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quinta-feira, 28 de março de 2024

#Places - O Ramila

 

Uma tentadora imagem de um polvo fresco sendo preparado em uma panela no restaurante O Ramila, em Setúbal. Com sua textura macia e sabor inconfundível, o polvo é um dos pratos mais populares neste estabelecimento conhecido por sua excelência na culinária tradicional portuguesa. Uma verdadeira festa para os amantes de frutos do mar.

Localizado no coração de Setúbal, o restaurante O Ramila é uma viagem à culinária típica portuguesa, Com um ambiente acolhedor e familiar, o restaurante oferece aos seus clientes um cardápio variado, repleto de pratos tradicionais e deliciosos. Setúbal é uma cidade portuguesa conhecida pela sua cultura gastronómica rica e diversificada. Situada junto ao estuário do rio Sado, a região é famosa pelos seus pratos de peixe fresco, marisco e vinhos produzidos localmente. A gastronomia de Setúbal é marcada pela influência atlântica, com sabores intensos e genuínos que refletem a tradição e a história da cidade. Quanto ao O Ramila, encontramos pratos tradicionais e ingredientes frescos da região. 


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O espaço encontra-se no centro da cidade, numa das zonas mais bonitas da nova Setúbal, junto ao rio, numa rua repleta de outros restaurantes e comércio, traduzindo-se numa rua movimentada e cheia de vida. O ambiente do restaurante é acolhedor e charmoso, com uma iluminação suave que proporciona um momento agradável e relaxante para desfrutar duma refeição deliciosa. Na ementa, o grande destaque são os pratos típicos da região, como o choco frito, o bacalhau e diversos peixes na grelha. No entanto, também é possível encontrar opções interessantes de carne, como febras, bifes ou picanha. Pessoalmente, quando num restaurante com peixe fresco, dou prioridade a este tipo de prato. Estando em Setúbal, a escolha recaiu pelo clássico Choco Frito à Ramila, embora para a mesa também tenham vindo umas belas lulas grelhadas. 


Podes ler também a minha experiência na Tostaria do Bairro


Este é um prato que não tem muito como falhar, mas tenho de admitir que já comi melhor, mesmo fora da cidade de Setúbal. Ainda assim, estava saboroso, bem crocante e com uma textura perfeita. As lulas também estavam muito frescas e tenras, mas demasiado carregadas de cebola, ao ponto de não ser fácil descobrir o verdadeiro sabor da lula. A apresentação dos pratos é agradável, mas considero que podia ser melhor, com mais esmero e bom gosto. Para acompanhar os nossos pratos, foram pedidas sangrias tintas e brancas. Pareciam daquelas de pressão, com pouca fruta, embora a branca fosse muito melhor do que a tinta, talvez até por combinar melhor com os pratos que escolhemos para jantar. 


Foto de uma deliciosa travessa de choco frito acompanhada de batata cozida, servida no restaurante O Ramila, em Setúbal. Os pedaços de choco estão crocantes por fora e macios por dentro, acompanhados de batatas perfeitamente cozidas. Uma combinação irresistível de sabores e texturas que certamente irá surpreender e encantar os apreciadores da boa gastronomia local.

Agora, precisamos conversar sobre o atendimento. Os funcionários mostraram-se prestativos, atenciosos e simpáticos, mas percebia-se uma certa confusão no registo dos pedidos e uma demora elevada na chegada da comida à mesa. Depois dos pratos chegarem à mesa, nem sempre foi fácil chamar a atenção do empregado quando precisámos de pedir mais coisas ou esclarecer dúvidas sobre os pratos. Esta foi a primeira vez que visitei este restaurante e, como tal, não sei se é hábito isto acontecer ou se foi derivado a estarmos no mês de Dezembro, época dos jantares de Natal por excelência e de maior fluxo em todos os tascos deste país. Dado que estávamos em pleno Inverno, não foi possível desfrutar da esplanada nem da vista rio, o que poderá ser interessante fazer no Verão e explorar a carta dos petiscos que O Ramila disponibiliza. 


Podes ler ainda a minha experiência no De Pedra e Sal


A minha experiência no restaurante O Ramila não foi inesquecível, mas foi agradável e cumpriu o seu propósito. É verdade que não perderam a oportunidade de deixar uma primeira impressão memorável, mas não posso ignorar a qualidade e frescura dos produtos, a diversidade interessante da carta e a sua localização privilegiada, o que me deixa muita vontade de regressar no Verão para uma nova tentativa e para descobrir outros sabores e propostas. Tenho de ressaltar também outros pontos positivos, como as porções generosas que são servidas, tanto nas doses individuais quanto nas para dividir, e ainda a boa relação qualidade preço. Em suma, posso dizer que esta foi uma experiência positiva, ainda que tenha uma grande margem para ser melhor no futuro. Se procuras conhecer melhor a gastronomia de Setúbal, O Ramila pode ser uma excelente escolha, pela qualidade e sabor dos pratos e pela localização excelente. 


Agora é a tua vez de me contares se já conheces O Ramila e como foi a tua experiência neste restaurante. Qual o prato que recomendas? Que outros restaurantes em Setúbal consideras indispensáveis conhecer? Conta-me tudo nos comentários! 

terça-feira, 26 de março de 2024

#Livros - Frankenstein, de Mary Shelley

 

Capa do livro "Frankenstein" de Mary Shelley, publicado pela Guerra e Paz em 2023. O fundo roxo com raios brancos e uma lua cheia criam uma atmosfera misteriosa e sombria. Na imagem, podemos ver a sombra de uma mão emergindo da terra, evocando a ideia de criação e ressurreição. Uma barra branca no centro da capa destaca o nome do livro e da autora em letras pretas, transmitindo ao leitor a essência do clássico de terror e ficção científica. Uma combinação de elementos visuais que captura a essência sombria e intrigante da obra de Mary Shelley.

Sinopse

Foi no estranho ano de 1816, o ano sem Verão, que a escritora Mary Shelley, depois de um sonho - ou seria um pesadelo? -, deu vida ao terrível monstro de Frankenstein, a primeira obra de ficção científica da história. O livro chegou, em 1818, às livrarias e o mundo nunca mais foi o mesmo... 

Frankenstein ou O Prometeu Moderno, simultaneamente um thriller gótico e um romance filosófico, conta-nos, através das cartas do capitão Robert Walton à sua irmã, a história do estudante Victor Frankenstein que, obcecado com a descoberta do segredo da criação da vida, cria um ser aterrador que acaba por abandonar à sua sorte. Solitário, incompreendido, maltratado e desprezado por todos, a criatura de Frankenstein lança-se numa jornada de busca por humanidade e amor, mas também de vingança contra o seu criador. 

Esta luta entre um monstro e o seu criador, entre o normal e o estranho, entre aquilo que separa o ser humano e a sua criação tem sido longamente tratada pela cultura pop e é, hoje, com as questões em torno da inteligência artificial, mais actual do que nunca. 


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Opinião 

Frankenstein, escrito por Mary Shelley e publicado pela primeira vez em 1818, é considerado um marco na literatura de terror e ficção científica. A autora, que tinha apenas 19 anos na época da publicação do livro, narra a história do cientista Victor Frankenstein, que cria uma criatura grotesca e perturbadora através de experiências científicas. A obra aborda questões como a criação, a responsabilidade do criador sobre a sua criação e os perigos da ciência quando utilizada de forma irresponsável. Mary Shelley, filha dos filósofos William Godwin e Mary Wollstonecraft, era uma escritora visionária que conseguiu criar um clássico da literatura que continua a ser relevante até aos dias de hoje. 


