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terça-feira, 30 de julho de 2024

#Livros - Vera Cruz, de João Morgado

 

A capa do livro "Vera Cruz" de João Morgado apresenta uma composição intrigante: em um fundo rico e vibrante, caravelas navegam serenamente nas águas, simbolizando a exploração e a descoberta. Acima delas, um mapa intrincado flutua, evocando as rotas marítimas de tempos antigos e a busca por novos mundos. No centro da imagem, um homem de costas observa essa vastidão, imerso em pensamentos e reflexões sobre a jornada à frente. Este design instiga a curiosidade e prepara o leitor para uma aventura repleta de história e emoção.

Sinopse

Baseado em factos históricos inéditos. Jogos, sombras e traições na época áurea dos Descobrimentos. 

Este romance de João Morgado, autor já com vasta obra publicada, centra-se na vida desconhecida de Pedro Álvares Cabral e numa época tão gloriosa quanto distante. 

Trata-se de um livro que facilmente ambienta o leitor no período áureo da nossa História e no qual depressa (re)descobrimos viagens acidentadas, jogos de sombras e traições, na Índia e no reino de Portugal, e sobretudo rivalidades e intrigas. E, claro, um Pedro Álvares Cabral intrépido e valente, mas por vezes também desiludido e arrependido. 


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Opinião 

Vera Cruz, escrito por João Morgado, é uma obra que mergulha nas complexidades da História e da identidade portuguesa, tendo sido a minha estreia com este autor tão elogiado pelas minhas amigas. O autor utiliza o seu conhecimento histórico para entregar uma narrativa rica em detalhes e emoções, ao mesmo tempo que nos entretém, leva-nos a refletir sobre o passado e as suas implicações nos acontecimentos mais famosos da época dos Descobrimentos. Assim, ao longo deste livro revisitamos episódios significativos da História de Portugal, levantando o véu sobre alguns mistérios e intrigas da corte e das viagens que buscavam encontrar o caminho marítimo para a Índia, ao mesmo tempo que se procurava levar a salvação para os hereges. 


Nesta obra, que parece ser o primeiro volume duma trilogia sobre as navegações portuguesas, temos um romance histórico que acompanha a vida, desde a infância em Belmonte, de Pedro Álvares Cabral e que nos transporta para o efervescente século XV em Portugal. Através das experiências dos personagens históricos, o autor tece uma crónica rica em detalhes, mostrando tanto a ambição e os sonhos dos exploradores e do próprio rei, quanto o impacto das suas acções sobre as populações nativas. A história desenrola-se no meio de intrigas, relações complexas e dilemas morais, criando um retrato do que terá sido a época mais gloriosa do nosso país. 


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Em Vera Cruz, João Morgado apresenta uma rica tapeçaria de personagens históricos que se entrelaçam numa narrativa envolvente sobre a época das grandes navegações. O protagonista, Pedro Álvares Cabral, emerge como um líder audacioso e determinado, cuja expedição que chega ao Novo Mundo simboliza o espírito exploratório de Portugal. Ao seu lado, parte também Bartolomeu Dias, o navegador que desbravou o Cabo das Tormentas, uma figura inspiradora que representa os desafios e os riscos da exploração marítima. Já D. Manuel I, o rei que recebeu os louros do trabalho que herdou do seu antecessor, é retratado com uma aura de ambição e pragmatismo, refletido o desejo de aumentar o ouro nos seus cofres, mais do que evangelizar ou conquistar território. Estes são só alguns exemplos de personagens que moldaram a História de Portugal e que nos levam a refletir sobre as complexas dinâmicas de poder e de descoberta. A interação entre eles revela as nuances da ambição humana, das rivalidades e das alianças que definiram uma era. 


"De repente todos estavam de acordo num ponto: Vasco da Gama era o homem do rei, mas não era o homem do reino. Não era nobre no sangue e menos nas atitudes, não tinha trato polido nem astuta prudência." 


A ambientação é um rico painel que transporta o leitor para o século XV, entre a Lisboa vibrante e cheia de vida, onde as ruas pulsavam com o comércio e as travessias marítimas para terras desconhecidas. A cidade, marcada pela efervescência das descobertas, é pontuada por mercados movimentados com o Tejo logo ali, que acolhe as naus preparadas para longas e perigosas jornadas. As descrições detalhadas da vida a bordo revelam o quotidiano dos navegadores: a luta contra a fúria das tempestades, o cansaço e camaradagem entre os marinheiros, além das esperanças e dos temores que permeiam essas travessias rumo a exóticos países. A narrativa capta a essência de terras inexploradas, onde o choque cultural e a busca por riquezas moldam não só a paisagem, mas também as experiências e destinos dos personagens, o que torna a experiência de leitura num mundo de aventuras e descobertas. 


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A narrativa de Vera Cruz é marcada por uma prosa envolvente que entrelaça História e ficção de forma magistral. Fica evidente que a construção do enredo é sustentada por uma rica pesquisa histórica que dá vida aos personagens e às suas vivências num cenário de exploração, descobertas, traições e intrigas. Os diálogos são incisivos e reveladores, enriquecendo a caracterização dos personagens e conferindo profundidade às suas motivações e inquietações. Os momentos de maior tensão e emoção estão habilmente construídos, refletindo a luta interna e externa dos personagens diante de cenários de incertezas, como os que encontravam em alto mar. A descrição vívida das paisagens perigosas e a atmosfera carregada de expectativas criam um sentimento palpável de urgência, enquanto os personagens se vêem forçados a tomar decisões que irão moldar não apenas os seus destinos, mas também o futuro de toda uma nação. 


"Muitas vezes o próprio Cabral era visto segurando o leme como simples piloto, para que Escobar e os mestres pudessem instruir os homens na mareação das velas. Quando o viam entre eles, labutando, com as barbas ressudadas e olhos encovados, resistindo às suas febres, sentiam que não lhes era permitido desistir ou contestar sequer o seu mando. Era um deles entre eles, lutando para sobreviver e vencer." 


Aqui, encontramos explorados de maneira profunda e emocionante temas como coragem, amor, fé e superação, com um enredo que desafia os personagens a enfrentarem os seus medos e vulnerabilidades. A coragem manifesta-se nas acções audaciosas dos navegadores, que se lançam em jornadas repletas de riscas, enquanto o amor emerge como uma força redentora, capaz de unir e salvar, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Pessoalmente, fiquei rendida à escrita do autor, que se destaca pela sua fluidez e riqueza descritiva, sem que se torne cansativo ou aborrecido, e que dá vida aos cenários e aos personagens. O seu estilo narrativo mistura uma prosa lírica com momentos de tensão, prendendo o leitor até à última página. Apesar de utilizar uma linguagem perfeitamente acessível, também encontramos termos próprios da época, que caíram em desuso, mas cujo significado fica clarificado nas notas de rodapé. Sem querer apagar o que de mal foi feito, o autor traz à tona uma parte muito importante da História portuguesa e que ajudou a moldar o mundo como hoje o conhecemos. 


Portanto, Vera Cruz é uma contribuição valiosa que enriquece a literatura nacional, convidando os leitores a revisitar e reinterpretar a História e alguns dos seus personagens mais icónicos e famosos. Estamos perante uma obra que conquista pela sua narrativa rica e pela profundidade dos seus personagens. Como tal, recomendo este livro a todos os que apreciam uma prosa envolvente e uma abordagem sensível sobre as questões humanas e históricas. Sem esquecer os apaixonados por romances históricos, como eu, que vão aqui encontrar um verdadeiro momento de prazer e um novo vício. Pela minha parte, tenho a certeza que vou continuar a ler mais obras do autor, tendo passado a fazer parte dos que quero ler tudo o que escreveu. Agora, conta-me tudo. Já leste Vera Cruz? O que achaste da história da vida de Pedro Álvares Cabral? Que outros livros do autor me recomendas? Deixa o teu comentário abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

#Documentário - O. J. & Nicole: An American Tragedy

 

Uma foto da capa do documentário "O.J. & Nicole: An American Tragedy", onde é possível ver o casal O.J. Simpson e Nicole Brown Simpson vestidos de preto e sorrindo. A imagem retrata a suposta felicidade do casal antes dos trágicos acontecimentos que marcaram suas vidas para sempre.

