Sinopse
Sensibilidade e Bom Senso foi a primeira obra publicada por Jane Austen e apresenta-nos os retratos subtis das irmãs Dashwood, com temperamentos contrastantes mas igualmente encantadores. Esta edição conta com uma tradução de grande rigor e qualidade.
Elinor é regida pelo bom senso, pela razão, e esconde cuidadosamente as suas emoções. Marianne é dominada pela paixão, pela sensibilidade, e expõe-se sem reservas aos sentimentos mais intensos. Quando ambas se apaixonam e vivem o arrebatamento e a dor do amor, compreendem que é no ponto de equilíbrio entre a sensibilidade e o bom senso que poderão encontrar a felicidade pessoal numa sociedade onde o estatuto e os bens materiais governam as leis do amor.
Através deste paralelo, a autora oferece-nos uma análise poderosa da forma como a vida das mulheres era moldada na sociedade claustrofóbica das classes média e alta na Inglaterra do século XVIII, numa comédia de costumes iluminada pela ironia e o humor.
Opinião
As saudades que eu já tinha de ler Jane Austen! Cada vez que regresso aos seus livros fico rendida ao seu talento e à qualidade da sua escrita. É uma sensação de que estamos a ler algo muito, muito especial, com uma linguagem clara, simples mas recheada de toques de ironia, de críticas subentendidas à sociedade da época e que são deliciosas de descobrir, como se fosse a descoberta de um segredo escondido nas entrelinhas.
Parti para Sensibilidade e Bom Senso sem saber nada de nada, pois nunca vi o filme e só sabia o que consta na sinopse. Assim, foi uma experiência de descoberta total pois não fazia a mais pequena ideia de como iriam terminar as desditas amorosas das irmãs Dashwood. Este foi o primeiro romance publicado por Jane Austen e não imagino melhor forma de começar uma carreira literária que se transformou numa lenda.
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Neste livro acompanhamos a família Dashwood, com o pai casado em segundas núpcias com a mãe das meninas, tendo ainda um filho mais velho do seu primeiro casamento, que recebeu uma boa herança da sua mãe. No entanto, a sua nova família vivia com um rendimento pequeno que não permitia que ambicionassem viver com um grande desafogo nem tão pouco ascender socialmente. Com a morte prematura do pai, as irmãs vêem-se numa situação complicada dado que a casa onde viveram grande parte da vida pertence ao seu irmão, que tem uma família própria e pouca vontade de acolher a família do pai indefinidamente.
"Não era um jovem mal-intencionado, a menos que ser assaz insensível e assaz egoísta seja ser mal-intencionado; mas era, em geral, bem-visto: comportava-se com decoro no desempenho dos seus deveres quotidianos."
Somos apresentados a esta fase descendente até que estas mulheres encontram um lugar para morar, longe da sua casa de família, que são capazes de pagar e perto de familiares da senhora Dashwood que parecem gostar bastante de as ter por perto e conviver com todas. É nesse novo lugar que reconstroem o seu núcleo familiar e acrescentam novos elementos às suas relações. E também é com a mudança e final do luto pelo pai que começam a dar mais atenção aos sentimentos e aos amores.
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O foco está centrado nas duas irmãs mais velhas, Elinor e Marianne, e o principal interesse está no contraste entre ambas. Logo nas suas personalidades ficam claras as diferenças. Uma racional, ponderada e sóbria. A outra apaixonada, emocional e espontânea. Claro que, quando se apaixonam, estas características são essenciais para entender a forma como vivem esses amores e os respectivos desgostos. Também os homens por quem se interessam não poderiam ser mais diferentes.
"Pareceu excessiva a Elinor aquela magnanimidade, tendo em conta a juventude da irmã, e insistiu com a mãe, mas em vão; o mais trivial bom senso, os mais triviais cuidados, a mais trivial prudência, tudo soçobrava na sensibilidade romântica de Mrs. Dashwood."
O amado de Elinor é reservado e sóbrio, como a própria, mas esconde um segredo que o impedirá de retribuir a afeição da nossa protagonista. Já o de Marianne é um homem apaixonado pelos prazeres da vida, que exterioriza toda a sua sensibilidade sem grandes preocupações com as convenções ou com a opinião dos que o rodeiam. Curiosamente, o amor que parece óbvio e que está à vista de toda a gente é o que sofre uma reviravolta inesperada e reveladora do verdadeiro carácter do alvo do amor da apaixonada donzela. A verdade é que, a dada altura, ambos os amores parecem impossíveis de serem concretizados. E, por essa razão, parece muito difícil que o final feliz seja alcançado, pelo menos da forma tradicional da época e de agora também.
Como sempre, só posso recomendar que leias Jane Austen e desfrutes do prazer que é a leitura de qualquer dos seus livros. Este foi mais uma aposta vencedora que li num ápice, tão bem escrito foi, tão bem contada é toda a história, tão bem construídas são as suas personagens. Tens lido esta autora extraordinária? Qual o teu livro favorito de Jane Austen? E, já agora, viste a adaptação para o Cinema? Aconselhas?
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