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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

10 Livros Assustadores para ler no Halloween

 

Uma mesa decorada com abóboras esculpidas artisticamente, iluminadas por velas, criando uma atmosfera sombria e evocativa, perfeita para o Halloween. A imagem serve como introdução à lista de 10 livros assustadores que vão arrepiar e entretê-lo nesta temporada de sustos.

O Halloween chegou e nada melhor do que mergulhar numa boa história de terror para entrar no clima da noite mais arrepiante do ano. Para os amantes de livros, esta época é uma oportunidade perfeita para explorar narrativas sombrias, que nos fazem sentir a adrenalina a pulsar e as emoções à flor da pele. Com personagens intrigantes, ambientes macabros e tramas surpreendentes, os livros de terror transportam-nos para universos perturbadores onde as fronteiras entre a realidade e a fantasia se desfazem. 


Buy Me A Coffee

Hoje, reuni uma lista de 10 livros assustadores que prometem deixar-te colada às suas páginas até ao último minuto, com a luz acesa e o coração acelerado. Cada obra é uma viagem ao desconhecido, repleta de mistérios, criaturas sobrenaturais e reviravoltas de tirar o fôlego. Prepara-te para sentir calafrios e até descobrir que o verdadeiro terror pode estar bem mais perto do que imaginas. Vem nesta jornada literária e escolhe a tua próxima leitura de Halloween! 


1. Frankenstein, de Mary Shelley

Foi no estranho ano de 1816, o ano sem Verão, que a escritora Mary Shelley, depois de um sonho - ou seria um pesadelo? -, deu vida ao terrível monstro de Frankenstein, a primeira obra de ficção científica da história. O livro chegou, em 1818, às livrarias e o mundo nunca mais foi o mesmo... 

Frankenstein ou O Prometeu Moderno, simultaneamente um thriller gótico e um romance filosófico, conta-nos, através das cartas do capitão Robert Walton à sua irmã, a história do estudante Victor Frankenstein que, obcecado com a descoberta do segredo da criação da vida, cria um ser aterrador que acaba por abandonar à sua sorte. Solitário, incompreendido, maltratado e desprezado por todos, a criatura de Frankenstein lança-se numa jornada de busca por humanidade e amor, mas também de vingança contra o seu criador. 

Esta luta entre um monstro e o seu criador, entre o normal e o estranho, entre aquilo que separa o ser humano e a sua criação tem sido longamente tratada pela cultura pop e é, hoje, com as questões em torno da inteligência artificial, mais actual do que nunca. 


Wook | Bertrand 


Imagem atmosférica de capa para o livro 'Frankenstein' de Mary Shelley, destacada por um fundo roxo profundo. Raios brancos iluminam o cenário, enquanto uma lua cheia paira no céu, adornada por uma mão preta que evoca mistério e terror, refletindo a temática sombria da obra clássica.

2. O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux

Era uma vez a inocência e a obsessão... 

Ópera de Paris, século XIX. Um fantasma habita os subterrâneos, assombra o teatro e dá orientações de encenação aos diretores. Poderia ser uma comédia, se o amor por Christine não o transformasse numa sombra cadavérica que o leva a cometer os mais horrendos atos. 


Wook | Bertrand 


Imagem de uma máscara branca delicadamente decorada, simbolizando o mistério e a dualidade do personagem principal de 'O Fantasma da Ópera' de Gaston Leroux. A máscara repousa sobre um fundo escuro, evocando a atmosfera sombria e intrigante da história, ideal para o clima de Halloween.


3. Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice

Obra já clássica no seu género, Entrevista com o Vampiro é o primeiro volume da saga «Crónicas dos Vampiros» e granjeou o estatuto de livro de culto, comparável a Drácula de Bram Stoker. 

Das plantações oitocentistas do Luisiana aos becos sombrios e cenários sumptuosos de Paris, do Novo Mundo à Velha Europa, Claudia e Louis fogem de Lestat, o seu criador e companheiro imortal. E o cruel vampiro que tirara partido do desespero de Louis e da fragilidade da órfã Claudia, no bairro francês de Nova Orleães assolada pela peste, move-lhes uma perseguição sem tréguas no submundo parisiense, entre a trupe Théâtre des Vampires do misterioso Armand e criaturas das trevas. 

É com esta mescla de sangue, violência e erotismo ímpares, no pano de fundo da reflexão sobre a condição trágica que é a do vampiro condenado à imortalidade, que Anne Rice narra uma extraordinária história em que a crueldade e os sentimentos tenebrosos que percorrem as páginas resultam numa maravilhosa sinfonia poética que viria a inspirar muitos escritores, como Stephenie Meyer. 


Wook | Bertrand 


Foto de capa do livro 'Entrevista com o Vampiro' de Anne Rice, destacando um homem sombrio em primeiro plano, contra um fundo negro. Ao seu lado, uma rosa vermelha simboliza a dualidade entre beleza e terror, refletindo a profunda narrativa sobre a vida e as emoções de um vampiro.

4. A Volta do Parafuso, de Henry James 

Uma jovem mulher é contratada por um homem que assumiu a responsabilidade pelos seus sobrinhos após a morte dos seus pais. Miles frequenta um colégio, enquanto Flora, a sua irmã mais nova, vive com Sra. Grose, a governanta, em Bly. O tio das duas crianças não está interessado em criá-las e cede à nova tutora todo o controlo, instruindo-a explicitamente a não o contactar de forma alguma. 

Um dia, Miles regressa da escola, após a chegada de uma carta do diretor, declarando ter sido expulso. Miles nunca fala sobre o assunto, e a governanta hesita em levantar a questão. Ela receia que haja algum segredo horrível por detrás da expulsão, mas está demasiado encantada pelo rapaz para querer levantar o assunto. 


Wook | Bertrand 


Ilustração sombria de uma criança loura dormindo em um ambiente inquietante, inspirada no livro 'A Volta do Parafuso', de Henry James. A imagem evoca uma atmosfera de suspense e mistério, perfeita para o clima de Halloween.

5. Carrie, de Stephen King

Cinquenta anos depois da primeira edição, esta continua a ser a história de Carrie White, a rapariga inadaptada do liceu em Chamberlain, no Maine, que descobre gradualmente que consegue provocar o movimento de objetos apenas com o poder da mente. O seu dom, mas também a sua maldição, é firmemente reprimido, como tudo o resto em Carrie. Subjugada por uma mãe dominadora e ultrareligiosa e atormentada pelos colegas na escola, o seu desejo para se integrar conduzirá a um confronto dramático durante a noite do baile de finalistas. 


Wook | Bertrand 


Imagem de fundo negro com chamas laranja iluminando a silhueta de uma mulher, representando a capa do livro 'Carrie' de Stephen King. A obra, que explora temas de vingança e poder sobrenatural, é perfeita para quem busca uma leitura aterrorizante neste Halloween.

6. Drácula, de Bram Stoker 

Uma verdadeira obra-prima, Drácula transcendeu gerações, linguagem e cultura para tornar-se um dos romances mais populares alguma vez escritos. É por excelência uma história de suspense e horror, que ostenta um dos personagens mais terríveis que já nasceram na literatura: o conde Drácula, um espectro trágico e noturno que se alimenta do sangue dos vivos, e cujas paixões diabólicas depredam os inocentes, os desamparados, e os belos. Mas Drácula também se destaca como uma saga alegórica de um ser eternamente amaldiçoado cujas atrocidades noturnas refletem o lado sombrio da era extremamente moralista em que foi originalmente escrito - e os desejos corruptos que continuam a atormentar a condição humana moderna. 


Wook | Bertrand 


Imagem de capa do livro 'Drácula' de Bram Stoker, apresentando um fundo vermelho intenso, simbolizando o terror e o mistério da história, com impactantes asas de morcego pretas que evocam a presença inquietante do vampiro mais icônico da literatura.

7. Contos do Além, de Agatha Christie

A coletânea das histórias mais arrepiantes da Rainha do Crime. 

Visões mediúnicas, espectros que pairam nas sombras, encontros com seres divinos, misteriosas mensagens do Além, e até uma estranha troca entre um homem e um gato... 

