Sinopse
Adaptado por Emma Thompson a partir do primeiro romance de Jane Austen, o argumento de Sensibilidade e Bom Senso centra-se na história de duas irmãs, Elinor e Marianne, com personalidades opostas. Depois da morte do pai, a família perde a fortuna, herdada por lei pelo filho varão de um primeiro casamento. A situação precária da família e as sua aspirações românticas obrigam Elinor e Marianne a aprender a dosear a sensibilidade e o bom senso para poderem continuar a viver de forma digna.
Emma Thompson tornou mais evidente o humor implícito no texto original, o que enriqueceu o filme e lhe garantiu o Óscar para melhor argumento adaptado. A realização esteve a cargo do talentoso cineasta de Taiwan, Ang Lee.
Opinião
Depois de ter lido, no ano passado, este clássico de Jane Austen, não descansei enquanto não vi o filme, que tão boas críticas teve. A minha leitura de Sensibilidade e Bom Senso foi incrível e muito especial porque não tinha qualquer expectativa e foram só surpresas agradáveis. Depois desse primeiro impacto tão positivo, ver o filme foi confirmar tudo o que a minha imaginação tinha construído durante a leitura. E começo por dizer precisamente que esta é uma adaptação excelente, que captou o espírito mordaz e irónico da autora, e que nos apresenta as personagens perfeitamente de acordo com as descrições do livro.
Claro que também ajuda estarmos perante um elenco de luxo. Afinal, juntamos Emma Thompson, Kate Winslet, Hugh Grant e o saudoso Alan Rickman, para protagonizar uma história extraordinária que foi criada por uma autora ímpar. A cumplicidade das irmãs é visível em todas as cenas, bem como o quanto são diferentes. Mas vamos começar pelo início, ou seja, pelo que nos conta o livro e o filme Sensibilidade e Bom Senso, que nos apresentam a família Dashwood no momento em que o chefe da família está à beira da morte.
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O seu herdeiro será o filho mais velho, fruto do seu primeiro casamento. Só que este homem formou uma nova família, que irá ficar desamparada, com poucos recursos após a sua morte e que não poderá manter o padrão de vida. A viúva e as suas três filhas, impedidas de herdar alguma coisa pela lei da época, ficam à mercê deste filho mais velho que prometeu ao pai, no seu leito de morte, ajudar as irmãs e a madrasta. O que não teve em conta foi a influência negativa da esposa do filho que era ambiciosa e não tinha qualquer interesse em abdicar de qualquer valor em favor das cunhadas.
O foco está sobre as irmãs mais velhas, Elinor e Marianne, interpretadas brilhantemente pela Emma Thompson e Kate Winslet respectivamente. Elinor é calma, ponderada, com a cabeça no lugar, um poço sem fundo de bom senso, elemento que falta à restante família que lhe resta. Por outro lado, Marianne é uma rapariga apaixonada, amante dos poetas e do amor romântico que se conhece nos livros. Não esconde nunca os seus sentimentos, desfraldando-os como uma bandeira da qual se orgulha. Sem se preocupar com o que os outros vão pensar, sem ter medo do julgamento da sociedade.
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É este contraste entre as irmãs que dá um colorido e nos faz pensar qual estará mais correcta nas suas atitudes e comportamentos. Qual estará mais certa? A que oculta os seus sentimentos ou a que os expõe de forma desabrida? Pelo lado masculino, temos representações espectaculares de Hugh Grant e, sobretudo, de Rickman, que aqui voltou a provar o tamanho do seu talento e a falta gigantesca que faz ao Cinema. A forma como interpretou o papel de Christopher Brandon é inacreditável e retratou na perfeição o personagem criado por Jane Austen.
Os momentos de humor, a cargo na maioria das vezes a algumas personagens secundárias e inconvenientes, são deliciosos e retratam bem o estilo irónico e contundente da autora, um estilo que apaixonou os leitores e que podemos reconhecer em todo o filme. Apesar de estarmos perante um filme dos idos anos 90, vale muito a pena dares-lhe uma oportunidade e deliciares-te com esta adaptação que rasa a perfeição. Já viste Sensibilidade e Bom Senso? Leste o livro? O que achaste desta adaptação? Conta-me tudo nos comentários!