Sinopse
Visitar um apartamento que está à venda não costuma redundar numa situação de perigo. A menos que seja antevéspera de Ano Novo, e um ladrão inexperiente tenha decidido assaltar um banco onde não há dinheiro. Quando assim é, torna-se inevitável que não haja sequer um plano de fuga, e se acabe com uma data de reféns acidentais.
Felizmente, podemos confiar na pronta intervenção das autoridades. A menos que os dois polícias responsáveis pelo caso não se entendam nem saibam o que fazer.
Ainda assim, acreditamos que tudo correrá bem, em particular se os reféns permanecerem calmos. A menos que sejam os reféns mais idiotas de todos os tempos: uma analista bancária com ideias suicidas, uma adorável velhinha com motivações pouco transparentes, um casal reformado com uma paixão enorme pelo IKEA, duas recém-casadas, prestes a serem mães, que andam sempre às turras, uma agente imobiliária com entusiasmo a mais e talento a menos, e uma pessoa vestida de coelho.
Com um sentido de humor excecional, que cativou milhões de leitores em todo o mundo, e personagens tão imperfeitas quanto tocantes, Fredrik Backman volta a surpreender com esta história sobre gente idiota e ansiosa e os laços invisíveis que (n)os unem.
Opinião
Gente Ansiosa é o livro de Fredrick Backman de 2025, dado que entrou naquela lista de autores que procuro ler uma obra por ano, por serem extraordinários e para degustar melhor o que escreveram e não ficar logo órfã dos seus livros. Backman é o mais famoso escritor sueco contemporâneo, conhecido por explorar as emoções humanas, relacionamentos e a complexidade da vida quotidiana. Nos últimos anos, conquistou reconhecimento internacional com os seus livros que combinam humor, sensibilidade e uma profunda compreensão da condição humana, tudo temas que transcendem o tempo e as fronteiras geográficas, e que, por isso, tocam pessoas de todo o mundo.
Neste livro, o autor explora os dilemas da vida moderna e os desafios enfrentados por indivíduos que lidam com ansiedade e inseguranças de diferentes origens. Através de histórias entrelaçadas e personagens profundamente humanos, nem sempre bons, nem sempre maus, Backman retrata diferentes trajetórias, histórias de vida até opostas, mas que têm em comum o desejo de ultrapassar os problemas e ser felizes. Em mais uma história sensível e cheia de suspense, convida-nos a refletir sobre a importância da empatia e do autoconhecimento na jornada de todos e cada um de nós. Os personagens principais são uma variedade de pessoas que representam diferentes aspectos da ansiedade e da solidão na sociedade moderna, obrigados a ficar juntos por muitas horas quando são feitos reféns por um ladrão pouco capaz, uma vez que tentou roubar um banco, daqueles modernos, que não têm dinheiro nas suas instalações.
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O livro aborda de maneira sensível e perspicaz o tema da ansiedade e da saúde mental, destacando como esses aspectos influenciam profundamente a vida das pessoas. Fica claro como é importante compreender, acolher e dialogar sobre estes temas, promovendo uma mensagem de empatia e aceitação. Numa narrativa que desmistifica preconceitos e incentiva uma atitude mais compassiva tanto consigo mesmo quanto com os outros, reforça que procurar ajuda e compreender os próprios limites são passos essenciais para uma vida mais equilibrada e onde a amizade pode fazer a diferença. Afinal, é nas relações interpessoais que podemos encontrar conforto e compreensão, mostrando que um gesto atencioso ou apenas ouvir com interesse pode transformar vidas e mudar destinos, que poderiam ser trágicos. É o que acontece quando o grupo de reféns se une para ajudar o ladrão de bancos falhado e entendemos que, no fundo, todos precisavam de ajuda e foi nesse contexto que a encontraram.
"Mas também teve vontade de lhe dizer que o sistema económico ao qual dedicou a vida é o maior problema do mundo neste momento, porque o construímos demasiado forte. Esquecemo-nos de como somos ambiciosos, mas, acima de tudo, esquecemo-nos de como somos fracos. E agora está a esmagar-nos."
Ao longo da leitura, mergulhamos nas nuances da vida quotidiana, onde as pequenas acções e as preocupações diárias revelam as complexidades do ser humano. Ficamos a entender que a ansiedade é uma experiência universal que pode afectar qualquer pessoa, independentemente da idade ou condição social, e como ela perturba as nossas relações, escolhas e percepções do mundo. Com as suas personagens cativantes e tão diferentes entre si, Backman evidencia que, por trás das aparências de normalidade, cada indivíduo enfrenta batalhas internas silenciosas. A cada novo capítulo conseguimos sentir as emoções e os conflitos dos personagens, chegando a ter o desejo de estender a mão e ajudar aquelas pessoas a sair dos lugares escuros onde estão, por trás das suas máscaras sociais e das mentiras que contam aos estranhos que com eles se cruzam.
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No coração da narrativa temos um efeito de espelho e de abraço, com os seus personagens, com as suas ansiedades e pequenas neuroses, que parecem tão familiares quanto aqueles amigos que todos temos. O autor recorda-nos que a vida é feita de momentos imperfeitos, de dúvidas que parecem gigantes, e de encontros que, apesar de tudo, carregam uma esperança subtil e que podem até mudar tudo. Apesar dos temas serem sérios e até pesados, o autor consegue arrancar-nos sorrisos e gargalhadas, com o seu bom humor e o seu estilo próximo. Sem dramatizar o que já é dramático por si só, parece conseguir gerar mais empatia por aquelas pessoas cheias de problemas e que escondem segredos do passado ou o medo do futuro. A escrita de Backman está repleta de empatia e humanidade, o que cria uma atmosfera acolhedora e ao mesmo tempo impactante. Mesmo que demore a chegar a empatia por todos os personagens, ela chega e depois é impossível não se emocionar com a forma como tudo foi conduzido, como se uniram e decidiram resolver os problemas de cada um juntos e, desse modo, resolvem todos os problemas.
"Depois, pensou numa escritora norte-americana que escrevera que a solidão é como a fome: só nos apercebemos do quão esfomeados estávamos quando começamos a comer."
Este livro é absolutamente relevante, pela forma como aborda o medo do fracasso, a procura por aceitação ou o impacto do isolamento social. Se no final da leitura, estiveres mais consciente para quem te rodeia e para ti mesmo, talvez estejas um passo mais perto de viver numa sociedade mais inclusiva, acolhedora e empática. Com revelações surpreendentes ao longo da história, além de entreter, entrega assuntos interessantes, ensinamentos úteis nas entrelinhas e deixa uma impressão duradoura, que fica mesmo depois de termos terminado a leitura. Pessoalmente, ainda que não tenha destronado o meu livro favorito do autor, gostei muito de ler Gente Ansiosa e recomendo vivamente que descubras esta obra com tantas camadas que, tenho a certeza, irá tocar-te de diferentes formas e por muitos motivos.
Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste Gente Ansiosa? O que achaste desta narrativa surpreendente? Acompanhas o trabalho de Fredrik Backman? Qual o teu livro favorito do autor? Conta-me tudo nos comentários!
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