Com a presença ocasional de Hercule Poirot e Miss Marple, este volume apresenta-nos o lado mais obscuro da escritora policial mais famosa do mundo. 

Essencial para os amantes do sobrenatural e os admiradores de Agatha Christie. 

Prepare-se para ficar acordado! 


Wook | Bertrand 


Capa do livro 'Contos do Além' de Agatha Christie, com fundo negro e tons de roxo. A silhueta de uma casa sombria se destaca ao fundo, evocando uma atmosfera misteriosa e assombrosa, perfeita para o Halloween.

8. Os Contos Mais Arrepiantes de H. P. Lovecraft 

Antes de H. P. Lovecraft, a literatura de horror resumia-se fundamentalmente a vampiros, fantasmas e bruxas. Depois dele, o género nunca mais foi o mesmo. Genial criador de mundos, pai das mais hediondas criaturas cósmicas e de uma Arkham tão real como Lisboa ou Nova Iorque, Lovecraft foi o pioneiro de um horror onde a humanidade é apenas uma centelha de sanidade num vasto universo de maleficência. Uma centelha fugaz que perde esperança de conto para conto. 

A sua visão do horror foi de tal forma influente que está presente na obra de Stephen King, Neil Gaiman, Guillermo del Toro, Alan Moore e muitos outros criadores, da literatura ao cinema, da BD à música. Até Stranger Things, série-sensação do momento, é uma homenagem ao imaginário de Lovecraft. 

Nesta edição de colecionador, ilustrada por 22 artistas nacionais, são apresentados os contos mais arrepiantes de Lovecraft, dando-nos a conhecer a evolução do seu estilo narrativo único e consolidando-o como um dos autores mais visionários da literatura americana. 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "Os mais arrepiantes contos de H. P. Lovecraft", destacando um fundo roxo envolvente adornado com relevos prateados de elementos macabros, como tentáculos, criaturas sombrias e símbolos místicos, refletindo a atmosfera de terror e mistério característicos das obras do autor.

9. A Maldição de Hill House, de Shirley Jackson

Adaptado com êxito para cinema e televisão, A Maldição de Hill House é um dos mais perfeitos exemplos de terror e suspense em literatura. 

John Montague, especialista e estudioso do oculto, chega a Hill House em busca de algo concreto que possa provar a existência do sobrenatural. Acompanham-no, Theodora, a sua assistente, Luke, o futuro herdeiro da propriedade, e Eleanor, uma mulher solitária e frágil, já com experiência de encontros com poltergeists. Contudo, aquilo que, inicialmente, era apenas uma experiência em torno de fenómenos inexplicáveis torna-se, em pouco tempo, uma corrida pela sobrevivência, à medida que Hill House ganha poder e escolhe, de entre eles, aquele que quer para si. 

A Maldição de Hill House é um dos mais perfeitos exemplos do terror e do suspense em literatura. Fonte de inspiração para nomes como Stephen King ou Guillermo del Toro, confessos admiradores de Shirley Jackson, a história foi adaptada por duas vezes ao cinema em filmes de grande sucesso, bem como à televisão. 


Wook | Bertrand 


Capa do livro 'A Maldição de Hill House' de Shirley Jackson, com fundo azul e uma ilustração de uma casa amarela. Uma mão sinistra emerge pela porta, evocando uma sensação de mistério e terror.

10. Todos os Contos, de Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe é um dos autores mais publicados do mundo, conhecido pela genialidade expressa também nos seus famosos contos de terror e em algumas das histórias de detetives mais macabras jamais escritas, como A Queda da Casa de Usher, Os Crimes da Rua Morgue ou O Escaravelho de Ouro. Notável mestre do suspense, Poe também era poeta e, como demonstram os seus contos sobre hipnotismo e viagens no tempo, foi um pioneiro da ficção científica. 

A presente edição reúne todos os contos deste autor clássico da literatura universal e decorre da edição ilustrada anteriormente publicada em dois volumes. 


Wook | Bertrand 


Retrato de Edgar Allan Poe em um fundo intrigante de riscas cinzentas e brancas, simbolizando a atmosfera sombria e misteriosa de suas obras. A imagem evoca o espírito de 'Todos os Contos', uma coletânea que mergulha os leitores em histórias de terror e suspense, perfeitas para o Halloween.

Concluindo, a literatura de terror oferece um vasto universo de histórias que desafiam a imaginação e provocam arrepios. Neste Halloween, mergulha nos enredos sombrios e personagens memoráveis que habitam estas páginas. Quer sejas um fã do horror psicológico, dos monstros clássicos ou duma boa dose de suspense, a lista que apresentei é uma porta de entrada para experiências que vão muito além do susto, explorando as profundezas da mente humana e os medos que nos rodeiam. No entanto, se preferes ocupar a tua noite de Halloween em frente à televisão, tens aqui 10 Filmes para ver no Halloween


Espero que esta seleção inspire as tuas leituras neste Halloween, proporcionando-te uma noite memorável de arrepio e fascínio. Prepara-te para enfrentar as tuas próprias sombras e, quem sabe, descobrir um novo autor favorito ou um clássico do terror que te acompanhará nas noites frias de Outono. Qual a sugestão que mais chamou a tua atenção? Alguma que tenhas lido e recomendes? Deixa o teu comentário abaixo! 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

#Livros - Todos os Contos, de Clarice Lispector

 

A capa do livro "Todos os Contos", publicado pela Relógio d'Água, apresenta uma poderosa imagem em preto e branco do rosto de Clarice Lispector. A fotografia revela um olhar profundo e penetrante, com especial ênfase em seus olhos expressivos, que parecem carregar as complexidades e nuances da psique humana, refletindo uma intensa batalha entre a vulnerabilidade e a força. O fundo neutro destaca ainda mais a silhueta da autora, convidando o leitor a mergulhar no mundo intrincado de suas narrativas. O design minimalista da capa complementa o conteúdo do livro, que reúne a essência da literatura de Lispector, marcada pela exploração de temas existenciais e pela busca incessante por significado.

Sinopse

Autora de romances e contos que figuram entre os mais emblemáticos da literatura brasileira, Clarice Lispector é considerada uma das mais importantes escritoras do século XX. A sua popularidade alcançou níveis surpreendentes nas últimas décadas, especialmente após o fenómeno da internet, mas a sua figura e a sua obra seguem exercendo sobre leitores o mesmo e fascinante estranhamento que causaram desde a sua estreia literária, em 1943. Nesta coletânea, que reúne pela primeira vez todos os contos da autora num único volume, organizado pelo biógrafo Benjamin Moser, é possível conhecer Clarice por inteiro, desde os primeiros escritos, ainda na adolescência, até as últimas linhas. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Clarice Lispector, nascida em 1920 na Ucrânia, chegada ao Brasil ainda criança, tornou-se numa das vozes mais influentes da literatura brasileira do século XX. Formada em Direito, Lispector cedo se dedicou à escrita, tendo publicado o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, em 1943, que imediatamente a colocou como uma autora de destaque. A sua prosa introspectiva e intensa, marcada por uma linguagem única e uma profunda exploração da psicologia humana, revolucionou a narrativa moderna no Brasil. Em Todos os Contos, temos uma obra que reúne a essência multifacetada da escrita da autora, apresentando uma coletânea significativa das suas narrativas breves que exploram a complexidade da experiência humana. Os contos abrangem temas como a identidade, a solidão e o amor, refletindo a habilidade única da autora para capturar emoções e nuances da existência. 


Cada história é um convite à reflexão, revelando a profundidade psicológica e a sensibilidade que tornaram Lispector numa das vozes mais icónicas da literatura brasileira. Através de Todos os Contos, somos conduzidos por um universo onde o quotidiano se mistura ao extraordinário, e onde cada palavra é carregada de significado e beleza. Estes contos foram escritos em diferentes períodos da vida da autora, entre as décadas de 1940 e 1970, refletindo a evolução do seu estilo e das suas inquietações existenciais. Muitos destes contos foram publicados inicialmente em revistas e jornais, embora depois tenham sido reaproveitados e, algumas vezes, colocados em livros de contos da autora, depois de serem revistos pela mesma. Esta coletânea, que demorou muito a ser construída e publicada, é organizada de maneira a proporcionar uma imersão profunda na multiplicidade de temas e estilos que permeiam a obra da autora. Os contos estão dispostos de forma cronológica e são mais de oitenta, com uma diversidade notável. 