Sinopse

Bastidores do relacionamento tumultuado entre O. J. Simpson e Nicole Brown. 


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Opinião 

O. J. & Nicole: An American Tragedy é um documentário que retrata a trágica história de O. J. Simpson e Nicole Brown Simpson, um dos casos mais famosos de violência doméstica e assassinato na história dos Estados Unidos. Com uma narrativa envolvente e detalhada, o filme explora os eventos que levaram à morte de Nicole e do seu amigo, Ron Goldman, e o subsequente julgamento de O. J. Simpson, que dividiu o país e chocou o mundo. A produção conta com entrevistas exclusivas, imagens de arquivo e informações reveladoras sobre a vida do ex-jogador de futebol americano e a sua relação conturbada com Nicole. 


O relacionamento entre O. J. e Nicole foi marcado por altos e baixos, sendo caracterizado por uma intensa e arrebatadora paixão, episódios de violência doméstica e constantes infidelidades. O casal conheceu-se em 1977, quando O. J. ainda era um jogador de futebol americano de sucesso, e casaram-se em 1985. A relação conturbada ganhou ainda mais notoriedade após a morte de Nicole em 1994, quando O. J. foi acusado de ser o seu assassino. Além de apresentar o passado de ambos os elementos do casal e detalhes da relação tóxica, o documentário também analisa o julgamento do caso, que se tornou um dos mais mediáticos e controversos dos Estados Unidos, destacando as questões de raça, classe e celebridade que influenciaram o desfecho do processo. 


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A narrativa do documentário tem como ponto de partida as memórias da irmã de Nicole, Tanya Brown, muito jovem na época dos acontecimentos trágicos que serão contados, mas que nos permite entender qual era a impressão que chegava à família de Nicole, sobre o casamento, sobre o divórcio e sobre o crime que lhe roubou a vida. Gostei também que trouxe protagonismo para a segunda vítima, tantas vezes esquecida devido ao mediatismo dos Simpsons. O tom dado pelo director procura ser objectivo e imparcial, apresentando os factos de forma clara e sem sensacionalismo, permitindo que os espectadores cheguem às suas próprias conclusões sobre o caso. A utilização de entrevistas com pessoas próximas ao casal e de imagens de arquivo contribuem ainda para enriquecer a narrativa e oferecer uma visão mais abrangente da tragédia que chocou a América. 


Na foto, vemos O.J. Simpson e Nicole Brown Simpson, sorrindo junto com seus dois filhos, Sydney e Justin. A família aparenta estar feliz e unida, mas por trás das aparências, escondem-se segredos sombrios que culminarão em uma tragédia americana que chocou o mundo. A imagem captura um momento de aparente tranquilidade antes do desfecho trágico que abalou a sociedade.

É assim que somos conduzidos pelo que parecia um conto de fadas, com o homem negro que alcançou o sucesso, a fama e o dinheiro graças ao desporto onde brilhava como estrela maior, mas este casamento perfeito e glamouroso escondia uma relação complexa e turbulenta, que parecia impossível de acabar bem e em paz. No entanto, a América não estava preparada para condenar o seu herói e parece ter-se recusado a ver e condenar o óbvio. Adicionalmente, este documentário apresenta um elemento que ainda era inédito, o diário de Nicole. É desse modo que são reveladas camadas mais profundas da história, o que a torna ainda mais impactante para quem assiste, mesmo alguém como eu que viu este documentário como o primeiro sobre este crime chocante e que acabou sem culpados a pagar pelo que fizeram. 


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Um tema abordado de forma contundente no documentário é a violência doméstica, combinado com o machismo aceite como algo normal na época. A narrativa expõe como a violência física e psicológica praticada por O. J. contra Nicole foi negligenciada e minimizada pela sociedade, evidenciando a cultura do silêncio e de culpabilização da vítima. Ao apresentar diversas imagens de arquivo e depoimentos de pessoas próximas ao casal, sem esquecer o testemunho da própria Nicole no seu diário, o documentário faz-nos refletir sobre o papel de cada um de nós na luta contra a violência de género e a necessidade de se reconhecer e combater o machismo em todas as suas formas. Deste modo, fica reforçada a importância de discutir temas como violência doméstica, racismo e a influência da comunicação social na sociedade, dado que ainda continuam a ser relevantes nos dias de hoje, pelos piores motivos. 


Em suma, O. J. & Nicole: An American Tragedy apresenta uma qualidade de produção impecável, com uma narrativa fluída e envolvente que mantém o espectador interessado do início ao fim. As entrevistas com pessoas próximas de O. J. e Nicole, bem como os depoimentos de especialistas e juristas, enriquecem o conteúdo, oferecendo uma visão abrangente e detalhada sobre o caso que chocou a América. Além disso, a abordagem sensível e objectiva do director ao lidar com um tema tão delicado como é a violência doméstica contribui para a relevância e impacto do documentário. Estamos perante uma produção de alta qualidade que consegue explorar de maneira profunda e esclarecedora um dos casos mais marcantes da história recente dos Estados Unidos e que voltou a ser badalada depois da morte de O. J. em 2024. Portanto, convido-te a assistires a este documentário e refletires sobre as questões levantadas, como a influência da fama e do status social na administração da justiça, a importância de proteger as vítimas de violência doméstica e a necessidade de mudanças estruturais para garantir a segurança das mulheres. 


Agora, quero saber o que tens a dizer sobre este documentário. Já viste? O que achaste desta abordagem? Achas que foi feita justiça? Recomendas outros documentários sobre este crime? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 23 de julho de 2024

#Livros - Sua Alteza Real, de Thomas Mann

 

Na capa do livro "Sua Alteza Real", a imagem retrata uma atmosfera de realeza e poder. Em um fundo azul intenso, destacam-se uma elegante poltrona dourada, uma imponente espada encrustada com pedras preciosas, uma delicada rosa vermelha simbolizando paixão e amor, e uma majestosa coroa dourada, remetendo ao título da obra e à figura central da realeza. A composição visual sugere uma trama envolvente e cheia de intrigas palacianas, em que os personagens são levados a um jogo de poder e privilégios.

Sinopse

Thomas Mann é um dos autores germânicos que melhor soube descrever a decadência da classe burguesa e aristocrática da Alemanha do século XX. O presente romance, Sua Alteza Real, inscreve-se nessa linha. Nele nos é dada também uma descrição do confronto da velha Europa monárquica com o emergente capitalismo norte-americano. Esse novo riquismo é representado por um milionário americano que vem instalar-se na Europa num pequeno principado à beira da bancarrota. Porque já não possui a fé necessária no que deve realizar, resolve ajudar a restaurar o principado a troco do casamento da sua filha com o príncipe herdeiro. Troca que naturalmente é aceite pelo grão-ducado. 

Embora conscientes dos interesses em jogo, os jovens, devido ao isolamento em que vivem, aceitam-nos e, procurando conhecer-se, acabam por se apaixonar. Aparentemente uma história, pois, em que o poder, o amor e o dinheiro são os protagonistas. Aprofundando-a, logo vemos porém que vai muito além disso e que, tal como noutras obras, também esta constitui uma análise objectiva das contradições que paralisam e subvertem certos extractos sociais do mundo conturbado que o escritor conheceu. 


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Opinião 

Sua Alteza Real é um romance escrito por Thomas Mann e publicado pela primeira vez em 1909. Parecendo explorar temas como a responsabilidade do poder, as pressões da vida monárquica e os conflitos internos dos príncipes, Mann oferece-nos uma narrativa satírica sobre o papel da realeza e as consequências do seu estilo de vida. Com a sua escrita perspicaz e penetrante, Thomas Mann conduz-nos pelos bastidores da corte dum pequeno principado, revelando os desafios e dilemas enfrentados por um herdeiro de sangue real, cujo reino se encontra com um pé na falência. 