Esta é uma obra que transcende as barreiras do tempo, sobretudo por ser considerada uma das primeiras histórias de ficção científica moderna e por ter influenciado de forma significativa o género literário, inspirando inúmeras obras subsequentes. Com a sua narrativa complexa e a sua reflexão sobre temas universais, Frankenstein permanece como um marco na história da literatura, sendo uma leitura indispensável para quem deseja compreender melhor as angústias e os dilemas da condição humana. A história começa com Victor Frankenstein, um ambicioso estudante de ciências, que cria um ser monstruoso numa experiência macabra. Após dar vida à criatura, Victor horroriza-se com a sua aparência e a abandona, desencadeando uma série de eventos trágicos e violentos. O monstro, sozinho e rejeitado pela sociedade, procura vingança contra o seu criador, resultando numa escalada de terror e desespero para ambos. 


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A história assenta nos dois personagens centrais, criador e criatura, extremamente complexos e intrigantes. O criador, Victor, é jovem, apaixonado pela busca de conhecimento e muito ambicioso. A criatura, por sua vez, é inteligente e sensível, mas é atormentada pela solidão e pelo desprezo da sociedade e até do seu criador. A relação tumultuada entre Victor e a sua criação é o cerne da trama, explorando questões profundas e potenciando todas as desgraças que irão suceder em torno deles. Uma das principais características de Frankenstein é a exploração profunda dos conflitos internos de cada personagem e as suas motivações. Victor, por exemplo, é motivado pela ambição e desejo de se destacar na ciência, o que o leva a criar a sua criatura sem pensar nas consequências dos seus actos. Já a criatura é consumida pela solidão e pela falta de aceitação, o que o leva a procurar vingança contra o seu criador, quando vê toda a sua esperança de felicidade gorada. Através destes conflitos internos são reveladas as complexidades da natureza humana. 


"Nada é mais doloroso para a mente humana do que a calma morta da passividade e a certeza que se segue aos sentimentos desencadeados por uma tempestade de acontecimentos, calma esta que deixa a alma despojada não só da esperança, como do medo." 


Também a estrutura narrativa de Frankenstein é peculiar e intrigante. A história é contada através duma técnica narrativa em camadas, onde o personagem principal, Victor, narra a sua vida e os seus experimentos para um navegador no Ártico, que por sua vez escreve cartas para a sua irmã. Este formato cria uma sensação de distanciamento e fragmentação, contribuindo para a atmosfera sombria e melancólica da obra. Já a escrita de Mary Shelley é marcada por uma linguagem densa e descritiva, que também contribui para essa mesma atmosfera. A autora utiliza um tom introspectivo e filosófico para explorar questões éticas e morais, como a responsabilidade do criador em relação à sua criação. Além disso, Shelley é habilidosa a criar suspense e colocar tensão no enredo, com detalhes vívidos e uma narrativa fragmentada que mantém o leitor envolvido e intrigado até ao desfecho da história. 


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Os temas centrais de Frankenstein são a busca pelo conhecimento, a solidão e a responsabilidade pelos nossos actos e decisões. Assim, a obra revela as consequências desastrosas da ambição desmedida do protagonista, pelo seu desejo de ultrapassar os limites da ciência e criar vida a partir de cadáveres. Ao isolar-se no seu laboratório, Victor depara-se com a solidão e a angústia, embora só seja capaz de refletir sobre as consequências das suas escolhas e decisões quando o mal já estava feito e o monstro criado e vivo. A relação entre criador e criatura também exemplifica a complexidade das relações humanas e a necessidade de assumir as consequências das nossas acções. É por tudo isto que estamos perante uma obra atemporal que nos convida a refletir sobre os limites da ciência, o peso da solidão e a importância da responsabilidade nas nossas vidas. 


"Que estranha é a natureza do conhecimento! Atraca-se à mente assim que a alcança, como uma lapa numa rocha. Por vezes, desejo poder conseguir livrar-me de todo e qualquer pensamento e sentimento, mas aprendi que existe apenas um meio de vencer esta sensação de dor e esse meio é a morte, um estado que receava ainda não compreender."


Publicado há mais de dois séculos, Frankenstein continua a despertar reflexões profundas e inspirar inúmeras outras obras e artistas dentro do arco da ficção científica. A verdade é que este livro continua a promover discussões enriquecedoras sobre as consequências éticas e morais da ciência e da ambição desmedida. A figura do monstro criado por Victor Frankenstein ecoa até aos dias de hoje, tendo sido incorporado na cultura pop, protagonista de filmes e inspiração para tantas outras obras ao longo dos anos. Tendo em conta a minha experiência muito positiva com a leitura deste clássico, só posso recomendar este livro para todos os que apreciam uma leitura que provoca reflexões profundas sobre as fronteiras entre o bem e o mal, a busca pela vida eterna e os perigos da ambição desmedida. Além disso, os amantes de literatura gótica e de ficção científica certamente irão apreciar a escrita envolvente da autora e a atmosfera sombria e angustiante que permeia toda a narrativa. No entanto, se ainda precisas de mais motivos para tirares este livro da tua estante, aconselho o vídeo da incrível Tatiana Feltrin. 


Antes de terminar, preciso referir esta nova edição da Guerra e Paz, que gentilmente me enviaram no âmbito deste lançamento. Sou apaixonada pelo design das capas desta colecção de clássicos, ao ponto de ter vontade comprar até os que já tenho na estante. Acho que prima por um extremo bom gosto e uma qualidade bem acima da média. Depois temos aquele irresistível aroma a livro de verdade que emana de cada página, com um papel de qualidade, uma paginação e uma letra confortável para qualquer leitor, mesmo os que têm problemas de vista, como é o meu caso. Talvez o que aconteça com esta editora é que os seus livros transmitem o amor e dedicação com que são feitos. Neste Frankenstein temos ilustrações escondidas nos capítulos e a introdução e o prefácio escritos pela autora. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre esta obra incrível! Já leste Frankenstein? O que achaste da história e do estilo da autora? Mesmo sem muitas descrições explícitas, conseguiste perceber o peso do terror e da angústia? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 21 de março de 2024

#Séries - 3 Mulheres

 

Três mulheres, Natália Correia, Snu Abecassis e Vera Lagoa, posam juntas no poster da série portuguesa "3 Mulheres". Natália Correia destaca-se ao centro, vestindo um elegante traje azul. À sua esquerda, Snu Abecassis veste um vestido bege e castanho, e à sua direita, Vera Lagoa está com uma saia e casaco vermelho e azul, combinado com uma camisola branca. Juntas, as três protagonistas exalam força e determinação, prometendo um enredo cativante e envolvente na série.

Sinopse

3 Mulheres é uma série de ficção que, a partir das biografias e da intervenção cultural e cívica da escritora Natália Correia, da editora Snu Abecassis e da jornalista Vera Lagoa (pseudónimo de Maria Armanda Falcão), recorda os últimos anos do Estado Novo entre 1961 e 1973, do início da Guerra Colonial à véspera da Revolução de Abriil. 

A vida, a história e os percursos cruzados destas 3 mulheres: Snu Abecassis, Natália Correia e Maria Armanda Falcão. Um exemplo de coragem e compromisso com os tempos futuros de um país e de uma sociedade. 

