Desafio de Escrita dos Pássaros - E elas saltaram e saltaram, sem nunca mais parar

Apesar das actuais circunstâncias, com vírus inconvenientes a atrapalhar as nossas vidas e a alterar velhos hábitos e rotinas, ainda há quem consiga abraçar a multidão e saltar sem parar, comemorando ou celebrando aquilo que aos nossos olhos parece pequeno e pouco importante. Tem tudo a ver com o medo, embora outros irão falar em prudência ou reserva, ou outros eufemismos para o simples medo que isto possa correr mal. 

Apesar de não me considerar uma fanática do assunto e de ter desligado de tudo o que seja acessório, focando-me nos números de forma semanal, não diária, e apenas procurando informações sobre as decisões do Governo que afectam a minha vida pessoal e profissional, ainda assim, preocupa-me que muitos outros não sintam qualquer temor e coloquem em perigo os amigos, a família e todos os que com eles tenham de se cruzar. 

Os saltos no meio da multidão nunca foi uma coisa que me faça muito sentido, tirando talvez no contexto dos concertos de música e os festivais de Verão, e mesmo assim com artistas daqueles que não podes perder por nada. Ainda assim, parece-me que ainda falta um tanto de tempo para podermos saltar de alegria pela chegada da vacina ou do medicamento que nos vai livrar do Covid e, como tal, não me apetece soltar foguetes nem apanhar canas.

Para ti, que andas em festas loucas, em grupos de centenas de pessoas, a partilhar copos e cigarros, espero que tenhas a sorte de não levar o vírus para nenhum elemento vulnerável dos teus e desejo, sinceramente, que não tenhas de viver com uma culpa que podia muito bem ser evitada com um pouco de cuidado e ponderação.

No entretanto, vamos saltar sem parar de forma segura, dentro dos possíveis, e curtir este Verão diferente, procurando retirar lições e ensinamentos de toda a situação e procurando não acabar umas bestas piores do que antes da pandemia. Será que pode ser?

Vê todos os temas do Desafio de Escrita dos Pássaros aqui. 

#Séries - Pearson Season 1

Sinopse

Após deixar Nova Iorque, a poderosa advogada Jessica Pearson, tenta se juntar à política suja de Chicago. Recém-nomeada como o braço direito do Mayor de Chicago, Bobby Novak, Jessica rapidamente se envolve num novo mundo perigoso, onde cada acção tem consequências a longo prazo. Com a sua compulsão para vencer, Jessica é forçada a conciliar a sua ambição imparável com o seu desejo de fazer a coisa certa - duas coisas muito em desacordo. 

Opinião

Mal soube que iria ser lançado um spin-off da minha série favorita dos últimos tempos não tardei a colocá-la na minha lista de prioridades. Esta primeira temporada de Pearson foi lançada ao mesmo tempo que saía a última temporada de Suits, o que fez que não tenha corrido a vê-la. Quando terminou Suits, fiquei por uns tempos a habituar-me à ideia que não os voltaria a ver em novos episódios.

Entretanto, chegámos a 2020, um ano totalmente atípico e dei por mim a desejar ver uma nova série que me pudesse trazer distracção e conforto. Rapidamente me lembrei de descobrir as aventuras em que a mítica Jessica Pearson se andava a meter em Chicago e que aventuras, digo-te já! A série começa no ponto em que abandonamos o percurso de Jessica, ainda em Suits, quando esta aceita um emprego com o Mayor da cidade.

Podes ver também a minha opinião sobre Suits - Defesa à Medida

E este emprego, além das dores de cabeça pessoais que lhe traz com o namorado e com a família, é uma autêntica caixa de Pandora que se abre, com relutância, diante dos seus olhos. Quanto mais conhece os seus antigos inimigos, como o Mayor, o irmão ou a procuradora da cidade, mais claramente os compreende e entende os motivos das suas acções como se apercebe a existência de segredos ocultos que constrangem as suas atitudes.

Impedida de exercer o seu poder pela lei, como estava habituada enquanto advogada cujo nome encabeçava uma das maiores firmas de Nova Iorque, terá de aprender a usar a sua habilidade inata de uma forma mais dissimulada e escusa, roçando a ilegalidade. Apesar das boas intenções, que parecem sinceras, rapidamente vai-se deparar com a inevitabilidade de que não poderá vencer todas as batalhas, pelo menos, não todas as que desejava.

Vê ainda a minha opinião sobre Lucifer

A série tem valor por si própria, apresentando novos personagens densos e complexos e apoiados na personalidade forte e carismática de Jessica e muito lamento não ter sido lançada ainda a nova temporada que penso dever ter saído este ano. Contudo, tenho de admitir que me aqueceu o coração cada menção e cada vislumbre de personagens como Donna, Harvey Specter ou Louis Litt. Confesso que foi um bálsamo para matar as saudades que esses personagens icónicos deixaram e penso que todos os fãs da série devem ter amado esses momentos.

