expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

Subscreve a Newsletter

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

#Places - La Cantina

 

Imagem de um prato de massa à bolonhesa, com molho suculento e bem apresentado, acompanhado de um copo de vinho branco ao fundo, criando uma atmosfera acolhedora e apetitosa no restaurante "La Cantina", no Montijo.

La Cantina é um novo restaurante localizado no coração do Montijo, que se destaca pela sua atmosfera descontraída e pelo compromisso em oferecer uma experiência gastronómica especial. Com uma decoração moderna, o estabelecimento convida os visitantes a desfrutar de pratos preparados com ingredientes frescos e de qualidade. Seja para um almoço descontraído ou um jantar especial, La Cantina procura criar um ambiente acolhedor onde os clientes se sintam em casa, valorizando sempre o sabor e a autenticidade da sua cozinha variada. 


Buy Me A Coffee

A minha chegada ao espaço foi bastante acolhedora, até porque já conhecia, por motivos profissionais, o dono do restaurante que se apressou a receber-nos com atenção e cuidado. A rápida atenção aos detalhes fez-me sentir bem-vinda e ansiosa para experimentar tudo o que me aguardava. O ambiente é acolhedor e convidativo, onde encontramos refletida uma atmosfera que combina elementos contemporâneos com outros que respeitam a história antiga do edifício onde se insere. A iluminação suave contribui para uma atmosfera relaxante, perfeita para desfrutar duma refeição em boa companhia. 


Podes ler também sobre a minha experiência no Marradas 


Este é um restaurante que fica bem perto do meu novo local de trabalho e, por isso, já o visitei diversas vezes desde a sua abertura. Portanto, desde então, já tive oportunidade de experimentar uma variedade de pratos que encantaram o meu paladar e deixaram sempre o desejo de voltar. Como prato principal, destaco as massas, como a de Cogumelos e Carbonara, que são acompanhadas de molho rico e queijo gratinado e que nos aconchegam até a alma. Também não posso ignorar as Pizzas, cada uma melhor do que a outra, com ingredientes de qualidade elevada, massa fina e estaladiça e que podem perfeitamente ser divididas por duas pessoas. Por fim, recomendo também que experimentes os Bitoques de Porco Preto e de Vaca, suculentos e com um sabor inconfundível, acompanhados por ovo e batatas fritas. 


Fotos da minha experiência no restaurante La Cantina, no Montijo: à esquerda, uma deliciosa massa com cogumelos, com molho cremoso e cogumelos frescos; à direita, uma saborosa massa à carbonara, com ovos, queijo, pancetta e pimenta, apresentada em um prato apetitoso

A qualidade e o sabor da comida no La Cantina são verdadeiramente excepcionais. Os ingredientes utilizados são frescos e cuidadosamente selecionados, o que reflete bem o seu compromisso com a excelência em cada prato. Os sabores harmoniosos e autênticos, conquistaram o meu paladar definitivamente, tornando cada refeição uma experiência memorável. Além disso, a apresentação dos pratos demonstra atenção aos detalhes, elevando ainda mais o padrão de qualidade deste espaço e destacando-se pelo equilíbrio de cores, aromas e texturas. Quanto às sobremesas, fiquei fã absoluta da Mousse de Maracujá, embora também tenha apreciado os Churros, acompanhados de Doce de Leite. Para acompanhar todas estas iguarias, tenho experimentado algumas das sangrias incríveis que fazem, como a de Morando ou a de Maracujá, que recomendo vivamente que experimentes. 


Podes ler ainda sobre a minha experiência no Maré Cheia 


Apesar das várias visitas, ainda quero voltar para experimentar o Choco Frito, os Tacos e os Hamburgueres num futuro próximo, que parecem ter muito bom aspecto quando os vejo passar para as mesas à minha volta, tal como o Petit Gateau de Caramelo, no que diz respeito às sobremesas. A rapidez no serviço costuma ser positiva, embora o intervalo entre o final da refeição e o pedido dos cafés deixe um tanto a desejar, sobretudo para quem tem de ir trabalhar a seguir. No entanto, tenho de reconhecer que tem existido uma melhoria neste ponto desde a inauguração até agora. Em suma, a minha experiência com toda a equipa do La Cantina foi sempre muito agradável e pautada por atenção e simpatia, bem como profissionalismo e cordialidade em todos os momentos. 


Fotos do prato de bitoque de vaca, com carne grelhada, ovo estrelado, batatas fritas e salada, ao lado de uma mousse de maracujá cremosa e decorada com polpa de maracujá.

A faixa de preços no La Cantina é bastante acessível, oferecendo opções variadas mas sempre económicas. Os pratos principais normalmente custam entre 6 a 15 euros, enquanto as entradas e sobremesas têm preços que variam entre 3 a 6 euros. Assim, a percepção de valor em relação à qualidade do restaurante é bastante positiva, e maior fica quando percebemos que é possível almoçar por apenas 10€, sem grande dificuldade. Encontramos aqui, no centro da cidade, uma excelente opção para quem procura uma refeição saborosa, de qualidade e muito acessível. Portanto, se procuras uma experiência gastronómica de qualidade e amiga da carteira, se aprecias a cozinha italiana e a portuguesa, vais aqui encontrar o lugar certo para ti, seja para um almoço descontraído, um jantar romântico ou uma reunião de amigos. Pela minha parte, é certo e sabido que voltarei nos próximos tempos, seja com amigos ou colegas de trabalho. 


Mas agora quero saber a tua opinião! Já conhecias o La Cantina? O que pensas do seu menu variado? Tens algum prato favorito? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 23 de setembro de 2025

#Livros - Eneida, de Vergílio

 

Fundo bege suave com uma pequena ilustração de um guerreiro romano em tons neutros, transmitindo um clima clássico e elegante que remete à antiguidade e à narrativa épica da obra.

Sinopse

A Eneida, poema épico que descreve os destinos de Eneias e dos troianos que com ele escaparam à queda de Troia, é considerada a obra-prima de Vergílio e um exemplo maior da literatura latina. 

Esta epopeia narra a longa viagem marítima que a frota de Eneias empreende em busca de uma nova pátria prometida pelos deuses e tantas vezes profetizada. É a história da demanda por um lugar no mundo e da luta pelo direito a habitar a terra das suas vicissitudes e glórias. Dela nasce Roma e um Império que moldará o mundo. 