3 Mulheres de palavra. Fazem revolução. 


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Opinião 

3 Mulheres é uma série portuguesa que retrata a vida de três mulheres emblemáticas da sociedade portuguesa do século XX: Natália Correia, Vera Lagoa e Snu Abecassis. A série aborda a história dessas mulheres que desafiaram os padrões e preconceitos da época, lutando por liberdade, igualdade e independência. Natália Correia, poeta e escritora, foi uma figura importante da cultura portuguesa, conhecida pela sua personalidade forte e pela sua postura subversiva. Vera Lagoa, pseudónimo de Maria Armanda Falcão, editora e ativista política, foi uma pioneira na luta pelos direitos das mulheres e pela liberdade de expressão, antes e depois do 25 de Abril. Snu Abecassis, empresária e fundadora da editora D. Quixote, foi uma mulher que marcou a sociedade portuguesa pela sua atitude empreendedora e independente. Juntas, estas mulheres deixaram um legado de coragem e determinação que continua a inspirar gerações. 


A série é dividida em duas temporadas, em que a primeira se passa nos anos sessenta, anos quentes que antecederam a Revolução dos Cravos, e a segunda acontece no pós 25 de Abril, quando tudo era incerteza e ninguém sabia o que esperar do dia seguinte. É este momento crucial na História de Portugal que divide a série, permitindo conhecer o país reprimido pela Ditadura e ter o contraponto com o que aconteceu depois desse dia, com a conquista de muitas liberdades, mas não todas certamente. A Revolução de Abril foi um movimento militar e civil que resultou na queda do governo de Marcelo Caetano e do Estado Novo e na restauração da democracia em Portugal. Neste contexto de mudanças políticas e sociais, a série acompanha a vida de três mulheres que procuram o seu lugar e a forma de fazer a diferença. 


Podes ler também a minha opinião sobre Santa Evita


Estamos perante um documento histórico extraordinário, mesmo tratando-se duma obra de ficção. Quando vi a série, já tinha assistido ao filme Snu e já tinha terminado a leitura do livro Snu e a Vida Privada com Sá Carneiro e, por isso, muita coisa já sabia da vida de Snu Abecassis e consegui perceber as liberdades criativas que foram tomadas pelos autores, mas que não perturbam em nada o verdadeiro legado da sua vida, do seu trabalho e da sua história de amor. Quanto a Natália Correia, apenas li o seu romance A Madona, onde se percebe a sua linguagem elaborada muito bem retratada na série pela talentosa e lindíssima Soraia Chaves. No entanto, tirando isso e agora a série, sei muito pouco sobre esta mulher carismática, o que conto resolver em breve depois de ter lido um dos fantásticos presentes de aniversário que foi a biografia da poeta O Dever de Deslumbrar. A que menos conheço é a polémica Vera Lagoa, fundadora de vários jornais, autora de crónicas demolidoras que lhe trouxeram problemas, tanto que até foi vítima dum atentado à bomba. 


Na foto, as personagens Snu Abecassis e Sá Carneiro aparecem juntos ao lado de um carro antigo. Ambos estão elegantes e parecem envolvidos em uma conversa séria e significativa. Snu, uma mulher independente e determinada, e Sá Carneiro, um político carismático e ambicioso, formam um casal controverso e apaixonado na série "3 Mulheres". A cena retrata a intensidade e complexidade do relacionamento entre os dois personagens, bem como o contexto político e social turbulento em que estão inseridos.

Em 3 Mulheres podemos observar a trajetória destas três mulheres que enfrentam inúmeros desafios num contexto conservador e opressivo da sociedade portuguesa dos anos 60 e 70. Depois, temos as consequências da Revolução para cada uma das protagonistas, que foram marcantes e influenciaram significativamente as suas trajetórias depois de 74. Snu continuou ligada à D. Quixote, onde publicava livros que permitiam entender o mundo novo que se abria e informar os seus leitores sobre as questões políticas mais pertinentes para o futuro do país, mas viu o seu casamento esmorecer e acabou por se apaixonar perdidamente por Sá Carneiro, com quem viveu uma relação também ela revolucionária. Formaram um casal disruptivo na sociedade ainda muito conservadora e que prometia construir um país moderno e eficiente, assente nas suas convicções políticas. Infelizmente, nunca saberemos que Portugal teríamos se não tivessem morrido tão cedo. 


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Natália Correia, depois de ter sofrido um processo de censura à sua Antologia Poética e um processo em tribunal que poderia ter culminado com a sua prisão efectiva durante o Estado Novo, tem no seu bar, O Botequim, um antro de liberdade, onde se reúnem figuras importantes desta nova sociedade e onde são discutidas ideias tão diferentes quanto possível. No entanto, não se limita a escrever e promover a discussão. Depois da Revolução, entende que precisa de deixar o seu contributo na vida política e acaba por aceitar concorrer às eleições e torna-se Deputada. Por fim, temos Vera Lagoa, que teve um grande contributo para proteger agentes de Esquerda perseguidos, ligados ao Partido Comunista, mas que não se sente representada por este partido em tempos de democracia, entendendo que, tal como o Fascismo, procuram silenciar os que lhes tecem críticas. No fim, acaba por refugiar-se na Direita e no Jornalismo, onde não tem medo de atacar os poderes instituídos, sejam eles de que quadrante forem. Perde amizades antigas, mas constrói uma fama de mulher forte, destemida e até inconveniente. 



Aqui temos uma ode à Liberdade e ao papel essencial das mulheres para a construção do país que hoje herdamos. Ao longo dos episódios, somos confrontados com as dificuldades enfrentadas por cada uma delas numa sociedade machista e repressora. Através das suas histórias, somos levados a refletir sobre a importância destas mulheres na luta pela igualdade de género e pela liberdade, e como os seus actos de coragem e determinação foram fundamentais para que outras mulheres pudessem desfrutar dos direitos que hoje têm. Aliás, nos dias que correm, 3 Mulheres inspira-nos a continuar a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos, independentemente do género, possam viver livremente e com dignidade. Esta série é mais uma prova da importância de resgatar a nossa História recente e com ela entender melhor o país que temos hoje. 


É uma importante retrospectiva sobre períodos críticos do século XX em Portugal, revelando o quanto a luta cultural foi essencial, seja pelo Jornalismo, pela Literatura e pelo mercado editorial. Foi uma viagem fascinante pela vida de mulheres carismáticas e determinadas como foram Natália Correia, Vera Lagoa e Snu Abecassis, e que nos permite também conhecer outras figuras famosas de várias áreas da sociedade portuguesa e faz um retrato vivo do que foi ser vítima da repressão e também os tumultos após a conquista da tão desejada liberdade. Em 2024, comemoramos cinquenta anos do 25 de Abril e esta série pode muito bem ser uma forma de descobrires mais sobre esta época conturbada e determinante para todos nós, portugueses. Agora, está na hora de deixares o teu comentário abaixo! Já viste esta série? Qual a tua personagem favorita? O que mais te surpreendeu na narrativa? Aceita o desafio e vamos conversar sobre este tema tão interessante e fascinante! 


terça-feira, 19 de março de 2024

#Livros - O Segredo de Espinosa, de José Rodrigues dos Santos

 

A capa do livro "O Segredo de Espinosa" de José Rodrigues dos Santos, publicada pela Planeta Editora em edição de colecionador em capa dura, remete a um pergaminho antigo, trazendo uma atmosfera de mistério e sabedoria. No topo da capa, destaca-se a imagem de Bento de Espinosa, filósofo holandês do século XVII, seguido do título e nome do autor em letras pretas. Um lacre dourado esconde o possível segredo que está prestes a ser revelado ao leitor. A capa intrigante sugere que o livro envolve temas profundos e enigmas a serem desvendados ao longo da leitura.

Sinopse

Amesterdão, 1640. 

