Sinopse
Uma mulher misteriosa é perseguida na Índia. Maria Flor tenta ajudá-la, mas ambas são raptadas. Tomás Noronha inicia buscas para as resgatar e irá contar com um ajudante inesperado. Um agente secreto americano.
No cativeiro, a mulher de Tomás consegue esconder uma mensagem críptica: o estranho símbolo de uma velha profecia bíblica. Madina nasce numa província remota da China e filia-se no Partido. Apaixona-se por um professor e prepara-se para um futuro radioso. Mas, sem saber como, vê-se obrigada a confessar crimes que nunca cometeu.
Qual é a relação entre o rapto de Maria Flor e a antiga profecia? Porque está a CIA tão interessada no caso? E qual o terrível segredo que a mulher misteriosa tem para revelar? Será a China mais perigosa do que a Rússia?
Inspirado em factos reais. José Rodrigues dos Santos transporta-nos ao coração da geopolítica e mostra a grande ameaça que o Ocidente hoje enfrenta. A Mulher do Dragão Vermelho traz-nos o escritor favorito dos portugueses com todo o seu talento.
Escrita a um ritmo frenético, esta é uma aventura empolgante que nos vai abalar e obrigar a reflectir sobre o mundo em que vivemos e os perigos que nos ameaçam.
Opinião
A Mulher do Dragão Vermelho, escrito por José Rodrigues dos Santos, é um electrizante thriller político que mantém o leitor preso do início ao fim. Neste livro, o autor apresenta-nos uma trama repleta de mistério, traição e reviravoltas, passando por cenários internacionais de tirar o fôlego. Todos sabem que sou uma leitora assídua de tudo o que este autor escreve, e a verdade é que a sua reputação é sólida, porque sempre entrega aos seus leitores narrativas envolventes, sustentadas por uma pesquisa detalhada, onde aprendemos sobre diferentes assuntos e polémicas do passado ou da actualidade. Não é à toa que é um dos autores mais lidos em Portugal.
O enredo é surpreendente, revoltante e perturbador. Tudo começa quando a mulher de Tomás de Noronha é raptada por homens perigosos que perseguiam uma outra mulher. Esse rapto chama a atenção duma agência americana que se envolve na investigação e se propõe encontrar as duas mulheres desaparecidas. É no desvendar deste mistério e da pista deixada por Maria Flor, que Tomás se consegue infiltrar e mergulhar na política internacional, com as suas tensões e interesses que envolvem diferentes nações. Ao longo da leitura, somos conduzidos por um mundo de segredos de Estado, que revelam acção, suspense e revelações surpreendentes que envolvem o posicionamento da China no mundo e a sua estratégia para conquistar o seu lugar e se impor ao Ocidente.
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A construção e o ritmo da narrativa em A Mulher do Dragão Vermelho são elementos que contribuem para tornar a leitura envolvente e intrigante. Desde o início, o autor utiliza uma série de eventos misteriosos e enigmas para criar uma atmosfera de tensão e expectativa. O desenvolvimento é feito de forma gradual, utilizando da alternância entre diferentes perspectivas para aumentar a curiosidade do leitor e incluir relatos do passado, do presente e do que se espera que seja o futuro. Estes factores são a chave para que fique muito difícil para o leitor interromper esta leitura. Os momentos de acção e adrenalina aceleram os eventos e a narrativa parece avançar, ao mesmo tempo que os momentos de espera ou de narração do passado servem para nos ensinar e, sobretudo, nos chocar e fazer pensar e reflectir no que se passa no mundo.
"A China é eterna. A China é sábia e harmoniosa. A China jamais faria mal a uma pessoa boa e inofensiva como o meu pai nem adotaria políticas que levassem famílias a trocar crianças para comer. Mas nunca o país enfrentou um inimigo tão grande, uma ameaça tão profunda, um perigo tão normal quanto o representado pelo seu maior e mais cruel inimigo."
