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terça-feira, 26 de setembro de 2023

#Livros - Poemas, de Mário de Sá-Carneiro

 

A imagem da capa do livro de Poemas de Mário de Sá-Carneiro, editado pela Relógio d'Água, é um retrato que transmite uma atmosfera melancólica e introspectiva. Dominada pelos tons de castanho, a fotografia em preto e branco apresenta uma figura enigmática do autor, com um olhar profundo e imerso em pensamentos tumultuosos.  A escolha de cores escuras e terrosas estabelece uma ligação com o mundo interior do autor, que explorou em seus poemas temas como solidão, saudade, desespero e angústia existencial. A foto em sépia intensifica essa sensação de nostalgia e melancolia, evocando uma atmosfera atemporal e contemplativa.  O posicionamento do autor na imagem é outro elemento relevante, uma vez que o rosto em primeiro plano ocupa grande parte da capa, enfatizando sua importância e reflexões íntimas presentes nos poemas. A expressão facial transmitida pela fotografia nos convida a entrar no universo poético de Mário de Sá-Carneiro e mergulhar em suas emoções complexas e intensas.  A capa, portanto, proporciona uma experiência visual que antecipa o conteúdo do livro, transportando-nos para a mente e a alma do autor e preparando-nos para uma jornada poética profundamente pessoal e emocional.

Sinopse

«A poesia de Mário de Sá-Carneiro, sobretudo nalguns poemas de Dispersão, possui um fulgor, uma força e um dinamismo únicos na lírica portuguesa contemporânea. Pode-se dizer que na sua obra há poemas que nascem de uma impulsão arrebatadora que domina inteiramente a síntese viva e fulgurante da realidade poética. Essa impulsão pode ser tão intensa e instantânea que se volve vertigem, delírio ou álcool (palavras-chave da poesia do autor de Indícios de Oiro) ou esvai-se, após o seu súbito surgir, ou então obscurece a consciência do sujeito: «Mas a vitória fulva esvai-se logo... / E cinzas, cinzas só, em vez de fogo...», «É só de mim que ando delirante - / Manhã tão forte que me anoiteceu.» Do Prefácio. 


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Opinião 

O meu propósito de ler mais poesia continua firma e segue de vento em popa, desta vez, com a leitura do autor modernista Mário de Sá-Carneiro. Nascido em Lisboa, em 1890, foi um dos mais importantes escritores do movimento modernista em Portugal. Integrou a chamada "Geração Orpheu", que se destacou no início do século XX, Sá-Carneiro foi um pioneiro na exploração da subjectividade e da experimentação estética, influenciado por correntes artísticas como o simbolismo e o decadentismo. A sua obra, marcada pelo intimismo e pelo pessimismo, aborda questões existenciais, desejos e angústias, além de mergulhar profundamente nas complexidades da alma humana. Aproximando-se do movimento literário conhecido como "Saudosismo", que defendia a valorização do passado e da tradição, o autor revela nos seus poemas uma busca por sentidos e significados num mundo cada vez mais desencantado e fragmentado. 


O livro Poemas, de Mário de Sá-Carneiro, apresenta uma colectânea da sua poesia mais emblemática. Grande nome do modernismo português, o autor expõe nos seus poemas uma profunda busca pela identidade e pelos sentimentos. Através duma escrita lírica e melancólica, retrata angústias existenciais, amores não correspondidos e a constante insatisfação com a realidade. Nesta colectânea, encontramos desde os versos mais introspectivos e pessoais até os mais provocantes e surrealistas, mostrando a riqueza e variedade da obra deste autor singular. A verdade é que a poesia de Sá-Carneiro é de extrema importância para a literatura portuguesa, pelo seu trabalho inovador e revolucionário. Explorando temas como o amor, a solidão, a morte e o desespero, traz uma nova perspectiva pessoal e intimista para os seus poemas. 


Podes ler também a minha opinião sobre Poemas de Alberto Caeiro


A sua obra foi muito influente no movimento modernista português e tornou-se uma referência para as gerações posteriores de escritores. Com a sua linguagem poética única e as suas reflexões profundas sobre a existência humana, Sá-Carneiro deixou um legado duradouro e vital na literatura portuguesa, sobretudo se tivermos em consideração a sua curta vida. Mas antes de ter influenciado outros autores, a sua obra foi influenciada por diferentes movimentos e autores. O autor apresenta influência do simbolismo, principalmente de Charles Baudelaire, com os seus versos melancólicos e imagens poéticas carregadas de simbolismo e atmosfera sombria. É possível observar também traços do decadentismo, desenvolvido por escritores como Oscar Wilde, que explora o desencanto e a decadência da sociedade. A influência do dandismo de Wilde faz-se presente, ainda, na persona construída por Sá-Carneiro, com a sua procura pela originalidade e pelo culto à estética. 


"Arranquem-me esta grandeza! 