Um judeu é excomungado na Sinagoga Portuguesa por questionar as Sagradas Escrituras. Uma criança assiste a tudo. O pequeno Bento de Espinosa é considerado o maior prodígio da comunidade portuguesa de Amesterdão, mas o episódio planta nele a semente da dúvida: E se a Bíblia estiver mesmo errada? A suspeita irá lançar Bento na maior busca intelectual de sempre. Quem realmente escreveu os textos sagrados? Qual é a verdade sobre Deus? O que é afinal a natureza? Mas esta é uma busca proibida e depressa o jovem judeu português descobre que terá de pagar um preço terrível pelas suas perguntas. Os rabinos judeus e os pregadores cristãos perseguem-no e acusam-no do pior dos crimes: Heresia. 

O Segredo de Espinosa é uma aventura extraordinária, onde acompanhamos a vida de Bento de Espinosa, o maior filósofo português, e a sua busca proibida e perigosa por respostas. E se a Bíblia estiver mesmo errada? O que é a natureza? Quem escreveu os textos sagrados? Estas respostas têm um preço elevado. Acusado de heresia, expulso da Sinagoga Portuguesa em Amesterdão, Bento de Espinosa é perseguido até ao fim dos seus dias. 

Novo romance de José Rodrigues dos Santos, o escritor favorito dos portugueses. Inspirando-se na vida de Bento de Espinosa, considerado o maior filósofo português de sempre, e o inventor do mundo moderno. Uma aventura épica em busca de um segredo... 


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Opinião 

José Rodrigues é um famoso jornalista e um controverso escritor, devido aos críticos ao seu estilo literário e aos desconfiados da sua capacidade de escrever tantos e tão volumosos livros anualmente. O que é incontestável é a sua trajetória consolidada na área das comunicações, e os inúmeros livros que publicou que abordam sempre temas variados, desde política, até ciência e História. Com a sua escrita envolvente e repleta de detalhes, o autor tem conquistado os seus leitores ao misturar factos reais com ficção, criando tramas instigantes e cheias de reviravoltas. Também me parece inegável o seu reconhecimento internacional, com os seus livros traduzidos para mais duma dezena de idiomas, alcançando grande sucesso de vendas em vários países. 


O Segredo de Espinosa é o mais recente livro do autor, lançado em 2023, e que consegui comprar, pela primeira vez, na edição de colecionador. A trama mistura elementos de História e Filosofia, transportando o leitor para uma viagem pela vida do filósofo judeu Bento de Espinosa, no século XVII. A importância literária deste livro reside na habilidade do autor em misturar ficção e realidade histórica de forma envolvente, além de abordar de maneira inteligente questões filosóficas e existenciais que continuam a ser relevantes nos dias de hoje. Com uma narrativa fluída e bem construída, a obra encanta e desafia o leitor a refletir sobre temas como liberdade, religião e poder, mostrando algumas das ideias fundadoras do pensamento moderno. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Mulher do Dragão Vermelho


Começo por dizer que sabia muito pouco sobre este filósofo antes desta leitura. Tinha uma vaga noção que existia uma ligação com Portugal, embora nunca a tenha explorado, portanto, estava longe de imaginar de onde ela vinha, pois não é de nascimento que estamos a falar. O judeu Baruch de Espinosa, nasceu em Amesterdão, mas era filho de marranos, judeus que fingiram se converter, que nasceram e viveram em Portugal, até perceber que existia um lugar no mundo onde poderiam ser livres de assumir a sua religião e viver de acordo com ela sem por causa disso serem perseguidos. É assim que o casal de instala nos Países Baixos e os filhos nascem e crescem, sempre em torno da comunidade portuguesa, que engloba os judeus de Portugal e de Espanha, considerados superiores aos restantes. Nessa comunidade, o português é a língua utilizada para falar, o castelhano para escrever, e o holandês é um mistério para uma grande maioria, que tem pouca necessidade de conviver e conversar com os nativos. 


"Entre os yehidim, contudo, a maioria não via contradição nenhuma entre o amor a Portugal e o ódio ao catolicismo. Uma coisa era a pátria, que amavam incondicionalmente e pela qual suspiravam amiúde, outra completamente diferente a maldita Inquisição que os forçara a abandonar a sua terra adorada." 


Tudo começa com um Espinosa integrado na comunidade judaica portuguesa, já revelando o seu brilhantismo intelectual que chama a atenção do rabino e o coloca a estudar, colocado perante dúvidas polémicas que entende serem perigosas, mas que procura perceber e desvendar, ainda que discretamente. Com o seu crescimento, aumenta a sua fome de saber e os seus estudos são cada vez mais profundos e complexos, baseando-se na procura pela verdadeira compreensão das Sagradas Escrituras, deixando para trás os dogmas religiosos. É um caminho perigoso e que o coloca em colisão com os judeus da sua comunidade que acabam por expulsá-lo. Encontra abrigo na casa e na escola do seu professor de Latim, que lhe havia apresentado alguns dos pensadores mais reformistas da época, como Decartes e Hobbes, e que lhe permite continuar o seu caminho enquanto pensador e a construir com bases sólidas as suas teorias, impossíveis de publicar impunemente. 


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É fascinante perceber a compreensão que Espinosa ganhou sobre a ciência, sobre a religião, sobre a natureza e até sobre a essência de Deus. José Rodrigues dos Santos indica que os diálogos do filósofo no livro foram criados a partir do que deixou escrito nos seus livros polémicos, que foi a melhor forma que encontrou para transmitir as suas ideias fundadoras. Com estas reflexões, somos conduzidos por questões relacionadas com ética, liberdade, religião e com a busca pela verdade. Assim, mergulhamos em discussões filosóficas fascinantes, que tornam esta leitura enriquecedora e que permite o entendimento de assuntos complexos e, normalmente, difíceis de entender verdadeiramente. É um livro que explora profundamente a relação entre ciência, religião e ética, considerados os três pilares da existência humana. Sem esquecer os inúmeros elementos históricos que nos permitem compreender a época em que viveu Bento Espinosa, com um retrato do Portugal reprimido pela Inquisição, os Países Baixos abertos ao mundo e à diversidade, mas que acabaram por seguir um caminho de repressão com o regresso dos orangistas ao poder. 


"Se há coisa que os advogados da ignorância compreendem é que o seu poder depende da sua capacidade em dissuadir a turba de conhecer a verdade. Invocam a palavra de Deus para fazer passar as suas próprias ideias e usam a religião para obrigar os outros a pensar como eles, deformando as Escrituras para sustentar as suas teses." 


O livro é marcado por uma linguagem fluída e acessível, que facilita a compreensão das ideias complexas apresentadas ao longo da narrativa, que vão crescendo e evoluindo à medida que o pensamento do protagonista também cresce e evolui. José Rodrigues dos Santos utiliza uma escrita envolvente, repleta de detalhes históricos e filosóficos, que cativa o leitor e o faz mergulhar profundamente na trama. Mais uma vez, o autor demonstra uma incrível capacidade de prender a atenção dos leitores desde as primeiras páginas. A sua habilidade para criar personagens complexos, cenários detalhados e tramas intrincadas faz com que o leitor não consiga largar o livro. Seja qual for o tema, continuo a ler os livros deste autor português porque sei que irei sempre aprender alguma coisa nova, sem sequer dar conta ou que isso seja aborrecido ou entediante. 


Em suma, O Segredo de Espinosa é uma obra envolvente que mistura de forma magistral os elementos da ficção com a História. A narrativa fluída e bem estruturada, aliada à profundidade dos temas abordados, como a liberdade de pensamento e a tolerância religiosa, tornam esta leitura cativante e instigante. Assim, o autor transporta-nos para Amesterdão do século XVII, repleta de intrigas e disputas religiosas, ao mesmo tempo que nos faz refletir sobre questões atemporais. Este é o livro certo para todos que procuram uma leitura interessante e reflexiva, com História e Filosofia à mistura. No fundo, esta é uma história sobre um dos filósofos mais importantes de sempre e que nos leva a refletir sobre os limites da ciência, da religião e do conhecimento humano. Trata-se duma verdadeira viagem intelectual que desafia as convicções e convida à reflexão. 