Esta nova edição atualiza a tradução do latim realizada por uma equipa de docentes da Faculdade de Letras de Lisboa e devolve ao texto a sua estrutura de poema, com versos numerados para mais fácil leitura e estudo. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

A Eneida é uma obra-prima da literatura clássica, escrita pelo poeta romano Vergílio, no século I a.C. Considerada uma das maiores epopeias da antiguidade, a obra narra a jornada do herói Eneias, que procura estabelecer a cidade de Roma após a destruição de Troia. Vergílio, poeta de grande destaque na Roma antiga, é reconhecido pela sua maestria para combinar elementos mitológicos, históricos e filosóficos nas suas obras. A sua escrita reflete uma profunda admiração pela cultura grega, ao mesmo tempo em que procura consolidar a identidade romana, influenciando gerações posteriores e deixando um legado duradouro na literatura ocidental, que perdura até hoje. 


A obra foi composta entre 29 a.C. e 19 a.C., num período marcado pelo fim da República Romana e o início do Império Romano sob o comando de Augusto. O livro surge num momento de consolidação do poder imperial e de forte enaltecimento dos valores tradicionais romanos, como o dever, a virtude e a origem divina de Roma. Literariamente, a Eneida insere-se na tradição épica clássica, inspirando-se na Ilíada e na Odisseia de Homero, mas também reflete a necessidade de legitimar a ascensão de Roma, apresentando a fundação mítica de Roma e os seus heróis como uma continuação das grande epopeias gregas. Assim, o poema funciona tanto como uma narrativa de aventuras quanto como uma celebração do destino e do papel histórico de Roma. 


Podes ler também a minha opinião sobre a Ilíada 


A motivação e o propósito de Vergílio para escrever esta obra estão profundamente ligados à sua intenção de criar uma obra nacional que exaltasse a origem do povo romano, procurando estabelecer uma poesia que pudesse rivalizar com os grandes poemas épicos gregos, elevando a história lendária de Eneias como símbolo da missão e do destino de Roma. Claro que o livro está impregnado de influências da poesia homérica e da mitologia romana, evidenciando-se na estrutura narrativa e na construção dos personagens. É fácil encontrar elementos épicos, como é o caso da jornada do herói do protagonista, a presença de deuses a intervir nos acontecimentos humanos e o uso de invocações divinas para orientar a trama. Além disso, a mitologia permeia toda a obra, enriquecendo o texto com referências às lendas e figuras emblemáticas do imaginário romano, como os deuses, heróis e fundadores de Roma, que só são totalmente perceptíveis para leigos pelas valiosas notas que acompanham cada página desta tradução portuguesa. 


"Todos concordaram e permitiram de bom grado que

se orientasse para a morte de um só infeliz aquilo que 

cada um receava que a si coubesse."


Na Eneida, os personagens centrais desempenham papéis essenciais na condução da narrativa e na representação de temas como destino, dever e paixão. Eneias é o herói troiano, líder determinado, que enfrenta desafios e obstáculos na sua jornada. Dido, rainha de Cartago, representa o amor e o conflito emocional, e a sua paixão por Eneias é intensa, mas tragicamente interrompida pelo destino. Turno surge como o antagonista de Eneias, guerreiro que desafia o herói e procura impedir a sua chegada às terras prometidas e o cumprimento das profecias grandiosas. Juno actua na história influenciando eventos e tentando proteger os seus interesses, enquanto Júpiter, rei dos deuses, mantém o equilíbrio cósmico e assegura que o destino de Eneias seja cumprido, guiando a narrativa com a sua autoridade divina. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre a Odisseia 


O livro acompanha os eventos da jornada de Eneias após a queda de Troia. Tudo começa com este grupo de troianos a fugir de Troia enquanto procuram uma nova terra onde possam estabelecer-se. Durante a viagem, enfrentam conflitos com povos inimigos e obstáculos naturais, como tempestades e monstros marinhos. Um dos momentos decisivos é a visita de Eneias ao reino dos mortos, onde encontra figuras importantes do passado e busca orientação para o seu destino e do seu povo. Além disso, temos também o conflito interno de Eneias entre o seu dever de liderar o seu povo e as suas emoções pessoais, especialmente em relação a Dido, com quem ele mantém um relacionamento apaixonado que acaba interrompido pelo seu destino de fundar uma nova cidade. Deste modo, a narrativa evidencia como o destino é uma força inexorável que direciona as acções do herói, mesmo diante de obstáculos e sofrimentos pessoais. 


"Qual a causa que dera origem a tamanho incêndio, ignoram. 

Mas as dores acerbas causadas pela profanação de um grande amor

e aquilo de que é sabido ser capaz uma mulher enfurecida

conduzem os corações dos Teucros a tristes conjeturas." 


A linguagem é de uma riqueza poética que combina grandiosidade e elegância, refletindo a solenidade do estilo épico. O poeta utiliza uma linguagem elevada, carregada de figuras de estilo, como metáforas e hipérboles, que engrandecem os acontecimentos e os personagens, conferindo ao poema um tom monumental. Vergílio utiliza uma estrutura linear, marcada por viagens, batalhas e encontros com figuras míticas, entrelaçados com momentos de reflexão e orações que elevam o texto ao nível poético. A poesia permeia toda a obra, conferindo-lhe ritmo, musicalidade e profundidade emocional, ainda que muito se perca inevitavelmente na tradução. Algo que chama a atenção é a riqueza de detalhes na descrição dos ambientes e dos personagens, criando uma narrativa envolvente e imersiva. 


Depois de ter adquirido o livro este ano, na Feira do Livro de Lisboa, continuei na senda de explorar as grandes obras épicas que permitem compreender a mitologia e as influências do que se lhe seguiu de forma mais clara e reveladora. É assim que me vi envolvida nos mitos romanos e tradições que servem para reforçar o culto por Roma e pelo seu Império poderoso. Não é uma leitura fácil nem intuitiva, mas também não é tão difícil que seja impossível acompanhá-la, sobretudo se escolheres uma boa edição com notas que te permitem entender as referências. Só te posso assegurar que vale bem a pena a leitura e vais sair dela muito mais rica e conhecedora das influências que povoam os livros que lês hoje. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste a Eneida? Gostas destes épicos da literatura clássica? Qual o teu favorito? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Projecto Cinema - 1992 | O Silêncio dos Inocentes

 

Fita de filme clássica sobre um fundo branco, simbolizando a história do cinema e os vencedores do Oscar ao longo dos anos.

Estamos de volta à exploração da História e da evolução do Cinema através dos filmes vencedores do Óscar ao longo dos anos. Relembro que este projecto tem como objectivo oferecer uma visão aprofundada sobre as obras que marcaram épocas e influenciaram o cenário cinematográfico mundial. Hoje, vamos destacar o vencedor de 1992 na categoria de Melhor Filme: O Silêncio dos Inocentes, uma obra-prima que conquistou o público e a crítica e que permanece como um marco na História do Cinema. 


