Sinopse
Simão Bacamarte, médico, decide dedicar-se inteiramente ao estudo da loucura. Em Itaguaí, sua terra natal, funda um hospício - a Casa Verde. Apresentado o alienista, quem serão os alienados? Autorizado pelas autoridades, passa a internar todos aqueles a quem aponta sinais de insanidade. Ninguém escapa: os que têm a mania de orar, os vaidosos, os que são demasiado gentis, os que emprestam dinheiro e até a sua própria esposa. A população revolta-se. É tempo do Dr. Bacamarte mudar o diagnóstico: afinal, loucos são os de mente equilibrada, as pessoas modestas e honestas. E se, afinal, o alienista for o alienado?
Quais as fronteiras entre a loucura e a razão? Este é um livro em que, uma vez mais, Machado de Assis conquista o leitor pela sua maestria de escrita, com recurso à ironia, à metáfora, à sua visão pessimista e ao seu cepticismo.
O Alienista é uma das narrativas mais célebres de Machado de Assis, um dos autores essenciais da literatura universal. As fronteiras entre a sanidade e a loucura, numa prosa absolutamente fascinante.
Opinião
Este é certamente o conto mais famoso de Machado de Assis e aquele que mais me despertava a curiosidade, até porque é muitas vezes recomendado como porta de entrada para a obra deste autor brasileiro. E, apesar de já ter começado com os romances, não poderia estar mais de acordo, especialmente para quem não tem a certeza de que irá gostar ou perceber a sua escrita e para todos os que não têm ainda o hábito de leitura bem estabelecido.
Aviso já que, caso a vossa edição tenha algum prefácio, tenham cuidado para evitarem spoilers indesejados. Regra geral, não é coisa que me incomode muito, sobretudo quando se tratam de livros escritos há mais de cem anos, só que, neste caso particular, saber o final acaba um pouco com a descoberta que vamos fazendo ao longo das páginas de forma mais subtil ou mais óbvia.
Sou uma fã declarada da cultura brasileira mas dou por mim cada vez mais rendida ao talento de
Machado de Assis e sempre com a vontade dobrada de ler mais e mais. Com
O Alienista, fica clara a fina ironia que usa nos seus textos e como consegue tornar divertida qualquer narrativa, por mais insana que seja, sem perder qualquer credibilidade com o que quer contar.
A ironia começa com a descrição da cidade onde tudo vai acontecer e com a apresentação do nosso protagonista, acabado de chegar à sua terra natal, sem esquecer o episódio do seu casamento, até à implementação do seu projecto para tratar os loucos da cidade, criando a Casa Verde com a ajuda e apoio financeiro da autarquia.
O nosso médico peculiar começa por internar os que estavam diagnosticados com problemas de saúde mental e não tinham onde se tratar, ficando obcecado por descobrir as causas da loucura o que o leva a começar a instalar na sua Casa todos os que perdiam o controlo de alguma forma e, desse modo, fugiam da norma e do comportamento que se espera em sociedade.
Depois de ter à sua guarda quase a totalidade dos habitantes da cidade, incluindo a sua mulher, e sem conseguir chegar a nenhuma conclusão, decide libertar os ditos loucos e abraça outro ponto de vista para esse desafio de doidos. É assim que acaba por internar os habitantes que antes eram considerados normais e saudáveis, numa total inversão da ordem anteriormente estabelecida. Nesse ponto, só conseguimos pensar, onde irá parar esta busca pela causa da loucura nos Homens?
Conhece o vídeo do Ler Antes de Morrer sobre O Alienista
Que livro espectacular e perfeito para ler num só dia! Tenho uma edição antiga e que, embora seja muito porreira, não me impede de desejar muito pela que está na foto, da Guerra e Paz. Aliás, pudesse eu e fazia esta colecção completa de clássicos da literatura. Quanto a ti, que livros já leste de Machado de Assis? Qual o teu favorito?
"Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatómicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista: estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas, - únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte."
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