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terça-feira, 23 de julho de 2024

#Livros - Sua Alteza Real, de Thomas Mann

 

Na capa do livro "Sua Alteza Real", a imagem retrata uma atmosfera de realeza e poder. Em um fundo azul intenso, destacam-se uma elegante poltrona dourada, uma imponente espada encrustada com pedras preciosas, uma delicada rosa vermelha simbolizando paixão e amor, e uma majestosa coroa dourada, remetendo ao título da obra e à figura central da realeza. A composição visual sugere uma trama envolvente e cheia de intrigas palacianas, em que os personagens são levados a um jogo de poder e privilégios.

Sinopse

Thomas Mann é um dos autores germânicos que melhor soube descrever a decadência da classe burguesa e aristocrática da Alemanha do século XX. O presente romance, Sua Alteza Real, inscreve-se nessa linha. Nele nos é dada também uma descrição do confronto da velha Europa monárquica com o emergente capitalismo norte-americano. Esse novo riquismo é representado por um milionário americano que vem instalar-se na Europa num pequeno principado à beira da bancarrota. Porque já não possui a fé necessária no que deve realizar, resolve ajudar a restaurar o principado a troco do casamento da sua filha com o príncipe herdeiro. Troca que naturalmente é aceite pelo grão-ducado. 

Embora conscientes dos interesses em jogo, os jovens, devido ao isolamento em que vivem, aceitam-nos e, procurando conhecer-se, acabam por se apaixonar. Aparentemente uma história, pois, em que o poder, o amor e o dinheiro são os protagonistas. Aprofundando-a, logo vemos porém que vai muito além disso e que, tal como noutras obras, também esta constitui uma análise objectiva das contradições que paralisam e subvertem certos extractos sociais do mundo conturbado que o escritor conheceu. 


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Opinião 

Sua Alteza Real é um romance escrito por Thomas Mann e publicado pela primeira vez em 1909. Parecendo explorar temas como a responsabilidade do poder, as pressões da vida monárquica e os conflitos internos dos príncipes, Mann oferece-nos uma narrativa satírica sobre o papel da realeza e as consequências do seu estilo de vida. Com a sua escrita perspicaz e penetrante, Thomas Mann conduz-nos pelos bastidores da corte dum pequeno principado, revelando os desafios e dilemas enfrentados por um herdeiro de sangue real, cujo reino se encontra com um pé na falência. 


Estamos perante um dos primeiros romances do famoso autor alemão, que surgiu depois da sua estreia com o aclamado Os Buddenbrooks e é uma obra bem menos conhecida do que este e outros dos grandes títulos que escreveu depois. Com o seu estilo sofisticado e detalhado, traz uma análise profunda da natureza humana e das relações sociais, refletindo a atmosfera de decadência e turbulência que era vivida na Europa no início do século XX. Assim, o romance retrata a vida do príncipe herdeiro dum reino fictício da Europa Central, desde o seu nascimento, passando pelo reinado do seu pai, até que a coroa é assumida pelo seu irmão mais velho, que despreza os compromissos sociais que este cargo obriga e decide delegá-los no irmão mais novo, que coloca como seu herdeiro, dado que não tem intenção de casar e ter filhos. 


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Assim, os principais personagens que dão vida a esta trama são o já referido príncipe herdeiro Nicolau Henrique, um jovem que se vê dividido entre as suas responsabilidades reais e os seus desejos pessoais, entre a vida isolada que leva e a realidade do que acontece fora dos palácios que habita; e o rei Alberto II, irmão do príncipe, monarca que vemos chegar ao trono, mas que gosta de viver isolado e protegido, tal como cresceu devido à sua saúde frágil. Claro que a história da família real, com pais, tios e primos, também é explorada, mas o foco está sobretudo nos irmãos e na grande diferença de personalidade entre os dois. Depois, chega ao principado falido um milionário americano de origem germânica, Samuel Spoelmann, que traz consigo a riqueza e o poder duma nova era, que parece muito distante desta Europa tradicional e pobre. Com ele vem também a filha, Imma, uma jovem moderna, independente e inteligente, que desperta sentimentos ambíguos em Nicolau Henrique, que se sente fascinado por esta mulher tão diferente de tudo o que conhece. 


"Vossa Excelência permita-me que mais uma vez lhe confesse a minha fé no idealismo do povo. O povo tem necessidade de ver representado na pessoa dos seus príncipes o que de melhor e mais elevado anseia, o seu sonho, a sua alma por assim dizer, e nunca a sua bolsa." 


De maneira peculiar e complexa são abordados temas como poder, ambição, moralidade e outros aspectos da vida da aristocracia europeia. Através destes personagens, o autor discute questões como a responsabilidade e as consequências do poder absoluto, e a luta interna entre a ética pessoal e as exigências da vida pública. Ao mesmo tempo que vai tecendo críticas claras aos regimes europeus, falidos e ultrapassados, também nos leva a refletir sobre a complexidade das relações de poder e sobre os dilemas morais que muitas vezes estão presentes na tomada de decisões de indivíduos poderosos. 


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O estilo narrativo de Thomas Mann é sempre caracterizado pela sua riqueza literária e pela complexidade psicológica. Mann utiliza uma linguagem refinada e até rebuscada, repleta de metáforas e simbolismos que enriquecem a narrativa. Além disso, o autor adopta uma estrutura narrativa que mistura realismo com elementos fantasiosos, criando um ambiente ambíguo e intrigante que desafia as expectativas do leitor a cada novo capítulo. Muito embora, ache que o final do livro foi muito abrupto, depois de ter levado tanto tempo em divagações pelo passado do reino e pela infância e juventude do jovem príncipe. 


"Amo o invulgar, amo aqueles que trazem consigo a dignidade de seres excepcionais, aqueles a quem chamam seres insólitos, estranhos e que o povo não compreende; desejo que eles amem o seu destino e não que se acomodem a essa verdade frívola e vil que acabamos de ouvir cantada a três vozes." 


Com este Sua Alteza Real, Thomas Mann leva-nos a passear pelo universo da nobreza europeia entre a opulência do século XIX até à decadência do início do século XX. O autor volta a demonstrar, com o seu segundo romance, a sua habilidade para criar personagens complexos e humanos, ao mesmo tempo que explora a moralidade, o poder e a decadência da aristocracia. No entanto, em alguns momentos a narrativa parece um tanto arrastada e repleta de digressões, o que pode cansar ou aborrecer alguns leitores, sobretudo os menos apaixonados pela obra de Mann. Mas, ainda assim, este é um livro que merece uma oportunidade para poder ser conhecida e apreciada pelos amantes da literatura clássica. 


Em suma, podemos afirmar que esta obra é um retrato magistral, repleto de ironia, da sociedade alemã do início do século XX. Assim, o autor apresenta um panorama das ambiguidades e contradições duma época marcada pela decadência da nobreza e pela ascensão da burguesia, onde passou a estar o dinheiro. É um livro menos conhecido do autor germânico, mas que vale muito a pena, ainda que não seja uma das suas obras-primas. Só posso aconselhar a que persistam na leitura, porque no final vão sentir que foi tempo bem passado, ou não estivéssemos a falar de Thomas Mann, que sempre revela novas camadas de significado e de beleza nas suas obras. Agora quero saber de ti! Já leste este livro menos famoso de Mann? O que achaste desta família real? Quanto ao autor, qual a tua obra favorita da vida? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

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