Eu sei que estamos no Verão e ninguém quer falar sobre assuntos sérios. Aliás, conheço pessoas que fogem destes temas durante todo o ano, o que se dirá quando se tenta na silly season. Só que, passadas as eleições para o Parlamento Europeu, teremos, em Outubro, novas eleições legislativas e a abstenção tem sido algo recorrente e em crescimento ao longo dos últimos anos.
No entanto, apesar de muito se falar publicamente na preocupação com este assunto, não vejo a classe política tomar nenhuma medida, nem tão pouco qualquer atitude para reverter esta situação. Muito conversa é jogada fora, mas parece que estamos perante um problema sem solução à vista. Mas será mesmo que não existe uma forma de reverter isto e voltar a captar a atenção das pessoas para a importância do acto de exercer o direito de voto?
Ao que me parece a população portuguesa está descrente da classe política e não acredita que a mudança seja alcançada através do voto. Como se os protagonistas que temos não fossem merecedores de confiança. Como se quem vence não fosse determinante para o rumo do país. E não podemos propriamente censurar quem assim pensa, porque as acções falam por si.
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Independentemente das motivações que levam a malta a preferir ir passear ou até ficar em casa em vez de ir votar, a verdade é que este é um problema que está para ficar e afecta o futuro da Democracia e da legitimidade de quem nos governa. Afinal de contas, se ninguém for votar, o que acontecerá? Quem irá governar o país?
Pela minha parte, não tenho a presunção de ter a solução para um dilema tão complexo, mas acredito que existem alguns gestos que poderiam ajudar a que o caminho certo para os políticos chegarem às pessoas. O primeiro passo prende-se com a educação tanto nas escolas como em casa. É importante começar a ensinar as crianças e os jovens das responsabilidades que todo o cidadão tem numa sociedade democrática e isso incluí exercer o direito de voto e não se limita ao pagamento de impostos.
Depois, temos a educação em casa que passa não só por falar de política quando as crianças estão presentes, mas mais importante do que isso, passa pelo exemplo. Mais do que palavras ou palpites, parece-me que a mensagem da importância do voto passa melhor quando crescemos a ver os nossos pais irem votar. Dificilmente se encontrará melhor forma de educar do que essa.
Claro que também seria de grande ajuda termos uma classe política de melhor qualidade, mas acredito que cidadãos mais exigentes e participativos irão ter como consequência o surgimento de políticos melhores e menos susceptíveis a cair na teia da corrupção. Até porque cidadãos participativos estão mais atentos a esquemas estranhos e favorecimento dos interesses pessoais ou familiares.
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