- Pra que me sonha a beleza,

Se a não posso transmigrar?..." 


Os temas, abordados de forma intensa e sensível, estão sempre relacionados com a vida e as emoções. O amor e a desilusão amorosa são protagonistas na sua obra, onde expressa a intensidade e complexidade dos sentimentos amorosos, bem como as dores e frustrações decorrentes das relações amorosas. Outro tema recorrente no livro é a solidão e a melancolia. Através das suas palavras, o autor retrata os vazios existenciais, a sensação de abandono e a busca incessante por conexões humanas verdadeiras. A melancolia transparece em versos carregados de nostalgia e tristeza, revelando a profundidade da alma atormentada de Sá-Carneiro. A busca pela identidade e a relação com o eu lírico também marcam presença ao longo dos seus poemas. O autor utiliza os seus versos para reflectir sobre a sua própria identidade, como quem procura compreender quem realmente é e como se encaixa neste mundo. 


Podes ler ainda sobre o Guia para 50 Personagens da Ficção Portuguesa


A morte e a angústia existencial são explorados de forma eloquente nas poesias de Sá-Carneiro. O autor expressa a inquietação frente à finitude da vida e os questionamentos sobre o sentido da existência. Abordadas de forma visceral, assim é demonstrado a intensidade das dúvidas e inquietações existenciais do nosso autor perturbado. Por fim, o livro de Poemas de Mário de Sá-Carneiro também traz reflexões sobre a arte e a condição humana. De forma habilidosa, explora os limites entre a realidade e a imaginação, o papel da arte como forma de expressão e enfrentamento das contradições da vida. As reflexões sobre a condição humana estão presentes nas entrelinhas dos versos, revelando a sensibilidade e a profundidade do autor em relação à própria existência. 


"Perdi-me dentro de mim

Porque eu era labirinto,

E hoje, quando me sinto,

É com saudades de mim."


Apesar de ter vivido uma vida conturbada e ter enfrentado inúmeros problemas pessoais, Mário de Sá-Carneiro foi reconhecido como um dos principais poetas do Modernismo português após a sua morte. As suas obras, incluindo os livros de poemas, foram redescobertas e valorizadas por críticos literários e leitores ao longo dos anos. O impacto da sua escrita e a ousadia da sua linguagem foram apreciados, tornando-o num autor de culto. A morte prematura do autor contribuiu para o mito que se formou ao redor da sua obra, fazendo com que o seu legado se tornasse ainda mais significativo. Hoje, a sua poesia é considerada um tesouro literário, destacando-se pela sua originalidade e profundidade emocional. 


O livro de Poemas de Sá-Carneiro é uma obra de extrema importância na poesia portuguesa, como já foi referido. Com a sua linguagem arrebatadora e profunda, o autor leva-nos num mergulho intenso nas suas palavras, trazendo à tona sentimentos e reflexões que ecoam nas nossas almas. As temáticas são retratadas de forma única e emocionante, fazendo com que cada verso seja uma verdadeira obra de arte. Portanto, convido-te a entregares-te a esta experiência literária e a apreciares a genialidade dos versos de Mário de Sá-Carneiro! Agora, gostava muito de conhecer a tua opinião sobre este livro! Comenta abaixo o que achaste da resenha e da obra. 


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Wook | Bertrand 

terça-feira, 19 de setembro de 2023

#Livros - A vida como ela é, de Nelson Rodrigues

 

"A Vida como Ela É": Um mergulho profundo nas obscuridades da alma humana, num retrato cru e honesto da sociedade brasileira dos anos 1950. Escrito por Nelson Rodrigues, um dos maiores dramaturgos brasileiros, este livro publicado pela Tinta da China em Portugal traz uma coletânea de contos curtos que exploram os desejos, as paixões proibidas, as traições e as tragédias cotidianas que permeiam as relações humanas. Com uma escrita envolvente e provocativa, Rodrigues nos presenteia com histórias instigantes que desafiam nossas convicções morais. Prepare-se para confrontar o amor e o ódio, a mentira e a verdade, num livro repleto de suspense e reviravoltas que nos levarão a questionar até que ponto somos capazes de ir para alcançar nossos desejos mais secretos.

Sinopse

Selecção dos 60 melhores contos de Nelson Rodrigues, a partir das muitas centenas de textos escritos ininterruptamente ao longo de dez anos, entre 1951 e 1961, na coluna A Vida Como Ela É..., publicada diariamente no jornal Última Hora. Histórias de ciúme, inveja, obsessão, adultério e morte, traduzidas em dilemas morais que conquistaram leitores por todo o mundo e que foram adaptados para rádio, cinema, teatro e televisão. 