Estamos perante um dos primeiros romances do famoso autor alemão, que surgiu depois da sua estreia com o aclamado Os Buddenbrooks e é uma obra bem menos conhecida do que este e outros dos grandes títulos que escreveu depois. Com o seu estilo sofisticado e detalhado, traz uma análise profunda da natureza humana e das relações sociais, refletindo a atmosfera de decadência e turbulência que era vivida na Europa no início do século XX. Assim, o romance retrata a vida do príncipe herdeiro dum reino fictício da Europa Central, desde o seu nascimento, passando pelo reinado do seu pai, até que a coroa é assumida pelo seu irmão mais velho, que despreza os compromissos sociais que este cargo obriga e decide delegá-los no irmão mais novo, que coloca como seu herdeiro, dado que não tem intenção de casar e ter filhos. 


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Assim, os principais personagens que dão vida a esta trama são o já referido príncipe herdeiro Nicolau Henrique, um jovem que se vê dividido entre as suas responsabilidades reais e os seus desejos pessoais, entre a vida isolada que leva e a realidade do que acontece fora dos palácios que habita; e o rei Alberto II, irmão do príncipe, monarca que vemos chegar ao trono, mas que gosta de viver isolado e protegido, tal como cresceu devido à sua saúde frágil. Claro que a história da família real, com pais, tios e primos, também é explorada, mas o foco está sobretudo nos irmãos e na grande diferença de personalidade entre os dois. Depois, chega ao principado falido um milionário americano de origem germânica, Samuel Spoelmann, que traz consigo a riqueza e o poder duma nova era, que parece muito distante desta Europa tradicional e pobre. Com ele vem também a filha, Imma, uma jovem moderna, independente e inteligente, que desperta sentimentos ambíguos em Nicolau Henrique, que se sente fascinado por esta mulher tão diferente de tudo o que conhece. 


"Vossa Excelência permita-me que mais uma vez lhe confesse a minha fé no idealismo do povo. O povo tem necessidade de ver representado na pessoa dos seus príncipes o que de melhor e mais elevado anseia, o seu sonho, a sua alma por assim dizer, e nunca a sua bolsa." 


De maneira peculiar e complexa são abordados temas como poder, ambição, moralidade e outros aspectos da vida da aristocracia europeia. Através destes personagens, o autor discute questões como a responsabilidade e as consequências do poder absoluto, e a luta interna entre a ética pessoal e as exigências da vida pública. Ao mesmo tempo que vai tecendo críticas claras aos regimes europeus, falidos e ultrapassados, também nos leva a refletir sobre a complexidade das relações de poder e sobre os dilemas morais que muitas vezes estão presentes na tomada de decisões de indivíduos poderosos. 


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O estilo narrativo de Thomas Mann é sempre caracterizado pela sua riqueza literária e pela complexidade psicológica. Mann utiliza uma linguagem refinada e até rebuscada, repleta de metáforas e simbolismos que enriquecem a narrativa. Além disso, o autor adopta uma estrutura narrativa que mistura realismo com elementos fantasiosos, criando um ambiente ambíguo e intrigante que desafia as expectativas do leitor a cada novo capítulo. Muito embora, ache que o final do livro foi muito abrupto, depois de ter levado tanto tempo em divagações pelo passado do reino e pela infância e juventude do jovem príncipe. 


"Amo o invulgar, amo aqueles que trazem consigo a dignidade de seres excepcionais, aqueles a quem chamam seres insólitos, estranhos e que o povo não compreende; desejo que eles amem o seu destino e não que se acomodem a essa verdade frívola e vil que acabamos de ouvir cantada a três vozes." 


Com este Sua Alteza Real, Thomas Mann leva-nos a passear pelo universo da nobreza europeia entre a opulência do século XIX até à decadência do início do século XX. O autor volta a demonstrar, com o seu segundo romance, a sua habilidade para criar personagens complexos e humanos, ao mesmo tempo que explora a moralidade, o poder e a decadência da aristocracia. No entanto, em alguns momentos a narrativa parece um tanto arrastada e repleta de digressões, o que pode cansar ou aborrecer alguns leitores, sobretudo os menos apaixonados pela obra de Mann. Mas, ainda assim, este é um livro que merece uma oportunidade para poder ser conhecida e apreciada pelos amantes da literatura clássica. 


Em suma, podemos afirmar que esta obra é um retrato magistral, repleto de ironia, da sociedade alemã do início do século XX. Assim, o autor apresenta um panorama das ambiguidades e contradições duma época marcada pela decadência da nobreza e pela ascensão da burguesia, onde passou a estar o dinheiro. É um livro menos conhecido do autor germânico, mas que vale muito a pena, ainda que não seja uma das suas obras-primas. Só posso aconselhar a que persistam na leitura, porque no final vão sentir que foi tempo bem passado, ou não estivéssemos a falar de Thomas Mann, que sempre revela novas camadas de significado e de beleza nas suas obras. Agora quero saber de ti! Já leste este livro menos famoso de Mann? O que achaste desta família real? Quanto ao autor, qual a tua obra favorita da vida? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

Mais 10 Favoritos do Mercadona

 

Descubra mais 10 produtos favoritos do Mercadona que vão facilitar a sua vida no carrinho de compras perfeito para fazer as suas compras no supermercado. Venha conhecer as novidades e surpreenda-se com as opções que vão tornar as suas idas às compras mais práticas e deliciosas!

O Mercadona entrou com tudo em Portugal e tem conquistado meio mundo com os seus produtos que oferecem qualidade e preços acessíveis. As novidades estão sempre a chegar e se és fã como eu adoras conhecer os novos produtos e descobrir novos favoritos na loja. Mais dum ano se passou desde a última vez que falámos sobre esta marca disruptiva e a lista dos meus favoritos cresceu desde então. De produtos alimentares a produtos de limpeza, estes são os que se têm destacado nos últimos meses e acabaram por conquistar um lugar muito especial no meu coração e na minha despensa. Portanto, se também procuras novidades para experimentar e adicionar à tua lista de compras, continua a ler para descobrir quais são os meus mais recentes favoritos do Mercadona. 


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1. Detergente Flor de Cerejeira

Desde que trouxe para casa o primeiro, nunca mais quis outro. É um detergente para lavar o chão, mas tem um aroma delicioso que se sente logo quando se entra em casa. Gosto do cheirinho, da sua acção de limpeza e da durabilidade, por isso só posso recomendar que experimentes e comproves. 


2. Detergente Roupa Colónia

Continuando na saga dos produtos de limpeza, este detergente de roupa tem um cheiro incrível e limpa verdadeiramente a roupa. É verdade que não costumo ter roupa muito suja, mas para as necessidades cá de casa tem sido fantástico e o preço é a parte ainda mais incrível, sobretudo face aos aumentos que têm sofrido este tipo de produto nos últimos tempos. 


3. Spray Ambientador para Tecidos 

Confesso que quando comprei este spray pela primeira vez não tinha muitas expectativas. Não podia estar mais enganada. Tem um aroma a roupa lavada inacreditável e adoro passar nos lençóis a meio da semana para prolongar a sensação de cama acabada de fazer e nas mantas do sofá. Passou a ser imprescindível cá em casa. 


4. Salada Russa

A gama de comida pronta do Mercadona é bem variada e interessante, mas um dos meus favoritos é esta Salada Russa. Apesar de ter o hábito de fazer este prato em casa, fiquei rendida à qualidade que oferece, de longe melhor do que qualquer outra de supermercado, e é muito prático ter sempre uma embalagem no frigorifico para quando precisamos dum acompanhamento saboroso e não temos tempo para cozinhar. 


5. Caril de Frango

Cá em casa somos muito apreciadores de Caril, ou não houvesse por cá um moçambicano. No entanto, nunca tinha visto este prato pronto a comer, facilmente acessível num supermercado. Agora, todos começam a oferecer, mas o do Mercadona é claramente o melhor e recomendo muito que experimentes e saboreies! 


