Sinopse
Rei Édipo é a tragédia do conhecimento de si. Enredado e cego pela mescla de aparência e realidade, o herói, através de sofrimentos que enfrenta com denodo, quer saber a verdade sobre si mesmo. Não descansa enquanto não chega à plena revelação da sua identidade trágica - cuja aceitação é também a medida da sua grandeza humana.
Opinião
Sou fascinada pela mitologia grega desde a primeira vez que a estudei, de forma muito ligeira, nas aulas de História na escola. Muitos são os textos fundadores dessa mitologia que me deixam muito curiosa mas sobre os quais tenho adiado a leitura, talvez por medo de ser demasiado complicado - puro mito - ou apenas por não me sentir capaz de embarcar nessa aventura. Pois que decidi, por fim, pegar neste Rei Édipo que se encontrava abandonado na estante e dar início à aventura que é ler os clássicos que chegaram aos dias de hoje.
O receio de que seria muito complicado de entender não se confirmou mas, tenho de confessar, que esta é uma viagem que apenas agora começa porque para um verdadeiro entendimento dos mitos é preciso ler mais e mais e cada vez mais. Mas não em tom de sacrifício ou de aborrecimento. Trata-se de um caminho ainda mais fascinante do que eu imaginava com os meus parcos conhecimentos adquiridos na época escolar.
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Aqui, estamos perante uma peça curta e que é bem possível de ler de uma assentada, sem grande esforço ou dificuldade. Felizmente, esta minha edição tem uma introdução espectacular e inúmeras notas que são de grande auxílio para uma melhor compreensão do texto e dos contextos que podem não ser óbvios para pessoas como eu, que não tenham lido outras obras previamente.
"Dizem-no estrangeiro aqui residente, mas logo se mostrará tebano de nascimento, e não lhe será grata a ocorrência; cego, depois de ver a luz, mendigo, depois de ser rico, o seu bordão tacteante buscará terra estrangeira. Ao mesmo tempo se mostrará irmão e pai dos seus próprios filhos, filho e esposo da mulher que o gerou, herdeiro do tálamo e assassino de seu pai."
Começo por dizer que estamos perante um mito fundador da nossa civilização e que já foi tão discutida que, mesmo quem nunca leu o livro, certamente saberá qual o tema. Contudo, se não queres spoilers aconselho-te a não continuar a ler esta opinião e voltares depois de teres lido o livro devidamente. Posto isto, quero dizer que a ordem em que é narrada a história é um dos factores que a torna especial. O facto de se iniciar com Édipo já rei de Tebas, acossado por uma previsão de um oráculo, que decide buscar mais informações sobre o assassino do anterior rei e, em seguida, sobre o seu próprio passado é parte do sucesso da trama.
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Esta procura pelo que aconteceu antes da sua chegada a Tebas é o mote que nos faz avançar e perceber, de forma subtil, a tragédia que se avizinha e que Édipo teima em não ver. Os acontecimentos sucedem com um ritmo frenético e é esse mesmo ritmo que nos obriga a continuar a ler, não para saber o que já adivinhamos, mas para descobrir qual será a reação do protagonista e dos que o rodeiam a essa descoberta.
"A antiga prosperidade de outrora era então verdadeira prosperidade. Agora, neste dia, é gemido, ruína, morte, opróbrio: de quantos nomes a desgraça tiver, nenhum está ausente."
A linguagem usada é de fácil compreensão e, como já referi, as notas de rodapé são de grande ajuda para interpretar tudo o que não é tão óbvio ou que requeira conhecimentos prévios. Pela minha parte, mal vejo a hora de continuar a descobrir mais clássicos da literatura grego-romana e entender melhor muitos dos conceitos que hoje conhecemos no Ocidente.
Se ainda tens dúvidas e queres saber mais sobre o Rei Édipo, aconselho-te a veres o vídeo da Tatiana Feltrin
Por falar em futuras leituras, conta-me tudo nos comentários, quero saber se já leste o Rei Édipo e o que achaste dessa leitura, mas quero também que me deixes sugestões sobre que livros devo ler agora. Conto contigo e com as tuas dicas?
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