Em suma, recomendo muito esta série e estou aqui a torcer para que os produtores não desistam dela num futuro próximo e surjam notícias muito em breve. Agora, conta-me, também vês Pearson? O que achaste deste spin-off? 

#Livros - O Estrangeiro, de Albert Camus

Sinopse

Meursault recebe um telegrama: a mãe morreu. De regresso a casa após o funeral, enceta amizade com um vizinho de práticas duvidosas, reencontra uma antiga colega de trabalho com quem se envolve, vai à praia - até que ocorre um homicídio. 

Romance estranho, desconcertante sob uma aparente singeleza estilística, em O Estrangeiro joga-se o destino de um homem perante o absurdo e questiona-se o sentido da existência. Publicado originalmente em 1942, este primeiro romance de Albert Camus foi traduzido em mais de quarenta línguas e adaptado para o cinema por Luchino Visconti em 1967, sendo indubitavelmente uma das obras-primas da literatura francesa do século XX. 

Opinião

Depois de tanto ter ouvido falar neste autor, finalmente decidi-me a ler uma das suas obras mais famosa, O Estrangeiro. Ainda por cima estamos a falar de um livro com pouco mais de 100 páginas e era uma vergonha continuar a adiar a leitura, além de que já me restavam poucos argumentos válidos. Deste modo, ganhei coragem e lancei-me a mais um Clássico da Literatura e a experiência foi para cima de incrível.

Albert Camus é um escritor conciso que não gasta palavras à toa e tudo o que encontras neste livro é o que necessitas para compreender a história que ele te quer contar. Ocorre-me por exemplo o nosso Eça de Queirós, que se fosse contar esta mesma história escreveria certamente mais umas trezentas páginas para adornar a narrativa. Camus não sente essa necessidade e, portanto, cinge-se ao estritamente necessário.

Podes ler ainda a minha opinião sobre O Príncipe

Tudo começa com a morte da mãe do nosso protagonista, que vivia num asilo. Este recebe um telegrama com a notícia, algo estranho nos dias de hoje mas muito usado em tempos anteriores a Internet e telemóveis. Tudo o que se segue, desde a viagem até ao próprio velório e enterro, bem como seu regresso a casa, tudo nos revela as peculiaridades da personalidade apática de Meursault.

"Perguntou-me depois se eu não gostava de uma mudança de vida. Respondi que nunca se muda de vida, que em todos os casos todas as vidas se equivaliam e que a minha, aqui, não me desagradava. Mostrou um ar descontente, disse que eu respondia sempre à margem das questões e que não tinha ambição, o que, para os negócios, era desastroso."

Estamos perante um homem resignado, pouco convencional, que não segue os parâmetros da sociedade nem age como a maioria pensa ser a forma correcta, não finge nem mente, nem mesmo para proveito próprio. Aliás, a única ocasião em que claramente mente é para proteger o vizinho proxeneta que bate na namorada frequentemente. O que nos leva a questionar a moralidade deste protagonista e perceber que não são razões morais que o levam a dizer as verdades inconvenientes ao patrão ou à namorada, por exemplo.

Podes ler também a minha opinião sobre O Grande Gatsby

Até as relações profissionais e pessoais de Meursault são estranhas e pouco convencionais, demonstrando nessas interacções o seu modo de viver sem pensamentos profundos nem procurar o sucesso como as pessoas ditas normais fariam. Muito mais haveria para dizer sobre este livro curto mas repleto de sumo, mas não quero abordar temas que possam ser considerados spoilers. Termino dizendo o quanto recomendo este livro, ainda por cima a minha edição tem uma introdução escrita pelo incrível Jean-Paul Sartre que me deixou com uma vontade imensa de ler O Mito de Sísifo, que parece ser uma chave de leitura para este O Estrangeiro.

"Compreendi, então, que um homem que houvesse vivido um único dia poderia sem custo passar cem anos numa prisão. Teria recordações suficientes para não se maçar." 

Recomendo ainda o vídeo da Tatiana Feltrin e o incrível projecto Literatura Fundamental sobre este livro fascinante se quiseres aprofundar o teu conhecimento sobre ele. Para encomendares o teu exemplar, e assim ajudares ao crescimento deste blog, podes fazê-lo na Wook com 20% de desconto imediato. 

Desafio de Escrita dos Pássaros - Cada um come onde quer e repete se quiser!

Curiosamente, antes de ir de férias, estive tentada a pegar neste tema do Desafio dos Pássaros mas não me ocorria nada de interessante para dizer, ou porque não tinha ou porque a mente já estava focada nas férias e não tinha espaço para mais nada. Agora que voltei das férias e a vida boa terminou, tenho a sensação que passei os últimos dez dias a comer onde queria e a repetir os melhores. 