A imagem mostra uma montagem de produtos favoritos do Mercadona, incluindo a deliciosa Salada Russa, as salsichas com queijo e o prático spray ambientador de tecidos. Descubra esses e outros produtos que fazem sucesso entre os clientes do supermercado espanhol.

6. Salsichas com Queijo

Tinha deixado de consumir salsichas, sabemos que não é saudável a comida processada, além de que as alemãs de que gostava não se encontravam em todo o lado e eram um tanto ou quanto caras. Até que, quando ia buscar o meu bacon, deparei-me com estas salsichas com queijo, tal e qual como as que eu mais gosto. Assim, passou a ser presença obrigatória no meu carrinho de compras e no meu frigorifico. 


7. Vinho Finca La Malcriada

Tendo em conta a quantidade de vinho português de qualidade e acessível que existe no mercado, nunca tinha bebido vinho espanhol. Como comecei a ir muitas vezes ao Mercadona, acabei por dar mais atenção à sua oferta de vinho, que tem muita coisa nacional, mas tem também este vinho branco doce que despertou a minha curiosidade. Pois é tão bom que passou a ser presença obrigatória nos meus almoços de família. Não pode mesmo faltar em casa, sobretudo agora que estamos no Verão e um vinho fresco sabe ainda melhor. 


8. Caju Torrado sem Sal

Adoro frutos secos e é uma opção saudável para substituir as porcarias que gostamos de comer entre refeições. No entanto, a maioria da oferta ou está carregada de sal ou apresenta o fruto cru. Se procurarmos atentamente, encontramos alguns assim, torrados mas sem sal, só que os preços são um tanto ou quanto puxados e a vontade de comprar da pessoa esmorece. No Mercadona, encontramos uma grande oferta e os meus favoritos são os cajus torrados sem sal, uma verdadeira delícia. 


9. Bolo de Iogurte

Costumo comprar sobremesas no Mercadona e já experimentei várias das que se encontram na arca congeladas, cada uma melhor que a outra. Tenho para mim que quase seria possível fazer uma publicação só com sobremesas que recomendo. Mas a verdadeira surpresa foi o Bolo de Iogurte, simples e singelo, que já tinha visto antes, só não achava que fosse assim tão interessante. Acabei por experimentar quando fui às compras, mas não ia logo para casa, e percebi que é mesmo espectacular. Saboroso, fofinho, capaz de agradar toda a gente e muito, muito barato. 


10. Bolacha Belga

Não sou muito fã de bolachas, mas as belgas são a minha tentação. Claro que não podia ignorar a versão do Mercadona e, mais uma vez, superou as expectativas e passou a ser uma presença habitual cá por casa e que não fica muito tempo no armário. 


Vê também os primeiros 10 Favoritos do Mercadona


Aqui estão então reunidos mais 10 produtos incríveis que encontrei no Mercadona e que não posso deixar de recomendar a toda a gente. Desde alimentos deliciosos até produtos de limpeza eficazes, o Mercadona surpreende sempre com a sua qualidade e variedade. Se ainda não experimentaste algum destes produtos, não percas mais tempo e corre para o Mercadona mais próximo de ti! Tenho a certeza de que vais adorar tanto quanto eu. Entretanto, aproveita e conta-me nos comentários quais são os teus favoritos do Mercadona, os que recomendas e achas que todos precisam conhecer. Desta lista, já conhecias alguma das sugestões? 

terça-feira, 16 de julho de 2024

#Livros - D. Afonso Henriques, de José Mattoso

 


Sinopse

Personagem oculta por inúmeras e sucessivas camadas de interpretações ideológicas, quer eruditas quer populares, a figura verídica do primeiro rei de Portugal só muito hipoteticamente se pode reconstituir nas suas dimensões históricas. O mito sobrepõe-se, teimosamente, à história, para justificar a permanência da nação que fundou e justificar a confiança que os cidadãos de todos os tempos têm posto na colectividade a que pertencem. Mas pode-se tentar descobrir como nasceram as diversas narrativas tecidas em torno da sua personalidade, examinar o sentido que tinham quando apareceram e reconstituir os sucessos de que Afonso Henriques foi protagonista principal. 

Se não é possível traçar-lhe o retrato preciso, pode-se, pelo menos, estudar as suas orientações políticas e administrativas, conhecer os seus principais auxiliares e justificar o êxito da sua obra. Apesar de assim desaparecer o herói sobrenatural, toma inegável relevo o seu talento político e militar e, por conseguinte, o seu direito a ser de facto considerado o rei fundador de Portugal. 

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Opinião 

Em D. Afonso Henriques, José Mattoso narra a vida e trajetória do primeiro rei de Portugal, desde a sua infância até à sua morte. O autor, reconhecido historiador português, famoso internacionalmente pelas suas pesquisas na área da História Medieval, utiliza uma abordagem académica e rigorosa para trazer ao leitor um retrato fiel e detalhado do fundador da nação portuguesa, apesar de todas as limitações que reconhece e destaca a cada capítulo. A obra é uma importante contribuição para o estudo da História de Portugal e oferece uma visão aprofundada sobre a figura de um dos principais personagens da História do país. 


Assim, este livro traz uma abordagem histórica sobre um dos períodos mais importantes da História de Portugal, o reinado de D. Afonso Henriques. É neste contexto que o autor explora a formação e consolidação do Reino de Portugal no século XII, no meio de disputas territoriais, alianças políticas e conflitos com os reinos vizinhos, como Leão e Castela. Assim, a obra destaca a figura do primeiro rei de Portugal como um líder visionário e estrategista, que soube aproveitar as circunstâncias favoráveis para afirmar a independência do país e estabeleceras bases para a construção duma nação forte e unida, sem ficar refém da nobreza ou dos seus aliados. 


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O livro destaca os principais acontecimentos da vida e do reinado de D. Afonso Henriques, como a sua luta pela independência de Portugal e o reconhecimento da sua legitimidade como rei de pleno direito pela Igreja e pelos restantes reinos da Europa, a batalha de São Mamede, a conquista de territórios aos muçulmanos e a consequente consolidação do reino português. Além disso, também aborda a sua relação com a Igreja, os seus confrontos com o rei de Leão e a sua consagração definitiva como rei no ano de 1179. Ao longo da leitura, fica demonstrada a habilidade excepcional na narrativa histórica de José Mattoso, que apresenta ao leitor uma visão detalhada e abrangente sobre a vida e os feitos do primeiro rei de Portugal. 


"Tinha de ser conciliador, prudente, maleável; mas nem por isso deixava de ser firma, autoritário, decidido e persistente. Eram as principais qualidades de um bom chefe." 


O estilo de escrita do autor é claro, conciso e envolvente, possibilitando a compreensão dos acontecimentos e personagens da época de forma acessível e interessante. Mattoso utiliza uma linguagem academicamente rigorosa, apoiada em documentos que nos chegaram, sendo transcritos alguns excertos que considera relevantes, mas ao mesmo tempo é uma linguagem dinâmica, proporcionando uma leitura fluída e agradável. A sua narrativa torna-se imersiva, sempre cuidadosamente baseada em fontes primárias, enriquecendo a compreensão do leitor sobre o contexto histórico, sobretudo da Península Ibérica, no qual D. Afonso Henriques esteve inserido. 


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José Mattoso oferece importantes contribuições para a desmistificação de inúmeros mitos que foram criados em torno da figura deste rei, mitos esses que chegaram até aos dias de hoje e que ocultam ou negam a verdade do que terá sido o homem e o político. No entanto, é inegável que a sua liderança e determinação foram cruciais para a conquista da independência do Condado Portucalense e para a consolidação do território português. Ele foi capaz de unir diferentes regiões em torno dum projecto comum, desafiando o domínio muçulmano e, com isso, atingindo conquistas determinantes, como as de Lisboa e de Santarém, que provaram que a expansão territorial do reino era não só possível como obrigatória para o futuro do país. A sua coragem e a sua visão estratégica foram decisivas para consolidar a identidade nacional que já existia neste território, que já almejava uma afirmação efectiva, que parecia apenas esperar por um líder para seguir e lutar pelos seus propósitos independentistas. 