Já leste o mais recente livro de José Rodrigues dos Santos? Conheces as ideias de Bento de Espinosa? O que achaste das suas conclusões polémicas e revolucionárias? Deixa o teu comentário abaixo para podermos conversar sobre O Segredo de Espinosa! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 14 de março de 2024

#Moda - Óscares 2024

 

Na foto de capa do artigo, a estátua do Óscar e uma claquete de cinema estão em destaque, representando toda a grandiosidade e glamour dos melhores vestidos da passadeira vermelha nos Óscares de 2024. Prepare-se para se encantar com os looks mais deslumbrantes e elegantes que brilharam nesta noite repleta de estrelas do cinema.

Este ano, voltamos para mais uma ronda pelos mais belos vestidos que passaram pela passadeira vermelha da gala dos Óscares de 2024. Depois de ter escolhido os melhores que passaram pelos Globos de Ouro, estava a contar os dias para que chegasse a hora do maior evento mundial de Cinema, mas onde a Moda tem um papel fundamental. Aliás, é algo vital no mundo do entretenimento, logo, não poderia estar ausente da maior celebração desta indústria. Aqui, pretendo destacar os melhores vestidos que passaram por esta passadeira vermelha, desde os modelos clássicos e atemporais até aos mais arrojados e vanguardistas. Prepara-te para te inspirares e te encantares com estas verdadeiras obras-primas da moda! 


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1. America Ferrera


A imagem mostra a atriz America Ferrera deslumbrante na passadeira vermelha dos Óscares de 2024, vestindo um deslumbrante vestido cor-de-rosa de lantejoulas do Atelier Versace. O vestido brilha e destaca a sua beleza natural, enquanto ela posa elegantemente para os fotógrafos. O look de America Ferrera é um dos mais memoráveis da noite, mostrando sua elegância e estilo impecável.

2. Kirsten Dunst


Kirsten Dunst deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um vestido branco deslumbrante da Gucci. O seu look minimalista e elegante chama a atenção de todos os presentes, destacando-se pela sua simplicidade e sofisticação. Um verdadeiro ícone de estilo nesta noite tão especial!

3. Cynthia Erivo


Foto da atriz Cynthia Erivo usando um deslumbrante vestido verde em napa da Louis Vuitton na passadeira vermelha dos Óscares de 2024. O vestido longo e elegante realçou a beleza natural da atriz, combinando perfeitamente com sua presença glamourosa no evento. Um verdadeiro destaque da noite e uma escolha de moda memorável.

4. Jodie Foster


Na imagem, Jodie Foster deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um elegante vestido azul escuro da marca Loewe. O vestido clássico, de corte simples e ajustado ao corpo, destaca-se pela sua sofisticação e pela escolha de um tom de azul que realça a beleza da atriz. A combinação perfeita entre simplicidade e classe, este é sem dúvida um dos melhores looks da noite. Jodie Foster arrasou com este visual!

5. Hailee Steinfeld


A imagem mostra Hailee Steinfeld deslumbrante na passadeira vermelha dos Óscares de 2024. A atriz usa um elegante vestido azul bebé da Elie Saab Alta-Costura, com apontamentos dourados que adicionam um toque de glamour e sofisticação ao seu visual. O design do vestido destaca a silhueta esbelta de Hailee e realça a sua beleza natural, tornando-a uma das mais bem vestidas da noite. Um verdadeiro espetáculo de moda e elegância!

6. Gabrielle Union Wade


Na imagem, Gabrielle Union Wade brilha na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido prateado da renomada designer Carolina Herrera. Com um corte elegante e tecido reluzente, o vestido destaca a beleza e sofisticação da atriz. Complementando o look, Gabrielle ostenta deslumbrantes jóias da Tiffany & Co., acrescentando um toque extra de glamour e luxo à sua presença no evento. Um verdadeiro exemplo de estilo e classe, Gabrielle Union Wade é, sem dúvida, uma das mais bem vestidas da noite.

7. Issa Rae


A imagem mostra Issa Rae a deslumbrar na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido verde azeitona da Ami Paris. O vestido é adornado com deslumbrantes lantejoulas na parte de cima, que refletem a luz de forma deslumbrante, fazendo com que a atriz brilhe como uma verdadeira estrela de Hollywood. O design elegante e requintado do vestido realça a beleza natural de Issa e mostra o seu estilo único e sofisticado. Uma escolha definitivamente digna de estar entre os melhores vestidos da noite.

8. Liza Koshy


Liza Koshy deslumbra na passadeira vermelha dos Óscares de 2024 com um deslumbrante vestido vermelho de alta costura. O modelo de corte elegante e decote profundo realça a silhueta esbelta da estrela, enquadrando perfeitamente seu rosto radiante e sorriso cativante. Combinando sofisticação e modernidade, Liza brilha com um look deslumbrante que certamente será lembrado como um dos melhores da noite.

Fotos Vogue


Chegados ao fim desta galeria de inspiração, podemos concluir que nos ofereceram uma bela variedade de estilos e tendências nos vestidos das celebridades nesta passadeira vermelha. Curiosamente, achei que não houve tantas figuras tristes e, mesmo os vestidos que não me encantaram, não posso considerar que fossem todos horrorosos ou que deixassem mal a artista que os vestiu. Parece-me que regressou algum bom gosto a Hollywood, o que muito me aquece o coração e alivia a alma. Para tristezas já bastam as da vida de todos os dias. Estas ocasiões são para nos fazer sonhar e inspirar. O que achaste das minhas escolhas? Qual foi o teu favorito da noite? Algum que consideraste lindo e que não está aqui? Deixa nos comentários as tuas impressões sobre este evento icónico! 


Podes ver também: 


Óscares 2023

Óscares 2019

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terça-feira, 12 de março de 2024

#Livros - Levantado do Chão, de José Saramago

 

A capa do livro "Levantado do Chão" de José Saramago, publicado pela Porto Editora, apresenta uma imagem simples e simbólica: três enxadas dispostas em um fundo branco. As enxadas representam o trabalho árduo e a luta diária dos camponeses retratados na história, enquanto o fundo branco transmite a sensação de simplicidade e pureza. O título e o nome do autor em letras pretas destacam-se sobriamente no centro da imagem, criando um contraste elegante e chamando a atenção do leitor para a obra de Saramago. Essa capa minimalista e significativa reflete a profundidade e a relevância da narrativa contida no livro.

Sinopse

A transformação social. A contestação. Personagens em diálogos. As cruentas desigualdades sociais. Surgem as perguntas proibidas. Vai-se adquirindo consciência e espaço, para que tudo se levante do chão. Um livro composto por 34 capítulos. No 17.º está a tortura e a morte de Germano Santos Vidigal. Germano, o nome que significa irmão, o homem da lança. Apesar de vencido, o sacrifício da sua vida indica o caminho. «Já o encontraram. Levam-no dois guardas, para onde quer que nos voltemos não se vê outra coisa, levam-no da praça, à saída da porta do setor seis juntam-se mais dois, e agora parece mesmo de propósito, é tudo a subir, como se estivéssemos a ver uma fita sobre a vida de Cristo, lá em cima é o calvário, estes são os centuriões de bota rija e guerreiro suor, levam as lanças engatilhadas, está um calor de sufocar, alto.» 