Buy Me A Coffee

A 64.ª edição da cerimónia destacou-se por reconhecer um filme que se tornou num ícone da cultura pop e uma marco incontornável na História do Cinema. Esta premiação foi particularmente significativa por marcar a primeira vez que um filme de suspense psicológico conquistou o prémio de Melhor Filme, refletindo uma mudança na preferência da Academia por obras que exploram temas complexos e profundos. A vitória de O Silêncio dos Inocentes também reforçou a importância de roteiros inteligentes e actuações marcantes, consolidando-se como uma obra de grande impacto cultural e crítico. Este Óscar destacou a capacidade do Cinema de abordar temas sombrios com inteligência e sensibilidade, influenciando gerações futuras de cineastas e espectadores. 


Acompanha todo o desenrolar do Projecto Cinema - Óscar de Melhor Filme 


O Silêncio dos Inocentes, realizado por Jonathan Demme e lançado em 1991, é um thriller psicológico, baseado no romance de Thomas Harris, que acompanha a jovem agente do FBI, Clarice Starling, enquanto procura a ajuda do brilhante, porém perigoso, canibal Doutor Hannibal Lecter, para capturar um serial killer conhecido como Buffalo Bill. O impacto do filme foi profundo e duradouro na época do seu lançamento e perdura até aos dias de hoje. A obra revolucionou o género de suspense ao combinar uma narrativa psicológica intensa com actuações memoráveis de Anthony Hopkins e Jodie Foster. A sua abordagem inovadora ao explorar os limites da mente humana e o uso de elementos de horror psicológico cativaram o público e elevaram o padrão dos thrillers na indústria cinematográfica. 


Poster do filme "O Silêncio dos Inocentes" mostrando o rosto de Jodie Foster com uma borboleta cobrindo sua boca, simbolizando o silêncio e o mistério do filme.

No filme somos apresentados a dois personagens centrais cujas complexidades e dinâmicas intensificam a narrativa. Clarice procura provar o seu valor enquanto enfrenta os seus próprios traumas pessoais e o desafio de ajudar a capturar um serial killer perigoso. Do outro lado, Hannibal Lecter, um brilhante psiquiatra preso pelos seus crimes enquanto canibal, é uma presença enigmática e perturbadora, cuja inteligência afiada e manipulação habilidosa desempenham um papel crucial na investigação. A relação tensa e ambígua entre Clarice e Hannibal é fundamental para o desenvolvimento da trama, explorando a inteligência, a manipulação e as lutas internas de cada personagem. 


Também os aspectos técnicos e estilísticos desempenha um papel fundamental na criação da atmosfera intensa e perturbadora que permeia todo o filme. A direcção destaca-se pelo uso de enquadramentos próximos e planos detalhados, que intensificam a conexão emocional com os personagens. A banda sonora, composta por Howard Shore, reforça o clima de suspense e tensão constante, enquanto que a edição ágil e precisa contribui para manter o ritmo frenética e a iluminação contrastante e o uso de cores sombrias ampliam a sensação de inquietação. Na cerimónia de 1992, conquistou um total de cinco estatuetas, consolidando-se como um dos grandes clássicos do Cinema. Assim, levou para casa, além do prémio para Melhor Filme, o Óscar de Melhor Argumento Adaptado, Melhor Realizador, Melhor Actor e Melhor Actriz. 



A verdade é que O Silêncio dos Inocentes é uma obra-prima que combina uma narrativa intensa com actuações marcantes, e que se tornou num marco na História do Cinema, muito graças à sua atmosfera tensa e ao retrato psicológico profundo, com destaque para a psicopatia, algo pouco abordado na época, quando o True Crime não era ainda um género generalizado e popular. Talvez por tudo isto, permanece actual e relevante, passados tantos anos desde a sua estreia. Se ainda não viste este filme, não sei onde andaste escondida, recomendo fortemente que o adiciones à tua lista de filmes a assistir com urgência e fiques por dentro deste pedaço da cultura cinematográfica que tem inspirado tantos outros e que se infiltrou na cultura pop desde então, com inúmeras referências noutras obras. 


Portanto, este é o momento para veres, ou reveres, esta obra de arte e deliciar-te com algo que roça a perfeição e te vai proporcionar momentos de entretenimento dos bons. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já viste O Silêncio dos Inocentes? O que achaste deste enredo sombrio? Qual o momento que mais te marcou? Tens alguma cena favorita? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

#Livros - Gente Ansiosa, de Fredrik Backman

 

Imagem da capa do livro "Gente Ansiosa" de Fredrick Backman, publicado pela Porto Editora. O fundo é laranja vibrante, com uma ilustração de um casal de costas, lado a lado, sem se tocar, transmitindo uma sensação de distância e introspecção.

Sinopse

Visitar um apartamento que está à venda não costuma redundar numa situação de perigo. A menos que seja antevéspera de Ano Novo, e um ladrão inexperiente tenha decidido assaltar um banco onde não há dinheiro. Quando assim é, torna-se inevitável que não haja sequer um plano de fuga, e se acabe com uma data de reféns acidentais. 

Felizmente, podemos confiar na pronta intervenção das autoridades. A menos que os dois polícias responsáveis pelo caso não se entendam nem saibam o que fazer. 

Ainda assim, acreditamos que tudo correrá bem, em particular se os reféns permanecerem calmos. A menos que sejam os reféns mais idiotas de todos os tempos: uma analista bancária com ideias suicidas, uma adorável velhinha com motivações pouco transparentes, um casal reformado com uma paixão enorme pelo IKEA, duas recém-casadas, prestes a serem mães, que andam sempre às turras, uma agente imobiliária com entusiasmo a mais e talento a menos, e uma pessoa vestida de coelho. 

Com um sentido de humor excecional, que cativou milhões de leitores em todo o mundo, e personagens tão imperfeitas quanto tocantes, Fredrik Backman volta a surpreender com esta história sobre gente idiota e ansiosa e os laços invisíveis que (n)os unem. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Gente Ansiosa é o livro de Fredrick Backman de 2025, dado que entrou naquela lista de autores que procuro ler uma obra por ano, por serem extraordinários e para degustar melhor o que escreveram e não ficar logo órfã dos seus livros. Backman é o mais famoso escritor sueco contemporâneo, conhecido por explorar as emoções humanas, relacionamentos e a complexidade da vida quotidiana. Nos últimos anos, conquistou reconhecimento internacional com os seus livros que combinam humor, sensibilidade e uma profunda compreensão da condição humana, tudo temas que transcendem o tempo e as fronteiras geográficas, e que, por isso, tocam pessoas de todo o mundo. 