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Opinião 

A vida como ela é é uma colecção de contos escrita por Nelson Rodrigues, onde o autor retrata a realidade quotidiana de maneira implacável, expondo as complexidades das relações humanas e as nuances da natureza humana. Com uma escrita única e provocativa, Nelson Rodrigues apresenta-nos a tramas envolventes e personagens que transitam entre o moralmente aceitável e o tabu. Ao longo das páginas, são explorados temas como paixões proibidas, traições e a luta pelo poder, criando um universo literário rico em emoções e revelações. 


Nelson Rodrigues é considerado um dos mais renomados dramaturgos e jornalistas brasileiros do século XX. Nasceu em 1912, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 1980. A sua vasta produção literária inclui peças de teatro e crónicas que abordam temas polémicos e controversos, muitas vezes retratando os aspectos mais sombrios e os dilemas morais da sociedade brasileira. A Vida como ela é reúne os contos publicados inicialmente no jornal Última Hora, entre as décadas de 1950 e 1960. Essas histórias curtas, escritas de forma ágil e directa, revelam o lado mais cruel e perverso das relações humanas, explorando os conflitos familiares, as paixões desenfreadas e os segredos obscuros que permeiam o quotidiano. Ao retratar personagens complexos e situações extremas, a obra de Nelson Rodrigues choca e provoca reflexões sobre a condição humana e as amarras da moralidade na sociedade brasileira. 


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Neste livro, os temas que exploram a decadência moral da sociedade são os verdadeiros protagonistas. Assim, retrata situações em que personagens lidam com a falta de princípios éticos e morais e mergulham em comportamentos questionáveis. Através destes contos, o autor expõe a forma como a sociedade pode sucumbir à corrupção e à falta de valores, mostrando como as relações podem ser prejudicadas por essa decadência. Outro tema muito presente nesta obra é a culpabilidade e o pecado. Rodrigues retrata personagens que são assombrados pelos seus actos e sentimentos de culpa, evidenciando os aspectos obscuros da sua natureza. Através de histórias que envolvem adultério, traição e mentiras, o autor mostra como a moralidade ambígua e os erros cometidos podem perseguir os personagens, afectando as suas vidas e os seus relacionamentos. 


"Você, meu caro, desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste, azeda e neurasténica." 


As relações familiares disfuncionais também são abordadas de maneira intensa no livro. O autor apresenta, desse modo, famílias marcadas por conflitos, segredos e tensões, revelando o lado sombrio dessas relações. Nelson Rodrigues explora as complexidades dos vínculos familiares, mostrando como as dinâmicas disfuncionais podem impactar profundamente os intervenientes, moldando o seu comportamento e influenciando as suas escolhas. Por fim, o jogo do amor e do desejo, marcado pelo ciúme e pela traição é outro dos temas centrais de A vida como ela é. São relatadas relações amorosas complicadas e muitas vezes patológicas, nas quais ciúme, possessividade e traição são elementos presentes e recorrentes. O autor consegue mergulhar nas profundezas do amor e do desejo, expondo as consequências de atitudes doentias e obsessivas, revelando como esses sentimentos podem destruir vidas e relacionamentos. 


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Nelson Rodrigues sempre foi conhecido pela sua escrita intensa e provocadora, o que o tornou num dos maiores expoentes do teatro e da literatura brasileira. As suas obras são marcadas por um estilo narrativo único, repleto de ironia, sarcasmo e uma visão desencantada da vida, e A vida como ela é não é excepção. Fazendo uso duma linguagem directa e sem rodeios, aborda temas como sexo, adultério, traição e perversidade humana de forma crua e impactante. As suas narrativas são permeadas por diálogos ágeis e ácidos, que retratam com precisão as contradições e hipocrisias da sociedade. Além disso, o humor negro e a forma exagerada como descreve as situações tornam as suas histórias marcantes e inesquecíveis. Rodrigues também faz uso frequente de personagens complexos e perturbados psicologicamente, revelando as camadas mais sombrias e ocultas da alma humana. É por tudo isto que o estilo de escrita de Nelson Rodrigues é reconhecido pela sua ousadia, provocação e por questionar os padrões morais e sociais vigentes. 


"Até então fora um homem como os demais, normalmente viril, com esse mínimo de coragem que os outros têm. Pela primeira vez, conhecia o medo na sua plenitude, um medo selvagem, bestial. Era um sentimento novo na sua vida, de uma violência nunca sonhada." 


Quando os contos foram sendo lançados ao longo duma década, causaram um grande impacto na sociedade da época. As histórias narradas, com os seus personagens cheios de paixões proibidas, traições e desejos reprimidos, chocaram a moral conservadora daquele período. O autor foi duramente criticado pela ousadia de expor temas considerados tabus, uma vez que o livro abordava adultério, incesto e comportamentos transgressores. No entanto, esse escândalo em torno da obra apenas comprovou a genialidade de Nelson Rodrigues em retratar a realidade de forma crua e intensa. Actualmente, mesmo passados mais de sessenta anos desde o seu lançamento, A vida como ela é ainda é considerado uma das principais obras da literatura brasileira. O livro continua, em pleno século XXI, a provocar reflexões sobre os limites morais da sociedade, assim como a natureza humana no que diz respeito às suas paixões e desejos mais escondidos. 