As mulheres são também chamadas à primeira linha das decisões neste belo romance de Saramago. O diálogo monossilábico entre marido e mulher da família Mau-Tempo vai-se alterando. Interessante observar uma narrativa que vai da submissão ao sentido de libertação, através de gerações. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

José Saramago, escritor português que todos os anos marca presença neste blog, é conhecido por abordar nas suas obras temas sociais e políticos, geralmente utilizando uma escrita brilhante e inovadora. Publicado em 1980, Levantado do Chão é um dos romances mais significativos do autor, famoso pela sua narrativa única e estilo literário distinto. Nesta obra, Saramago retrata a história duma família camponesa ao longo dos anos no Alentejo, apresentando uma visão crítica da sociedade e explorando as desigualdades sociais e as condições de vida precárias enfrentadas pela classe trabalhadora. Com a sua prosa rica e envolvente, o autor transporta o leitor para um mundo realista e tocante, oferecendo uma reflexão profunda sobre a luta pela sobrevivência e as esperanças e desilusões daqueles que vivem à margem da sociedade. 


O livro transporta-nos para início do século XX, numa região rural do Alentejo, retratando os desafios enfrentados pelos camponeses com uma forte opressão política e social. A narrativa acompanha a vida da família Mau-Tempo ao longo de três gerações, revelando as suas lutas incessantes por justiça, igualdade e melhores condições de vida. O autor, de forma muito hábil, entrelaça a história individual de personagens cativantes com um panorama mais amplo, explorando as transformações políticas e sociais que moldaram a sociedade portuguesa na época. Utilizando esta família de camponeses humildes, mostra as condições de trabalho precárias e a falta de oportunidades que perpetuavam o ciclo da pobreza e da marginalização. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Jangada de Pedra


Os principais personagens são os Mau-Tempo, uma família que representa de forma simbólica as lutas e dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores agrícolas. Destaco João Mau-Tempo, um líder idealista mas discreto, que acaba por se aliar aos comunistas pelo sonho de melhores condições para a sua comunidade, e o filho António, rapaz que herdou a vontade de saltar de lugar para lugar do seu avô, mas que acabou por regressar para perto da família e assumir as lutas do seu pai também como suas. A narrativa abrange eventos históricos muito significativos, como as greves e protestos dos trabalhadores rurais, primeiro por salários justos, depois por jornadas de trabalho de oito horas diárias; a opressão do regime ditatorial do Estado Novo e a guerra colonial, só para referir os principais. Assim, é com estes personagens e eventos que Saramago constrói uma reflexão profunda sobre a condição humana e a busca pela justiça social. 


"Deus do céu, como podes tu não ver estas coisas, estes homens e mulheres que tendo inventado um deus se esqueceram de lhe dar olhos, ou fizeram de propósito, porque nenhum deus é digno do seu criador, e portanto não o deverá ver." 


A estrutura narrativa utilizada por José Saramago em Levantado do Chão é extremamente interessante e inovadora, e marcou o início da sua descoberta do seu estilo próprio e singular. O autor opta por uma narrativa não linear, saltando entre diferentes épocas e personagens ao longo da história. É também esta estrutura que contribui para a construção duma narrativa polifónica, na qual várias vozes se entrelaçam e se complementam, proporcionando múltiplas perspectivas sobre os eventos retratados. Regressando ao seu estilo, tão característico, ele é conhecido por desafiar as convenções tradicionais da pontuação e da formatação gramatical, o que tendencialmente afasta alguns leitores medrosos e que não imaginam o que perdem por não ler José Saramago. O autor utiliza frases longas, onde as vírgulas se transformam em pausas fluídas que permeiam a narrativa, que a aproxima do discurso oral e afasta do tradicional discurso escrito. Esta falta de pontuação, combinada com a ausência de diálogos convencionais, misturando conversas com pensamentos, confere um ritmo único e musical à prosa de Saramago. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre As Intermitências da Morte


É impossível ignorar o tom crítico e satírico na sua escrita, que marca uma presença muito forte neste livro, ao abordar temas sociais e políticos de extrema importância para a História recente de Portugal com uma ironia subtil, maioritariamente utilizada com o seu narrador, personagem incontornável sempre que estamos perante Saramago. Além disso, importa referir ainda a linguagem instigante e rica em metáforas de Saramago que se torna numa ferramenta poderosa para construir a conexão emocional entre o leitor e a trama, enriquecendo esta vivência literária de forma exponencial. No fundo, ler o nosso Nobel é sempre um acontecimento e obriga a pensar, a entender e a refletir a cada nova leitura. Nunca seremos os mesmos, depois de ler um livro do Saramago, esta talvez seja a única certeza que é transversal à sua obra. 


"Se estas bocas tanto amargam, foi por terem falado e esperado falar ainda melhor, se viesse a liberdade, e afinal a liberdade não veio, alguém viu a liberdade, tanto dela se disse, mas a liberdade não é mulher que ande pelos caminhos, não se senta numa pedra à espera de que a convidem para jantar ou para dormir na nossa cama o resto da vida." 


O romance dialoga com a realidade histórica, revelando as lutas e a resistência dum povo num momento de ditadura e repressão política. Ele critica o sistema agrícola baseado na exploração e na injustiça, evidenciando a opressão imposta aos camponeses pelas grandes propriedades latifundiárias. Além disso, Saramago também faz acirradas críticas à desigualdade de género e ao machismo arraigado na sociedade, expondo as dificuldades enfrentadas pelas mulheres naquele contexto. Tudo é retratado de forma magistral no que diz respeito à dura realidade dos camponeses do Alentejo, que enfrentam a fome, o desemprego e a tirania dos latifundiários. Com uma narrativa densa e envolvente, Saramago revela a crueldade e a miséria do período, bem como a resistência e a solidariedade que emergem pelo meio do caos social e político. 


O autor retrata ainda a evolução dos personagens ao longo das diferentes gerações, revelando como as suas experiências levaram a lutas individuais e, posteriormente, colectivas, que se entrelaçam nos eventos históricos do país. Não é à toa que Levantado do Chão é considerada uma das grandes obras de Saramago, o que agora posso confirmar por experiência própria. É uma narrativa crua que consegue transmitir toda a dor e a esperança destes personagens, e de todo um povo aqui representado, duma forma tão intensa que é impossível não nos emocionarmos. Esta é uma leitura para todos os que procuram um bom livro, uma história intensa e marcante, que retrata um país e uma grande parte da população durante um longo período histórico. É leitura obrigatória para todos os que desejam expandir os seus horizontes e emocionar-se com uma história que permanece gravada na memória por muito tempo após o término da leitura. 


Temos fãs de Saramago por aqui? Já leste Levantado do Chão? O que tiraste desta leitura intensa e realista? Deixa nos comentários as tuas impressões e vamos conversar sobre mais um livro extraordinário do nosso Nobel! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 7 de março de 2024

Presentes de Aniversário - Ofertas & Descontos

 

Uma caixa pequena de presente com um laço cinzento e uma rosa cor de rosa, representando as ofertas e descontos que as marcas estão oferecendo aos clientes em seu aniversário. Esta foto de capa transmite elegância e delicadeza, destacando a emoção de receber presentes especiais em um fundo branco puro.

Como todos são seguidores fiéis, tenho a certeza que já sabem que em Janeiro foi o meu aniversário e foi essa a inspiração para criar esta publicação, que acredito poderá ser muito útil a todos os que adoram uma oferta ou desconto. Ainda por cima, esta é uma época em que sempre gastamos dinheiro a mais e estas ofertas ou descontos são ainda mais bem vindas. Para quem, como eu, faz anos em Janeiro, sabe que esta realidade é ainda mais verídica porque é o pior mês do ano. Ninguém tem dinheiro, as prendas são do pior, quando as recebemos sequer, e, como tal, estas marcas que nos oferecem coisas são ainda mais valorizadas. 