"A geração que começou a venerar Afonso Henriques como herói das lutas contra os mouros, como fundador da nacionalidade e como chefe capaz de conduzir todo o seu povo depressa o inclui na categoria dos heróis com um destino trágico." 


Em suma, é incontestável a relevância da figura de Afonso Henriques para a História de Portugal e para a historiografia portuguesa. Apesar das lacunas e das incertezas que envolvem a vida e o reinado do primeiro rei de Portugal, o autor não deixa de ressaltar a importância de compreender o contexto político, social e cultural da época para analisar adequadamente o legado deixado por D. Afonso Henriques. Além disso, Mattoso também enfatiza a necessidade de revisitar e reavaliar constantemente as fontes históricas, a fim de ampliar e aprofundar o nosso conhecimento sobre este período crucial da História de Portugal. Com isto, este livro revela-se fundamental para quem quer compreender melhor a formação do Reino de Portugal e a construção da identidade nacional portuguesa. 


Portanto, só posso recomendar a leitura de D. Afonso Henriques para todos os que desejam aprofundar os seus conhecimentos sobre a História de Portugal e sobre a figura mística do primeiro rei deste país. José Mattoso oferece uma narrativa envolvente, revelando os desafios e as conquistas do jovem príncipe que se tornaria o grande fundador de Portugal. Assim, os leitores interessados em compreender as origens e os feitos deste importante personagem histórico certamente encontrarão neste livro uma fonte de informação valiosa e esclarecedora. Pessoalmente, adoro esta colecção da Temas e Debates com as biografias de reis e rainhas de Portugal e, apesar de já ter lido algumas, quero ler todas, ou não fosse o tema fascinante. 


Agora, quero saber a tua opinião. Gostas de biografias? Já conhecias esta? Também sentes curiosidade sobre o nosso primeiro rei e sobre este época tão distante da nossa História? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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quinta-feira, 11 de julho de 2024

#Séries - Young Sheldon

 

Na foto de capa da série "Young Sheldon", vemos o pequeno Sheldon de 9 anos, interpretado pelo talentoso ator Iain Armitage, em destaque. Ele aparece com sua característica camisa de botões, segurando um livro e olhando pensativamente para o horizonte. Ao fundo, as imponentes montanhas do Texas completam a paisagem, representando o cenário rural e acolhedor em que o jovem prodígio vive suas aventuras e desafios. A imagem captura a essência da série, que retrata de forma cativante a infância peculiar e genial de um dos personagens mais amados da televisão.

Sinopse

Em Young Sheldon, spin-off de A Teoria do Big Bang, a trama acompanha o jovem Sheldon Cooper, de 9 anos, quando ele salta quatro anos para começar o ensino médio junto com o seu irmão mais velho, menos intelectual. Enquanto ele luta para ser compreendido pela sua família, colegas e vizinhos, a sua mãe oferece a melhor ferramenta que pode inventar: lembrar aos valentões que o seu pai é o treinador de futebol e que o seu irmão está na equipa. A sua irmã gémea não partilha a sua mente excepcional, mas ela tem uma visão muito mais clara do que a vida reserva para o jovem génio. 


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Opinião 

Young Sheldon é uma série de comédia que estreou em 2017 e serve como um prelúdio para a famosa série A Teoria do Big Bang. A história acompanha a infância do brilhante e excêntrico Sheldon Cooper, interpretado por Jim Parsons na série original, enquanto ele enfrenta os desafios da vida escolar e familiar no Texas dos anos 80. Com um elenco talentoso e carismático e roteiros inteligentes e bem desenvolvidos, a série conquistou o público ao explorar a mente única de Sheldon e as suas interações com a família, colegas e professores. 


Como um spin-off de A Teoria do Big Bang, a série explora as origens do comportamento excêntrico de Sheldon desde os nove anos de idade até aos catorze, ao mesmo tempo que apresenta de forma mais aprofundada a vida da sua família, com as aspectos que certamente escaparam ao pequeno génio, que entende tudo de Física, mas pouco de relações humanas. Desde a mãe superprotetora, o pai esforçado, o irmão mais velho que sempre gosta de chatear os mais novos, a irmã gémea que, não sendo um génio intelectual, é claramente dona duma inteligência emocional acima da média, sem esquecer a avó pouco ortodoxa, mas que está sempre por perto para ajudar e aproveitar a companhia dos netos. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Teoria do Big Bang


Sheldon Cooper, tal como na sua versão adulta, é um personagem muito peculiar, com uma inteligência fora do comum e uma sinceridade desconcertante. As suas interações com a família, os colegas de escola e a sociedade em geral são sempre marcadas pela sua falta de habilidade em compreender as emoções e os comportamentos das pessoas ao seu redor. No entanto, a sua ingenuidade e a sua autenticidade, nem sempre conveniente, são capazes de conquistar o público, que se diverte com as suas peripécias e com as suas descobertas sobre o mundo. Por outro lado, o pai do Sheldon, George Cooper Sr., é um homem simples e trabalhador, que muitas vezes tem dificuldade em compreender a mente brilhante do filho, mas que desempenhou um papel fundamental na criação do jovem génio. Porque apesar de tudo, ele sempre se esforça para apoiar Sheldon da melhor maneira, mesmo que não entenda as suas peculiaridades e interesses excêntricos. Apesar das diferenças, fica claro que partilharam momentos marcantes. Afinal, foi com o pai que Sheldon conheceu a Caltech, que seria a sua casa na idade adulta. 


Na imagem, vemos Sheldon Cooper, um jovem superdotado de apenas 9 anos, ao lado de sua família: seu pai, George Cooper, sua mãe, Mary Cooper, sua avó, Meemaw, e sua irmã gêmea, Missy. A relação entre eles é marcada por muitos desafios e momentos de comédia, proporcionando aos espectadores um olhar mais íntimo sobre a infância de um dos personagens mais icônicos da série "The Big Bang Theory" em "Young Sheldon".

Temos também a mãe de Sheldon, Mary Cooper, interpretada pela filha da actriz que interpreta esta mesma personagem na série A Teoria do Big Bang. Ela é retratada como uma mulher religiosa, devota e amorosa, que está sempre a cuidar e a proteger toda a família, mas principalmente o seu filho mais novo. Mary carrega consigo valores tradicionais e morais, sendo uma figura central na vida de Sheldon e dos irmãos, ainda que apresente também uma grande dose de egoísmo nas suas atitudes, mesmo que tenha boas intenções. Também é muito interessante a sua dinâmica enquanto casal, que passa por várias fases e momentos, melhores e piores, como acontece na vida das pessoas. Em contraponto, temos a sua mãe, avó querida por todos os netos, mas que causa algum desconforto na devota Mary, pois a sua mãe é bem mais moderna e de mente aberta do que ela. Conny é viúva mas está longe de achar que a sua vida acabou. Quer aproveitar os anos que ainda lhe restam e permite muitas reflexões sobre o amor na terceira idade. 


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Agora, passamos aos irmãos do génio, que se sentem relegados para segundo plano por causa de toda a atenção que o Sheldon recebe, ainda que compreendam as razões para isso acontecer. Missy é a irmã gémea do Sheldon e conta com uma personalidade totalmente oposta à do irmão. Enquanto Sheldon é extremamente inteligente e racional, Missy é mais descontraída e extrovertida. Ela não se importa com as regras e convenções sociais, o que a leva a entrar em conflito com o Sheldon muitas vezes. No entanto, apesar das brigas e desentendimentos, os dois irmãos têm uma ligação especial e apoiam-se mutuamente nas situações difíceis. Em contraponto, temos o irmão mais velho, George Cooper Junior, um dos personagens mais complexos e interessantes de Young Sheldon, que ganhou um protagonismo inesperado à medida que as temporadas foram surgindo. Mesmo com as suas falhas e decisões questionáveis, George é mostrado como alguém que se importa com a família e que tenta fazer o melhor que pode, mesmo que nem sempre acerte. Começa como um miúdo imaturo e pouco relevante, mas conquista o coração do público conforme vai crescendo e tornando-se um jovem adulto determinado a alcançar o sucesso, sem nunca esquecer o mais importante. 