Neste livro, o autor explora os dilemas da vida moderna e os desafios enfrentados por indivíduos que lidam com ansiedade e inseguranças de diferentes origens. Através de histórias entrelaçadas e personagens profundamente humanos, nem sempre bons, nem sempre maus, Backman retrata diferentes trajetórias, histórias de vida até opostas, mas que têm em comum o desejo de ultrapassar os problemas e ser felizes. Em mais uma história sensível e cheia de suspense, convida-nos a refletir sobre a importância da empatia e do autoconhecimento na jornada de todos e cada um de nós. Os personagens principais são uma variedade de pessoas que representam diferentes aspectos da ansiedade e da solidão na sociedade moderna, obrigados a ficar juntos por muitas horas quando são feitos reféns por um ladrão pouco capaz, uma vez que tentou roubar um banco, daqueles modernos, que não têm dinheiro nas suas instalações. 


Podes ler também a minha opinião sobre A minha avó pede desculpa 


O livro aborda de maneira sensível e perspicaz o tema da ansiedade e da saúde mental, destacando como esses aspectos influenciam profundamente a vida das pessoas. Fica claro como é importante compreender, acolher e dialogar sobre estes temas, promovendo uma mensagem de empatia e aceitação. Numa narrativa que desmistifica preconceitos e incentiva uma atitude mais compassiva tanto consigo mesmo quanto com os outros, reforça que procurar ajuda e compreender os próprios limites são passos essenciais para uma vida mais equilibrada e onde a amizade pode fazer a diferença. Afinal, é nas relações interpessoais que podemos encontrar conforto e compreensão, mostrando que um gesto atencioso ou apenas ouvir com interesse pode transformar vidas e mudar destinos, que poderiam ser trágicos. É o que acontece quando o grupo de reféns se une para ajudar o ladrão de bancos falhado e entendemos que, no fundo, todos precisavam de ajuda e foi nesse contexto que a encontraram. 


"Mas também teve vontade de lhe dizer que o sistema económico ao qual dedicou a vida é o maior problema do mundo neste momento, porque o construímos demasiado forte. Esquecemo-nos de como somos ambiciosos, mas, acima de tudo, esquecemo-nos de como somos fracos. E agora está a esmagar-nos." 


Ao longo da leitura, mergulhamos nas nuances da vida quotidiana, onde as pequenas acções e as preocupações diárias revelam as complexidades do ser humano. Ficamos a entender que a ansiedade é uma experiência universal que pode afectar qualquer pessoa, independentemente da idade ou condição social, e como ela perturba as nossas relações, escolhas e percepções do mundo. Com as suas personagens cativantes e tão diferentes entre si, Backman evidencia que, por trás das aparências de normalidade, cada indivíduo enfrenta batalhas internas silenciosas. A cada novo capítulo conseguimos sentir as emoções e os conflitos dos personagens, chegando a ter o desejo de estender a mão e ajudar aquelas pessoas a sair dos lugares escuros onde estão, por trás das suas máscaras sociais e das mentiras que contam aos estranhos que com eles se cruzam. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Um Homem Chamado Ove 


No coração da narrativa temos um efeito de espelho e de abraço, com os seus personagens, com as suas ansiedades e pequenas neuroses, que parecem tão familiares quanto aqueles amigos que todos temos. O autor recorda-nos que a vida é feita de momentos imperfeitos, de dúvidas que parecem gigantes, e de encontros que, apesar de tudo, carregam uma esperança subtil e que podem até mudar tudo. Apesar dos temas serem sérios e até pesados, o autor consegue arrancar-nos sorrisos e gargalhadas, com o seu bom humor e o seu estilo próximo. Sem dramatizar o que já é dramático por si só, parece conseguir gerar mais empatia por aquelas pessoas cheias de problemas e que escondem segredos do passado ou o medo do futuro. A escrita de Backman está repleta de empatia e humanidade, o que cria uma atmosfera acolhedora e ao mesmo tempo impactante. Mesmo que demore a chegar a empatia por todos os personagens, ela chega e depois é impossível não se emocionar com a forma como tudo foi conduzido, como se uniram e decidiram resolver os problemas de cada um juntos e, desse modo, resolvem todos os problemas. 


"Depois, pensou numa escritora norte-americana que escrevera que a solidão é como a fome: só nos apercebemos do quão esfomeados estávamos quando começamos a comer." 


Este livro é absolutamente relevante, pela forma como aborda o medo do fracasso, a procura por aceitação ou o impacto do isolamento social. Se no final da leitura, estiveres mais consciente para quem te rodeia e para ti mesmo, talvez estejas um passo mais perto de viver numa sociedade mais inclusiva, acolhedora e empática. Com revelações surpreendentes ao longo da história, além de entreter, entrega assuntos interessantes, ensinamentos úteis nas entrelinhas e deixa uma impressão duradoura, que fica mesmo depois de termos terminado a leitura. Pessoalmente, ainda que não tenha destronado o meu livro favorito do autor, gostei muito de ler Gente Ansiosa e recomendo vivamente que descubras esta obra com tantas camadas que, tenho a certeza, irá tocar-te de diferentes formas e por muitos motivos. 


Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste Gente Ansiosa? O que achaste desta narrativa surpreendente? Acompanhas o trabalho de Fredrik Backman? Qual o teu livro favorito do autor? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

#Viagens - Paço Ducal de Vila Viçosa

 

Mulher de costas usando chapéu, ao lado de um carro na estrada

A visita ao Paço Ducal de Vila Viçosa foi o mote que despoletou toda esta viagem que decidi fazer este Verão e que me permitiu explorar um dos mais emblemáticos exemplares do património histórico e arquitectónico português, símbolo do poder e da riqueza da Casa Ducal de Bragança. Este é um monumento que remonta ao século XVI, tendo sido construído como residência dos duques de Bragança, uma das mais influentes famílias nobres de Portugal. Situado em Vila Viçosa, no Alentejo, o edifício destaca-se pela combinação de diferentes estilos, reflexo das várias épocas de construção e ampliação ao longo dos séculos. Ao longo da História, o Paço desempenhou um papel central na vida política, social e cultural da nobreza portuguesa, especialmente a partir do período em que os duques de Bragança passaram a ocupar o trono nacional, após o domínio filipino.


Buy Me A Coffee

A construção do edifício começou em 1501 por decisão do quarto duque de Bragança, D. Jaime, com o propósito de ser a residência da família, numa época em que a paz permitia a saída das fortificações dos castelos. Os duques seguintes foram imprimindo a sua marca nesta casa que, após a subida ao trono, tornou-se numa das residências reais espalhadas pelo reino. Além da sua imponência estética, o edifício guarda valiosos vestígios de épocas passadas, tornando-se num importante símbolo do património histórico nacional. Não só desempenhou o papel administrativo e residencial da família, o palácio também foi palco de eventos históricos importantes, como as célebres Trocas das Princesas, que ocorreram em diferentes reinados. 


