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sexta-feira, 5 de julho de 2019

#Livros - Filipa de Lencastre, de Isabel Stilwell


#Livros - Filipa de Lencastre, de Isabel Stilwell

Sinopse

Filipa de Lencastre, mulher de uma fé inabalável, conhecida pela sua generosidade, empreendedora e determinada a mudar os usos e costumes de uma corte tão diferente da sua, deu à luz, aos 28 anos, o primeiro dos seus oito filhos - a chamada Ínclita Geração, que um dia, como ela, partiria em busca de novos mundos e mudaria para sempre os destinos da nação. 

Num romance baseado numa investigação histórica cuidada, Isabel Stilwell conta-nos a vida de uma das mais importantes rainhas de Portugal, desde a sua infância em Inglaterra, onde conhecemos a corte do século XIV, à sua chegada de barco a Portugal, onde somos levados numa vertigem de sentimentos e afectos, aventuras e intrigas. 

Opinião

Depois de muito desejar, finalmente pus as mãos num livro de Isabel Stilwell. Era um desejo antigo, especialmente agora que estão a chegar ao fim os livros da Philippa Gregory como, aliás, mencionei no post da última opinião publicada da autora. Já não é novidade para ninguém que sou muito fã de romances históricos e estava a ficar órfã e sem objectivos concretos nesta área, situação que foi alterada com a entrada na minha vida desta nova autora. 

E que agradável surpresa que foi quando percebi que este livro acompanha a infância da nossa rainha, o que significa que nos levou para a corte inglesa e para a época que antecedeu a Guerra dos Primos, que ficamos a conhecer melhor na saga de Gregory. Inclusivamente, é-nos apresentado o pai de Filipa, John of Gaunt, que foi quem dava legitimidade para as pretensões ao trono dos Tudor. 

A primeira parte do livre retrata essa Inglaterra, apresenta-nos o casamento por conveniência e amor dos seus pais, a relação com os seus irmãos mais novos e o choque da perda da mãe, sendo ainda tão jovem e carente de amor e atenção. O seu pai tem papel importante na sua vida, mas Filipa nunca deixa de sentir que é apenas uma mulher e nem a filha predilecta de seu pai consegue ser. 

Depois entra na sua vida Katherine, que seria uma segunda mãe, mas também se tornaria na amante do seu pai, entretanto novamente casado com outra princesa por ambição de obter uma coroa para si próprio. Amando essa mulher, não deixava de perceber como aquilo era errado aos olhos do seu Deus. No entanto, o amor entre os dois é tão forte e verdadeiro que, apesar das reservas morais da jovem Filipa, não consegue deixar de entender esta relação proibida. 

Enquanto princesa inglesa, a sua vida foi sempre reservada, religiosa e ligada ao conhecimento, embora tenha sido sempre uma menina insegura e carente de afecto. O caminho que a traz até Portugal e ao nosso trono é tumultuoso e parece incerto até ao último momento. Claro que o seu pai estava decidido a sentar uma filha sua num trono, estando ele próprio impossibilitado de o fazer. 

Em Portugal, tínhamos D. João I, a iniciar uma nova dinastia, e que precisava de uma princesa importante para legitimar o seu reinado. Embora Filipa já tivesse uma idade avançada para se casar e dar herdeiros ao novo rei, por opositora tinha a sua irmã espanhola. Logo, todos preferiam que a escolha fosse a princesa de 28 anos, culta e estudada, preparada para acompanhar qualquer homem de forma brilhante nos assuntos de Estado. 

Na segunda parte deste livro, acompanhamos a chegada de Filipa a Portugal, o caminho que trilhou para se afirmar como rainha neste país tão diferente do seu, e a sua ascensão como mãe de oito filhos brilhantes e que se tornaram a base de uma geração que iniciou a epopeia dos Descobrimentos. No fundo, aqui percebemos melhor quanta influência teve a princesa inglesa, tornada rainha em Portugal, no futuro deste país. 

Graças à educação que teve e que fez questão de transmitir a todos os seus filhos, lançou as sementes do conhecimento e da vontade de descobrir o que se escondia além-mar. No fundo, era bem mais parecida com o seu pai do que julgava, pois também ela tinha esse sonho de aventura que, por ser mulher, não foi possível viver. Felizmente, os seus filhos herdaram essa paixão que permaneceu nas gerações vindouras. 

Adorei ficar a conhecer a escrita desta autora portuguesa e considero brilhante a forma como nos transporta para lugares longínquos no espaço e no tempo. Rico em pormenores, faz um retrato incrível de uma época tumultuosa e fantástica na História dos dois países. Resumindo, estou rendida a Isabel Stilwell e pretendo ler tudo o que escreveu nisto dos romances históricos. Já conhecias esta autora? Qual o teu livro favorito dela? 

"Decididamente John queria ardentemente um filho, mas estava lúcido: nenhuma criança, macho ou fêmea, o libertaria daquela ambição de mandar, de poder, de ser capaz de vergar os inimigos à coroa de Inglaterra, de determinar a estratégia que tornaria possível aumentar o império até onde um exército sob o seu comando fosse capaz de o levar." 

"Philippa sabia que ele se sentia como um homem que joga poker e lhe sai o trunfo mais alto: casara a medo com aquela inglesa, aos seus olhos já velha, e ganhara em toda a linha: uma mulher que apesar da idade lhe dera um rol de filhos, uma política e diplomata que o ajudara a cimentar as suas relações comerciais, irmã da rainha de Castela e Leão, e agora irmã de sangue do rei do país mais poderoso do mundo."

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2 comentários:

  1. Sou fã de romance histórico mas nunca li Isabel Stilwell! Mas fico contente por saber que é uma boa opção depois de também eu acabar os livros da Philipa Gregory :p

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    Respostas
    1. Sim, podes ir à confiança que é uma excelente escolha dentro deste género literário! ;)

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