A sério que vamos começar o ano a falar sobre a vida adulta? Bem, pensando melhor, até que faz sentido numa época em que todos fazemos balanços e estabelecemos novos objectivos e desejos para o ano que agora começa. Existirá coisa mais adulta do que este hábito que, regra geral, acaba em frustração e desilusão?
Não me recordo de, quando criança, ter pensado no que desejava para o ano novo. Certamente, pensava na lista de presentes que gostaria de receber no Natal, mas nunca me ocorreria que a mudança de ano significava alguma coisa na roda dos acontecimentos da minha vida. Assim sendo, este deverá ser o primeiro sintoma de que, no fim das contas, já sou uma pessoa adulta.
Mas existe uma enorme diferença entre ser adulta e entender o que é suposto se fazer nesta fase das nossas vidas. Curiosamente, fui uma criança feliz mas com uma vontade enorme de crescer depressa, na ânsia de ser dona do meu nariz. Quanta inocência... Quem nos contou que os adultos são livres e que podem fazer tudo o que lhes aprouver?
As prisões só se alteram e tornam-se mais subtis, pois não nos chegam através da voz do pai e da mãe. Em vez disso, passamos a ser prisioneiros do patrão, dos amores, do dinheiro, do status social, só para dar alguns exemplos. Até as responsabilidades são capazes de nos colocar grilhões nos pés e nas mãos. Isto sem contar com a moral ou até com a opinião dos outros.
De facto, não acredito que seja possível passear pela vida adulta sem nos agarrarmos a estas âncoras, que nos colocam com a falsa ideia de que estamos em terra firme, com raízes fortes e estáveis. Uma ilusão com um preço demasiado elevado, na minha opinião, sobretudo porque sou apaixonada pela ideia da liberdade, esse conceito maravilhoso e tão utópico.
Os carcereiros da minha prisão na vida adulta são as responsabilidades e o vil dinheiro. Não consigo fugir deles, mesmo quando recuso a todos os outros. Claramente, ainda não percebi muito bem o que é suposto se fazer, mas continuo a procurar as respostas e as perguntas para que este seja um caminho de felicidade de dentro para fora.
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Para mim, a ilusão de liberdade é mesmo dos maiores enganos da vida adulta
ResponderEliminarSim, não poderia estar mais de acordo.
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