Ainda actual e impactante, Nelson Rodrigues permanece como um dos grandes mestres da Literatura brasileira e este livro teve uma influência significativa na literatura do país. Com o seu estilo cru e polémico, aliado à sua habilidade em retratar a complexidade das relações interpessoais, criou um novo padrão de representação da realidade na literatura brasileira. A sua escrita impactou não apenas a ficção sua contemporânea, mas também influenciou diversos escritores posteriores, que encontraram inspiração na franqueza e ousadia das suas narrativas. Este é o livro perfeito para todos os que procuram obras que adentram na mente do ser humano de forma intrincada e sem tabus, mergulhando sem piedade nos abismos da natureza humana, ao mesmo tempo que explora com maestria as facetas mais perturbadoras dos sentimentos. 


Gostaste da resenha de A vida como ela é? Partilha a tua opinião nos comentários e vamos trocar ideias sobre este livro incrível! 


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Wook | Bertrand 

terça-feira, 12 de setembro de 2023

#Livros - A Casa da Charneca, de Elizabeth Gaskell

 

A capa do livro "A Casa da Charneca" de Elizabeth Gaskell é um verdadeiro deleite visual para os amantes de literatura. Com um fundo azul suave e reconfortante, a capa é adornada com elegantes decorações de flores cor de rosa, que envolvem suavemente o título e o nome da autora.  As flores, delicadas e vibrantes, parecem florescer na capa, trazendo um toque de beleza e frescor ao ambiente. Seus tons suaves de rosa contrastam suavemente com o azul dominante, criando uma harmonia visual agradável.

Sinopse

Ambientado nas charnecas inglesas, A Casa da Charneca é a história dos pobres irmãos, Maggie e Edward Browne, e de Frank Buxton, um rico herdeiro de Combehurst. A gentil Maggie é devotada a Edward e trata-o com todo o amor, mas ele é arrogante e egoísta. Um romance comovente e encantador que vai emocionar o leitor. 


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Opinião 

A Casa da Charneca é uma novela escrita por Elizabeth Gaskell, uma famosa autora vitoriana. Publicado em 1850, esta história encantadora transporta os leitores para a paisagem deslumbrante dos brejos ingleses. Através da história duma jovem viúva, a Sr.ª Browne, Gaskell tece uma narrativa sensível sobre amor, perda e superação. Conhecida pelas suas habilidades em retratar as nuances das relações humanas e os desafios enfrentados pelas mulheres de classe média na época, Elizabeth Gaskell conquista o público com a sua subtileza e realismo. Nesta novela, a autora não entrega apenas uma história envolvente, mas também oferece uma visão perspicaz sobre a sociedade da época. 


Quando decidi pegar neste livro curto e li o nome da autora, fiquei convencida de que já tinha lido alguma outra obra dela. A verdade é que não, mas o seu nome já me tinha sido referido como referência quando se fala em autores vitorianos e, sobretudo, como a primeira biógrafa das irmãs Brontë. A Literatura Inglesa do século XIX foi marcada por uma série de mudanças sociais, políticas e económicas, e Gaskell foi uma das principais escritoras que capturou com maestria todas essas transformações nos seus romances. Com elementos característicos da literatura vitoriana, como a prosa descritiva detalhada, a preocupação com a moralidade e o ênfase nos valores tradicionais, esta obra de Elizabeth Gaskell destaca-se como um retrato autêntico e perspicaz da Inglaterra vitoriana. 


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Aqui, a autora conta a história de Maggie Browne, uma jovem órfã que vive com a mãe viúva e o seu irmão, depois da morte prematura do pai. Longe de serem ricos, Margaret ajuda a cuidar da casa e os recursos precisam de ser bem geridos para poderem prover ao sustento de todos. O seu irmão, adorado pela mãe e pela irmã, é um verdadeiro tirano, que trata estas generosas mulheres como se a sua existência só fosse necessária para o servir. Os anos passam e a ligação com a família do vizinho rico, que era amigo do falecido pai dos jovens, é alimentada pela vontade de ajudar a viúva e pelo desejo de dar oportunidade de crescimento ao rapaz. As crianças crescem próximas, com o jovem Frank Buxton com muito apreço por Maggie, e com consciência do fraco carácter de Edward. 


"Muito pouco sabemos do que se passa realmente no ânimo dos nossos amigos, mesmo que sejamos recebidos com intimidade." 