Tenho a sensação de que temos marcas que já foram mais generosas e outras que estão a entender que estas ofertas funcionam como gatilho para o consumidor as valorizar, se lembrar delas mais facilmente, e até experimentar produtos que as podem fidelizar pela sua qualidade. Curiosamente, esta é uma prática que se estende aos mais diversos tipos de produtos e serviços, o que é uma mais valia, pois já não é apenas o supermercado que oferece uma garrafa de espumante quando se compra o bolo de aniversário lá. Pessoalmente, este ano descobri algumas ofertas que me escaparam nos anos anteriores, mas certamente ainda faltam muitas outras que não conheço, por isso, se conheces algum que esteja em falta aqui, podes e deves deixar o teu comentário, para completarmos juntos este post. 


Podes ver também os meus Presentes de Natal


Terminada esta introdução, vamos passar para as marcas com ofertas e descontos exclusivos para o dia de aniversário! 


Buy Me A Coffee

1. Lidl 

No que toca a supermercados, a oferta do Lidl é a melhor e a que agrega mais valor para quem vai celebrar o seu aniversário. Tens uma série de opções e podes trazer para casa dois produtos de oferta, entre bolos, sobremesas e espumante. 

Adenda 2024: O presente de aniversário passou a ser bem mais modesto, já não sendo possível obter oferta de dois produtos. Agora, recebemos um desconto de 25% em dois produtos à escolha dentre algumas opções. 


2. Wecanimal

Compro sempre a ração para os meus cães online e, regra geral, a escolha recai na Wecanimal, onde encontro as melhores marcas ao melhor preço. Assim, no meu aniversário recebi um desconto de 5% para utilizar na próxima compra. É pouco? Sim! Mas não deixa de ser melhor que nada. 


3. Showromprive

Já faço compras neste site há muitos e longos anos e todas as vezes que o fiz tudo correu muito bem. Todos os anos, recebo um vale de presente de 10€, para utilizar em compras superiores a 45€, no meu aniversário, o que é um excelente incentivo para voltar a comprar na plataforma. Se ainda não estás registada, podes utilizar o este link e descobrir todas as vendas activas. 


4. H&M

Desde que a H&M tem uma aplicação, que tem sempre descontos interessantes, passei a dar ainda mais atenção a esta marca. No meu aniversário, ofereceram um desconto de 25% numa peça à minha escolha. 


Montagem com logotipos das marcas Lidl, Showroomprive.pt, Rituals, Wecanimal, H&M, Women'secret, Portugália e Equivalenza, representando uma variedade de opções de presentes de aniversário oferecidas por marcas renomadas.

5. Rituals

Recentemente, descobri esta marca e fiquei a saber que tem também um programa de recompensas para os seus clientes que muito me agrada. No meu aniversário, recebi um vale de oferta de um óleo de duche que irei receber na minha próxima compra na loja ou no site. Ainda não o tenho, mas será mais um produto a descobrir da marca. 


6. Equivalenza

Mais uma marca que comecei a experimentar nos últimos meses e que não se esqueceu do meu aniversário. A Equivalenza enviou-me um vale de desconto de 10% na minha próxima compra, que poderá ser muito útil nos próximos carregamentos que irei precisar. 


7. Women'Secret

Esta é a minha marca favorita de pijamas e 80% dos que tenho são de lá, sejam de Verão ou de Inverno. Adoro a qualidade das peças e o design também. Assim, já estou habituada a receber sempre um miminho no meu aniversário. Este ano, recebi um desconto de 6€ numa compra superior a 10€, que conto utilizar muito em breve. 


8. Portugália 

Por fim, recebi um vale de desconto para utilizar num dos vários restaurantes da Portugália. Eram várias opções, sendo que só poderia ser utilizado um dos vales. Ao escolher um deles, os restantes desaparecem. Utilizei no balcão da Portugália na semana passada e pareceu-me uma oferta muito útil. 


Em 2023, foram estas as ofertas e descontos que recebi, mas acredito que ainda faltem muitas outras, por isso, volto a convidar-te a deixar o teu comentário abaixo e partilhares outras marcas com ofertas do género para que possa reunir aqui e também inscrever-me para que, em 2024, as possa receber também. Já conhecias todas estas ofertas? Qual a tua favorita? 


Adenda 2024: Seguem algumas actualizações de marcas que oferecem ofertas ou descontos e que tomei conhecimento em 2024, para que as possas aproveitar também nos próximos meses. 


9. Delta

Chegou ao meu email, por ocasião do meu aniversário em Janeiro, um vale de desconto no valor de 5€ que pode ser utilizada na loja online da Delta, única marca de café que utilizo na minha casa neste momento. 


10. H3

No ano passado não tinha a data de nascimento actualizada na minha aplicação e por isso não tive direito a oferta nenhuma. Em 2024, depois de ter procedido à devida actualização da informação, recebi de oferta uma Mini Mousse de Chocolate para trocar na próxima refeição. É o que se chama adoçar a boca, não é? 


11. Wook

Não me recordo de ter recebido nenhum vale desta marca no ano passado, por isso acho que se trata duma novidade. Em 2024, recebi um vale de desconto no valor de 5€ para descontar numa compra. Das melhores que recebi, devo dizer. 


12. Portugal Jewels

Esta tem sido uma marca que me tem apaixonado nos últimos anos e onde tenho feito algumas compras de presentes para oferecer. Em Janeiro, ainda antes do meu aniversário, recebi um voucher de desconto de 10% para utilizar na compra do meu presente de aniversário e que me deixou seriamente tentada. 


Em 2024, foram estas as novidades que me parecem oportunas de partilhar contigo e que podem proporcionar descontos e ofertas relevantes. Já utilizas alguma? Repito o convite para que partilhes nos comentários as marcas que aqui estão em falta e me ajudes a completar esta compilação de ofertas e descontos de aniversário! 

terça-feira, 5 de março de 2024

#Livros - Os Romanov vol. 1: Ascensão, de Simon Sebag Montefiore

 

A foto de capa deste livro traz uma imagem impressionante e simbólica, que sintetiza perfeitamente a aura de poder e grandiosidade que cercou a dinastia dos Romanov. Em um fundo verde que remete à esperança e renovação, destacam-se o dourado brilhante e os símbolos do domínio czaresco.  No centro da imagem, um majestoso brasão de armas traz as águias de duas cabeças, um distintivo dos czares russos, envolto em detalhes dourados meticulosamente trabalhados. Ao redor do brasão, acompanhamos a presença de coroas e florais entrelaçados, evocando a realeza e a conexão dos Romanov com a natureza.  Essa combinação de cores vibrantes e elementos fulgurantes é uma representação visual assombrosa do papel central que os czares desempenharam no império russo. Ao examinar essa foto de capa, sentimos imediatamente a magnitude do poder e a ostentação que caracterizaram a dinastia Romanov ao longo dos séculos.  Com a publicação pela Editorial Presença, esta impactante capa ressalta a importância histórica e a fascinante trajetória dos Romanov, deixando clara a promessa de uma narrativa envolvente e rica em detalhes sobre a Ascensão dessa dinastia de imperadores russos.

Sinopse

Os Romanov foram a mais bem-sucedida dinastia dos tempos modernos. 

Como foi possível uma família transformar um reino débil e arruinado, devido à guerra civil, no maior império do mundo? 