Podes ver também o Roteiro de Viagem entre Vila Viçosa e Elvas 


A fachada do Paço Ducal apresenta-se imponente e elegante, com 110 metros de comprimento, tornando-a única na arquitectura civil portuguesa e onde se revela inspiração clássica. Destaca-se pelo uso da pedra mármore da região, com janelas amplas e ornamentos discretos que realçam a sua grandiosidade. A porta de entrada convida-nos a adentrar num espaço repleto de História, onde os poderosos de então pisaram. Toda a praça é imponente, constituindo um quadrado onde todos os edifícios estão relacionados com a casa ducal, um espaço amplo que nos causa impacto logo na primeira imagem, e que tem ao centro a estátua do duque que se tornou rei, D. João IV. Esta foi a primeira paragem da minha viagem e é o lugar mais memorável logo à primeira vista. 


Montagem de fotos mostrando a fachada do Paço Ducal de Vila Viçosa, com sua arquitetura elegante e detalhes históricos, e uma imagem da estátua de D. João IV situada no centro da praça, destacando-se como símbolo da cidade.

Logo que entramos no edifício, na recepção onde compramos os bilhetes para a visita, somos imediatamente envolvidos por uma atmosfera de grandiosidade. Nesse espaço, enquanto aguardamos pelo início da visita guiada, podemos observar uma série de painéis com informações sobre a família, a fundação e o espaço que estamos prestes a conhecer. Também ficamos a saber que não são permitidas fotos ou filmagens no interior do palácio, o que é o motivo para ter tão poucas fotos relevantes para partilhar aqui. A visita guiada, que tem um custo de 8€, começa com a subida das escadas que serviam de acesso aos visitantes ilustres do palácio e que nos conduzem ao Andar Nobre, onde vamos encontrar todas as salas mais famosas e com as colecções mais icónicas deste espólio. As salas de aparato, onde eram recebidos embaixadores e gente importante da nobreza, impressionam pela sua decoração refinada, mobiliário antigo, esculturas, pinturas e tapeçarias, onde fica evidente o luxo desta residência. 


Podes ler ainda sobre o Café Restauração 


Nos aposentos reais é possível apreciar os quartos ricamente decorados pelos reis D. Carlos e D. Amélia, que muito apreciavam passar a época de caça neste palácio, que inclusivamente foi onde dormiram antes do regicídio, em 1908. Os objectos da época, os livros, as pinturas do artista D. Carlos, verdadeiramente impressionantes, permitem uma visão privilegiada do quotidiano e do modo de vida dos últimos reis da dinastia de Bragança. Cada espaço revela um pouco do passado aristocrático do local, convidando-nos a imaginar as ocasiões de gala e os momentos familiares que ali aconteceram. Os vastos salões e salas privadas são guarnecidos de fogões de sala, que permitiam aquecer os espaços no Inverno, e também grandes aquários de porcelana são distribuídos pelos aposentos, que serviam para, cheios de água, arrefecerem o ambiente no Verão quente alentejano. A iluminação é natural, pois o Paço não é provido de luz elétrica até hoje, o que confere uma recriação ainda mais fidedigna do que seria estar e viver neste lugar. 


Montagem de fotos do Claustro e dos Jardins do Paço Ducal de Vila Viçosa, mostrando o pátio com arcadas e colunas no Claustro, e áreas verdes bem cuidadas com árvores, caminhos e flores nos Jardins do palácio.

A decoração de todo o Paço revela um esplendor histórico e artístico que, graças às informações da nossa guia, conseguimos perceber as diferentes origens, autores, épocas e até aspectos curiosos dos diferentes elementos que compõem cada sala. Encontramos paredes adornadas com azulejos tradicionais, frescos mitológicos, que muitas vezes baptizam o espaço onde se encontram, detalhes em talha dourada, paredes forradas a seda, só para dar alguns exemplos. A Capela do Paço também impressiona pelos seus detalhes arquitectónicos, encontrando-se na encruzilhada entre o alimento para a alma e o alimento para o corpo, com a cozinha, que permanece no mesmo lugar desde o início e alberga uma colecção impressionante de panelas de cobre. Por fim, saímos para o Claustro, onde não existe entrada, e terminamos a visita nos Jardins, numa miniatura de Versalhes. 


Terminada a visita guiada ao Paço Ducal, escolhi ver a Sala do Tesouro, um espaço que alberga objectos valiosos e importantes, relacionados com a casa de Bragança, e que são pertença, na sua maioria, de um colecionador particular. É uma sala relativamente pequena, rodeada de expositores, seguros e modernos, onde todas as peças estão visíveis e com legendas que permitem compreender o que vemos, a sua origem e em que época foram feitos. Temos joias, moedas, medalhas, artefactos religiosos, pratas, todos com grande significado simbólico e histórico. As peças mais marcantes, na minha opinião, são a Cruz de Vila Viçosa, a Cruz de D. Catarina de Bragança e a Caravela-Cofre. Visitar esta colecção custa 2,50€ e, embora necessite do acompanhamento de um guia, não existe lugar a visita guiada. 


Embora tenha ficado com pena de não ter visitado a Colecção de Carruagens, que ficará para uma nova visita, esta foi uma experiência verdadeiramente enriquecedora e marcante, que cumpriu plenamente as minhas altas expectativas, e que reforça a minha convicção acerca da importância de valorizar e proteger o nosso património cultural para as futuras gerações. Portanto, se procuras uma experiência única, esta é uma visita imperdível. Para planeares a tua vista adequadamente, consulta todos os pormenores no site da Fundação Casa de Bragança. Mas agora, quero saber o que tens a dizer! Já conhecias o Paço Ducal de Vila Viçosa? Conheces esta região alentejana? Já fizeste alguma das visitas que têm disponíveis? O que mais desperta a tua curiosidade? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

#Livros - Pais e Filhos, de Ivan Turguéniev

 

Ilustração de capa do livro "Pais e Filhos" de Ivan Turguéniev, publicada pela Relógio d'Água: retrato de um jovem com expressão pensativa, com a mão no bolso, vestindo roupas do século XIX, em estilo artístico clássico.