Assim, na série somos apresentados às aventuras e desafios enfrentados por Sheldon Cooper no ensino secundário, onde a sua inteligência muito acima da média o coloca em situações únicas e, por vezes, complicadas, até porque vai para um liceu cheio de adolescentes quando tem apenas nove anos de idade. Enquanto lida com professores e colegas que não conseguem acompanhar o seu raciocínio lógico, os anos passam e acaba também por enfrentar a inevitabilidade do liceu já não ser capaz de lhe ensinar nada de novo e é inevitável passar, ainda muito novo, para a Universidade do Texas, que não sendo a melhor do mundo, é a que se encontra mais perto de casa e da família. A mistura de situações cómicas, emocionantes e surreais faz de Young Sheldon uma série divertida e cativante, que mostra de forma hilariante e ao mesmo tempo tocante o crescimento e amadurecimento de um dos personagens mais icónicos da televisão. 


Este spin-off mantém o mesmo humor inteligente e afiado que consagrou a série original. Com diálogos rápidos e cheios de referências nerd, o tom sarcástico e as piadas ácidas continuam a fazer parte deste universo, garantindo momentos engraçados e perspicazes. A contribuir para o sucesso da série temos de referir as atuações brilhantes de todo o elenco, a começar pelo próprio Iain Armitage, que impressioona por ter sido capaz, desde tenra idade, captar e transmitir todas a genialidade e peculiaridades de Sheldon, apresentando uma performance absurdamente convincente. Por último, os temas familiares abordados na série, como o amor, respeito, compreensão e os típicos conflitos entre pais e filhos, são tratados duma forma autêntica e perspicaz. Por exemplo, o modo como os pais de Sheldon lidam com a sua genialidade e personalidade única, ao mesmo tempo que o apoiam e orientam, sem nunca esquecer os outros filhos, é retratado de forma sensível e realista. 


Em suma, Young Sheldon destaca-se pela sua abordagem única e divertida ao contar a história do brilhante e excêntrico Sheldon Cooper durante a sua infância, tendo sido uma forma deliciosa de voltar a uma das melhores personagens de A Teoria do Big Bang. Muitas explicações são apresentadas sobre comportamentos icónicos do personagem na série original, bem como assistimos a alguns momentos que são referidos pelo Sheldon adulto, ainda que seja perceptível a sua visão deturpada dos acontecimentos. Assim, só posso recomendar este bem sucedido spin-off para os fãs de comédias inteligentes e, claro, para os que estão com saudades dos personagens que nos deixaram na série inicial. Pela minha parte, já estou com saudades. Agora, conta-me tudo. Já viste o spin off? O que achaste de Young Sheldon? Qual o teu personagem favorito desta série? Deixa o teu comentário abaixo com as tuas impressões! 

terça-feira, 9 de julho de 2024

#Livros - Odisseia, de Homero

 

Uma capa minimalista trazendo à tona a essência da narrativa épica de Homero: a lança negra em destaque sobre um fundo azul escuro, simbolizando a ação e a aventura que aguardam o leitor ao mergulhar na leitura de "Odisseia", na tradução primorosa de Frederico Lourenço. Um convite visualmente impactante para adentrar no mundo mitológico e fascinante da obra-prima da literatura grega antiga.

Sinopse

Frederico Lourenço regressa ao texto da Odisseia e revê a sua primeira tradução, acrescentando-lhe notas importantíssimas. 

A Odisseia não é apenas um dos grandes épicos da literatura grega; é também um dos pilares do cânone ocidental, um poema de rara e extraordinária beleza - e o livro que mais influência exerceu, ao longo dos tempos, no imaginário ocidental. 

Quando a Ilíada e a Odisseia foram compostas, ainda não tinha sido escrita a maior parte dos livros que integram o Antigo Testamento; as duas epopeias homéricas são, para todos os efeitos, os primeiros grandes livros da cultura ocidental. 

Anos depois da sua tradução inicial, Frederico Lourenço regressou ao texto e fez uma criteriosa e minuciosa revisão, acrescentando ainda notas e comentários que esclarecem dúvidas sobre o texto, bem como questões de natureza linguística, geográfica ou histórica que se colocam ao leitor de hoje. 

Este grande trabalho de tradução confirma Frederico Lourenço como o grande tradutor moderno do poema grego. 


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Opinião 

Homero, um dos maiores poetas da Grécia Antiga, é considerado o autor de Odisseia, uma das mais famosas epopeias da literatura ocidental. A obra narra a jornada de Odisseu na sua difícil e longa volta para casa após a Guerra de Tróia. Composta por volta do século VIII a.C., a Odisseia é uma obra que mistura mitologia, aventura e dilemas éticos, sendo considerada um dos pilares da literatura clássica. Apesar de poucos terem lido o livro original que chegou até nós, acredito que toda a gente conhece muitas histórias que contém esta obra, pela sua importância e influência em histórias posteriores, mas também devido às adaptações infanto-juvenis que lemos quando mais novos. 


A tradução de Frederico Lourenço da Odisseia é uma obra que se destaca pela sua fidelidade ao original grego e pela sua linguagem acessível. O conceituado classicista português não apenas traduz o épico de forma fiel, mas também consegue captar a essência e a riqueza da poesia homérica, tornando a leitura da Odisseia uma experiência envolvente e cativante para os leitores contemporâneos. Com um cuidadoso trabalho de pesquisa e interpretação, Lourenço consegue transmitir toda a complexidade e profundidade da obra de Homero, tornando-a acessível e actual para o público de hoje, como se deixasse de estar vedada ao leitor comum, pois agora pode ser lida por qualquer um de nós, sem dificuldades de maior. 


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Portanto, todos sabemos que Odisseu enfrenta inúmeros desafios e perigos ao longo do caminho que o levaria até casa, incluindo a fúria dos deuses, criaturas mitológicas e a tentação de sereias, só para dar alguns exemplos. Durante a sua ausência, a sua esposa Penélope e o seu filho Telêmaco enfrentam uma série de pretendentes que tentam casar com a suposta viúva e que, enquanto esperam uma decisão, vão consumindo os recursos do senhor ausente. Para adiar a decisão, pois na verdade não pretende casar-se, Penélope faz uso de astúcia para enganar os pretendentes tecendo de dia um manto, que desfaz de noite para que a tarefa nunca tenha fim. São muitos os episódios que fazem parte do nosso conhecimento colectivo e que foi um prazer ver retratados na sua versão original com esta leitura. 


"Avançando com leveza, a nau cortou as ondas do mar,
transportando um homem cujos conselhos igualavam
os dos deuses, que já sofrera muitas tristezas no coração,
que atravessara as guerras dos homens e as ondas dolorosas,
mas que agora dormia em paz, esquecido de tudo quanto sofrera." 


Quanto à Guerra de Tróia propriamente dita, são dadas poucas informações e algumas até são contraditórias, apesar de serem referidos o célebre engodo do cavalo, ideia de Odisseu, a morte de Aquiles e o regresso de Helena para casa e para o marido que havia abandonado. Pelo meio das versões mentirosas que Odisseu vai distribuindo por onde passa, vemos vários episódios marcantes, como a passagem pela ilha da feiticeira Circe, o encontro com o ciclope Polifemo, a viagem através do reino dos mortos e a astúcia de Odisseu para derrotar e castigar os pretendentes de Penélope. Com uma trama repleta de reviravoltas e desafios, Odisseia é uma aventura que continua a fascinar leitores de todas as épocas e de todos os lugares do mundo. 