E como deitaram tudo a perder? 

Esta é a história de vinte czares e czarinas, alguns tocados pelo génio, outros pela loucura, mas todos inspirados pela sagrada autocracia e ambição imperial. 

Esta arrebatadora narrativa revela de forma magistral a família Romanov - o seu mundo secreto de poder ilimitado, a implacável construção de um império, ensombrado por conspirações palacianas, rivalidades familiares, assassinatos, decadência e excessos sexuais, a influência dos cortesãos, aventureiros, revolucionários e poetas. 

É apresentado um vasto painel de figuras desde Ivan, o Terrível, a Tolstoy, da rainha Vitória a Lenine, de Pedro, o Grande, a Catarina, a Grande, até Nicolau II e Alexandra que, apesar do seu casamento feliz, se revelaram incapazes de salvar a Rússia da Primeira Guerra Mundial e da Revolução. 

Baseado numa aprofundada pesquisa de arquivos a que nunca tinha havido acesso, esta é uma obra fascinante e indispensável para conhecer a história empolgante de triunfo e de tragédia, de amor e de morte, de uma família e de um imenso país - um estudo universal do poder e um retrato essencial do império que define a Rússia atual. 

Uma obra de leitura obrigatória que a Presença publica em dois volumes. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Na obra Os Romanov volume 1: Ascensão, o reconhecido historiador Simon Sebag Montefiore transporta-nos para o coração da Rússia no século XVII. Com uma pesquisa minuciosa e fontes históricas ricas, Montefiore recria o mundo dos czares, revelando os segredos e intrigas da corte imperial. Neste primeiro volume, o autor conduz-nos pelo processo de ascensão dos Romanov ao trono, destacando a figura de Mikhail Romanov e as circunstâncias políticas e sociais que culminaram na fundação da dinastia que governaria a Rússia por mais de três séculos. Com uma narrativa envolvente e uma análise profunda dos personagens e eventos históricos, o livro é uma leitura indispensável para todos os interessados na História da Rússia e na dinastia Romanov. 


A história da família real russa mais famosa, os Romanov, remonta ao século XVII, quando Mikhail Romanov foi coroado czar em 1613. Durante estes mais de três séculos, os Romanov governaram o Império Russo e testemunharam grandes momentos da História, como a expansão territorial, as guerras Napoleónicas e a Revolução Russa. A família real desempenhou um papel fundamental na construção e consolidação do poder na Rússia, assim como na disseminação da cultura e artes russas para a restante Europa. A procura incessante por poder e a oposição aos desafios enfrentados pela dinastia Romanov lançam luz sobre a complexidade e as tensões dessa família complexa, marcada por episódios de grandeza e tragédia. Nesse sentido, Os Romanov apresenta de forma magistral a contextualização histórica acerca desta dinastia, ressaltando a sua importância tanto para a Rússia quanto para o cenário internacional. 


Podes ler também a minha opinião sobre Conquistadores


Neste volume, fica claro o compromisso do autor ao pesquisar documentos, cartas e diários pessoais dos membros da família e de pessoas que conviveram de perto com este ambiente de poder, para oferecer ao leitor uma visão íntima e autêntica dos acontecimentos, dos conflitos e das personalidades. Além disso, o autor contextualiza a história de forma mais ampla, explorando as influências políticas, sociais e culturais que moldaram os diferentes czares e que foram moldando a própria Rússia e a autocracia que parecia a única forma de governar este país. Aliás, com esta leitura e graças aos muitos comentários do auto, é possível compreender muito melhor a Rússia que hoje existe, as suas decisões e comportamentos, bem como a chegada de líderes que, acreditamos, nunca chegariam ao poder na restante Europa. 


"A ascensão e queda dos Romanov, salpicada de sangue, revestida a ouro, incrustada com diamantes, marcial, luxuriosa e fatídica, continua a ser tão fascinante como relevante e tão humana como estratégica, e é uma crónica de pais e filhos, de megalómonos, monstros e santos." 


Nesta obra somos apresentados a todos os czares Romanov, bem como os políticos que os rodeavam, que moldaram a História da Rússia. O autor conduz-nos por uma viagem fascinante através da vida e da ascensão ao poder de figuras icónicas como Pedro, o Grande e Catarina, a Grande, os mais brilhantes e que proporcionam relatos extraordinários e empolgantes dos anos de ouro desta família e do próprio país. É uma imersão nas intrigas palacianas, nas lutas de poder e nas paixões ardentes que moldaram estas figuras históricas e que nos fazem compreender o seu estilo de governação, tão diferentes uns dos outros, e as decisões que tomam ao longo do tempo perante os dilemas que lhes são colocados, sem esquecer alguns dos mais influentes políticos da Europa que lidaram com os czares nestes três séculos. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Os Templários


Simon Sebag Montefiore conta-nos a história dos Romanov de forma cronológica, desde as suas origens na Rússia e o caminho que os levou ao trono, terminando este primeiro volume muito antes da grande queda que se seguiria. Ele utiliza uma combinação de factos históricos e detalhes pessoais para criar um retrato vívido dos protagonistas, tornando a narrativa mais acessível e interessante para o leitor. Estamos perante eventos históricos complexos, com muitos nomes russos impronunciáveis ou totalmente desconhecidos, que poderia tornar difícil a leitura, mas o autor consegue ultrapassar tudo isso de forma hábil e inteligente, por exemplo, apresentando o elenco no início de cada capítulo, que pode ser facilmente consultado para percebermos de quem se fala. A escrita e o estilo do autor é fluído e acessível, capaz de prender o leitor, mas claro que o que é relatado também tem o seu importante papel, pois não faltam campos de batalha, intrigas pelo poder, assassinatos e momentos de luxúria. 


"Napoleão, o imperador arrivista eleito por plebiscito para o trono de um rei guilhotinado, defendeu a hereditariedade perante o autocrata dinástico que tinha aquiescido no regicídio do pai." 


Os Romanov explora os eventos, oferece uma visão detalhada das personalidades e das intrigas da corte russa, bem como dos desafios e transformações socioeconómicas que moldaram a Rússia na época e que, em última instância, são o motivo do que o país é hoje. Além disso, o autor mergulha nas complexidades das relações internacionais e das alianças políticas da época, mostrando o verdadeiro contexto no qual a família Romanov governou o país. Todos sabem que tenho por hábito ler livros de História e que este é um tema que me apaixona, mas tenho de admitir que nunca li um livro sobre este assunto tão rapidamente, de forma tão compulsiva, mesmo com capítulos um tanto longos, onde são explorados minuciosamente os acontecimentos, as decisões, as paixões que moveram todos estes czares. 


Em suma, este é o livro certo para todos os apaixonados por História, como eu, mas também para quem gostaria de conhecer melhor esse país da Europa distante e misterioso e os seus governantes ao longo dos tempos, entender o passado que contribuiu para que hoje a Rússia esteja como está e governada por quem é. É uma viagem fascinante pela História recente, não só da Rússia, mas de toda a Europa que sempre temeu o crescimento russo, sendo formadas alianças para os travarem quando descontrolados ou perigosamente poderosos. No entanto, se ainda precisas de mais incentivos para leres este livro incrível, podes ver o vídeo da Tatiana Feltrin, também ela uma amante da família real Romanov. 

Enquanto não termino o segundo volume desta história dos Romanov, quero saber a tua opinião! Deixa nos comentários a tua opinião se já leste esta obra, ou as perguntas que te apetece colocar depois de ter lido esta resenha e que te farão querer ler o livro também. Vamos conversar? 


O livro físico está esgotado, mas tens à disposição o e-book que podes encomendar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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