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Ao longo das narrativas, os personagens defrontam-se com as suas próprias existências, muitas vezes em momentos de introspecção e crise. Através de monólogos internos e situações quotidianas, os contos abordam a dualidade entre o eu e o outo, o íntimo e o externo, sugerindo que a verdadeira identidade não é uma construção fixa, mas um processo dinâmico e multifacetado. A solidão e o isolamento também são temas recorrentes na sua obra. Vamos encontrar personagens que vivem um constante combate interno, muitas vezes imersos em mundos próprios, desconectados da realidade que os cerca. A solidão não é aqui apenas uma condição física, mas uma experiência psicológica que revela a fragilizada relação do ser humano consigo mesmo e com o outro. Em muitos contos, a procura por uma conexão genuína transforma-se num labirinto de angústia e incompreensão, onde os personagens parecem escravizados pelas suas próprias emoções e pensamentos. 


"Desde pequena tinha visto e sentido a predominância das ideias dos homens sobre a das mulheres. Mamãe antes de casar, segundo tia Emília, era um foguete, uma ruiva tempestuosa, com pensamentos próprios sobre liberdade e igualdade das mulheres. Mas veio papai, muito sério e alto, com pensamentos próprios também, sobre... liberdade e igualdade das mulheres. O mal foi a coincidência de matéria. Houve um choque. E hoje mamãe cose e borda e canta no piano e faz bolinhos aos sábados, tudo pontualmente e com alegria. Tem ideias próprias, ainda, mas se resumem numa: a mulher deve seguir o marido, como a parte acessória segue a essencial." 


São ainda explorados aspectos profundos das relações humanas, revelando a complexidade e a fragilidade dos vínculos que unem as pessoas. Ao examinar as subtilezas dos relacionamentos familiares, amorosos e de amizade, a autora convida o leitor refletir sobre a dualidade da proximidade e da distância, mostrando que, muitas vezes, mesmo aqueles que estão mais próximos podem estar irremediavelmente distantes. Incontornável é também a forma profunda e sensível como explora a condição feminina. As personagens femininas são, quase sempre, as protagonistas com os seus dilemas complexos e até confusos. Clarice Lispector coloca a nu as nuances da experiência feminina, abordando questões como o desejo, a maternidade, a sexualidade e a insatisfação, revelando como essas vivências moldam a vida interna das suas protagonistas. 


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Clarice apresenta um estilo de escrita singular que mistura crueza e sensibilidade de maneira extraordinária. A sua utilização da linguagem é ao mesmo tempo visceral e poética, criando uma atmosfera onde as emoções são expostas na sua forma mais pura e, por vezes, dolorosa. A autor recorre a uma prosa intimista, repleta de subtilezas, que força o leitor a confrontar as complexidades da condição humana. O contraste entre a dureza da realidade e a delicadeza da percepção cativa-nos e faz com que ler Clarice se torne num vício. Além disso, a combinação de introspecção, fluxo de consciência e simbolismo enriquece a leitura e suscita uma conexão íntima entre o leitor e as inquietações existenciais presentes em cada conto. Comecei a ler Clarice, precisamente, pelos contos, com Laços de Família, e tem sido um caminho de sucesso para começar a mergulhar nesta autora tão peculiar e que aconselho aos que têm receio de iniciar a sua descoberta. 


"No fundo sou sozinha. Há verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves. Por favor me poupem. Estou tão só." 


A verdade é que esta coletânea oferece uma visão multifacetada da obra da autora, desde os primeiros anos até à maturidade. Lispector desafia-nos a mergulhar em universos íntimos e frequentemente desconcertantes, onde o trivial se entrelaça com o sublime. Para mim, foi mais uma experiência de leitura transformadora, quase visceral. Cada conto revela um universo particular, onde personagens complexos enfrentam dilemas, solidões e epifanias que acabam por, inevitavelmente, encontrar paralelo na minha própria vida. Lispector transcende o mero contar de histórias, ela provoca reflexões e inquietações nos seus leitores, com uma obra que não se esgota com apenas uma leitura, sendo inevitável releituras ao longo da vida, que trarão, com certeza, outras reflexões. 


Parece-me uma leitura ideal para os que apreciam a literatura que desafia e provoca, que explora temas universais, com a magistral voz duma das maiores escritoras de língua portuguesa. Agora, quero convidar-te a partilhar as tuas impressões sobre Todos os Contos e Clarice Lispector. Já leste os contos da autora? Qual o que mais te marcou? Que aspecto do estilo de Clarice mais te impressiona? Já te aventuraste nos romances? Que outras obras da autora me recomendarias? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


Encomenda o teu exemplar através do link abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

#Séries - Doce

 

Quatro actrizes sentadas num sofá, representando as vocalistas da banda feminina "Doce". Elas estão vestidas com roupas coloridas e estilos retro, exibindo sorrisos e expressões de camaradagem. Ao fundo, um placard de neon rosa brilha com o título "DOCE", criando uma atmosfera vibrante e nostálgica que reflete o espírito da série.

Sinopse

A história da maior girls band de sempre numa ficção realista, surpreendente e emocionante. Ana Marta Ferreira, Bárbara Branco, Carolina Carvalho e Lia Carvalho dão vida às Doce. 

Série sobre uma das mais icónicas bandas portuguesas, as DOCE. 

As Doce foram uma das primeiras "girls band" da Europa, abrindo caminho não só no meio musical, como quebrando barreiras e preconceitos na sociedade tradicional portuguesa. 

A série é baseada em acontecimentos reais, acompanhando todo o percurso da banda desde o seu aparecimento em 1979, até ao fim da formação inicial. 

As Doce sobreviveram a todos os críticos e deixaram a sua marca numa geração e num país. 


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Opinião 

Doce é uma minissérie portuguesa, lançada em 2021, no seguimento do filme Bem Bom, que mergulha no universo da icónica banda feminina que fez sucesso nos anos 80 em Portugal. A série retrata a trajetória das quatro integrantes, abordando as suas vivências, desafios e conquistas num cenário musical dominado por homens, ao mesmo tempo que explora a dinâmica dos relacionamentos entre elas. Com uma abordagem que combina drama, música e uma boa dose de nostalgia, Doce celebra os sucessos da banda, que ouvimos até aos dias de hoje, e ainda destaca temas como a amizade, a ambição e os bastidores da indústria da música no pós-revolução. A produção cativa o público tanto pela banda sonora, repleta de hits que marcaram uma geração, quanto pelo retrato humano das artistas por trás do fenómeno. 


A banda é um marco na história da música pop em Portugal, destacando-se pelo seu som cativante e as suas letras que refletiam a efervescência cultural da época e a irreverência das suas integrantes. Composta por quatro talentosas vocalistas - Helena Coelho, Fátima Padinha, Laura Diogo e Teresa Miguel -, as Doce rapidamente conquistaram o coração do público, tornando-se uma das primeiras bandas femininas a atingir grande popularidade. A sua relevância estende-se para lá do sucesso comercial. Afinal, a banda foi pioneira ao abrir caminho para outras mulheres na indústria musical, desafiando estereótipos e promovendo uma nova imagem de empoderamento feminino. Ao longo dos sete episódios, acompanhamos a formação do grupo, as suas experiências e os sacrifícios pessoais que cada uma dela faz nesse percurso. 


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A narrativa desenrola-se em torno dos grandes hits da banda, entrelaçando momentos de euforia e tensão, com brigas internas, romances e a pressão da exposição mediática. A minissérie mergulha no universo da banda enquanto explora temas universais como a amizade, a superação e a inevitável busca pela fama. As protagonistas, que são as quatro vocalistas da banda, capturam a essência e a complexidade do Portugal dos anos 80, um país onde o preconceito e o moralismo ainda condenavam comportamentos modernos e que hoje consideramos normais. Helena e Fátima eram as cantoras mais talentosas da banda, Teresa estava encarregue das coreografias da banda e Laura, Miss Fotogenia no concurso Miss Portugal em 1979, que foi incluída no grupo por ser bonita e loira, sem ter qualquer experiência musical. Juntas, estas quatro mulheres representaram o talento musical, mas também a força e a liberdade das mulheres, para quem a revolução ainda demorou a chegar. 