Quando Edward já tem idade suficiente para procurar o seu sustento e uma carreira, parte para a cidade, onde sonha alcançar a riqueza fácil e rapidamente. Claro que esta entrada na vida adulta o deixou ainda mais arrogante e prepotente, mesmo quando as suas decisões e escolhas o encaminham para vias perigosas. O dinheiro da família começa a ser absorvido pelo rapaz, deixando a mãe e irmã com sérias dificuldades para se alimentar e sustentar. Enquanto isto acontecia, Margaret tornou-se uma jovem bonita, elegante, serena e de boa índole, que despertou o amor sincero do seu vizinho, amor esse que era por ela retribuído. Apesar da perspectiva deste casamento tão vantajoso para uma família tão modesta, a Senhora Browne nem assim passa a dedicar mais amor, carinho ou atenção à sua filha. 


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As peripécias continuam a suceder-se, dando um ritmo rápido à história a dada altura, por se tratar dum livro curto com pouco mais de cem páginas. O pai do rapaz, inundado de desejos e ambições para o seu único filho, mostra-se contrário a esta relação pouco vantajosa social e financeiramente falando. O irmão de Margaret envolve-se em sarilhos sérios, correndo o risco de ser preso e deportado ou até acabar com uma pena de morte como paga pelos seus crimes irresponsáveis. A mãe tem pena pelo destino triste que espera a sua filha, mas a sua adoração por este filho cruel é maior do que tudo. A dada altura, pensei que o desfecho ia ser negro, porque faltavam poucas páginas para o final, e tudo se encaminhava para o pior, pelo menos para a felicidade da nossa sensível protagonista. Mas, a autora, de forma hábil, embora pouco desenvolvida, consegue oferecer um final satisfatório para todos os envolvidos. 


"Estimava mais esse filho morto do que todas as filhas do mundo, mesmo boas, felizes e prósperas, como Margaret agora era - rica, muito rica do amor que todos sentem por ela." 


A Casa da Charneca deixou um impacto marcante na Literatura Inglesa, presenteando os leitores com uma história de simplicidade e profundidade emocional. Ao retratar personagens que enfrentam desafios da vida quotidiana, como solidão, perda e amor, Gaskell consegue despertar sentimentos universais nos leitores. Além disso, o seu estilo de escrita elegante e as descrições detalhadas das paisagens permitem-nos mergulhar completamente na atmosfera da história. O legado desta obra é notável, pois estabelece Elizabeth Gaskell como uma mestra em retratar as complexidades da vida e das emoções humanas. Este é o livro certo para quem quer conhecer o estilo da autora e para todos os que apreciam romances clássicos e históricos, bem como para os amantes da literatura britânica do século XIX. Além disso, os leitores que gostam de histórias ambientadas em cenários pitorescos e misteriosos, como as charnecas inglesas, encontrarão um verdadeiro deleite nessa obra. 


Conheces A Casa da Charneca, de Elizabeth Gaskell? Partilha a tua opinião! Deixa um comentário para discutirmos os detalhes mais fascinantes do livro, as suas personagens inesquecíveis e momentos emocionantes. 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

#Filmes - Barbie

 

Na imagem, podemos ver o vibrante pôster do filme "Barbie", em que os atores principais que interpretam a icônica boneca Barbie e seu eterno companheiro Ken estão dentro de um deslumbrante carro cor-de-rosa. Barbie, interpretada por uma talentosa atriz, exala graça e elegância com seu cabelo loiro impecável e impressionante vestido rosa. Ao seu lado, o charmoso Ken, interpretado por um ator de porte atlético, ostenta um sorriso encantador enquanto segura as rédeas do automóvel dos sonhos. Ambos personificam o espírito aventureiro e alegre que têm encantado gerações de fãs da famosa boneca. Neste filme, eles embarcam em uma jornada repleta de emoção, explorando o fascinante mundo de Barbie e trazendo à vida suas histórias encantadoras. O vibrante e energético carro rosa adiciona um toque de magia e extravagância à imagem, refletindo perfeitamente o universo de Barbie. A sinergia entre os atores e a atmosfera cativante do pôster prometem envolver e encantar o público de todas as idades, tornando o filme "Barbie" uma experiência cinematográfica memorável.

Sinopse

No fabuloso live-action da boneca mais famosa do mundo, acompanhamos o dia a dia em Barbieland - o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e as suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e curtir intermináveis festas. Porém, uma das bonecas começa a perceber que talvez a sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido da sua existência e alarmando as suas companheiras. Logo, a sua vida no mundo cor de rosa começa a mudar e, eventualmente, ela sai de Barbieland. 

Forçada a viver no mundo real, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca - pelo menos ela está acompanhada do seu fiel e amado Ken, que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo. Enquanto isso, Barbie tem dificuldades para se ajustar, e precisa enfrentar vários momentos nada coloridos até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um. 


