Já não é nenhuma novidade a minha grande paixão pela literatura e do quanto me perco por livros novos, velhos ou usados. Aliás, a minha querida mãe já começa a ficar seriamente preocupada com a velocidade a que os livros chegam cá a casa e com a problemática gerada pela falta de espaço para os arrumar. Nada que não se resolva quando a isso for obrigada, e nada que me impeça de continuar a aumentar o número de livros que tenho e quero ter.
Nas férias, como tinha de ser, aproveitei para ler o mais que pude e a minha viagem a Lisboa foi a oportunidade perfeita para trazer comigo mais uns quantos de casa do paizinho. Portanto, como acredito que também vais aproveitar as férias para ler, decidi eleger um Top 10 para te inspirar na escolha dos livros que irás ler durante esta época de dolce fare niente.
Dom Casmurro conta a história de Bento Santiago (Bentinho), apelidado de Dom Casmurro por ser calado e introvertido. Em adolescente apaixona-se por Capitu, abandonando o seminário e, com ele, os desígnios traçados por sua mãe, Dona Glória, para que se tornasse padre. Casam-se e tudo corre bem até o amor se tornar ciúme e desconfiança. A dúvida da traição de Capitu percorre toda a obra, agravada pela extraordinária semelhança do filho de ambos, Ezequiel, com Escobar, o grande amigo de Bentinho.
Lê a opinião de Dom Casmurro aqui.
Publicado originalmente em 1954, O Deus das Moscas é um dos mais perturbadores e aclamados romances da actualidade.
Um avião despenha-se numa ilha deserta e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. Porém, à medida que o frágil sentido de ordem dos jovens começa a fraquejar, também os seus medos começam a tomar sinistras e primitivas formas. De repente, o mundo dos jogos, dos trabalhos de casa e dos livros de aventuras perde-se no tempo. Agora, os rapazes confrontam-se com uma realidade muito mais urgente - a sobrevivência - e com o aparecimento de um ser terrível que lhes assombra os sonhos.
Capitães da Areia é o livro de Jorge Amado mais vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo. Em 1944 conheceu nova edição e, desde então, sucederam-se as edições nacionais e estrangeira, e as adaptações para a rádio, televisão e cinema. Jorge Amado descreve-se, em páginas carregadas de grande beleza e dramatismo, a vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia, conhecidos por Capitães da Areia.
Em A Rapariga Que Inventou um Sonho estão reunidos os vinte e quatro melhores contos de Haruki Murakami, escritos entre 1981 e 2005, onde a mestria do autor do best-seller Kafka à Beira-Mar envolve a fantasia com a mais natural das realidades. Do surreal ao mundano, estas histórias exibem a sua habilidade de transformar o curso da experiência humana na mais pura e surpreendente arte literária.
Há corvos animados, macacos criminosos, um homem de gelo... Há sonhos que nos moldam e coisas que sempre sonhámos ter... Há reuniões em Itália, em exílio romântico na Grécia, umas férias no Havai... Há personagens que se confrontam com perdas dolorosas, outras que se deparam com distâncias inultrapassáveis entre os que querem estar o mais próximo possível.
Quase todas as histórias são melancólicas, com personagens submersas pela solidão. Murakami junta os seus temas favoritos: os acontecimentos inexplicáveis (o tal toque de fantástico que provoca por vezes a sua inclusão na corrente do realismo fantástico), as coincidências, o jazz, os pássaros e os gatos.
Miguel Torga publicou em 1941 o livro de contos Montanha, que imediatamente foi apreendido pela polícia política. Em carta de Abril desse ano, Vitorino Nemésio, solidarizando-se com o amigo, escreveu a propósito dessa apreensão: «Acho a coisa tão estranha e arbitrária que não encontro palavras. De resto, para quê palavras se nelas é que está o crime?» Mais tarde, em 1955, Miguel Torga fez uma segunda edição no Brasil, com o título Contos da Montanha. A edição da Pongetti circulou clandestinamente em Portugal, assim como a 3.ª edição, de 1962. Em 1968, a obra Contos da Montanha foi de novo publicada em Coimbra, em edição de autor.
Histórias Extraordinárias é uma colectânea de contos publicados entre os anos de 1833 e 1845, considerados clássicos da literatura de horror e policial. É um livro magnífico, tanto para quem gosta de contos de horror e mistério, quanto para quem deseja conhecer um dos mestres nesse estilo literário. Da primeira à última página, Edgar Allan Poe colocou todo o seu pessimismo e espírito macabro que possuía em vida, e que, apesar de às vezes causar calafrios nos leitores, mostra na perfeição a sua genialidade como escritor.
António Lobo Antunes, implacável, dá-nos a conhecer uma família e os que em seu torno gravitam, num retrato árido e cruel, que leva o leitor, pelo menos, a repensar as relações entre os homens num Portugal prestes a entrar no século XX.
Uma Lisboa marginal, decadente, que acolhe um pequeno universo com personagens que giram em torno da sua própria solidão e isolamento.
Um pai ingénuo que acredita que Gardel não morreu naquele acidente aéreo, e uma tia obstinada dirigem-se a um hospital para velar um jovem heroinómano em estado de coma.
Daisy tem apenas vinte e cinco anos quando a mãe morre nos seus braços. Embora saiba há muito que foi adoptada, sempre se sentiu amada pelos pais e pelos irmãos. Para Daisy, aquela é a sua família. Todavia, o luto vai abalar o equilíbrio doméstico e revelar rivalidades encobertas. A serenidade dá lugar à devastação, e a jovem sente que é a altura certa para partir em busca das suas raízes e confrontar-se com o passado.
Na ânsia por saber mais sobre Ellen, a sua mãe biológica, e à medida que vai desvendando a história da família, Daisy descobre as duras verdades por detrás do seu nascimento. Dotada de uma inabalável determinação, Ellen sobrevivera a uma infância traumática: a morte da sua própria mãe estava envolta numa aura de mistério e os maus-tratos de que fora vítima às mãos da madrasta haviam-na marcado irremediavelmente. O destino quis que a sua coragem fosse constantemente posta à prova. O tempo encarregou-se de apagar o rumo dos seus passos. Mas Daisy não desistirá de a encontrar, nem que para tal tenha de renunciar ao amor da sua vida.
Baseado no mito de Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da existência. Um romance que, se não dá nenhuma resposta, coloca ao leitor algumas inquietantes questões.
Ao longo de quatrocentas páginas vertiginosas, compostas numa espécie de pauta estilística e musical, onde se fundem o fulgor imagístico, o difícil triunfo do amor, as aventuras e desventuras da própria felicidade humana, O Amor nos Tempos de Cólera é um romance que leva o leitor numa aventura encantatória, de uma escrita que não tem imitadores à altura.
Lê a opinião de Cem Anos de Solidão aqui.
Concluído o Top 10 literário para as tuas férias,
espero ter contribuído para facilitar a tua escolha para este Verão. Todos os livros apresentados são edições de bolso, já a pensar no pouco espaço disponível nas malas de férias e para não ser desculpa o peso que tens de levar para a praia. Caso tenhas crianças em casa, podes consultar também estas
sugestões de livros para crianças de todas as idades.
Encontraste aqui o livro que te vai fazer companhia neste Verão? Qual o teu eleito?