As quatro atrizes que interpretam as vocalistas da banda "Doce" na mini-série portuguesa de 2021 estão reunidas em um ambiente vibrante. Cada uma delas exibe um estilo único que reflete a estética dos anos 80, com roupas coloridas e acessórios ousados. Sorridentes e cheias de energia, elas representam a força e a amizade que caracterizam a banda, cercadas por um cenário que remete aos shows icônicos da época. A imagem captura a essência da música, da união e da luta pelo reconhecimento das mulheres na indústria musical.

O desenvolvimento dos personagens é um dos aspectos mais cativantes, em comparação com o filme que deixou de lado muitos aspectos. Através dos seus altos e baixos, vemos cada membro enfrentar desafios pessoais e profissionais que moldam as suas identidades e relações interpessoais. Vemos a ambição da Fátima, as inseguranças da Helena, a relação tóxica da Teresa e a sua solidão e, por fim, o escândalo sexual que envolveu Laura Diogo a dada altura e que teve consequências na forma como se retirou da vida pública depois do final da banda. As actrizes escolhidas para interpretar os elementos da banda - Lia Carvalho, Ana Marta Ferreira, Bárbara Branco e Carolina Carvalho - conseguiram capturar a essência dessas mulheres especiais de forma brilhante. Cada actriz traz uma singularidade que enriquece a representação, conseguindo misturar a leveza e a intensidade da juventude daquela época com os desafios e os dilemas enfrentados. 


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A fotografia desta produção nacional é utilizada de forma a capturar a essência vibrante e noltálgica da década de 1980, ressaltando as cores vivas e o estilo estético da época, que se entrelaçam com a trajetória das protagonistas. As composições visuais, que variam entre closes intimistas e planos amplos que evocam a atmosfera dos concertos pelo país, ajuda a transmitir a emoção e a intensidade da experiência musical da banda. A banda sonora, repleta dos sucessos da própria banda Doce, funciona como uma máquina do tempo que transporta o telespectador para um período em que a música pop portuguesa estava em ascensão. Por fim, a ambientação rica em detalhes, desde os camarins de espectáculos até aos ensaios e festas, recria perfeitamente o ambiente que cercava a vida de uma girlsband em ascensão, ancorando a narrativa numa realidade palpável e cativante. 



Ao mostrar a ousadia, irreverência, resiliência e determinação destas mulheres, Doce retrata a busca pela realização dos sonhos, e ainda inspira novas gerações a reivindicarem o seu espaço e voz no mundo da música e na sociedade em geral. Temos aqui um alerta de que o talento feminino deve ser celebrado e que a luta por igualdade e respeito continua a ser uma jornada coletiva e necessária na indústria do entretenimento. Deste modo, a minissérie vem reviver a história da icónica banda feminina portuguesa, servindo como um importante marco cultural ao destacar a luta e as conquistas das mulheres na indústria musical dos anos 80. Acaba por ser uma homenagem muito merecida a um grupo de mulheres que deixam um legado duradouro e impactaram a sociedade portuguesa ainda muito conservadora. Através das suas canções contagiantes, com letras disruptivas e libertadoras do papel da mulher, com figurinos onde a sensualidade era exposta como uma declaração de que seriam donas dos seus corpos - da autoria do talentoso estilista José Carlos -, com uma atitude destemida, a banda abriu mentalidades e fez com que muitas mulheres se sentissem representadas e capacitadas para assumirem os seus destinos. 


Vi e gostei do filme, mas gostei ainda mais da série, que mostrou muito mais sobre a trajetória desta banda tão especial na música portuguesa. Se gostas de música, histórias inspiradoras e retratos de superação, não podes deixar de assistir à minissérie Doce. Com atuações marcantes e uma banda sonora muito nostálgica, podes ter a certeza de que te vais emocionar e divertir com esta história rica em amizade, criatividade e empoderamento feminino. Agora, quero saber a tua opinião! Viste a série? O que mais gostaste nesta produção? Qual momento ou personagem te marcou? Deixa o teu comentário abaixo! 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

#Livros - O Livro Negro, de Hilary Mantel

 

A capa do livro "O Livro Negro" (título original "Bring Up the Bodies") de Hilary Mantel apresenta um design impactante com um fundo vibrante em tons de laranja e verde. Em destaque, o título do livro e o nome da autora estão dispostos em uma tipografia elegante, refletindo a atmosfera histórica e dramática da obra. A composição visual sugere uma mistura de emoção e complexidade, convidando o leitor a mergulhar nas intrigas da corte Tudor e na vida de Thomas Cromwell. A paleta de cores empolgante e o estilo sofisticado da capa tornam este livro uma peça marcante na estante.

Sinopse

O Livro Negro foi distinguido com prestigiado Man Booker Prize em 2012, tornando Hilary Mantel o primeiro autor britânico e a primeira mulher a receber por duas vezes este importante prémio literário. 

Em 1535, Thomas Cromwell é o primeiro-ministro de Henry VIII. A situação favorável em que se encontra coincide com a ascensão de Anne Boleyn, a nova mulher do rei. Mas como Anne não consegue dar um herdeiro ao rei, Cromwell acaba por assistir, vigilante, ao enamoramento de Henry por Jane Seymour. 

Thomas Cromwell tem de encontrar uma solução que satisfaça o rei, mas que também proteja a nação e ao mesmo tempo assegure a sua carreira. Mas nem ele nem o rei sairão incólumes da encenação sangrenta que marca os últimos dias de Anne Boleyn. 

Um estrondoso feito literário, O Livro Negro narra a história de um dos mais terríveis acontecimentos da História, contada por uma das grandes romancistas do nosso tempo. 


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Opinião 

O Livro Negro, de Hilary Mantel, é o segundo volume da trilogia que retrata a vida de Thomas Cromwell, o astuto conselheiro de Henrique VIII. Publicado em 2012, o livro rapidamente conquistou a crítica e o público, consolidando a reputação de Mantel como uma das grandes vozes da literatura contemporânea. Aqui, a autora continua a explorar a complexa intriga da corte inglesa, os dilemas morais e as maquinações políticas que cercam o reinado do controverso Henrique VIII, aprofundando ainda mais a rica tapeçaria de personagens e eventos emblemáticos que fazem parte desta fascinante era. Com esta trilogia, Hilary Mantel ganhou notoriedade internacional, com a sua abordagem única à História que revitalizou o interesse pela dinastia Tudor e ainda desafiou as convenções narrativas, permitindo uma nova compreensão dos personagens históricos. 


Iniciado em Wolf Hall, onde somos apresentados à infância e juventude de Cromwell, assim como à sua ascensão como conselheiro influente, O Livro Negro aprofunda-se nas intrigas políticas e pessoais que cercam o casamento do rei com Anne Bolena. A trama, marcada por tensões e traições, reflete a complexidade das relações de poder na Inglaterra do século XVI, enquanto prenuncia os eventos que levarão à decadência de Ana e à ascensão de novos personagens e circunstâncias chave que serão explorados em O Espelho e a Luz. Passada na década de 1530, vemos como, à medida que a relação de Henrique e Ana se deteriora, Cromwell se vê envolvido num jogo pérfido de traições e conspirações, onde as lealdades são constantemente testadas. 


Podes ler também a minha opinião sobre Wolf Hall 


Como já referido, Thomas Cromwell, o astuto e ambicioso conselheiro do rei, é o protagonista cujo intelecto e pragmatismo o levam a navegar habilmente nas águas traiçoeiras da política da sua época. A sua relação com Henrique VIII é central, marcada por uma lealdade estratégica e uma busca contínua por poder. Ana Bolena, a rainha polémica, é outra figura central, cujas aspirações e vulnerabilidades se entrelaçam com as manobras de Cromwell, criando uma dinâmica de tensão e dependência, ainda que involuntária. A obra explora, com maestria como o poder é conquistado e exercido, oscilando entre alianças e traições. A luta pelo controlo político é implacável, que acontece num ambiente de tensão constante, muitas vezes alimentada pelo próprio rei, de quem provém todo o poder e influência e que pode levar à ruína e à destruição de famílias inteiras. 