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Opinião 

O mundo foi ver Barbie ao Cinema e o filme tem andado nas bocas do mundo, o que tem gerado uma guerra de interpretações e opiniões divididas entre os que adoraram a adaptação e os que detestaram toda a mensagem. Não foi a minha primeira escolha, mas estava no radar devido a toda esta polémica e também porque sempre fui uma criança apaixonada por estas bonecas. O aguardado live-action, dirigido por Greta Gerwig, prometia transportar para o grande écran as icónicas bonecas Barbie duma forma única e empolgante, sendo esperado que encantasse tanto os fãs da famosa boneca, quanto os restantes mortais. Misturando elementos de fantasia, aventura e muita comédia, Barbie apresenta-se como uma releitura contemporânea e empoderadora  duma das personagens mais amadas do mundo infantil. 


No filme Barbie, a icónica boneca ganha vida na interpretação perfeita da talentosa Margot Robbie, imagem perfeita da boneca estereotipada que retrata. Como imagem original, fio condutor de tudo o que foi criado dentro deste universo da Mattel, ela é retratada como uma mulher moderna, confiante e empoderada, inspirando jovens e adultos de todas as idades com o seu carisma e determinação. Pelo menos, é o que todos acreditam dentro de Barbieland. A sua beleza é apenas uma das muitas qualidades que encantam o público, pois ela também demonstra ser inteligente, corajosa e bondosa. Através da sua jornada no filme, a personagem enfrenta desafios e obstáculos, confrontando-se com a realidade, bem diferente do achavam e viviam na sua perfeita Barbieland, e consegue demonstrar a sua resiliência e perseverança ao longo do caminho. 


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Por outro lado e em contraponto, temos o passivo Ken, retratado como elemento acessório, nunca como personagem importante no universo de Barbieland. A desilusão do Ken, interpretado de forma brilhante pelo lindo e talentoso Ryan Gosling, é perceptível desde cedo, inclusivamente porque nota-se que a nossa Barbie não o tem em grande conta, nem parece gostar dele como ele parece gostar dela. A verdade é que os gatilhos para a sua grande crise existencial estão lá todos, só são despoletados e desenvolvidos depois da sua visita ao mundo real, quando entende que o papel dos homens pode ser outro, bem diferente do seu. Deste modo, depois de ser apresentado como o típico parceiro da Barbie, ao longo da trama, ele começa a questionar a sua identidade, propósito e a ter desejos de alcançar um protagonismo e importância que sempre lhe foi negado. Esta abordagem ousada e realista, torna o Ken mais humano e emocionalmente complexo, parecendo mostrar que os padrões e comportamentos se podem repetir tanto no mundo real quanto no ambiente de fantasia de Barbieland. 


Na foto, vemos os talentosos atores que interpretam os amados personagens Barbie e Ken no filme. Ambos estão vestidos em tons impressionantes de rosa, que refletem perfeitamente a essência e a magia do universo Barbie. A atriz que dá vida à icônica boneca está deslumbrante em um vestido rosa pastel, realçando sua beleza radiante e delicadeza. Seus longos cabelos loiros e impecavelmente penteados complementam perfeitamente a personagem, transmitindo sofisticação e elegância.

Os pontos de viragem e momentos emocionantes são evidenciados em diferentes ocasiões e conseguem capturar com sucesso a atenção do público. Desde o início do filme, somos imersos na história da Barbie, com todas as referências escondidas nos recônditos das memórias da infância, naquele mundo fantasioso, onde tudo parece ser perfeito. Mas o inesperado acontece quando a nossa Barbie começa a ter falhas no seu comportamento habitual. Preocupada com o que se passa, com medo dos pensamentos que lhe têm surgido, decide procurar ajuda num lugar onde vamos encontrar muitas das personagens descontinuadas pela Mattel ao longo dos últimos anos. É aí que entende que o seu problema está relacionado com a criança que brinca consigo e que lhe está a transmitir esses problemas. A solução será viajar até ao mundo real, ajudar essa criança e voltar a viver a sua vida cor de rosa feliz e normal. 


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Só que essa viagem é reveladora, não só para o Ken como já referi, mas também para a própria Barbie, que entende que a realidade é bem diferente do que todos pensavam. Outro ponto de viragem, além de entender que não está assim tão na moda entre os adolescentes, é quando entende que não tem sido objecto de brincadeiras de uma criança, mas da mãe da criança, mulher adulta com todos os problemas e dilemas que todas vivemos nos dias que correm. É por causa dos pensamentos negativos desta mulher que a Barbie acaba afectada, percebendo que a vida no mundo real é muito mais desafiante para as mulheres do que algum dia poderia ter imaginado antes. O regresso a Barbieland, perseguida pelos homens que mandam na marca, torna-se um novo desafio devido às consequências da revolta do Ken, mas conta com a ajuda das duas humanas que a salvam e que vão ajudar também a salvar este mundo de fantasia, além de nos transmitir uma mensagem importante sobre o que o mundo exige às mulheres, do quanto é impossível alcançar esse ideal doido e psicótico, um ideal que precisa ser rompido para que seja possível um mundo real melhor, mais justo, mais igualitário. 