Sinopse

O jovem Bazárov tem tantas qualidades quanto transborda de impaciência e causticidade. Niilista, como de si próprio diz, antissocial e avesso a todos os tipos de autoridade, é mentor de Arkádi Kirsánov, que, terminados os estudos na universidade, regressa a casa na companhia de Bazárov. Rapidamente, esta figura, um corpo estranho agora infiltrado na família, transforma-se no combustível para grandes convulsões na propriedade e na vida dos Kirsánov, reflectindo, vivida e exemplarmente, as grandes mudanças que acontecem na Rússia do século XIX. 

Hoje considerado um dos grandes romances dos últimos duzentos anos, Pais e Filhos foi publicado em 1862 e causou grande celeuma, tanto entre as gerações mais novas como junto dos mais velhos - reaccionários, românticos ou radicais -, enquanto, pela Europa fora, Turguéniev recebia o elogio de autores como Flaubert, Maupassant e Henry James. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Pais e Filhos é uma obra emblemática do escritor russo Ivan Turguéniev, publicada originalmente em 1862. O livro retrata as complexas relações entre gerações, explorando os conflitos de valores e ideais que surgem na sociedade russa do século XIX. O autor, considerado um dos principais nomes do realismo russo, destacou-se pela sua habilidade para retratar a alma humana e as transformações sociais do seu tempo. A sua escrita combina sensibilidade, profundidade psicológica e uma crítica social aguda, o que faz das suas obras exemplos duradouros da literatura russa clássica. Publicado num período de profundas transformações sociais e políticas na Rússia, que enfrentava o impacto da emancipação dos servos, a crise do sistema feudal e o início de processos de modernização económica e intelectual. 


A história gira em torno do jovem Arkádi, que retorna à sua cidade natal e se depara com as tensões entre os ideais tradicionais dos seus familiares e as novas ideias dos jovens, especialmente as representadas pelo seu amigo, Bazárov, um niilista radical. Ao longo da narrativa são explorados temas como o amor, as diferenças geracionais, a luta entre o conservadorismo e o progresso, além das dificuldades de compreensão mútua entre as gerações. Além dos jovens já referidos, que são os grandes protagonistas, temos também o pai de Arkádi, Nikolai, um homem tradicional mas que se acha permeável às novas ideias, e o tio, Pavel, um janota conservador e aristocrata, que toma como modelo os ingleses. A relação entre os jovens e os mais velhos é marcada por tensões e diferenças de visão de mundo, refletindo o embate entre o idealismo juvenil e o conservadorismo paterno. 


Podes ler também a minha opinião sobre Humilhados e Ofendidos 


A narrativa revela a polaridade entre os mais velhos, que defendem os costumes e as convenções estabelecidas, e os jovens, que abraçam ideias mais liberais, ceticismo em relação às tradições e uma busca por mudanças sociais. Assim, Turguéniev explora duma forma realista e sensível as tensões geracionais, destacando as dificuldades de conciliar o passado e o presente, além de refletir sobre os desafios duma sociedade em transformação. Sem esquecer a importância do espírito crítico e da liberdade de pensamento na construção duma sociedade mais progressista, onde se coloca o jovem como uma peça-chave na evolução cultural e social da sua época. Mas a verdade é que muitos desses jovens enfrentavam uma crise de identidade, diante das mudanças rápidas e turbulentas da sociedade russa. O próprio Arkádi vive um conflito interno, dividido entre as suas raízes familiares e os novos ideais que deseja adoptar, o que impacta na formação da sua identidade pessoal e até coletiva. 


"Assim, se passaram dez anos, insipidamente, esterilmente, e com medonha rapidez. Em nenhum outro lugar o tempo voa como na Rússia; dizem que na prisão ele corre ainda mais depressa." 


A personalidade forte de Bazárov e o seu desprezo pelas normas estabelecidas colocam-no em contraste com o amigo Arkádi, mais sentimental e idealista, que mantém uma postura mais tradicional e emocional diante do mundo, ainda que não tenha consciência disso no início do livro. No fundo, as ideias e os conflitos entre elas são explorados sobretudo nas relações entre os diferentes personagens, e não só nas relações entre pais e filhos. Na relação com as mulheres, que aparecem de formas bem distintas ao longo do livro, entre amigos e até conhecidos de circunstância. Deste modo, o autor utiliza os seus personagens como símbolos das ideias conflitantes, enquanto cria uma narrativa que explora as tensões entre passado e futuro, conservador e progressista, individual e social. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Doutor Jivago 


A escrita de Ivan Turguéniev caracteriza-se pela sua elegância subtil, linguagem refinada e uma atenção minuciosa aos detalhes psicológicos dos seus personagens. Com uma prosa fluída, marcada pela forte sensibilidade e uma capacidade ímpar de captar as emoções humanas. Também revela uma preocupação com a moralidade, o amor e as questões existenciais, tornando-se uma leitura envolvente e carregada de significado. A linguagem utilizada vem desempenhar um papel fundamental na transmissão das ideias centrais da obra, o que reflete de forme precisa e sensível as tensões do período que se vivia. A escolha dum estilo claro e directo permite que as emoções e os conflitos dos personagens sejam comunicados de forma eficaz, o que facilita a compreensão das críticas a ambas as gerações. Como tal, a linguagem em Pais e Filhos funciona como uma ponte entre o leitor e as complexidades dos tema, que permanecem relevantes até hoje. 


"Em todo o caso eu digo que um homem que jogou toda a sua vida na carta do amor de uma mulher e, quando essa carta foi vencida, desanimou e desceu até ao ponto de não ser capaz de nada, esse homem não é um homem, é apenas do sexo masculino." 


Ao concluir esta leitura de mais um autor russo famoso, confesso que esperava mais. A culpa será, certamente, das expectativas altas que tinha e da minha experiência anterior com outros autores, sempre extraordinária e muito diferente de tudo o que tinha lido. Talvez agora esteja mais habituada ao estilo russo e o impacto tenha sido menor. Ou simplesmente, este não seja o livro certo do autor para me agarrar e despertar a vontade de ler a sua obra completa. No entanto, isso não significa que o livro não seja muito bom, com personagens complexos e questões sociais interessantes, capaz de provocar reflexões nos leitores sobre a natureza humana. Portanto, se procuras uma leitura instigante sobre as relações familiares, amorosas e intelectuais, esta é uma excelente escolha. Os interessados na literatura russa já devem ter este autor debaixo de olho, e os que apreciam emoções, dilemas éticos e uma visão crítica do mundo deviam ter também. 


Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já conheces Turguéniev? Leste Pais e Filhos? O que achaste desta história e destes protagonistas? Qual o teu favorito? Aconselhas outros livros deste autor? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

#Séries - Love is in the air

 

Eda e Serkan de pé lado a lado, sorrindo com confiança e carinho, em um cenário luminoso que reflete o clima romântico e alegre da série "Love is in the Air".