"Ele pensa, Catarina deve ser da minha idade ou à volta disso. Mas a vida é mais severa para com as mulheres, particularmente para com mulheres que, como Catarina, foram abençoadas com muitos filhos e os viram morrer." 


Como aconteceu no livro anterior, Hilary Mantel apresenta uma escrita magistral que combina uma narrativa envolvente com uma linguagem rica e evocativa. Marcada por uma atenção meticulosa aos detalhes, a sua prosa transporta-nos para a Inglaterra do século XVI com uma vivacidade impressionante. A sua capacidade de criar cenas claras é complementada por um fluxo narrativo que mistura passado e presente, oferecendo um vislumbre das verdadeiras motivações do nosso protagonista. A perspectiva narrativa é profundamente imersiva, sendo predominantemente na primeira pessoa, o que nos permite entrar na mente de Cromwell e observar não só as suas acções, mas também as suas reflexões, dúvidas e motivações. Esta escolha narrativa proporciona uma conexão íntima e intensa com o protagonista, revelando as nuances do seu carácter e a profundidade das suas ambições, enquanto enfrenta os desafios impostos pelo corte e pelas constantes mudanças de lealdade. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Maldição do Rei


Quanto aos personagens, tenho de destacar o nosso protagonista, Thomas Cromwell, de origens humildes, ascende ao poder duma forma surpreendente, e que só agora entendo o quanto é inaudito depois desta leitura. Mantel retrata-o como um homem guiado por lealdades instáveis e um profundo entendimento da natureza humana, o que o torna tanto um manipulador quanto um protetor. São nos oferecidos vislumbres da sua vulnerabilidade, que revelam um homem que, apesar da sua frieza estratégica, carrega cicatrizes emocionais do seu passado. Com a progressão da história, a autora expõe brilhantemente as complexidades emocionais e políticas de cada figura, ao mostrar como as suas escolhas moldam não só os seus destinos, mas também o futuro da monarquia inglesa. 


"Sempre teve Anne em grande consideração como estratega. Nunca acreditou nela como uma mulher apaixonada, espontânea. Tudo o que faz é calculado, como tudo o que ele faz. Nota, como tem notado todos estes anos, o cuidadoso emprego dos seus olhos faiscantes. Pergunta a si mesmo o que será necessário para a pôr em pânico." 


Depois de termos assistido à queda de Catarina de Aragão e à ascensão de Anne Bolena no coração do rei em Wolf Hall, neste segundo volume da trilogia surge uma atmosfera de tensão crescente à medida que o retrato de Henrique VIII se torna mais sombrio e as intrigas em torno de Anne se intensificam, com a aprovação do rei e a ajuda do seu conselheiro, que tudo fará para que o seu rei tenha o que deseja. Tudo isto permeado pelo clima perigoso relativo às reformas na Igreja da Inglaterra, onde cada avanço tem de ser feito com ponderação, pois a qualquer momento o rei poderá mudar de ideias e voltar a considerar como heresias os novos pensamentos. 


Em suma, esta foi uma experiência de leitura profundamente envolvente e imersiva. A autora constrói uma narrativa rica em detalhes históricos, além de nos oferecer uma visão íntima dos dilemas morais e das complexidades humanas que permeiam a política e o poder na era Tudor. Através dos olhos de Thomas Cromwell somos levados a observar as nuances da lealdade e da traição, e a fragilidade das relações humanas num cenário tão volátil quanto a corte de Henrique VIII. Esta trilogia é uma leitura indispensável para os amantes de História, sobretudo os fascinados pela era Tudor, como eu sou, e que não resistem a um bom romance histórico. A prosa elaborada de Mantel e as suas personagens multifacetadas também atrairão fãs de ficção literária que procuram profundidade psicológica e reflexão sobre poder, ambição e moralidade. Se procuras uma leitura que estimule a mente e o espírito, tens aqui o livro certo. 


Agora quero-te convidar a partilhares as tuas opiniões sobre este livro incrível. Já leste esta trilogia? O que achaste deste segundo volume? Qual o momento que mais te impactou durante a leitura? Como percebeste a evolução de Thomas Cromwell ao longo da trama? Deixa o teu comentário abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

#Places - Épico Restaurante

 

Imagem de um cozinheiro temperando um suculento pedaço de carne numa tábua de madeira, ilustrando a arte culinária do restaurante Épico, em Oliveira de Azeméis. A foto captura a dedicação e o cuidado na preparação dos pratos, ressaltando a experiência gastronômica oferecida no local.

O Épico Restaurante, localizado no centro da cidade de Oliveira de Azeméis, convida os seus visitantes a embarcar numa viagem gastronómica única, onde a tradição se encontra com a inovação. Este espaço, junto ao Parque da Cidade, já recebeu várias casas ao longo dos últimos anos, e nem todos faziam justiça ao lugar privilegiado onde se encontravam. Entretanto, em 2024 fiquei a saber que tinha aberto com uma nova imagem, nome e gerência e fiquei muito curiosa para descobrir esta nova casa da cidade, algo que fiz nas últimas férias que por lá passei em Julho, aproveitando para ali marcar o jantar com um amigo e pôr a conversa em dia. Foi assim que verifiquei a sua proposta inovadora, entregando pratos que combinam elementos tradicionais da culinária portuguesa com uma abordagem contemporânea. 


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O espaço destaca-se pela sua decoração moderna e acolhedora, que combina elementos rústicos e contemporâneos, sempre com muita elegância e conforto. A sala tem uma iluminação suave que evocam um ambiente relaxante, ideal tanto para jantares românticos como para encontros de família ou amigos. No entanto, o ponto forte, na minha opinião, é a extraordinária esplanada que o espaço tem e que permite aproveitar os dias quentes, preservando a privacidade dos clientes ao mesmo tempo. Outro ponto forte, é a já referida localização estratégica, que o torna facilmente acessível tanto para residentes quanto para os visitantes da região. A proximidade das principais vias de acesso e a oferta de estacionamento ao redor tornam a chegada ao local ainda mais conveniente, algo que todos apreciamos nos dias que correm. 


Podes ler também sobre a minha experiencia no Feitoria dos Sentidos


Esta experiência no Épico foi amplamente enriquecida pela equipa atenciosa e bem treinada. Desde o momento em que entrámos, fomos recebidos com cordialidade e simpatia, o que imediatamente nos fez sentir à vontade. O empregado que nos atendeu demonstrou uma capacidade de atender aos nossos pedidos de forma rápida e eficiente, sem nunca deixar de lado a atenção aos detalhes. Além disso, demonstrou um conhecimento do cardápio impressionante, esclarecendo e fazendo sugestões úteis para que a nossa refeição fosse ainda mais especial. A nossa experiência gastronómica, depois de sermos conduzidos à nossa mesa, começou com o couvert, uma aposta simples para não ficar sem fome para os pratos que queríamos experimentar em seguida.  Composto por pão e broa, que combinavam perfeitamente com a manteiga e o paté, ambos deliciosos, e culminando com as azeitonas marinadas, que não provei porque não aprecio, mas me disseram que estavam no ponto. 


Deliciosa apresentação dos pratos do restaurante Épico: à esquerda, suculentos Secretos de Porco Preto, grelhados à perfeição, acompanhados por um molho aromático e vegetais frescos. À direita, uma espetada de vitela tenra, servida em espetos, com um toque de ervas e especiarias, acompanhada por batatas douradas. Ambos os pratos refletem a proposta gastronômica sofisticada e saborosa do restaurante, localizado em Oliveira de Azeméis.