O ambiente é leve, parece uma comédia simples e que exige pouco mentalmente do espectador, mas a verdade é que nos faz pensar em assuntos sérios, mesmo quando parece apenas uma brincadeira. Ainda assim, os figurinos são uma delícia para todas as crianças que cresceram a brincar com estas bonecas icónicas e reconheci muitos visuais, muitas personagens que ainda tenho, uma verdadeira viagem às minhas memórias de brincadeiras, das que guardo com mais carinho e saudade. Os próprios cenários de Barbieland são facilmente reconhecidos e proporcionam um calor ao coração muito agradável. Quanto a assuntos mais sérios, preciso de destacar as excelentes interpretações de todos os actores envolvidos, que conseguem que um mundo de fantasia se torne real diante dos nossos olhos. 


Por último, quero só mencionar o papel extraordinário do narrador que interrompe a narrativa com os seus comentários acutilantes, irónicos e que provocam verdadeiras gargalhadas em determinados momentos. Confesso que não ia com muitas expectativas, nem a acreditar que ia ver um filme extraordinário, e sai da sala de cinema muito satisfeita por ter dado uma oportunidade e ter ido ver por mim o real valor deste filme inesperadamente polémico. Agora conta-me, foste ver Barbie? Deixa a tua opinião sobre o filme nos comentários! Quero saber o que achaste da história, dos personagens e da mensagem transmitida. 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

#Livros - Um Diário de Leituras, de Alberto Manguel

 

A imagem da capa do livro "Um Diário de Leituras: Treze Livros para Treze Meses", de Alberto Manguel, publicado em Portugal pela Tinta da China, possui um fundo branco destacando o título e o nome do autor em tons de laranja. A ilustração central retrata o próprio autor sentado em uma pilha de livros, com os olhos atentos e um livro aberto em mãos, imerso em uma leitura. Essa imagem transmite a ideia de um diário de leituras pessoal, representando Manguel em meio a um mundo de conhecimento e prazer literário, convidando o leitor a explorar os treze livros selecionados por ele ao longo de treze meses.

Sinopse

Que pode haver em Goethe que remeta para a vida na Argentina durante a ditadura militar? Que ligação há entre O Vento nos Salgueiros e a nostalgia de um expatriado que sofre à distância com o desaparecimento de uma amiga? Será possível ler a invasão do Iraque em Dom Quixote? E que recordações paternas despertam num filho que lê Margaret Atwood 20 anos depois de perder o pai? Quando se abre um livro, não se encontra só a história que está nas páginas. Associações, memórias, amigos, outras leituras, barulhos que chegam da rua, o lar, as notícias da aldeia e do mundo e até a identidade de quem lê, tudo se mistura no acto da leitura. 

Ao longo de um ano, Alberto Manguel regressa a 12 dos seus livros preferidos (mais um, Viagens na Minha Terra, acrescentado exclusivamente para a edição portuguesa) e anota num registo diferente do habitual, mais íntimo, diarístico, mês a mês, essa ligação directa entre a literatura e a vida - uma ligação que qualquer grande leitor sabe que é impossível desfazer. 


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Opinião 

Alberto Manguel, famoso escritor e bibliófilo argentino, apresenta-nos no seu livro Um Diário de Leituras uma jornada literária intrigante e apaixonante. Com uma vida dedicada à leitura e à escrita, Manguel conduz-nos numa série de treze ensaios, cada um dedicado a um livro específico, lido num mês do ano. Nesta obra, o autor partilha as suas experiências, memórias e reflexões sobre obras literárias que o impactaram profundamente, proporcionando-nos uma rica contextualização sobre a influência da leitura na nossa vida quotidiana. É uma verdadeira imersão na literatura através dum diário pessoal, que nos apresenta, ainda, referências e reflexões a acontecimentos da actualidade, mostrando que além de leitor e escritor, Manguel é também um cidadão atento. 


Ao longo de treze capítulos, correspondentes a cada mês do ano, sendo que o último foi adicionado vinte anos depois de propósito para a edição portuguesa e depois do autor já se encontrar a viver em Portugal, o autor apresenta-nos a sua experiência íntima com treze obras literárias, com uma abordagem que mistura análises críticas, memórias e reflexões pessoais. Alberto Manguel convida-nos a nós, leitores, a partilhar das suas descobertas, interpretações e conexões com esses livros, proporcionando uma experiência única de despertar da curiosidade, até porque a maioria dos livros referidos ainda não li, mas passei a querer muito ler, sem esquecer as inúmeras referências paralelas a outras obras. 


