Já não é segredo para ninguém, até porque gosto muito de espalhar aos quatro ventos esta minha predilecção por pessoas inteligentes e interessantes. Inclusivamente, já aqui deixei algumas dicas para ficar mais inteligente.
Felizmente, tenho tido a sorte de encontrar bastantes espécies humanas que utilizam o cérebro e o estimulam por forma a não ficarem estagnados e parados no tempo. Essa é uma das grandes vantagens deste requisito: não está sujeita à passagem do tempo. Pelo contrário, se bem trabalhada, só aumenta com a idade, experiência e conhecimentos adquiridos.
Porém, também tenho de admitir que, essas ditas pessoas inteligentes de que falo, não são tantas quanto gostaria. Ainda por cima, conheço algumas que nem sequer se preocupam com isso. Não tentam aumentar os seus conhecimentos, alimentar a sua cultura, no fundo, não estão interessadas em ser interessantes.
O que é uma grande chatice, porque não sabem o que perdem nem o quanto se perdem e desperdiçam. O quanto poderiam ganhar em termos pessoais, interpessoais e sociais. Então e onde entram os doutores?, perguntas tu. Passo a explicar.
Existe nesta nossa província, chamada de Portugal, um culto em torno dos nossos licenciados. Do meu ponto de vista, associo isso a muita gente humilde, que trabalhou no duro para proporcionar aos seus filhos a educação que não tiveram, e que colocaram esses filhos num altar, ao ponto dessas pessoas se considerarem acima das restantes e chegarem ao cúmulo de terem vergonha dos que lhe permitiram serem gente e agarrar as oportunidades na vida.
Isto não serve para todos, como é óbvio, mas consigo visualizar alguns casos particulares, da geração anterior à minha, em que isto estava a olhos vistos. No fundo, continua a existir em Portugal um certo provincianismo que nos faz olhar para pessoas que estudaram e tiraram um curso universitário, como obrigatoriamente inteligentes e detentores de saberes sobre tudo e mais um par de botas.
Como está bom de ver, algumas das pessoas mais inteligentes que conheço não são detentores de um canudo e isso não lhes retira ou diminui a própria da inteligência. Provavelmente, perderam ou nunca tiveram essa oportunidade. Ao passo que, quando penso em alguns senhores doutores deste país que se cruzam, por lapso, nas nossas vidas, sinto uma espécie de vergonha alheia.
Porque teria muita vergonha de ter andado tantos anos a foder estourar o dinheiro dos paizinhos, para sair de lá, passados três, quatro ou cinco anos sem o mínimo de conteúdo. Porque teria uma vergonha imensa de ter um filho "doutor" que nem português básico soubesse escrever e que nem falar em modos sabe.
Estás a perceber o flagelo de que falo? É que é uma coisa que me inquieta. Será que esta geração de licenciados é mesmo do pior que temos - salvo as merecidas e reconhecidas excepções, que terminam a emigrar pelo mundo -, ou são as nossas Universidades tão más que permitem que pessoas assim alcancem um grau académico que, provavelmente, não seria merecido?
Agora, conta-me dos teus amigos inteligentes! Licenciados broncos? Escolaridade obrigatória com interesse? Ou andarei eu a conhecer os licenciados errados?
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