Os pratos são, maioritariamente, individuais, e as nossas escolhas recaíram nos Secretos de Porco Preto e na Espetada de Vitela, que se revelaram uma experiência gastronómica memorável. Os secretos, com a sua carne suculenta, foram cozinhados na grelha e acompanhados com ananás, salteado de couve e cenoura, batata rústica e molho verde. Por outro lado, a Vitela confeccionada no louro e manteiga de alho, tem como acompanhamentos batata rústica, legumes da horta e pimentos padrão grelhados. Pessoalmente, escolhi a vitela e só posso dizer que todo o prato era harmonioso, com os sabores ricos a combinar de forma perfeita e apresentando uma carne tenra, macia e suculenta. Claro que também fui provar os secretos do meu amigo e posso dizer que fiquei muito surpreendida com a qualidade tanto da carne quanto da sua confecção. Para além dos sabores ricos, tenho de destacar a apresentação cuidada e elegante, que complementa muito bem com o valor de tudo o que é servido. 


Podes ler ainda sobre a minha experiência no Tudo aos Molhos


No final, não havia espaço para muito mais, mas não resisti a dividir a sobremesa que mais chamou a minha atenção e que tinha de experimentar mesmo. Foi certamente a escolha certa para encerrar esta refeição de forma memorável. Falo do Quindim com Gelado de Coco. Cada garfada era uma explosão de sabores tropicais, com a combinação do bolo e do gelado. Está certamente entre os meus favoritos de que tenho memória e, quando voltar ao Épico, tenho a certeza que vou repetir esta sobremesa. Para acompanhar toda a nossa refeição, escolhemos uma sangria de maracujá, deliciosa e refrescante, perfeita para dias de calor. A frescura e a acidez do maracujá trouxeram uma nota vibrante que complementou na perfeição as texturas e sabores dos pratos, desde a entrada até à sobremesa. 


Delicie-se com a refrescante Sangria de maracujá, uma explosão de sabores tropicais perfeita para acompanhar o ambiente vibrante do restaurante Épico, em Oliveira de Azeméis. Acompanhando essa experiência, o encantador Quindim com gelado de coco traz o toque doce e cremoso que combina perfeitamente com a intensidade frutada da sangria, proporcionando uma experiência gastronómica inesquecível.

Em suma, no Épico, a qualidade da comida destacou-se ao oferecer uma experiência gastronómica inesquecível. Os pratos são elaborados com ingredientes frescos e de alta qualidade, o que se reflete no sabor e na apresentação. Cada prato é uma fusão de sabores cuidadosamente equilibrados, que prometem agradar até aos paladares mais exigentes. Em relação à qualidade/preço, considero que o custo é justo face à qualidade oferecida, até porque oferece também menus executivos durante a semana ao almoço, que permitem conhecer a sua cozinha de forma bem mais económica, antes de se arriscar num jantar mais dispendioso. Pela minha parte, conto lá voltar para experimentar algumas das opções do cardápio que me ficaram debaixo de olho, como a Trilogia de Peixe e Marisco ou a Seleção de Carnes à Épico. E descobri, entretanto, que também têm disponíveis rodízios de tapas temáticas, algo que me deixou muito curiosa para saborear este conceito. 


Além dos pratos que mencionei, é importante ressaltar que o Épico também oferece várias opções de Saladas, Pratos Vegetarianos, oferta para crianças e até Low-Carb. Portanto, tenho a certeza que vais aqui encontrar algo que se encaixe perfeitamente nos teus gostos e expectativas, e que aqui vais encontrar o lugar certo para um momento único e diferente do habitual. Agora, quero saber a tua opinião! Já conhecias o Épico? Que pratos experimentaste e recomendas? Se ainda não foste, o que te deixou com vontade de fazer uma visita? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

#Livros - Design para Não-Designers, de Robin Williams

 

Capa do livro "Design para não-designers" de Robin Williams, publicado pela Alma dos livros. A arte apresenta uma explosão de cores vibrantes e uma variedade de símbolos gráficos, ilustrando a diversidade e o poder do design. As formas dinâmicas e os elementos visuais destacam a ideia de que o design pode ser acessível e essencial para todos, independentemente do nível de experiência.

Sinopse

Durante mais de vinte anos, tanto designers como não-designers foram apresentados aos princípios fundamentais de um ótimo design pela autora Robin Williams. Através do seu estilo direto e descontraído, Robin ensinou centenas de milhares de pessoas a dar aos seus designs um aspeto bonito e profissional. 

Design para Não-Designers foi escrito para todas as pessoas que precisam de criar coisas, mas não têm conhecimentos ou formação em design. Este livro é para aqueles cujos chefes agora lhes mandam criar newsletters; para estudantes que percebem que um trabalho mais bonito significa, muitas vezes, uma nota melhor; ou para donos de pequenos negócios que estão a criar os seus próprios anúncios; ou ainda para professores que aprenderam que os alunos reagem positivamente a informação bem estruturada, organizada de uma forma convidativa e não aborrecida, e assim por diante. 

Este livro presume que não tem tempo para estudar design e tipografia, mas gostaria de saber como fazer com que as suas criações tenham melhor aspeto. A maioria das pessoas olha para uma página com um mau design e afirma não gostar, mas não sabe o que fazer para o corrigir. Não vamos fingir que se tornará automaticamente num designer brilhante depois de ler este livro, mas irá aprender conceitos básicos, claros e concretos, usados em praticamente todos os projetos com um bom design. Se o seguir, os seus trabalhos irão parecer mais profissionais, organizados, coerentes e interessantes. E ganhará motivação e realização por isso. 


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Opinião 

Robin Williams é uma reconhecida designer gráfica, autora e educadora, amplamente conhecida pela sua habilidade para traduzir conceitos complexos de design em ideias acessíveis para o público em geral. A autora é famosa pela sua abordagem prática no ensino do design, que estimula a criatividade e a compreensão dos princípios visuais. Assim, o trabalho de Robin Williams é caracterizado pela clareza, pela simplicidade e pela paixão por partilhar o poder do design ao transformar comunicações visuais. Nos dias que correm, o design está presente em todos os aspectos da vida quotidiana, tendo-se tornado numa ferramenta essencial não só para os profissionais da área, mas também para qualquer pessoa que precise comunicar ideias de forma eficaz. Desde a forma como organizamos um documento no trabalho, até à criação de um convite para um evento, o design pode influenciar a percepção e a compreensão da informação. 


Este livro vem reforçar que o design não se limita a criar estéticas agradáveis; ele serve como um meio de facilitar a comunicação, captar a atenção do público e transmitir mensagens de forma clara e impactante. Portanto, a compreensão destes elementos básicos do design tornou-se numa habilidade valiosa para qualquer pessoa que deseje destacar-se e expressar-se de maneira mais eficaz num mundo visualmente saturado como o nosso. Deste modo, o objectivo deste livro é fornecer uma introdução acessível e prática a este tema para pessoas que não possuem formação específica na área. A autora procura aqui desmistificar o processo criativo, oferecendo ferramentas e conceitos que capacitam os leitores a aprimorar as suas habilidades visuais, independentemente do seu nível de experiência anterior. 


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Entre os tópicos destacados no livro, a tipografia é enfatizada como um elemento crucial para legibilidade e a comunicação visual eficaz, com dicas sobre a seleção e uso de fontes. O layout é outro aspecto explorado, onde Williams discute a importância da organização gráfica para criar hierarquia e guiar o olhar do leitor. O uso de cores é tratado com atenção especial, abordando teorias de cores e como elas afetam a percepção e a emoção do público. Além disso, a escolha e a manipulação de imagens são discutidas, ressaltando como elas podem complementar e enriquecer a mensagem visual. Ficamos também a conhecer um dos princípios fundamentais do design eficaz que é a importância do espaço em branco, ou espaço negativo. Ao criar uma sensação de equilíbrio e harmonia, o espaço em branco permite que as informações sejam absorvidas de maneira mais eficaz, evitando a sobrecarga visual, o que torna a comunicação mais directa e impactante. 