Sinopse

Na novela turca Love is in the air, acompanhamos a história de Eda Yildis, uma dedicada e brilhante estudante de paisagismo que mantém a sua faculdade através de uma bolsa de estudos. Ainda jovem, perdeu os seus pais e procurou focar nos seus estudos, buscando trilhar uma estável carreira de arquitecta paisagista. No entanto, ao esbarrar com Serkan Bolat, um famoso e arrogante empresário da área da arquitectura, Eda tem a sua vida virada de cabeça para baixo ao aceitar um acordo, onde os dois precisam fingir ser um casal apaixonado, tendo que conviver com uma pessoa tão diferente de si. Nutrindo um ódio mútuo, os dois são capazes de qualquer coisa para conquistarem os seus objectivos, mas o novo casal logo descobre que toda a mentira pode ter um fundo de verdade. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Love is in the air é uma famosa série turca que conquistou a audiência tanto na Turquia quanto internacionalmente e Portugal não foi excepção. Originalmente lançada em 2020, a produção destaca-se pela sua narrativa envolvente e personagens carismáticos, o que levou à conquista de fãs ao redor do mundo. Com uma mistura de humor, romance e drama, a série tornou-se um fenómeno de popularidade, o que se comprova pelos vídeos que podem ser vistos em todas as redes sociais, e que consolidou a produção turca como uma das mais assistidas na actualidade. Inserido no género de comédia romântica, caracteriza-se pela sua abordagem leve, humorística e voltada para histórias de amor e relacionamentos. O estilo da produção combina elementos tradicionais do drama romântico com toques de humor e situações quotidianas, criando uma narrativa envolvente e acessível ao público. 


A série narra a história duma jovem estudante, cheia de sonhos, que perde a sua bolsa de estudos por cancelamento do seu mecenas. Assim, Eda decide confrontar esse homem quando ele visita a sua universidade e expor que afinal não é quem diz ser. Entre mal-entendidos, momentos de humor e emoções profundas, a trama explora temas como amor, confiança e os desafios de seguir o coração. Esta nossa protagonista é uma jovem dedicada e sonhadora, que trabalha como florista no negócio da tia enquanto termina o seu curso de arquitecta paisagista. O seu encontro com Serkan Bolat, um arquitecto bem sucedido e reservado, dá início a uma relação cheia de conflitos e química intensa, que transparece a cada cena, mesmo que não se toquem, e que é reveladora da relação pessoal que construíram na vida real. 


Podes ler também sobre Amar Depois de Amar 


O enredo acompanha o desenvolvimento desta conexão inesperada, que começa com um confronto, torna-se num noivado de mentira, onde os sentimentos a fingir se tornam mais reais do que ambos admitem ou gostariam. No meio dos segredos e dos momentos emocionantes, lutam para equilibrar as suas emoções com as expectativas das suas famílias, amigos e das suas carreiras. O roteiro combina diálogos cativantes e situações divertidas, o que ajuda a criar uma narrativa envolvente que prende a atenção do público e nos faz torcer por este casal do início ao fim. A sintonia entre os actores, sobretudo o casal de protagonistas, reflete bem a evolução natural do relacionamento deles ao longo da série e contribui para o sucesso da história. Claro que é inevitável perceber alguns clichés e momentos previsíveis que, apesar de tudo, mantém o espectador interessado e expectante sobre o que virá a seguir para o seu casal favorito. 


Eda e Serkan, de mãos dadas, olham um para o outro com ternura enquanto o rio ao fundo reflete a luz do pôr do sol. O momento captura a antecipação e o amor que crescem entre eles, prestes a compartilhar um beijo inesquecível.

Também os personagens secundários desempenham aqui papéis essenciais que enriquecem a narrativa e aprofundam as dinâmicas do enredo, muito embora existam arcos que gostaria que tivessem sido melhor explorados ou até explicados. Personagens como Melô, a melhor amiga de Eda, ou os colegas de trabalho de Serkan na empresa, contribuem com as suas próprias histórias e personalidades distintas, proporcionando um ambiente mais realista e multifacetado. Entre momentos de tensão e risos, a narrativa desenrola-se com um ritmo ágil, e à medida que os obstáculos surgem, a química entre os protagonistas intensifica-se, revelando que, apesar das diferenças, o amor verdadeiro pode florescer nos lugares e nos momentos mais inesperados. 


Podes ver ainda o meu Top 10 de Novelas da Globo 


Inicialmente, chamou-me a atenção os inúmeros vídeos que me apareciam no feed do Facebook, e que despertaram a minha curiosidade para perceber o que teria levado às cenas que assistia. A química do casal, os desafios que enfrentam e o humor sempre presente, foram os factores determinantes para ter decidido começar a ver desde o início e compreender toda a história. Além disso, o ambiente vibrante e a banda sonora cativante também contribuíram para criar esta atmosfera leve e apaixonante que nos prende até ao último capítulo. E não podemos esquecer que a beleza dos actores é de tirar o fôlego e tenho a certeza que será um motivo forte para conquistar novos espectadores. Portanto, esta pode ser a série certa para ver nas férias, para quem gosta muito de comédias românticas leves e divertidas, com um toque de drama e personagens carismáticas. Os românticos de serviço, que adoram histórias de amor, com muita paixão e superação, vão encontrar aqui uma escolha acertada.



 A série turca está disponível na Prime Vídeo e também sei que passou nos canais do cabo, na versão dublada em português do Brasil e no original com legendas. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Acompanhaste esta história? Qual o teu personagem favorito? Também te apaixonaste por este casal tempestuoso? Que temporada preferes? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 2 de setembro de 2025

#Livros - 12 Regras para a Vida, de Jordan B. Peterson

 

Imagem da capa do livro "12 Regras para a Vida" de Jordan B. Peterson, publicado pela Lua de Papel. A capa apresenta um fundo branco limpo, com o título destacado em letras douradas, transmitindo uma sensação de elegância e importância.

Sinopse

Muito antes de existirem dinossauros, já as lagostas povoavam a Terra. Há 350 milhões de anos que obedecem a uma rígida estrutura hierárquica. As mais fortes têm direito ao melhor território, à melhor comida, às melhores fêmeas. As mais fracas vergam-se à autoridade - a ponto de caírem em depressão. A organização social das lagostas é o ponto de partida da primeira regra deste livro: Levante a Cabeça e Endireite as Costas. Não é uma metáfora: ou somos verticais ou somos esmagados. No limite, trata-se de uma escolha individual, e é de escolhas (e responsabilidades) que trata este livro. 