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Voltando à tradução, é preciso ressaltar o profundo conhecimento da língua e cultura grega de Frederico Lourenço, que se reflete na sua capacidade de transmitir com a precisão possível os significados e nuances presentes no texto de Homero. A sua tradução é fluída e permite que o leitor mergulhe na narrativa e se sinta parte da jornada de Odisseu. Um dos pontos fortes deste edição é a quantidade de notas feitas pelo tradutor que enriquece a obra e ajuda na total compreensão de vários aspectos, tanto nas escolhas na hora de traduzir, como das contradições ou incongruências que são encontradas ao longo do texto. Afinal, é importante ter em mente que estamos perante uma obra que nos chegou escrita, mas que faz parte da tradição oral, o que significa que terão existido várias versões deste poema. Por isso, é possível perceber que por vezes o discurso é feito na primeira pessoa e noutras, que deverão ser vestígios de outras versões da obra, estão na terceira pessoa, com conhecimentos que um narrador na primeira pessoa não poderia ter acesso. É assim que o tradutor nos guia pelos meandros da narrativa, esclarecendo termos obscuros, contextualizando passagens e interpretando nuances da linguagem homérica. 


"A terra não alimenta nada de mais frágil que o homem, 
de tudo quanto na terra respira e rasteja. 
O homem não pensa vir a sofrer o mal no futuro, 
enquanto os deuses lhe concedem valor e joelhos resistentes. 
Mas quando os deuses bem-aventurados lhe dão sofrimentos,
também isto ele aguenta com tristeza e coração paciente." 


Em suma, a obra Odisseia de Homero, nesta tradução magistral de Frederico Lourenço, mantém-se como um marco da literatura mundial, fazendo um elogio à capacidade do ser humano para enfrentar desafios, superar obstáculos e percorrer um caminho de autoconhecimento e crescimento. A relevância da história de Odisseu vai muito além de ser apenas uma narrativa antiga, pois as suas lições sobre coragem, lealdade, perspicácia e determinação continuam a inspirar gerações de leitores e escritores ao redor do mundo até aos dias de hoje. A reflexão sobre a importância da família, da fidelidade e do regresso ao lar, temas centrais da obra, mantém-se actual e atemporal, o que talvez seja o motivo porque a Odisseia permanece viva e pertinente tantos séculos depois da sua criação. 


Assim, só posso recomendar fortemente esta edição com a tradução, as notas e comentários de Frederico Lourenço para todos os que desejam aventurar-se pela obra épica de Homero e descobrir tudo o que esta obra encerra, para além dos episódios mais famosos. A sua abordagem meticulosa e atenta aos detalhes, aliada à sua fluidez e clareza na escrita, proporciona uma experiência de leitura verdadeiramente envolvente e acessível, ao mesmo tempo que respeita a complexidade e riqueza do texto original. Estamos perante uma tradução que, sem dúvida, merece ser apreciada e celebrada por todos os amantes da literatura clássica. Depois de ter sido uma das compras na Feira do Livro de Lisboa em 2022, só posso dizer que foi um prazer enorme ler as obras que Homero nos deixou e que chegaram às nossas mãos em versões que podemos considerar completas. Para os que ainda têm receio em pegar nestas obras famosas e consideradas eruditas, só vos posso assegurar que não tem nada de complicado, sobretudo com a ajuda das notas e comentários do nosso tradutor favorito. É somente uma viagem fascinante por um universo que conhecemos mesmo sem ter lido uma linha. 


Já te aventuras pela Odisseia de Homero? Qual o teu episódio favorito? Achas que Odisseu foi retratado como o herói que imaginaste? Qual o canto que menos gostaste? Conta-me tudo nos comentários abaixo e vamos conversar sobre este épico incontornável! 


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quinta-feira, 4 de julho de 2024

#Review - Martini Fiero

 

Dois copos de Martini Fiero, uma bebida refrescante e frutada na cor laranja, perfeita para ser apreciada em boa companhia.

O Martini Fiero apresenta-se como uma bebida vibrante e ousada, que combina o sabor doce e frutado da laranja com o toque amargo do aperitivo de ervas. Com uma cor avermelhada intensa e brilhante, é ideal para ser apreciado puro ou como ingrediente principal em coquetéis refrescantes e sofisticados. Com uma graduação alcoólica inferior a 15º, o Martini Fiero promete surpreender o paladar dos apreciadores de bebidas de qualidade. 


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Martini é uma marca italiana de bebidas alcóolicas, fundada em 1863 por Alessandro Martini, Luigi Rossi e Teofilo Sola. A empresa tornou-se famosa pela sua produção de vermute, um tipo de vinho fortificado aromatizado com diversos ingredientes como ervas, especiarias e frutas. Além de ser dona da minha bebida favorita da vida, Martini Bianco, ao longo dos anos expandiu o seu portfólio para incluir outras bebidas, como é o caso do Martini Fiero, uma bebida aperitiva feita à base de vinho branco, laranja e uma mistura de ervas e especiarias. Com mais dum século de tradição e qualidade, a marca Martini tornou-se uma referência mundial em bebidas sofisticadas e refinadas. 


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Martini Fiero é uma bebida que combina perfeitamente doçura e amargor numa única garrafa. Esta bebida oferece um equilíbrio harmonioso de sabores que conquista os paladares mais exigentes. O seu sabor único e refrescante torna esta bebida na opção ideal para quem procura algo sofisticado e saboroso para desfrutar em diferentes ocasiões, mas que me parece perfeito para este tempo mais quente de Verão. Com a sua saborosa combinação de notas frutadas e cítricas, podem ser apreciado tanto puro, como tenho feito mais recentemente, como em coquetéis, misturando água tónica ou gasosa, por exemplo. 


Lata de Martini Fiero, uma bebida aperitiva de cor laranja vibrante, ao lado de um copo com o logotipo de Martini e a bebida servida com gelo. Uma combinação refrescante e cheia de sabor para momentos descontraídos e sofisticados. Ideal para quem aprecia drinks com um toque de sofisticação.

Esta é uma bebida que se diferencia das tradicionais opções da marca, embora o design lhe seja fiel e facilmente identificável como Martini, com o desenho da garrafa icónico e o rótulo que remete imediatamente para esta marca lendária. A mesma imagem é replicada nas latas onde já temos o Martini Fiero com água tónica e que podem ser consumidas em qualquer lugar e ocasião, sendo perfeita para momentos de descontração e de celebração. Com esta nova forma de consumir Martini Fiero, torna-se uma escolha versátil e conveniente, o que nem sempre acontece com as garrafas de vidro, e acredito que acabe por se tornar mais apelativa para os jovens em festas e festivais de Verão, na praia ou nos acampamentos. 


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Em suma, agora que experimentei tanto a versão em lata quanto a bebida pura, posso assegurar que estamos perante uma bebida especial que se destaca no mercado de bebidas alcóolicas pela sua combinação única de aromas e sabores cítricos e amargos, resultando numa bebida refrescante e equilibrada. A sua versatilidade permite ser apreciada pura, com gelo e rodelas de laranja, ou mesmo em coquetéis mais elaborados. Além disso, a sua embalagem moderna e atrativa agrega valor ao produto, tornando-o uma excelente opção para quem procura uma experiência sofisticada e saborosa. Portanto, se és fã de bebidas vibrantes e refrescantes, não podes deixar de experimentar o Martini Fiero. Esta pode muito bem ser a escolha perfeita para curtir momentos especiais com amigos ou simplesmente relaxar no final dum longo dia de trabalho. 


Assim, convido-te a experimentar esta bebida e compartilhar as tuas opiniões aqui. Já conhecias esta nova bebida da Martini? Costumas comprar este tipo de bebida alcóolica? Em que ocasião mais aprecias beber um aperitivo? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 2 de julho de 2024

#Livros - Uma Coluna de Fogo, de Ken Follett

 

Na foto da capa do livro "Uma Coluna de Fogo" de Ken Follett, publicado pela Editorial Presença, podemos ver um fundo que imita um pergaminho antigo, transmitindo uma sensação de história e tradição. Em destaque, está a flor que é o símbolo de Kingsbridge, remetendo diretamente à trama envolvente e cheia de intrigas da saga. A imagem captura a essência do romance histórico, prometendo aos leitores uma viagem fascinante por entre os tumultuosos acontecimentos do século XVI.