Outro pilar referido é o da repetição, que não se limita apenas à utilização de elementos visuais semelhantes, mas também abrange a consistência em fontes, cores e estilos que ajudam a criar uma identidade visual coesa. Este princípio é crucial para que o público reconheça e se lembre duma marca ou mensagem, proporcionando uma experiência visual harmoniosa e organizada. Por fim, quero destacar ainda o pilar que é o contraste, que se refere à diferença entre elementos, como cor, tamanho e forma. Por exemplo, um texto em negrito sobre um fundo claro destaca-se mais do que um texto do mesmo peso num fundo semelhante. Também a escolha de cores complementares pode intensificar este efeito, tornando as informações essenciais mais visíveis. Portanto, ao usar estes princípios básicos, todos podemos melhorar significativamente a comunicação visual dos nossos projectos. 


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Além do livro ser muito bonito esteticamente, está repleto de exemplos práticos para ilustrar os princípios fundamentais do design e inúmeros exercícios que permitem ao leitor treinar o seu olho para estes conceitos explorados ao longo dos capítulos. Assim, Design para Não-Designers é um livro fundamental para os que desejam entender os princípios básicos do design de forma acessível e prática. As suas explicações ao longo do livro não são apenas informativas, mas também inspiradoras, tornando o design muito mais próximo do leitor. Considero que este livro será útil para a grande maioria das pessoas, mas destaco o caso dos empreendedores, estudantes e profissionais de marketing. As dicas e os exemplos práticos ajudam a criar materiais atraentes e eficazes, desde cartões de visita ou panfletos, passando por newsletters ou anúncios, até currículos, algo que, em algum momento da vida, todos precisamos fazer. 


Temos aqui uma excelente porta de entrada para o fascinante mundo do design, que oferece a cada leitor a oportunidade de explorar e aplicar conceitos que podem transformar as suas criações. Ao longo da leitura, vais-te sentir desafiada a olhar para o mundo ao teu redor com novos olhos e a experimentar a tua própria criatividade. Portanto, não tenhas medo de testar as tuas ideias, misturar elementos e, acima de tudo, brincar com o design. Até porque este é um caminho sem volta e, depois de ter lido este pequeno livro, fiquei com muita vontade de explorar ainda mais o tema e descobrir de que outras formas posso melhorar as minhas noções de design. Agora, quero-te convidar a partilhar as tuas opiniões e reflexões sobre este livro. Já conhecias esta obra da designer Robin Williams? Qual a lição mais interessante e útil que encontraste no livro? De que forma vais aplicar as dicas que aprendeste? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

#Documentário - Donald Trump: A Faking It Special

 

Imagem em preto e branco de Donald Trump em um palco, com uma expressão intensa e gesticulando durante um discurso. A foto captura a essência de sua retórica poderosa e controversa, refletindo a polarização que seu estilo de liderança gera. O fundo desfocado destaca sua presença forte, simbolizando o impacto e as reações que suas palavras provocam.

Sinopse

Pela primeira vez, especialistas analisam o que Donald Trump diz, porque o diz e o seu comportamento quando o diz. 


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Opinião 

Donald Trump: A Faking It Special é um documentário que explora a vida e a carreira do 45º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, analisando as suas táticas de imagem e comunicação ao longo dos anos. A produção investiga como Trump construiu a sua persona pública, utilizando estratégias de manipulação da mídia e marketing pessoal para se destacar no cenário político e empresarial. Combinando entrevistas analisadas por especialistas de diversas áreas, o documentário oferece uma visão crítica sobre os fenómenos de fama e poder, levantando questões sobre a autenticidade e a verdade na era das redes sociais e das informações manipuladas. 


Donald Trump, figura emblemática da política contemporânea, tornou-se num verdadeiro ícone polarizador, simbolizando um novo tipo de liderança que desafia os convencionalismos tradicionais do sistema político americano e até do mundo. Antes da sua ascensão à presidência, já era conhecido como empresário e personalidade mediática, o que ajudou a catapultá-lo para o centro das atenções. A sua retórica muitas vezes provocadora e as suas estratégias de comunicação, baseadas sobretudo nas redes sociais, transformaram a forma como se entendem a política e a participação pública. Na sociedade dos dias de hoje, Trump representa não só a visão conservadora, mas também um reflexo das tensões sociais e culturais que permeiam os Estados Unidos. Assim, este documentário investiga estas facetas complexas da sua persona, aprofundando-se nas narrativas que moldaram a sua imagem e ressaltando o seu impacto inegável na cultura e na política do século XXI. 


Podes ler também sobre o Documentário Lady Gucci


Depois de todo o impacto que a sua presidência teve e da nova candidatura de Donald Trump, cujas eleições serão muito em breve, parece-me muito importante e pertinente analisar esta personalidade controversa. Focado na sua habilidade para manipular a percepção pública, a narrativa é construída a partir de entrevistas, análises críticas e imagens de arquivo. Conseguimos, deste modo, entender as estratégias de marketing e de comunicação que utilizou para moldar a sua imagem ao longo dos anos, desde os seus primeiros dias como magnata do ramo imobiliário até à presidência, ao mesmo tempo que é questionada a autenticidade da sua retórica e da relação entre a sua imagem projetada e as suas acções reais. 


Donald Trump em destaque, vestindo um fato azul elegante, uma camisa branca e uma gravata vermelha. Ele está com o olhar voltado para cima, transmitindo uma expressão de determinação e confiança, simbolizando sua postura emblemática na política.

No documentário, as escolhas narrativas e de edição desempenham um papel crucial na construção duma visão crítica e provocadora sobre a figura do ex-presidente. Com uma montagem ágil que alterna entre fragmentos de discursos, entrevistas e momentos emblemáticos da carreira de Donald Trump, que são analisados por técnicos de diferentes áreas, cria um contraste entre a sua imagem pública e as controvérsias que o cercam constantemente. Como não podia deixar de ser, um dos temas centrais é o conceito de "fake news", que se tornou uma ferramenta estratégica na sua comunicação política. Portanto, somos levados a refletir como a manipulação da informação distorce a percepção pública e alimenta narrativas que podem ser verdadeiras ou enganosas, dependendo do contexto. Portanto, Donald Trump: A Faking It Special torna-se, muito para além da análise da figura do homem, num comentário crítico sobre a dinâmica social e política actual. 


Podes ler ainda sobre o Documentário O. J. & Nicole: An American Tragedy


As análises são feitas por técnicos de linguagem corporal, linguística e de psicologia forense, e revelam como Trump distorceu a realidade ao longo da sua carreira e como impactou emocionalmente em milhões de pessoas, provocando conflitos profundos na política e na sociedade americana e uma polarização nunca antes vista que se propagou para todo o mundo. Nos dias de hoje, onde a desinformação e a manipulação da opinião pública se tornaram corriqueiras, a relevância deste documentário torna-se evidente. Assim, não só documenta uma era, que esperamos que tenha chegado ao fim, como também serve como um aviso para os perigos da desinformação e da superficialidade no debate democrático. 


Tens aqui um documentário que deverá ser interessante para diferentes públicos, especialmente para os interessados por política, comunicação e mídia. Pela minha parte, gostei muito do conceito aqui apresentado e logo fui ver outros episódios, referentes a outros personagens, sobre os quais iremos falar no futuro. Mas agora quero saber a tua opinião! O que achaste deste documentário sobre Donald Trump? Que aspectos mais prenderam a tua atenção? Achaste que as conclusões apresentadas foram justas ou distorcidas? Conta-nos tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 8 de outubro de 2024

#Livros - Wolf Hall, de Hilary Mantel

 

Capa do livro "Wolf Hall", de Hilary Mantel, publicado pela Editorial Presença. O fundo preto realça as pétalas de rosa vermelha que se espalham pela superfície, enquanto uma ilustração dourada da Rosa Tudor ocupa o centro da imagem, simbolizando a conexão entre a narrativa e a história da dinastia Tudor na Inglaterra. O design evoca uma atmosfera de intriga e a riqueza da época retratada na obra.

Sinopse

Inglaterra, década de 1520. Henry VIII ocupa o trono, mas não tem herdeiros. O cardeal Wolsey, o seu conselheiro principal, é encarregue de garantir a consumação do divórcio que o papa recusa conceder. É neste ambiente de desconfiança e de adversidade que surge Thomas Cromwell, primeiro como funcionário de Wolsey e, mais tarde, como seu sucessor. 

