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terça-feira, 5 de agosto de 2025

#Livros - Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

 

Capa do livro "Admirável Mundo Novo" publicado pela Antígona, com fundo vermelho vibrante. No centro, há um círculo azul contendo um comprimido branco, simbolizando temas de controle, tecnologia e manipulação presentes na obra.

Sinopse

Admirável Mundo Novo é uma parábola fantástica sobre a desumanização dos seres humanos. Na utopia negativa descrita no livro, o Homem foi subjugado pelas suas invenções. A ciência, a tecnologia e a organização social deixaram de estar ao serviço do Homem; tornaram-se os seus amos. Desde a publicação deste livro, o mundo rumou a passos tão largos na direcção errada que, se eu escrevesse hoje a mesma obra, a acção não distaria seiscentos anos do presente, mas somente duzentos. O preço da liberdade, e até da simples humanidade, é a vigilância eterna. 


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Opinião 

Esta é uma obra clássica da literatura de ficção científica, publicada em 1932 e faz parte das distopias mais famosas escritas no século XX. O livro apresenta uma sociedade futurista altamente controlada, onde a tecnologia e a engenharia social garantem a estabilidade e a felicidade, mas à custa da liberdade individual e da autenticidade humana. Aldous Huxley, famoso escritor britânico, é conhecido pelas suas reflexões críticas sobre o progresso, a ciência e a sociedade, tendo produzido uma vasta obra que combina romances, ensaios e contos. Aqui, com uma crítica contundente às tendências do seu tempo, o autor constrói um universo que questiona os limites da ciência e do progresso. 


Na sociedade futurista de Admirável Mundo Novo, a tecnologia e o controlo social garantem uma estabilidade aparente, eliminando conflitos e sofrimento. Neste mundo, os indivíduos são condicionados desde a infância a aceitar as suas funções e a desfrutar duma vida de prazeres superficiais, enquanto a liberdade e a individualidade são sacrificadas em nome da ordem coletiva. Assim, a reprodução é artificial e o consumo desenfreado é incentivado como forma de manter a ordem. Entre os principais elementos do enredo, destacam-se a presença de castas rígidas e a eliminação das emoções profundas por meio de drogas como o "Soma". Com esta narrativa, o autor apresenta uma crítica à perda de individualidade e à submissão voluntária às estruturas de poder, que mantém a ordem social através da manipulação das emoções, desejos e pensamentos das pessoas. 


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Em Admirável Mundo Novo, é explorada a busca desenfreada pela felicidade superficial como uma das principais temáticas da obra. No fundo, essa procura por uma felicidade rasa evidencia os perigos duma vida pautada apenas pelo conforto momentâneo, alertando para os custos duma sociedade que sacrifica valores profundos em prol duma estabilidade aparente, sustentada em cima da produção em massa, da engenharia genética e da manipulação psicológica. Huxley provoca o leitor a refletir sobre os limites da ciência, levantando dilemas éticos sobre o uso da tecnologia para moldar a sociedade e o papel do Estado na manutenção da ordem. A verdade é que, mesmo passados tantos anos da sua publicação, esta continua a ser uma reflexão filosófica sobre o que realmente dá sentido à vida humana. 


"Enfim, o dever é o dever. Não se pode consultar as preferências pessoais. Interesso-me pela verdade, amo a ciência. Mas a verdade é uma ameaça, a ciência é um perigo público. Ela é actualmente tão perigosa como já foi benfazeja." 


Os protagonistas, Bernard e John, o Selvagem, desempenham papéis centrais na narrativa, representando diferentes perspectivas sobre a sociedade futurista. Bernard é um alfa-mais que foge do convencional com as suas questões, demonstrando uma insatisfação com as normas rígidas do mundo tecnocrático, e esta sua postura coloca-o à margem da sociedade de controlo, ganhando uma certa má fama entre os seus pares. Dividido entre o desejo de pertencer ao sistema e a percepção de que algo está errado nesse mundo artificial, é marcado por uma sensação de inadequação e alienação, onde as suas inseguranças ganham poder. Já o Selvagem, nasce numa reserva, filho duma mulher que se perdeu durante uma viagem a esse lugar remoto e se descobriu grávida contra todas as probabilidades e que, ao serem encontrados por Bernard, são trazidos de volta à civilização. Esta personagem peculiar traz para a história uma visão mais tradicional e emocional, confrontando os valores do mundo civilizado quando tenta experimentar a cultura e os costumes da sociedade futurista. 


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Aldous Huxley apresenta um estilo de escrita caracterizado por uma linguagem clara e precisa, que combina um tom filosófico e reflexivo com uma narrativa que mistura elementos de ficção científica e crítica social. A sua prosa é sofisticada, repleta de termos técnicos e conceitos complexos, e entrega uma narrativa diferenciada, muitas vezes com um tom irónico. A linguagem empregada em Admirável Mundo Novo desempenha um papel fundamental na imersão do leitor na sociedade distópica que é retratada. O estilo reforça a ideia duma sociedade controlada, onde a linguagem reflete a uniformidade e a superficialidade das relações humanas. Termos técnicos, gírias específicas e uma comunicação muitas vezes padronizada ilustram a ausência de profundidade emocional e a manipulação ideológica levada ao extremo, o que nos leva a perceber melhor a alienação e o condicionamento psicológico deste mundo novo. 


"Deus não é compatível com as máquinas, nem com medicina científica ou felicidade universal. É preciso escolher. A nossa civilização escolheu as máquinas, a medicina e a felicidade." 


Esta é uma obra que se destaca pela originalidade e profundidade, alertando para os perigos do totalitarismo, da perda da individualidade e dos limites éticos do avanço científico. Por tudo isto, é uma obra que deixou uma marca profunda na literatura e no pensamento social. Antecipou debates contemporâneos sobre o controlo estatal, o consumo massificado e a perda da autonomia humana. Ao longo do tempo, contribuiu ao criar uma reflexão profunda sobre as possíveis consequências duma sociedade excessivamente controlada e tecnologicamente dependente, inspirando autores, pensadores e movimentos sociais a reconsiderar as direcções do progresso. O que significa que, além de ampliar os horizontes da ficção científica, Huxley também estimulou uma reflexão crítica sobre o futuro da sociedade e o impacto das inovações tecnológicas no nosso modo de viver e pensar. 


A inteligência do autor ao explorar estes temas torna o livro uma leitura obrigatória para quem se interessa por questões sociais, éticas e filosóficas relacionadas ao progresso científico e às suas consequências. Afinal, não deixa de surpreender como uma obra destas permanece actual, quase um século passado da sua publicação. No nosso mundo, onde as inovações científicas e tecnológicas avançam tão rapidamente que nem as conseguimos registar, é impossível não fazer o paralelo com este universo distópico e pensar nas consequências que poderemos ter, conforme as decisões que forem tomadas hoje. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste esta distopia clássica? Encontraste semelhanças entre o universo do livro e o nosso mundo actual? Que momento do livro mais te impactou? Aprecias este género literário? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

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