Sinopse

Natal de 1558. O jovem Ned Willard regressa a Kingsbridge e descobre que o seu mundo mudou. As velhas pedras da catedral de Kingsbridge contemplam uma cidade dividida pelo ódio de cariz religioso. A Europa vive tempos tumultuosos, em que os princípios fundamentais colidem de forma sangrenta com a amizade, a lealdade e o amor. Ned em breve dá consigo do lado oposto ao da rapariga com quem deseja casar, Margery Fitzgerald. 

Isabel Tudor sobe ao trono, e toda a Europa se vira contra a Inglaterra. A jovem rainha, perspicaz e determinada, cria desde logo o primeiro serviço secreto do reino, cuja missão é avisá-la de imediato de qualquer tentativa quer de conspiração para a assassinar, quer de revoltas e planos de invasão. Isabel sabe que a encantadora e voluntariosa Maria, rainha da Escócia, aguarda pela sua oportunidade em Paris. Pertencendo a uma família francesa de uma ambição brutal, Maria foi proclamada herdeira legítima do trono de Inglaterra, e os seus apoiantes conspiram para se livrarem de Isabel. 

Tendo como pano de fundo este período turbulento, o amor entre Ned e Margery parece condenado, à medida que o extremismo ateia a violência através da Europa, de Edimburgo a Genebra. Enquanto Isabel se esforça por se manter no trono e fazer prevalecer os seus princípios, protegida por um pequeno mas dedicado grupo de hábeis espiões e de corajosos agentes secretos, vai-se tornando claro que os verdadeiros inimigos, então como hoje, não são as religiões rivais. A batalha propriamente dita trava-se entre aqueles que defendem a tolerância e a concórdia e os tiranos que querem impor as suas ideias a todos, a qualquer custo. 


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Opinião 

Uma Coluna de Fogo é o terceiro livro da série "Kingsbridge" de Ken Follett, famoso autor britânico, antes conhecido pelos seus romances policiais, mas que, com estes livros, se tornou numa referência nos romances históricos épicos. Dando um salto temporal novamente, o enredo passa-se no século XVI, abordando o tumultuado período da Reforma Protestante na Europa, revelando intrigas políticas, traições e conflitos religiosos que moldaram o continente na época. Com uma narrativa envolvente e personagens cativantes, Ken Follett mais uma vez transporta os leitores para um cenário repleto de drama e suspense, mantendo-os fisgados do início ao fim. 


A história gira em torno de Ned Willard, um jovem que vê a mãe perder o negócio de família pelas mãos da família da mulher que ama, Margery Fitzgerald, e da igreja católica. Por seu lado, Margery vive o conflito entre seguir o seu coração ou obedecer aos pais como manda a sua fé, porque é aí que se manifesta a vontade de Deus. Mas será capaz de calar os seus sentimentos e aceitar casar com um homem que não ama? Mas dado o contexto das reformas e dos conflitos religiosos que assolavam toda a Europa nestes anos, a narrativa não se limita à icónica Kingsbridge, ainda que a sua importância e relevância não seja esquecida, sobretudo pelo papel dos personagens originários de lá que ganham importância no decurso dos acontecimentos históricos. Assim, este livro torna-se mais dinâmico e complexo, com as suas passagens alternadas por países como França, Espanha ou Escócia, mas sempre regressando a Inglaterra. 


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Depois da Inglaterra perder Calais, ainda no reinado da católica Maria Tudor, a família Willard perde todo o seu negócio, levando a que Ned acabe por ficar ao serviço do competente conselheiro Cecil e da futura rainha Isabel. Acredita que com esta jovem rainha, a Inglaterra vai ser capaz de entrar numa era em que ninguém é morto por causa da sua religião. Apesar de ser protestante, é acima de tudo um tolerante que não concorda com a perseguição religiosa, um caso raro em tempos de opiniões tão extremadas e de gente que é obstinada por convencer os restantes de que a razão está do seu lado. A própria Margery, apesar de permanecer uma católica devota, não acredita na violência como forma de converter as pessoas, mas luta por levar a sua fé para os católicos ingleses que se vêm proibidos de assistir às suas missas em público. Estamos perante personagens complexos, bem construídos e que passam todos por uma evolução significativa ao longo de mais de cinquenta anos, tantos os ficcionais quanto os históricos. 


"A Barney parecia-lhe que fora uma criança até àquele dia. Sabia que os padres podiam pôr um homem na prisão e torturá-lo até à morte, mas não que também lhe podiam tirar todos os bens e deixar-lhe a família na miséria. Nunca imaginara que um arcediago levasse uma rapariga para sua casa e fizesse dela sua amante. E não fazia ideia do que tanto homens como mulheres faziam com os seus escravos. Era como se tivesse vivido numa casa com divisões onde nunca pusera a vista." 


Pessoalmente, gosto muito deste período histórico e já li muitos livros sobre esta época, sejam de ficção ou de História e, como tal, considero a ambientação histórica de Uma Coluna de Fogo rica em detalhes e extremamente bem explorada pelo autor, que consegue retratar com maestria a atmosfera política e religioso desses tempos conturbados. Desde os conflitos entre católicos e protestantes até às intrigas da corte Tudor, o leitor mergulha de cabeça num mundo repleto de reviravoltas e disputas de poder, nos palcos mais poderosos da Europa, como a França, a Inglaterra, a Espanha e os Países Baixos. Assim, vemos esses bastidores onde passam gente poderosa como os vários reis de França, a rainha Catarina de Médicis, a família Guise, Maria e Isabel Tudor, Maria da Escócia, Filipe de Espanha, só para dar alguns exemplos das figuras mais famosas que ganham vida pela mão de Ken Follett. A precisão com que o autor recria estes cenários históricos é um dos maiores trunfos da obra, sem margem de dúvida. 


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Destaco ainda a forma brilhante como são retratados episódios marcantes da História e dos conflitos entre católicos e protestantes, como o massacre em Paris, que nos coloca nos meandros dessa noite pelos olhos de Ned, que vê muitas das barbaridades cometidas e lhes escapa por pouco. O relato da tentativa de invasão da Inglaterra pela Espanha com a sua Invencível Armada é magistral e consegue fazer-nos entender o tamanho da derrota dos espanhóis, sem que os ingleses tenham demasiado mérito. Afinal, invadir uma ilha está longe de ser uma tarefa fácil e simples, mesmo quando somos donos duma armada de navios poderosos. Usando os personagens ficcionais que já nos prenderam e encantaram, coloca o leitor no olho do furacão, apresentando relatos intensos e entusiasmantes, mesmo quando sabemos qual vai ser o desfecho, ensinando ao mesmo tempo que entretém de forma muito satisfatória. 


"Percebeu com admiração que era assim que mulheres como Catarina exerciam o poder. Agiam com esperteza mas invisivelmente, operando nos bastidores, controlando os acontecimentos, enquanto os homens imaginavam que detinham o controlo total." 


O livro Uma Coluna de Fogo é bem mais do que apenas um romance histórico envolvente. Ken Follett volta a demonstrar a sua habilidade para transportar o leitor para os seus cenários, desta vez no agitado século XVI. A narrativa rica em detalhes e os personagens bem desenvolvidos fazem com que o leitor se sinta parte da trama, vivenciando os acontecimentos marcantes da época. Além disso, a obra traz também reflexões sobre temas atemporais como poder, ambição e religião, tornando-a relevante não apenas para os amantes de História, mas também para os que procuram uma leitura envolvente e instigante. Tudo isto resulta numa obra que deixará uma marca duradoura na mente dos leitores e que alimentou a minha vontade de continuar a ler esta série, embora cada vez falte menos para terminar. 


Portanto, se aprecias histórias épicas, recheadas de intriga, romance e acção, este é o livro certo para ti! Afinal, tens diante de ti um livro instigante do princípio ao fim que continua a arrebatar fãs e a conquistar novos admiradores que desejam descobrir o universo de Kingsbridge ao longo dos séculos. Agora é a tua vez de partilhar a tua opinião! Já leste esta nova história da série? Gostas de romances históricos e deste autor neste género? Desta série, qual o teu livro favorito? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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