Thomas Cromwell é um homem verdadeiramente original. Filho de um ferreiro cruel, é um político genial, intimidante e sedutor, com uma capacidade subtil e mortal para manipular os outros e as circunstâncias. Impiedoso na perseguição dos seus próprios interesses, é tão ambicioso na política quanto na vida privada. A sua agenda reformadora é executada perante um parlamento que atua em benefício próprio e um rei que flutua entre paixões românticas e acessos de raiva homicida. 

Escrito por uma das grandes escritoras do nosso tempo, Wolf Hall é um romance absolutamente singular. 


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Opinião 

Wolf Hall é um aclamado romance histórico, género que tanto me aquece o coração, escrito pela autora britânica Hilary Mantel, publicado em 2009. O livro passa-se na Inglaterra do século XVI e oferece uma visão detalhada da ascensão de Thomas Cromwell, um dos conselheiros mais influentes do rei Henrique VIII. Com uma prosa rica e complexa, a obra mergulha nas intrigas políticas e nas dinâmicas sociais da época, destacando as nuances do poder e a luta pela sobrevivência num mundo repleto de corrupção e traição. O reconhecimento deste livro é considerável, tendo sido agraciado com o Man Booker Prize, em 2009, uma conquista que solidificou a sua carreira e mostrou como Mantel foi uma das mais importantes autoras do século XXI. 


Passado no tumultuado reinado de Henrique VIII, um período histórico marcado por profundas transformações políticas e religiosas, incluindo a ruptura com a Igreja Católica e a formação da Igreja Anglicana. A autora retrata com maestria as intrigas da corte, as rivalidades e os jogos de de poder que moldaram a era Tudor, proporcionando uma visão complexa e multifacetada dos personagens históricos que a habitaram. A grande relevância desta obra, que faz parte de uma trilogia, reside na sua capacidade de humanizar figuras históricas muitas vezes vistas de maneira unilateral, com o foco a recair, ao contrário do que é habitual, no misterioso Cromwell, cuja ascensão meteórica causou surpresa, inveja e ressentimento aos seus contemporâneos. 


Podes ler também a minha opinião sobre Catarina de Aragão


Assim, a narrativa acompanha a trajetória de Thomas Cromwell, desde a infância obscura, passando pelas suas experiências no estrangeiro, até ao seu papel fundamental nas intrigas políticas da corte, sobretudo depois da queda do Cardeal Wolsey. Estamos perante um protagonista intrigante, nome incontornável da corte Tudor, mas sempre envolto em mistério e dúvidas sobre o que é verdade e o que é mito, inventado pelos seus inimigos ou pelos seus amigos. Tornou-se na figura chave na implementação das reformas que acompanham o desejo de Henrique VIII de se divorciar da rainha Catarina de Aragão e se casar com Ana Bolena. É uma personagem repleta de camadas, retratado como um outsider, um filho de ferreiro que ascende na hierarquia social e política através da sua inteligência aguçada e das suas habilidades diplomáticas. A sua trajetória revela um homem que, por trás da sua frieza calculada e pragmatismo, carrega as cicatrizes dum passado tumultuado, incluindo perdas pessoais que moldaram a sua visão do mundo. 


"A Inglaterra sempre foi, diz o cardeal, um país miserável, pátria de um povo proscrito e abandonado, que trabalha lentamente para a sua salvação e que é castigado por Deus com tribulações especiais." 


Em Wolf Hall, Mantel apresenta Henrique VIII como um rei carismático e volúvel, que reflete os paradoxos do poder: ele é ao mesmo tempo um governante inquieto e um homem profundamente emocional. A autora explora brilhantemente as suas ambições e inseguranças, revelando um homem atormentado por questões de legado e imagem pública. Através da lente de Cromwell, o protagonista da narrativa, Henrique emerge como uma figura de autoridade, mas também como um instrumento das forças sociais e políticas em jogo, cuja fome de poder e desejo de liberdade religiosa fomentam mudanças que impactaram por gerações. Além do rei, outras figuras históricas orbitam em torno do protagonista. Por exemplo, Ana Bolena, a rainha que ele colocou no trono, aparece como uma figura carregada de ambição e desejo de poder. A relação entre eles é marcada por uma aliança estratégica, onde Cromwell reconhece o potencial de Ana como uma catalisadora de transformação, mesmo quando se vê preso nas teias de intrigas e traições que a cercam. Por outro lado, temos Thomas More que se destaca como um idealista em conflito com as ideias inovadoras que chegam por todos os lados e contra as quais não desiste de combater. A tensão entre a fé inabalável de More e o pragmatismo cínico de Cromwell acentua a narrativa, revelando os dilemas morais duma época repleta de mudanças. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Os Últimos Dias de Henrique VIII


Foi a minha estreia com esta autora e posso já adiantar que fiquei rendida à elegância e precisão da sua prosa. Com uma narrativa rica em detalhes, permite que o leitor mergulhe na complexidade do período Tudor e na mente dos seus personagens. O ritmo da narrativa é cuidadosamente elaborado, alternando entre momentos de introspecção profunda e diálogos ágeis que trazem à tona a tensão política da época. Partindo sempre da perspectiva de Thomas Cromwell, o romance explora a fragilidade das alianças e a natureza volátil da lealdade num cenário repleto de intrigas. Cromwell navega habilidosamente entre os interesses em conflito da nobreza, o desejo insaciável do rei por um herdeiro e os desafios impostos pela Igreja, demonstrando que a sobrevivência num ambiente assim exigia astúcia e uma profunda compreensão das fraquezas humanas. A narrativa sugere ainda que, no jogo político, a linha entre o certo e o errado torna-se nebuloso, demonstrando como se pode sacrificar a ética em nome do pragmatismo e da eficácia, sobretudo quando servimos um rei caprichoso e capaz de executar quem quer que se coloque no caminho dos seus desejos. 


"Poderíamos observar Henry todos os dias, durante dez anos, que nunca veríamos a mesma coisa. Escolhei o vosso príncipe: cada vez admira mais Henry. Por vezes, parece infeliz, por vezes fraco, às vezes parece uma criança, outras vezes parece dominar o seu ofício. Amiúde, parece um artista, na forma como o seu olhar consegue ver além da sua obra; por vezes, a sua mão move-se, e parece que ele não a vê mover." 


Esta época não me é de todo desconhecida, dado que já li inúmeras obras, de ficção e não ficção, sobre este período fascinante. Mas tenho de reconhecer a capacidade extraordinária de Hilary Mantel para humanizar as figuras históricas, mesmo as menos exploradas ao longo dos séculos, como é o caso do homem que escolheu para protagonizar a sua trilogia. A forma como apresentou as motivações e dilemas internos desafiou a minha visão tradicional sobre os heróis e os vilões da era Tudor. Além disso, a habilidade da autora para apresentar a história de forma não linear, intercalando passado e presente, revela-se um desafio para leitores mais desatentos, pois podem perder o fio da meada e sentirem-se perdidos em relação aos acontecimentos que estão a ler e até sobre os muitos personagens que fazem parte desta narrativa, alguns que partilham o mesmo nome. 


Em suma, estamos perante uma obra fundamental na Literatura Histórica, sobretudo pela forma inovadora como reinterpreta um período crucial da História Britânica. Através da perspectiva de Thomas Cromwell, Mantel humaniza figuras frequentemente relegadas a estereótipos, ao mesmo tempo que oferece uma visão íntima e complexa do poder, da ambição e da luta política na corte de Henrique VIII. Leitura indispensável para os amantes do romance histórico, como eu, bem como os que apreciam narrativas ricas em detalhes e personagens complexos. Vale relembrar que Wolf Hall é o primeiro volume da trilogia, seguido por O Livro Negro e O Espelho e a Luz, que continuam a saga de Cromwell e prometem desdobramentos ainda mais fascinantes e perigosos na história. Pela minha parte, podes contar que vou continuar a ler os próximos volumes sobre os quais iremos falar muito em breve. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre esta obra! Já leste a trilogia? Quais foram as tuas impressões sobre a trajetória de Thomas Cromwell e a sua ascensão social? O que achaste da escrita de Hilary Mantel? Partilha as tuas opiniões ou sugestões nos comentários abaixo! 


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