Não é que a comida tenha sido a protagonista das minhas férias, mas foi um pano de fundo excelente para as reuniões de amigos e familiares que foram acontecendo e sucedendo-se umas às outras. Penso que seja algo muito português, esta coisa de nos reunirmos em torno de uma mesa repleta de boa comida e melhor bebida, e fazer dessas horas um momento inesquecível, junto das pessoas que gostamos de ter ao nosso lado para partilhar as coisas boas da vida, as nossas vitórias e procurar conforto nas derrotas. 

Assim, tendo em conta esta última visita à terrinha, acabei por revisitar lugares incríveis e descobrir outros espectaculares que conto em breve partilhar contigo por estas paragens, que sabes o quanto gosto de partilhar contigo as coisas boas que descubro e os restaurantes não são excepção. Portanto, prepara-te para ver muito boa comida em breve e lugares bonitos, agradáveis e perfeitos para reunir os amigos. 

Enquanto as novidades e sugestões gastronómicas não chegam, vai lendo todos os temos do Desafio dos Pássaros aqui.

Férias 2020 - 1º Ato

Só passei para avisar que começam hoje as minhas belas férias que serão as primeiras de 2020 e que, portanto, estarei ausente na próxima semana por estas paragens. Contudo, para que não percas pitada e possas acompanhar o que andarei a fazer pelos próximos dias aconselho-te a seguires-me no Instagram onde irei partilhando o que de melhor acontecer. Conto contigo por lá? 

#Filmes - Casanova

Sinopse

Casanova foi o mais extraordinário sedutor do mundo. Espadachim, mestre do disfarce, muito talentoso. Nenhuma mulher conseguia resistir ao seu infalível charme. Até agora. Pela primeira vez na vida, o lendário Casanova está prestes a encontrar o seu par, a mais bela e fascinante veneziana. Francesca, que fez a única coisa que ele nunca pensou ser possível: recusá-lo. 

Após uma série de inteligentes esquemas e disfarces, ele consegue aproximar-se de Francesca. Mas Casanova está envolvido no mais perigoso jogo com que alguma vez se defrontou - que porá em risco não só a sua vida e reputação como também a sua única oportunidade de amor verdadeiro. 

Opinião

Este filme foi uma completa surpresa por tratar uma história conhecida de todos como é a lenda de Casanova, o maior mulherengo da História, tornando-a numa comédia leve, sem ser completamente caricatural, perfeita para um Domingo à tarde e que se pode ver com os amigos em torno de um belo balde de pipocas. O elenco é de luxo e os cenários de uma beleza que só a Itália nos pode dar no seu esplendor.

Tudo começa com o nosso galã a escapar por um triz à morte e aconselhado pelo Doge a casar-se de forma a proteger-se de futuros ataques contra si da Igreja que condenava o seu comportamento libertino e procurava terminar com este mau exemplo. E é assim que Casanova arranja uma jovem noiva pura - e ansiosa para o deixar de ser - e se apaixona perdidamente pela sua vizinha, a bela Francesca.

Podes ver também a minha opinião sobre Moulin Rouge

Para a conquistar, uma mulher invulgar, inteligente e exigente, terá de assumir outra identidade e revelar um lado de si próprio que talvez desconhecesse possuir. A questão é saber se isso será suficiente para ganhar o coração de Francesca, até porque isso significaria deixar para trás a sua vida libertina onde a luxúria é mais importante que o amor.

Com um ritmo frenético, algo a acontecer a cada momento, é fácil ficar preso a este filme na ânsia de saber o que se segue, seja com os nossos protagonistas, ou com as personagens secundárias que os rodeiam. Claro que não posso deixar de referir o papel brilhante de Heath Ledger, revelando mais uma vez o quanto era versátil e relembrando a todos o quanto foi grande a sua perda na flor da idade. Por outro lado, quero ainda destacar um dos meus actores favoritos de todos os tempos, Jeremy Irons, que tem aqui um papel mais cómico, como não me recordo de o ver fazer, e que, ainda assim, faz de forma magistral.

Lê ainda a minha opinião sobre O Segredo de Brokeback Mountain

Talvez este não seja um filme para ver em família, mas é perfeito para uma tarde leve e tranquila e com umas boas gargalhadas à mistura, algo que tanto precisamos em tempos conturbados como os que vivemos. Quem ainda não viu este Casanova? Acredita que ainda ficou muito por dizer, dado que não quero deixar spoilers como seria falarmos sobre o final inacreditável deste filme, mas, caso tenhas visto, fica à vontade para deixar o teu comentário para conversarmos sobre ele!