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terça-feira, 24 de maio de 2022

#Livros - Morte em Veneza, de Thomas Mann

 

#Livros - Morte em Veneza, de Thomas Mann

Sinopse

A Morte em Veneza é a narrativa do fascínio que Aschenbach, um escritor consagrado, sente por um adolescente, Tadzio, de deslumbrante beleza. 

Uma paixão que se arrasta pelo Lido e depois pelas ruas de uma Veneza ameaçada e através da qual se questiona a situação moral do artista. 

Trata-se de uma novela em que Thomas Mann, sob a influência filosófica de Platão, aborda a relação com o belo e fala da nostalgia e das suas emoções. 


Opinião

Depois de muitas hesitações, decidi-me a ler o meu primeiro Thomas Mann da vida e que bom que foi. Claro que não comecei por nenhum dos seus calhamaços, mais famosos e mais icónicos, mas por uma novela simples, curta e repleta do seu talento. Morte em Veneza tem menos de cem páginas e pode muito bem ser lida de uma assentada, embora uma leitura mais calma poderá trazer maior entendimento sobre os acontecimentos aqui contados. 


Não que seja algo complicado ou complexo, mas sem dúvida que está repleto de simbolismo, de mensagens subliminares, de pequenos indicadores do que, inevitavelmente, será o seu final. Tudo começa com o nosso protagonista, Aschenbach, que se sente inquieto na sua vida em Munique e não se mostra entusiasmado com a eminente viagem para a sua casa de campo. Nesses pensamentos conturbados surge-lhe a ideia de que deveria seguir para Sul, para paragens mais quentes, onde poderá desfrutar desse Verão em conformidade. 


Podes ler também a minha opinião sobre Coração das Trevas


A verdade é que estamos perante um escritor que já passou da meia idade que se leva muito a sério, disciplinado, rigoroso, que leva uma vida monótona e metódica, sem nunca sair da linha do que acha que esperam de si. Esta vontade de ir para um lugar diferente do habitual mostra um ímpeto por sair da sua rotina, por procurar cenários diferentes dos que costuma habitar. Depois de uma passagem por um primeiro destino, decide partir para Veneza e é nesse lugar que começam as atribulações do nosso escritor. 


"Tudo aquilo lhe aparecia como prenúncio de algo de invulgar, dir-se-ia que começava a envolvê-lo um alheamento próximo do sonho, uma desfiguração estranha do mundo, que poderia apagar se cobrisse os olhos por momentos e olhasse depois de novo à sua volta."


Prenúncios sucedem-se, mesmo antes da chegada a Veneza, mas o que mais me marcou entre eles foi o estranho gondoleiro que transporta Aschenbach até ao seu Hotel. Personagem esquisita que não acata as ordens e que decide qual o percurso por onde irá levar o seu passageiro e que, no final, parte sem esperar pelo pagamento. A própria gôndola onde é transportado parece também um prenúncio do que se avizinha. O Hotel está cheio de famílias a passar a época de veraneio, mas os olhos de Aschenbach ficam presos num rapaz de cerca de quatorze anos de uma beleza inacreditável, a roçar a perfeição. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Metamorfose


Esta admiração à primeira vista torna-se a principal motivação dos seus dias e começa a alinhar as suas rotinas no Hotel pelas do rapaz e da sua família. Não se pense que estamos perante uma relação pedófilo ao estilo de Lolita. É tudo platónico, sem qualquer iniciativa de aproximação real, física. Nunca conversaram sequer. Mas é impossível negar que o escritor se apaixona perdidamente por este rapaz, que não conhece, cuja voz nunca ouviu, mas cuja beleza o arrebatou de uma forma como nunca antes lhe aconteceu na sua vida. 


"É de facto bom que o mundo só conheça a obra bela, acabada, e não também as suas origens, nem os condicionalismos do seu nascimento; porque o conhecimento das fontes a partir das quais jorra a inspiração do artista iria muitas vezes confundir o seu público, intimidá-lo, anulando assim os efeitos da excelência da obra." 


É uma obra bem redonda, cheia de pormenores e pequenos detalhes, escrita de uma forma espectacular, sem falhas ou lapsos, nem excessos de qualquer tipo. Tudo parece ter o seu papel, sem que nada supérfluo tenha ficado nas suas páginas. É certo que ainda não li mais nada deste autor, mas fiquei muito contente com esta escolha para começar a saga de ler este autor brilhante. No entanto, se ainda precisas de mais motivos para ler Morte em Veneza, podes ver o vídeo da Tatiana Feltrin


Já leste algum livro de Thomas Mann? Qual o teu favorito? Qual seria a tua sugestão para começar a ler a obra do autor? 


Podes encomendar o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribuir para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand | Book Depository 

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