Sinopse
A Idade da Inocência é um livro intemporal sobre as complexas relações entre as tradições da sociedade e os desejos individuais.
Fresco magistral do desejo e da traição da elite de Nova Iorque no final do século XIX, este romance acompanha a história de um homem confrontado com uma decisão dilacerante: ou define a sua vida com coragem ou arruína-a sem misericórdia.
Com maturidade, Edith Wharton pretende compreender os valores que guiaram a sociedade dos Estados Unidos até à Primeira Guerra Mundial, para então saudar a nova era que se iniciava, e presentou-nos com um romance despiedado e profundamente actual.
Opinião
Depois de ler a opinião da Melanie, não resisti a deixar este menino mais tempo na estante sem o ler. Era, de facto, uma vergonha, mas a verdade é que nunca me prendeu a atenção tempo suficiente para perceber o seu potencial e o que realmente se escondia nas suas páginas. Ainda bem que decidi pegar nele e fazê-lo galgar posições na lista de espera, porque esta viagem é fascinante.
Tudo começa na Nova Iorque do final do século XIX, onde somos apresentados a uma sociedade absurdamente tradicionalista, tendo em conta que estamos no Novo Mundo. A alta roda é ainda regida por valores e preconceitos enraizados e dados como essenciais para distinguir a verdadeira nata dessa sociedade dos recém-chegados que procuram corromper o que acham que está certo. É um conflito latente e que procura separar o trigo do joio, numa luta inglória contra a modernidade inevitável.
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O início do livro é um tanto ou quanto confuso porque são muitas personagens a serem introduzidas em simultâneo. Basta pensar que a trama se inicia na Ópera, onde está presente toda e qualquer pessoa que mereça ser considerada como alguém de quem se fala e com quem se quer privar. São nomes, atrás de nomes, que fica difícil reter e identificar logo quando voltam a aparecer mais tarde. Tanto que, nas primeiras páginas, não fica logo claro para onde se encaminha a história e quem são os verdadeiros protagonistas, os que é importante seguir desde a primeira linha.
"Mas como é que tantas gerações de mulheres entre os seus antepassados tinham sido encerradas em jazigos vendadas? Estremeceu ao recordar algumas das novas ideias dos seus livros científicos, e o exemplo tão mencionado do peixe da caverna de Kentuky, que deixou de desenvolver olhos porque não os usava."
Então, o encontro na Ópera de Nova Iorque é onde somos apresentados ao triângulo amoroso que vai surgir ao longo dos capítulos e determina a diferença entre as duas mulheres que o compõem e que evidenciam o conflito interior do nosso protagonista, Newland, entre as tradições da sociedade onde sempre viveu e cresceu, e a visão tentadora da modernidade que consegue vislumbrar nos livros que recebe vindos do outro lado do Atlântico e das suas viagens ocasionais.
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Posto isto, parece-me justo dizer que Newland é um homem dividido entre dois tempos, duas formas de viver e de pensar, com um desejo enorme de abraçar essa modernidade que lhe faz sentido, mas ainda com imensas amarras às tradições e ao seu mundo familiar e cómodo, onde sabe exactamente o seu papel e o que esperam de si. As mulheres que o dividem são a sua noiva, May, uma menina linda e inocente, totalmente enquadrada na sociedade onde circulava e talhada para se tornar na esposa que um homem bem estabelecido precisa, e a prima desta, recém-chegada da Europa, separada do marido e que promete escandalizar Nova Iorque.
"Não tinha motivos para tentar emancipar uma esposa que não tinha a mais remota noção de que não era livre; e já havia tempo que tinha descoberto que o único uso dessa liberdade que May supunha possuir seria depositar a referida liberdade no altar de adoração da esposa."
Torna-se numa leitura voraz porque passamos o tempo a tentar perceber que decisão irá tomar o protagonista, se segue as convenções ou o seu coração. O livro é escrito de forma magistral, num estilo muito próprio, e que nos envolve de uma forma absoluta. De ressalvar ainda que estamos perante o livro que permitiu a Edith Wharton receber o seu Prémio Pulitzer, tornando-se na primeira mulher a conseguir alcançar este feito literário e que lhe granjeou um lugar confortável como uma das melhores escritoras norte-americanas de todos os tempos.
Portanto, só te posso recomendar este livro, porque vale mesmo a pena conhecer a autora, as personagens e a Nova Iorque que ela nos apresenta. Já conheces a autora? O que achas do livro? E já agora, viste o filme?
Parece ser um livro realmente interessante. Agora fiquei com vontade de ler. E olha que não sou muito chegado à romances.
ResponderEliminarExcelente resenha
Willian Lopes
lugarnenhum.net
Muito obrigada pelo comentário e espero que dês uma oportunidade porque acredito que vais gostar :)
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