Os personagens principais, sobretudo Madina, são representados de forma complexa e profunda, mostrando traços marcantes de personalidade e motivações convincentes. Por um lado, temos Tomás de Noronha, o protagonista que já conhecemos e cuja curiosidade insaciável, inteligência, sagacidade aliadas à sua determinação inabalável tornam-no no guia que nos conduz pelos mistérios ocultos pela China. No outro lado, temos a narração da mulher chinesa misteriosa que nos conta a sua história, desde a infância numa região ocupada pela China e que foi, pouco a pouco, subjugada e com a sua herança cultural a ser engolida pelo ideal de perfeição chinês, determinado pelo Partido, sempre pelo Partido. O seu relato começa por parecer inofensivo, apenas de reacção da sua família à chegada destes estranhos, com modos e hábitos diferentes dos que conhecem. Mas depois, com o passar dos anos, com o crescimento do poder do Partido Comunista e da própria Madina, tudo ganha proporções inacreditáveis.
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O relato da forma como o Partido passou a tratar as minorias étnicas, e os crimes que cometeu contra estes seus cidadãos que, para o exterior, são clamados como iguais e detentores de todos os direitos, o que na China quer dizer muito pouco. Isto é inacreditável, sobretudo quando percebemos que todos os eventos narrados, sejam na primeira ou na terceira pessoa, são baseados em relatos de pessoas que passaram pelos campos de educação ou que, lá estando, viram acontecer com gente ao seu redor. É chocante, é repugnante, qualquer ser humano tem de se sentir, pelo menos, incomodado com estes relatos, com estas passagens que nos revelam que, em pleno século XXI, continuam a ser cometidas atrocidades com outros seres humanos. Há determinados aspectos que não nos surpreendem, como a vigilância constante e levado a um extremo perigoso, a perseguição aos chineses que foram para o estrangeiro e contam o que lá se passa, mas algumas informações são assustadoras e causam verdadeira surpresa ao cidadão europeu comum.
"O importante é que entenda que o Partido Comunista Chinês se tornou um verdadeiro cancro corruptor, com metástases por toda a parte, sempre a explorar como um abutre as características da nossa sociedade aberta e a subvertê-la sempre que possível."
Ao longo de toda a trama de A Mulher do Dragão Vermelho, José Rodrigues dos Santos apresenta diversas mensagens e críticas que nos fazem reflectir sobre a sociedade em que vivemos e sobre os perigos que a ameaçam, ainda que de forma velada por enquanto. No fundo, este livro instiga-nos a pensar sobre a importância da verdade e da justiça, com especial destaque para a necessidade de lutar pelos nossos ideais e não nos calarmos perante as injustiças. A sobejamente conhecida habilidade do autor em misturar factos históricos com elementos de ficção proporcionam aos leitores uma experiência única e envolvente, seja qual for o tema que decida abordar nos seus livros. Este é uma leitura indispensável para os fãs de thrillers políticos e históricos e também para todos os muitos amantes deste autor português. Como sempre, a escrita detalhista e a pesquisa minuciosa de José Rodrigues dos Santos garantem sempre uma imersão profunda na história e nos eventos políticos que permeiam a trama.
Gostaste da resenha sobre o livro A Mulher do Dragão Vermelho? Se já leste, deixa o teu comentário com a tua opinião e as emoções que sentiste ao acompanhar todos os desdobramentos da trama. O que pensas sobre a perigosa ascensão da China? Pensas que seja um verdadeiro obstáculo ao Ocidente e à nossa forma de viver? Vamos conversar nos comentários!
Os meus pais todos os anos me oferecem o último livro do José Rodrigues dos Santos, deram-me esse o ano passado mas ainda não li, apesar de ler tudo o que ele escreve. Aprendo sempre muito com os livros dele mas a parte de romance parece que está cada vez pior, honestamente. Estive quase quase a desistir do livro dos animais de tão mau que os diálogos eram e as cenas com a Maria Flor. Vou continuar a ler porque de facto se aprende muito mas é cada vez mais difícil :/
ResponderEliminarSim, compreendo o que queres dizer. A parte do romance é sempre pouco credível e tem vindo a piorar. No dos animais, o que me prendeu foi de facto o impacto com os dados científicos e constatar o que andamos a fazer aos animais. Aqui, o impacto é mais político, mas também verdadeiramente interessante e pertinente nos tempos que correm.
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