Para Jordan B. Peterson - um dos mais polémicos pensadores contemporâneos -, vivemos num mundo caracterizado ou pela ausência de valores ou pela entrega a crenças totalitárias. Ora, quando não há valores, falta-nos um sentido para a existência; mas se aderirmos cegamente a uma crença, colocamo-nos em confronto com as restantes. A alternativa é assumir as nossas responsabilidades individualmente. Quando o autor nos diz para pôr a nossa casa em ordem antes de criticarmos os outros ou para nos compararmos só connosco, está a oferecer-nos modelos de pensamento. 

Cada uma dessas regras, ancorada na mitologia, religião e filosofia, obriga-nos a repensar tudo aquilo em que acreditamos. 12 Regras Para a Vida é uma obra corajosa, transformadora, que nos revela "um dos mais importantes pensadores a ascender à ribalta mundial nos últimos anos" (segundo a revista Spectator). 

Findo o livro, nunca mais verá uma lagosta da mesma maneira. E se começar a levantar a cabeça e endireitar as costas, o triunfo não será do autor mas seu. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

12 Regras para a Vida é uma obra do famoso psicólogo clínico e professor Jordan B. Peterson. Conhecido pela sua abordagem que combina psicologia, filosofia, religião e ciência, Peterson explora princípios fundamentais para a organização da vida e o desenvolvimento pessoal. O livro apresenta doze regras práticas, baseadas em experiências pessoais, estudos académicos, pacientes e tradições antigas, com o objectivo de ajudar os leitores a encontrar significado, equilíbrio e responsabilidade no meio do caos do mundo moderno. Estamos perante uma figura influente no campo da psicologia e da cultura contemporânea, reconhecido pelas suas análises profundas sobre comportamento, moralidade e o papel do indivíduo na sociedade. 


O autor, oriundo do Canadá, além de professor, publica as suas análises sobre comportamento humano, filosofia e cultura, o que levou à publicação deste livro onde reúne doze regras, entre as muitas que escreveu ao longo do tempo. Com o livro e as suas palestras, ganhou destaque internacional, e foi cimentando a sua abordagem onde desafia ideias convencionais, promovendo a responsabilidade individual e o desenvolvimento pessoal. Neste livro, propõe que a disciplina, o autoconhecimento e a compreensão das próprias limitações são essenciais para enfrentar os desafios do quotidiano. Peterson enfatiza a importância de assumir responsabilidades, cultivar a integridade e procurar uma vida com propósito, num convite ao leitor para enfrentar o caos e a complexidade do mundo com coragem e reflexão. 


Podes ler também a minha opinião sobre 21 Lições para o Século XXI 


O livro apresenta uma estrutura organizada em torno das doze regras fundamentais que visam orientar os leitores para uma vida mais equilibrada, responsável e significativa. Cada regra é aprofundada em capítulos que combinam conceitos psicológicos, filosóficos e experiências pessoais do autor, da sua vida particular ou em consultório, oferecendo orientações práticas e reflexões profundas. Desde a importância de manter uma postura direita e cuidar de si mesmo até à necessidade de procurar significado em vez de apenas felicidade, as regras abordam aspectos diversos da existência humana, formando um guia progressivo que convida o leitor a refletir sobre as suas atitudes, valores e escolhas quotidianas. Esta estrutura sistemática permite que a obra funcione como um manual, que incentiva a implementação de pequenas mudanças, que podem levar a uma vida mais ordenada e com propósito. 


"Cada um de nós tem de assumir toda a responsabilidade que conseguir pela sua vida pessoal e também pela sociedade e pelo mundo. Cada um de nós deve dizer a verdade, consertar o que precisa de conserto e desmantelar e recriar o que é velho e ultrapassado." 


Com uma escrita clara e acessível, Peterson convida-nos a confrontar as nossas dificuldades e a assumir responsabilidades pessoais, enfatizando a importância da disciplina, da verdade e do significado como pilares para uma existência mais plena. O tom do livro é ao mesmo tempo sério e encorajador, estimulando uma busca contínua por crescimento pessoal e por compreensão do mundo ao nosso redor. Os conceitos de ordem e caos são explorados como elementos fundamentais da existência humana. Ele apresenta a ordem como um símbolo de estabilidade, segurança e estrutura, representando o mundo conhecido e controlável, enquanto o caos simboliza o desconhecido, a potencialidade e o risco de transformação. O autor argumenta que o equilíbrio entre estes dois polos é essencial para uma vida plena: ordem demais pode levar à rigidez e à repressão, enquanto caos excessivo pode gerar desordem e sofrimento. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Adapte-se 


Peterson defende que, diante do caos e das adversidades, a postura de enfrentar e aceitar a responsabilidade permite ao indivíduo estabelecer limites, criar sentido e promover a autossuperação. Esta forma de pensar incentiva uma postura proativa, na qual cada pessoa deve cuidar de si mesma e contribuir positivamente para o mundo ao seu redor, reconhecendo que a responsabilidade é a base para a liberdade verdadeira e o crescimento pessoal. Além de tudo isto, o autor incorpora muitos elementos religiosos, especialmente do cristianismo, para ilustrar símbolos de moralidade e redenção, reforçando a ideia de que a fé e os valores tradicionais podem servir de guia para quem procura uma vida equilibrada e com significado. Pessoalmente, considero que 12 Regras para a Vida apresenta uma abordagem instigante e muitas vezes provocativa sobre como podemos encontrar sentido e equilíbrio nas nossas vidas. 


"Acima de tudo, os pais querem a amizade dos filhos e estão dispostos a sacrificar o respeito para obtê-la. Isso não é bom. Uma criança pode ter muitos amigos, mas apenas dois pais - se tanto -, e os pais são bem mais importantes do que os amigos." 


No fundo, é uma leitura que provoca reflexões interessantes e desafio o leitor a assumir o controlo da sua própria jornada, mesmo que nem todas as regras toquem igualmente todos nós. Apesar de muito ser de senso comum, a verdade é que nem sempre pensamos, de forma consciente, sobre estes tópicos e são raras as vezes em que colocamos tudo em prática consistentemente. No entanto, aplicá-las, ainda que de forma gradual, pode promover melhorias na qualidade de vida de cada leitor, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Implementar estas regras pode exigir disciplina, mas pode ser a receita para criar uma rotina mais estruturada, equilibrada e alinhada com os nossos valores. Este é o livro certo para quem deseja começar a compreender melhor a complexidade da existência humana e aprimorar a sua postura diante das adversidades. 


Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já conhecias este livro? O que achaste da experiência de leitura? Qual a regra que mais te marcou? O que pensas sobre este autor? Acompanhas o seu trabalho? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

Subscreve a Newsletter