Que os reality shows são o meu guilty pleasure já não é novidade para ninguém. Sou consumidora deste tipo de programas desde o início, desde o primeiro
Big Brother. Claro que o factor novidade tem vindo a diminuir e o factor autenticidade já nem se sabe o que é. Como se costuma dizer, não há amor como o primeiro, não é mesmo?
Falar de reality shows em Portugal sem falar em Teresa Guilherme não faz qualquer sentido. Ela é a verdadeira apresentadora do formato e encaixa que nem uma luva no género. Sabe conduzir uma gala como ninguém e faz vir ao de cima o melhor (ou pior) que cada concorrente pode dar.
Admiro-lhe o trabalho exaustivo que tem a preparar cada trocadilho e a escolher os temas mais importantes a abordar em cada programa em que dá a cara. Sou sua fã e gosto da forma como lida com os concorrentes na maioria das vezes. Acho-a uma mulher inteligente e que chegou onde chegou pelo trabalho que desempenhou ao longo dos anos e por ter provado o seu valor em todas os projectos que abraçou.
Nunca foi uma cara bonita da nossa televisão, bem pelo contrário. Mas o que lhe falta em beleza, sobra-lhe em espírito e inteligência. E estas são características que admiro em toda e qualquer pessoa, seja qual for a sua área profissional.
Contudo, Teresa Guilherme tem, como todos os mortais, os seus defeitos. E um dos que mais me encanitam é a sua falta de poder de encaixe perante concorrentes inteligentes e que não se calam e baixam a cabeça perante si. A sensação que tenho é que as suas preferências vão sempre para os mais "burrinhos" e para os engraçadinhos.
A cena a que assistimos entre Teresa Guilherme e a Helena foi lamentável. Aliás, a própria discussão onde se esmiuçou a lavagem das cuecas da rapariga é de bradar aos céus. Foi humilhante a forma como se tratou o assunto e compreendo que a própria não se tenha sentido feliz e contente com isso. Além de que a forma como a Teresa falou com a Helena foi arrogante e pouco compreensiva. Atitudes que deram tanto que falar nas redes sociais.
É que existe um fenómeno que permanece inalterado por muito que se fale nele. Ninguém gosta da Casa dos Segredos. Ninguém vê a Casa dos Segredos. Mas toda a gente tem algo a dizer na hora de criticar os concorrentes ou a apresentadora. Pela parte que me toca, quando não acompanho um programa ou quando não gosto nada dele, não me dou ao trabalho de comentar o mesmo. Simplesmente, mudo de canal.
Outro clássico dos reality shows são as ameaças de sair. Acho que actualmente não deve haver dia em que não haja uma alminha a dizer que se quer ir embora. Mas sair que é bom, está quieto. Ganham uns breves momentos de protagonismo e depois voltam às suas vidinhas na casa mais vigiada do país.
Foi essa a promessa da Helena. Queria porque queria sair. E eu até entendo os motivos desta sua vontade e percebo que estava de cabeça quente quando o disse. Mas irrita-me que, como sempre, se volte atrás com a palavra dada. É verdade que tenho gostado que lá tenha continuado e que ela faz metade do programa. É uma concorrente inteligente, culta e com um grande poder de encaixe que está a virar a seu favor todas as adversidades e a fazer dos seus inimigos a sua força. Contudo, não posso deixar de ficar desiludida por ter cedido.
Enfim, não se pode ter tudo. As polémicas são feias mas são o que alimentam este tipo de programa. São o que lhe dá cor e textura e que nos permitem observar o comportamento humano. Porque para politicamente correctos já basta a realidade do que nos rodeia. Será que a própria Teresa Guilherme, ao ir contra a Helena, vai contribuir para a tornar a vencedora desta Casa dos Segredos?