A cada nova edição do The Voice Portugal, seja qual for o formato, fico sempre a pensar que não surgirão talentos tão marcantes quanto os de edições passadas. Mera ilusão, porque o talento parece que nasce entre as pedras neste país e esta última edição do The Voice Kids Portugal é mais uma prova disso mesmo. Os miúdos, cada vez mais novos, apresentam uma qualidade vocal, um bom gosto musical e uma genuína vontade de viver a música que me deixa sempre emocionada. Quando este formato com crianças voltou, confesso que fiquei muito céptica no que toca à qualidade dos concorrentes que iriam aparecer, mas claramente era um preconceito meu infundado. Aliás, muitos concorrentes poderiam perfeitamente passar por adultos e até competir com eles, sem fazer má figura.
No que toca aos mentores, houve alterações que nos devolveram a Áurea, que veio substituir a Carolina Deslandes, que esteve na edição anterior dos adultos. Mantiveram-se os mentores Carlão, Bárbara Tinoco e o campeão Fernando Daniel. Todos mostram uma dinâmica muito divertida e revelam um cuidado com as crianças que é crucial para que a passagem pelo programa seja uma boa memória, mesmo quando as cadeiras não se viram, e não um trauma e um destruir dos seus sonhos. A diversidade de artistas, estilos, influências são elementos fundamentais para o sucesso deste programa que, em Portugal, não tem nada que se lhe compare.
Continuo a achar que a RTP aproveita muito pouco este formato, fazendo poucas galas com as crianças, o que não permite ao espectador acompanhar mais performances dos seus concorrentes favoritos. Ainda assim, continua a ser um deleite assistir a crianças de 10 e 11 anos, tão novos e tão cheios de talento em estado puro, prontos para serem lapidados e formados. É verdade que nem todos serão artistas, mas a música e as artes em geral, só traz coisas boas para a educação de qualquer criança. Muitos, além de cantarem, tocam instrumentos, e são corajosos o suficiente para se acompanharem logo nas Provas Cegas. Estes serão adultos mais felizes, era capaz de apostar. Cada vez a dificuldade de escolher apenas 7 Provas Cegas é maior o que me faz pensar em rever este formato de post no futuro, se o programa continuar a apresentar gente tão talentosa. Por hoje, serão ainda só 7. Vens descobrir comigo?
1. Miguel Abreu - Equipa Fernando
Continuo a achar extraordinário que a Desfolhada continue a ser ouvida e cantada, sobretudo por crianças. Em 1969, estes miúdos não eram nascidos, muitos dos seus pais também não, e a canção perdura como uma herança passada dentro das famílias. O Miguel virou três cadeiras e, com o seu talento e estilo particular, conseguiu chegar às Galas.
2. Francisco Bessa - Equipa Áurea
O Francisco apresentou uma escolha musical inesperada para a sua tenra idade, e com a sua actuação afinada, ritmada e repleta de sensibilidade musical, conseguiu virar duas cadeiras. Ficou com a Áurea e com ela conseguiu chegar às Galas e mostrar mais algumas actuações interessantes. Um jovem interessante e que, mesmo que não siga a música como carreira, será marcado positivamente por ela ao longo da vida.
3. Matilde Abreu - Equipa Fernando
Esta miúda, com apenas 10 anos!, chegou e cantou a Canção do Mar, e partiu tudo, deixando-me estupefacta. Como é possível uma menina tão nova ter este vozeirão e conseguir alcançar aquelas notas? Aulas de canto? Nunca teve. É tudo talento e gosto e é possível verificar uma evolução clara depois de ter trabalhado com o Fernando Daniel, porque quando a matéria-prima é boa, o produto final será sempre e cada vez mais excelente. Não é à toa que esta menina tão nova chegou à semifinal.
4. Lucas Machado - Equipa Carlão
Mais um jovem que chegou e partiu tudo. Virou as quatro cadeiras e ainda bloquearam o Fernando Daniel. Tem um timbre fantástico e um bom gosto nas suas escolhas melódicas incrível, o que culminou num percurso bonito dentro do programa que o levou até às Galas.
5. Lavínia Oliveira - Equipa Bárbara
Quem canta Creep tem sempre um lugar no meu coração. Mais ainda quando a canta bem, como é o caso da Lavínia. A sua interpretação sentida, afinada e original, valeu-lhe quatro cadeiras e ainda o bloqueio da Áurea. O seu talento e o seu trabalho fez com que chegasse às Galas, muito merecidamente e uma pena não ter sido possível ouvi-la mais vezes no programa.
6. Valéria Guba - Equipa Fernando
Não consigo entender como é possível uma menina de 13 anos apresentar uma interpretação tão madura, a um ponto que ultrapassa a de muitos adultos que já se apresentaram no passado. Emocionou a todos, virou as quatro cadeiras, bloquearam a Bárbara e acabou a reforçar a equipa do Fernando Daniel, mentor que consegue reunir um elevado número de potenciais vencedores na sua equipa. Os concorrentes parecem sentir-se atraídos pelo mentor que já foi concorrente como eles e conseguiu vencer o programa e ainda construir uma carreira de sucesso na música. No caso da Valéria, fez um percurso bonito até às Galas.
7. Francisco Horta - Equipa Carlão
A diversidade e a valorização do nosso património cultural voltou a ganhar palco no The Voice Kids. O Francisco trouxe o cante alentejano e voltou a dar-lhe protagonismo, com muito sucesso. Acredito que, mais do que as suas qualidades vocais que existem sim, o que o levou até à final foram as suas escolhas de repertório. A verdade é que, acompanhado pela sua guitarra, conseguiu virar as quatro cadeiras, impactar o público e marcar ao ponto de ser um dos talentosos finalistas desta temporada.
O Fernando Daniel está verdadeiramente imparável e conseguiu a terceira vitória consecutiva. Acredito que tenha a sorte de ser escolhido por muitos candidatos fortes, mas claramente que também é fruto do trabalho que faz com os seus concorrentes e o acompanhamento que lhes dá. A sua experiência enquanto concorrente terá o seu peso, mas o artista em que se tornou é prova de que tem mesmo muito para ensinar a quem quer seguir as suas pisadas. A vencedora, Júlia Machado, fez um percurso extraordinário e obteve uma vitória muito merecida. O seu talento é inegável e acredito que, se o desejar, poderá ter mesmo uma carreira na música.
Esta foi a minha selecção com as melhores Provas Cegas da última temporada do The Voice Kids e já me estou a preparar psicologicamente para as alterações já anunciadas ao leque de mentores da próxima temporada de 2023 do The Voice Portugal. Ainda não acredito que não teremos Marisa Liz sentada na cadeira, embora entenda que talvez seja o momento de fazer uma pausa. Por outro lado, fico muito com o regresso do António Zambujo e com a passagem do Fernando Daniel para este formato. Será que também vai lá chegar para vencer? Agora é chegada a hora de deixares o teu comentário e partilhares quem foi o teu concorrente favorito desta temporada e se concordaste com a vencedora do programa. Vem conversar comigo sobre este programa único da televisão portuguesa.
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