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A selecção dos treze livros mencionados é cuidadosamente feita, abrangendo diferentes géneros, épocas e áreas do conhecimento. Através desta selecção, o autor procura oferecer ao leitor um panorama diversificado e enriquecedor, permitindo o encontro com obras fundamentais, tanto conhecidas como menos famosas, e proporcionando reflexões profundas sobre literatura, história, filosofia, entre outros temas. A estrutura em diário, por sua vez, permite ao autor uma entrega mais íntima e pessoal, partilhando com o leitor as suas impressões, emoções e descobertas ao longo deste período de leituras. Também a organização dos capítulos em Um Diário de Leituras é extremamente cuidadosa e fluída, proporcionando uma experiência de leitura envolvente e cativante. 


"Para que um livro nos atraia, talvez seja preciso que estabeleça entre a nossa experiência e a da ficção - entre as duas imaginações, a nossa e a da página - um elo de coincidências." 


O autor divide o livro em treze capítulos, cada um correspondendo a um mês do ano, iniciando em Junho de 2002, e com o capítulo extra escrito em Setembro de 2021. Esta estrutura cronológica confere uma sensação de progressão e ritmo à leitura, ao mesmo tempo que permite que o leitor acompanhe a jornada do autor ao longo do tempo, tanto na vida pessoal e profissional, com as suas viagens e comemorações, como enquanto leitor e o caminho que fez, comparando quem era quando leu estes livros pela primeira vez e o homem em que se tornou na ocasião da releitura. Além de tudo isto, Manguel intercala as suas observações pessoais com análises literárias e históricas, tornando o texto dinâmico e com uma fluidez de leitura, garantidos pela habilidade narrativa do autor e pela variedade de temas e estilos dos livros abordados. 


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Reforçando a importância dos temas, Um Diário de Leituras apresenta uma série de debates de extrema relevância e profundidade. Manguel convida o leitor a reflectir sobre a natureza da literatura, a importância da leitura e o poder transformador dos livros. Todos os debates propostos pelo autor são de grande relevância para os amantes da literatura e para aqueles que deseja aprofundar o seu conhecimento e entendimento sobre o mundo dos livros. A verdade é que um dos aspectos mais marcantes deste livro é a maestria com que Manguel utiliza a linguagem para transmitir as suas reflexões sobre os livros escolhidos. O seu estilo é refinado e repleto de referências literárias, o que enriquece ainda mais as suas análises e desperta o interesse do leitor em conhecer as obras mencionadas. Pessoalmente, fiquei curiosa e com uma vontade imensa de ler todos os livros comentados por Manguel que ainda não li, com especial destaque para Dom Quixote A Invenção de Morel. Além disso, o autor utiliza uma linguagem acessível, mesmo quando fala de obras e autores mais densos e complexos, tornando a leitura agradável e cativante. 


"Não sei ao certo porque é que falamos de transformação a propósito da morte: não mudamos, simplesmente expomos a poeira que temos dentro" 


No livro Um Diário de Leituras, o autor explora de forma brilhante o uso de referências literárias e a intertextualidade ao longo de toda a obra. Ao mergulhar no universo de treze livros seleccionados para cada mês do ano, Manguel tece uma teia complexa de conexões literárias, emaranhando personagens, citações e alusões que dialogam entre si. Através desta abordagem original, o autor apresenta-nos um verdadeiro mosaico literário, no qual o leitor é convidado a desvendar as múltiplas camadas de sentidos e a vivenciar a experiência de imersão em diferentes obras literárias. Esta leitura abre horizontes e desperta também a vontade de tentar escrever um diário semelhante, utilizando as nossas próprias leituras e acontecimentos que nos envolvem. Duvido muito que fosse capaz de atingir o nível de Alberto Manguel ou o seu nível de erudição, mas pareceu-me uma forma muito interessante de registar as leituras que fazemos, o que sentimos, em que pensamos e de que forma relacionamos isso com o que se encontra a acontecer à nossa volta. 


Esta é uma obra que irá encantar os amantes da literatura e da leitura em geral, sobretudo os bibliófilos, os aficcionados por livros e os curiosos que desejam mergulhar em diferentes histórias, géneros e estilos literários. É uma leitura enriquecedora, onde o autor nos mostra que a leitura não se limita a proporcionar conhecimento, mas também nos conecta com diferentes culturas, pensamentos e perspectivas. Além disso, este é um livro que inspira e desperta o prazer pela leitura e ainda encoraja os leitores a explorarem o vasto universo literário. Com a sua abordagem pessoal e envolvente, Alberto Manguel demonstra que a leitura é uma ferramenta essencial para expandirmos a nossa compreensão do mundo e enriquecermos as nossas vidas de maneiras inimagináveis. Caso ainda não tenhas lido, espero que aceites o desafio e dês uma oportunidade à proposta de Manguel e te deixes inspirar por todas as referências que nos apresenta. Mas agora, não te esqueças de deixar o teu comentário porque a tua opinião e as tuas impressões são muito importantes para mim! 


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Wook | Bertrand 

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