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terça-feira, 18 de abril de 2023

#Livros - Madre Paula, de Patrícia Müller

 

#Livros - Madre Paula, de Patrícia Müller

Sinopse

Lisboa, início do século XVIII da Graça de El Rei D. João V. Paula, a filha pobre de um ourives, deixa a azáfama das ruas de Lisboa para ingressar no Mosteiro de São Dinis, em Odivelas. Não é Deus quem a chama, mas sim a necessidade de um pai que já não a pode sustentar. Quis o destino, porém, que aquela rapariga de pé descalço se viesse a tornar na mais conhecida freira da nossa história. E numa das mulheres mais poderosas de um reino que vivia no extravagante esplendor pago com os escravos de África, com o outro do Brasil... 

Madre Paula é a história desse amor proibido, entre o Rei-Sol português, D. João V, e a famigerada freira de Odivelas. Um amor intenso, maior que tudo, que levou o rei a ignorar o bom senso e a tomar a freira como amante, confidente e conselheira. 

D. João V sempre teve uma predileção por mulheres bonitas, mas Paula foi o seu grande amor. Permaneceram juntos, secretamente, mais de uma década, e chegaram a ter um filho. A história entre um dos homens mais poderosos do mundo e a plebeia que a Deus traiu inscreve-se na categoria de mito, mas é bem real, nas páginas do romance de estreia de Patrícia Müller. Juntos enfrentaram intrigas palacianas, a ameaça do castigo divino, o ciúme e os jogos de poder. E a quase tudo resistiram - pois durante uma década, para D. João V, Madre Paula foi a sua única e verdadeira rainha.


Opinião 

Depois de ter visto a série da RTP com o mesmo nome, Madre Paula, e que teve como inspiração este livro da Patrícia Müller, fiquei com a certeza de que queria muito ler este livro. Lembro-me de ter gostado muito da série e ficado fascinada com esta história de amor tão improvável entre uma freira de Odivelas e um rei português. São pouco mais de duzentas páginas que só pecam por se tornarem poucas. O enredo é tão bom, a escrita tão fluída e interessante, que só queria ler mais e mais e mais. Leria outras duzentas sobre estas figuras sem qualquer problema. 


A protagonista é uma jovem de Lisboa, que ficou órfã de mãe muito nova, e que vive com o pai e duas irmãs, mas com muitas dificuldades financeiras. Por sentir que não podia continuar a sustentar todas as filhas, o pai acaba por enviar a mais velha para o convento de Odivelas, onde estaria perto de Deus e com as suas necessidades básicas garantidas. Passado algum tempo é a vez de Paula rumar também a Odivelas, ainda que esta soubesse que o seu desejo nunca seria esse. No entanto, sem outra alternativa, só lhe resta resignar-se e procurar o seu caminho dentro dessas paredes onde a clausura parece ser o seu futuro. 


Podes ler também a minha opinião sobre D. Manuel I


Só que ao contrário do que imaginava, a vida de algumas freiras estava longe de ser santa. As visitas de homens durante a noite são comuns e servem para que estas mulheres tenham acesso a privilégios, vivam os seus sonhos de amor da forma que lhes é possível, ou que simplesmente sobrevivem e procuram subir na escada social ainda que limitadas ao seu convento. Quando se depara com esta realidade, a jovem Paula entende que está aí a solução para os seus problemas, seja com as freiras ricas, vindas das famílias nobres e burguesas que a humilham, seja com a frustração que sente por se ter enclausurado para a vida lá fora e as experiências que deixou de viver. 


"No convento, tudo é contrário à razão e ao instinto. Não podemos ser bichos, mas também não nos deixam ser mulheres. A nossa existência é mutilada, a vontade paralisada por um princípio de obediência. (...) As freiras serão sempre pecadoras porque o pecado nasce na ausência de liberdade." 


O seu primeiro amante é o Conde de Vimioso, que se perde de amores por Paula e lhe proporciona os primeiros confortos para si e para a sua família, e a faz descobrir os prazeres da carne. Quando pensa que encontrou a solução para a sua vida difícil nos braços do Conde, é quando conhece o rei D. João V e a sua vida muda para sempre, ao ponto de se tornar na freira de Odivelas mais famosa do país. Estamos a falar do nosso Rei-Sol, que tinha como referência Luís XIV da França. Um homem devoto, com um grande temor a Deus, incapaz de ir contra a voz da Igreja e dos seus elementos, mas que se sentia atraído pelas freiras que viviam em Odivelas, onde colecionou bastantes amantes ao longo dos anos, sem que isso fosse um verdadeiro segredo de Estado. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Maldição do Rei


Mas quando se encontra com Paula também a sua vida muda e, pelo que temos de registos históricos, esta terá sido a amante que conseguiu ficar ao seu lado por mais anos. Por esta mulher, para se manter perto dela, enfrenta a Corte, a Rainha, a própria Igreja, cerca esta freira de origens humildes de luxos incalculáveis, constrói aposentos para se encontrar com ela, coloca ao seu serviço empregadas e escravas, além de lhe dar tenças para seu sustento confortável, que não lhe foram tiradas mesmo quando o romance terminou. Este livro é um relato sobre este amor improvável, que parecia ser mais um caso de luxúria, um capricho de El-Rei, mas que o tempo, as atitudes e os registos históricos mostram que foram mais além do sexo. Apesar de tudo estar errado, das circunstâncias os afastarem, de entenderem que o caminho mais fácil seria negar esse sentimento, claramente foram impelidos um para o outro. Por desejo, por amor, por poder. 


"Fui a mulher que João mais amou, mas a ternura e a consideração que tinha pela mãe dos seus filhos, pela mulher que o acompanhou no trono, foram muito superiores ao que a minha vaidade de jovem queria aceitar." 


Adorei a experiência de leitura que este livro me entregou, e fiquei fã desta autora e com uma vontade imensa de ler mais obras da Patrícia. Acho o seu estilo fluído, envolvente, bem escrito, bem construído, sobretudo por se tratar de um romance histórico onde é fácil saber o desfecho, a importância da forma como se contam os desenvolvimentos são determinantes para o seu sucesso. Esta é mais uma amostra da História de Portugal e de quantas estórias fascinantes existem para ser contadas e exploradas, como é feito noutros países. Se esses países mais recentes, conseguem explorar os seus factos históricos, o que dizer de um país como Portugal que tem quase 900 anos? 


Já conheces este livro de estreia da Patrícia Müller? O que achaste da história sobre a Madre Paula? Viste a série? Conta-me tudo nos comentários e vamos conversar sobre este casal polémico da sua época! 


Podes encomendar o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribuir para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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