Sinopse
«Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo.»
Com estas palavras - tão célebres já como as palavras iniciais do Dom Quixote ou de À Procura do Tempo Perdido - começam estes Cem Anos de Solidão, obra-prima da literatura contemporânea, traduzida em todas as línguas do mundo, que consagrou definitivamente Gabriel García Márquez como um dos maiores escritores do nosso tempo.
A fabulosa aventura da família Buendía-Iguarán com os seus milagres, fantasias, obsessões, tragédias, incestos, adultério, rebeldias, descobertas e condenações são a representação ao mesmo tempo do mito e da história, da tragédia e do amor do mundo inteiro.
Opinião
No distante ano de 2016, decidi reunir alguns Clássicos da Literatura que me faltavam ler, com o inocente e ingénuo intuito de me motivar a ler mais desses livros incontornáveis e que todos deveríamos ler, pelo menos, uma vez na vida. Pois que a intenção foi muito boa, mas a concretização foi péssima.Entretanto, dois anos se passaram e a pessoa (eu) ganhou vergonha na cara e começou a dedicar-se à leitura de livros intemporais e que deveriam fazer parte de toda e qualquer biblioteca pessoal. E é assim que te apresento um segundo livro que consta daquela lista de que te falei e que, após ter terminado, me deixou com a real consciência do tanto que perdi por ter demorado tanto a agarrar nele.
Podes querer ler também a opinião sobre o primeiro clássico da lista acima, 1984, de George Orwell.
É que Gabriel García Márquez é um gigante e brilhante autor que deu projecção ao icónico realismo mágico e que lhe valeu um merecido Nobel da Literatura, em 1982. O primeiro aviso que faço é que existe uma constante repetição de nomes em sucessivas gerações da família Buendía, que provoca alguma confusão para os leitores mais inexperientes e cuja atenção não fique focada no enredo.
Apesar de um pouco confuso, faz parte do universo desta família peculiar e que reflecte o círculo de acontecimentos e personalidades, que surge como inevitável, e que reforça as repetições próprias do ciclo da vida e da mensagem que, embora o tempo passe e os pormenores mudem, o essencial permanece imutável.
Os saltos temporais são outra constante nesta obra, pois o narrador, contando os acontecimentos numa possível ordem cronológica, diverte-se a partilhar informação sobre o passado dos personagens e também de acontecimentos futuros. O que se traduz, não raras vezes, no facto de já sabermos o desfecho quando é chegada a hora de determinada situação.
E não é que aquilo, a que hoje chamamos de spoilers, não diminui em nada o interesse e a vontade de continuar a ler mais e mais, num ritmo que se torna frenético. Apesar do tempo passar com alguma lentidão e calma, não existem momentos mortos e tudo está interligado entre si o que torna a trama num novelo que se desenrola na frente dos nossos olhos.
Quando acompanhamos o surgimento de Macondo e os seus primeiros habitantes, percebemos como surgiu e o quanto se encontravam alheados do mundo. Depois, os acessos são facilitados e com isso chega o progresso e o que era uma pequena aldeia transforma-se numa próspera região. Toda a ascensão e queda, tanto de Macondo como da família Buendía, é temperada com o tal realismo mágico que se reflecte em detalhes fantásticos e imaginativos, que não são suportados pelo que conhecemos como verdadeiro ou possível, mas que são tratados com a mesma atenção que os acontecimentos mais banais.
Muitos foram os autores que foram beber a Gabriel García Márquez, como é o caso de uma autora que muito aprecio, Isabel Allende. De facto, este transformou-se num dos meus livros de eleição de todo o sempre e tenho a certeza que irei reler, pois quer-me parecer que é daqueles que, a cada leitura, novas perspectivas são reveladas.
Antes de terminar, quero te deixar como sugestão mais um vídeo da Tatiana Feltrin, Youtuber brasileira, onde ela faz uma excelente análise sobre esta fantástica obra da latina-americana e te mostra porque precisas de ler este livro, nem que seja uma vez na vida. Já leste algum livro de Gabriel García Márquez? Qual o teu livro favorito?
"Era como se Deus tivesse resolvido pôr à prova a capacidade de assombro e mantivesse os habitantes de Macondo num permanente vaivém entre o alvoroço e o desencanto, a dúvida e a revelação, até ao extremo de já ninguém poder saber com certeza onde se encontravam os limites da realidade."
"Ao dizê-lo, teve consciência de estar a dar a mesma réplica que recebeu do coronel Aureliano Buendía na sua cela de condenado, e mais uma vez estremeceu com a confirmação de que o tempo não passava, como ela acabava de admitir, mas que andava às voltas."
"Não havia nenhum mistério no coração de um Buendía que fosse impenetrável para ela, porque um século de naipes e de experiências tinham-lhe ensinado que a história da família era uma engrenagem de repetições irreparáveis, uma roda giratória que teria seguido às voltas até à eternidade, não fosse o desgaste progressivo e irremediável do eixo."
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É um dos que também está na minha lista de aquisições :)
ResponderEliminarTenho a certeza de que vais adorar! :)
EliminarNunca li nada deste autor, mas já está na lista de autores para eu me estrear :)
ResponderEliminarTens mesmo de ler! Este livro é fantástico! Se o agarrares coloca no topo da tua lista, ok? ;)
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