Sinopse
1979. Quatro jovens são contratadas para formar uma girl band.
Elas sabem cantar, brilham a dançar e escandalizam o país...
Elas tornam-se um fenómeno de popularidade.
Elas são as DOCE.
Opinião
Será que existe alguém que nunca tenha ouvido falar nas Doce ou que, pelo menos, nunca tenha ouvido nenhuma das suas músicas? A sua popularidade é um caso sério no panorama musical português e só prova o quanto a sua música era de qualidade, pois sobreviveu ao passar dos anos e chega hoje a gerações que nunca as ouviu ou soube do seu caminho nos idos anos 80 num Portugal ainda muito cinzento depois de sair da Ditadura.
O grupo feminino criado por Tozé Brito e incorporado de forma corajosa pelas mulheres que lhe dera a cara, o corpo e a voz, é um ícone que talvez só agora seja possível compreender em toda a sua amplitude e entender o verdadeiro impacto na sociedade e nas mulheres portuguesas. Pessoalmente, conhecia as músicas da banda mas não tinha a menor noção do que teria sido o seu percurso profissional ou pessoal na época. Sabia alguns dados, como as participações e terem vencido um Festival da Canção, mas não os preconceitos de que foram alvo ao longo do tempo.
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Tendo em conta o tanto que desconhecemos sobre estas mulheres e sobre o caminho que trilharam enquanto Doce, este filme chega na hora certa. É uma ode ao feminismo, às mulheres livres, à boa música e à revolução dos costumes dados como certos e necessários para o bom funcionamento das sociedades machistas. É fascinante perceber como foi construído o grupo, como as músicas brilhantes foram sendo feitas pelo seu autor, muitas vezes inspiradas nas próprias integrantes, e o contributo de cada uma para a formação.
O talento de Fátima para cantar, o papel de Teresa fundamental com as coreografias, o bom senso da Helena e o sentido de moda da Laura são, sem margem para qualquer dúvida, grande parte do segredo do sucesso da banda e o motivo para terem se tornado figura mítica no imaginário de homens e mulheres na época. Afinal estamos a falar de mulheres que romperam com as convenções, sem medo de ousar, de desafiar os homens e o seu poder, de escandalizar todo o mundo e, em suma, mostrar às mulheres que não existem limites e que podem ser o que e quem quiserem.
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O filme passa-se durante pouco tempo, tendo em conta os anos que duraram a banda, mas é um relato entusiasmante e que nos deixa mergulhar fundo nas vivências de cada uma, tanto pessoais quanto profissionais, nas expectativas que tinham, no que sentiam, nos dramas que viveram ao longo desses tumultuosos anos, as pressões que sofreram, os preconceitos e as exaltações. Uma montanha-russa que somos convidados a assistir neste filme e com uma banda sonora incrível, ou não estivesse a cargo das Doce. E os figurinos? Tendo em conta que quem vestia as Doce era o saudoso Zé Carlos e o guarda-roupa pretende recriar as suas criações para a banda, só podia ser espectacular, não achas?
Para os que vaticinam que o Cinema português está morto, esta é mais uma prova da sua vitalidade e do quanto é possível na nossa indústria termos filmes interessantes e que enchem as salas. Só posso recomendar este filme porque é fascinante descobrir mais sobre as Doce, figuras incontornáveis da nossa cultura. Já viste o filme? O que achaste do que foi contado sobre a banda?
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