de se aventurar pelo mar, chegando muito além da imaginação dos mais ilustres da época? Um feito desta dimensão, dadas as circunstâncias, foram obra de muito conhecimento técnico e de muita diplomacia, certamente.
Escusado será dizer que não é a este grande mistério que se pode encontrar respostas neste livro. Aqui são feitas muitas perguntas como as que fiz anteriormente mas, acima de tudo, põe em causa as teorias que colocam Colombo como italiano. Uma empreitada complexa que leva Tomás a viajar, entre outros locais, por Génova e Castela, na busca por pistas que determinem de onde surgiu o navegador e os propósitos que o levaram a convencer Isabel de Castela a procurar a Índia seguindo em frente, em vez de contornar o continente africano, como os portugueses já sabiam que seria o caminho mais próximo.
Sem sequer pensar nas provas factuais, os inúmeros indícios duvidosos são mais que muitos e levantam muitas dúvidas sobre o papel de Colombo em Castela e as suas ligações com os reis de Portugal. A sua vida em Itália está repleta de contradições e o caminho que o leva até Portugal é envolto em mistério. Por cá, casou e teve um filho que, depois de ter ficado viúvo, levou para Castela.
O problema é a falta de documentos originais com informações sobre esta personagem que ficou famoso por ser o descobridor da América, ao serviço de Espanha. Os que chegaram aos de hoje são referências de pessoas que não conheceram o navegador pessoalmente ou cópias de manuscritos da sua época, tendo-se perdido o rasto ao original. Os próprios restos mortais que se encontram em Sevilha, provavelmente não serão os de Cristóvão Colombo, perdidos ficaram nas sucessivas transladações ao longo dos séculos.
No meio desta investigação inesperada e que o tira da rotina, Tomás vive outros problemas. Afinal, nem só dos Descobrimentos e dos Templários (sim, Liliana, os Templários são muito importantes neste livro!) vive este romance. Ao longo da trama somos confrontados com Trissomia 21, as expectativas dos pais em relação aos filhos, um casamento desgastado, adultério, intrigas e jogos de poder. Enfim, só ingredientes para tornarem este livro ainda mais interessante e prender a nossa atenção até ao derradeiro final.
Não posso ignorar também as passagens que acontecem na fantástica Quinta da Regaleira, em Sintra. Um lugar mágico que tive oportunidade de visitar e que aconselho como obrigatório a todos que possam lá ir. E se depois de ler este livro não ficares com um desejo enorme de lá ir, não creio que nada te possa convencer.
Este é um livro imperdível para todos os fãs deste autor, para os curiosos sobre os Descobrimentos e para todos os apaixonados por mistérios. Aqui se inicia um protagonista de muitos dos livros que se seguiram e que, além de entreter, nos apresentam lições sobre os mais variados temas e sobre diferentes áreas do conhecimento.
Já tinhas lido o primeiro romance com Tomás de Noronha? O que pensas sobre o mistério das origens de Cristóvão Colombo?
"Inalou com prazer o odor quente e adocicado do papel velho, um cheiro a que havia muito se habituara nas bibliotecas e do qual não prescindia já; era este o seu oxigénio; aquele ar que vinha do passado, um viajante invisível e misterioso que cruzara o tempo com notícias do que já não existia, constituía a origem da sua inspiração e o destino da sua vida."
"É isso, afinal de contas, a Quinta da Regaleira. Um livro esculpido na pedra. É fácil queimar um livro de papel ou rasgar uma pintura na tela, mas é bem menos fácil demolir uma propriedade inteira."
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