Sinopse
Herdeira da rosa vermelha de Lancastre, Margarida vê as suas ambições frustradas quando descobre que a mãe a quer enviar para um casamento sem amor no País de Gales. Casada com um homem que tem o dobro da sua idade, depressa enviúva, sendo mãe aos catorze anos. Margarida está determinada em fazer com que o seu filho suba ao trono da Inglaterra, sem olhar aos problemas que isso lhe possa trazer, a si, à Inglaterra e ao jovem rapaz. Ignorando herdeiros rivais e o poder desmedido da dinastia de York, dá ao filho o nome Henrique, como o rei, envia-o para o exílio, e propõe o seu casamento com a filha da sua inimiga, Isabel de York.
Acompanhando as alterações das correntes políticas, Margarida traça o seu próprio caminho com outro casamento sem amor, com alianças traiçoeiras e planos secretos. Viúva pela segunda vez, Margarida casa com o impiedoso e desleal Lorde Stanley. Acreditando que ele a vai apoiar, torna-se o cérebro de uma das maiores revoltas da época, sabendo sempre que o filho, já crescido, recrutou um exército e espera agora pela oportunidade de conquistar o prémio maior.
Opinião
Ao contrário do que eu pensava, este livro não acontece, cronologicamente, nos tempos que se seguiram ao A Rainha Branca. Focado noutra mulher, ficamos a conhecer a perspectiva dos acontecimentos relacionados com a queda da casa de Lencastre, o afastamento do rei Henrique VI, a ascensão da família Iorque e de Isabel Woodville, com os seus altos e baixos, até ao momento em que Henrique Tudor começa o seu reinado.
Depois de conhecer as mulheres místicas e misteriosas, herdeiras de Melusina, dos livros anteriores, ficou muito difícil empatizar com a amarga Margarida, protagonista deste livro que hoje aqui me traz. É uma menina que cresce sem se sentir verdadeiramente amada pela família e isso começa por nos colocar do seu lado, embora a sua convicção de que era superior aos demais torna-se muito desagradável e fica complicado gostar dela.
Esta convicção cresce com ela, ao longo dos anos, até se tornar impossível ignorar a sua loucura. Os seus casamentos, todos sem amor, com vista à ascensão social e à acumulação de mais e mais poder, não a tornam numa pessoa mais sensível, apenas endurecem o seu temperamento e alimentam a sua ambição desmedida, como forma de se realizar enquanto mulher e herdeira da casa de Lencastre.
Nos fugazes momentos em que se revela uma mulher com vontade de amar e ser amada, tentada a seguir o seu coração, os impulsos da sua vontade, acabei a desejar que o fizesse e procurasse uma felicidade que lhe escapa por entre os dedos.
Trata-se de uma mulher frustrada por não poder ser rainha em nome próprio, devido à sua condição de mulher, pois existem homens com pretensões ao trono suportadas por um exército e pelo apoio do povo da Inglaterra. Como tal, concentra a sua ambição e a sua realização pessoal no propósito de colocar o seu filho no trono e tornar-se, desse modo, na mãe do rei da Inglaterra.
Para mim, a maior contradição que percebemos na personalidade desta mulher inteligente e dissimulada é a forma como encara as atitudes de Isabel de Iorque, com uma inveja absurda e uma total incapacidade de compreender que ambas faziam o mesmo, apenas com objectivos diferentes. Mas, para Margarida, Isabel era uma mulher ambiciosa que não era capaz de deixar o poder que alcançou enquanto foi casada com o rei, e a própria Margarida apenas pretendia cumprir a vontade de Deus, ou seja, a sua.
Já deu para perceber que, pessoalmente, identifiquei-me mais com A Rainha Branca, no entanto, considerei muito interessante ler sobre um outro ponto de vista dos mesmos acontecimentos. Afinal, existem sempre tantos pontos de vista quantos intervenientes numa história. É sempre enriquecedor observar novas perspectivas e, dessa forma, absorver novos detalhes e compreender melhor as decisões das personagens.
Neste momento, só penso no livro da Guerra dos Primos que irá seguir-se, A Filha do Conspirador, e ficar a conhecer outras personagens numa óptica diferente e, certamente, igualmente interessante e desafiadora. És fã de Philippa Gregory? Qual a tua saga favorita, Guerra dos Primos ou Série Tudor?
"Podemos fazer parte da mesma família, mas é precisamente por esse motivo que não somos amigos, porque somos rivais no direito ao trono. Existem algumas disputas piores do que as que ocorrem no seio da família? Podemos ser todos primos, mas eles pertencem à Casa de Iorque e nós à Casa de Lencastre."
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