Vivemos tempos vorazes, onde a informação chega em quantidades monstruosas e a velocidades estonteantes, certamente merecedoras de uma multa ou outra por excesso de velocidade. É que faz mesmo falta legislar estas infracções, porque tanto informação pode mesmo atropelar-nos, causando graves danos, senão físicos, psicológicos. Não te sentes assim, por vezes?
Antigamente, dizia-se que a uma mulher séria não bastava sê-lo, tinha de parecer. Adaptando aos nossos dias, seria algo do género "a uma mulher séria não basta sê-lo, tem de partilhar com o mundo que o é". Estamos perante uma sociedade cada vez mais centrada no seu umbigo, com todas as consequências que daí advêm.
Claro que não foi hoje que cheguei a esta brilhante conclusão. Sou detentora de uma conta de Facebook, desde 2009, e ao longo dos últimos oito anos tenho reparado na evolução de fotos próprias de cada um. O meu feed foi sendo invadido por mais e mais fotos, às vezes onde não mostram nada além da vontade de aparecer do seu protagonista.
No entanto, a ficha caiu-me durante este Verão. Quem acompanha o Facebook do blog (se ainda não segues, aproveita para deixar aqui o teu like) sabe que fui assistir ao Concerto da Ivete Sangalo, no Meo Arena. E foi, precisamente, enquanto via e ouvia o furacão do Brasil, que dei comigo a reparar na quantidade de pessoas que se encontrava a assistir de telemóvel na mão. Mais preocupados em fazer um Directo para as redes sociais ou filmar o concerto para mostrar aos amigos, do que a desfrutarem da música ou a divertir-se naquele momento.
Terá sido a constatação do óbvio, pois quer-me parecer que não te estou a dar novidade nenhuma, certo? A verdade é que me senti chocada por reparar que estas pessoas eram a maioria e não um pequeno grupo a ter em conta. E o pior, na minha opinião, é que isto se reflecte em tudo na vida e não apenas em concertos e coisas que tal. A malta anda mais preocupada em tirar a foto no sítio da moda do que em olhar à sua volta e perceber a beleza dos lugares ou apenas e só o prazer da companhia que nos cerca.
Quanto a mim, e apesar de ter um blog para alimentar e redes sociais para movimentar, continuo a preferir viver os momentos ao máximo, sem me preocupar em registos para a posteridade ou para puro exibicionismo. E quanto a ti? Vives o momento? Ou partilhas?
Olá Inês,
ResponderEliminarJá há algum tempo que sigo o teu blog, mas acho que nunca comentei nada. Hoje é o dia :).
Sabes que senti exatamente o que estás a descrever,no Porto, no Red Bull Air race.
Eu já sentia um pouco isso, que as pessoas andavam mais preocupadas a partilhar nas redes sociais o que faziam do que a viver as coisas, a senti-las. Nesse fim-de-semana que estive no Porto, caiu-me a ficha. Era rara a pessoa que não estava com o telemóvel em punho a filmar tudo, a fotografar tudo. Fez-me um pouco de confusão. Assim como me faz confusão ver pessoas, constantemente, em encontros com amigos passar mais tempo agarrados ao telemóvel do que a conviver. Na minha opinião, penso que o que está por detrás de tudo isto é a necessidade de admiração por parte dos outros. A necessidade de partilhar tudo para receber elogios/aprovação... Porém, muitas vezes, questiono-me se, a longo prazo, esta satisfação persiste, se é duradoura. Será que vivemos para os instantes e fotografias que partilhamos? Onde fica a alegria de conseguir desfrutar de um concerto, de um museu, de uma conversa intimista com as pessoas que nos são queridas? Onde ficam os sentimentos que estas coisas nos fazem sentir? Será que para estas pessoas ficam gravadas nos vídeos que filmam e nas fotografias que tiram? É algo que me assusta. As pessoas estão a deixar de viver, sentir e a fazer uma partilha real (elas com o mundo e o mundo com elas). O digital está, cada vez mais, a ganhar terreno na vida das pessoas... Mas é tudo tão efémero!! Será que elas não se apercebem!!
Fizeste uma excelente reflexão. Espero que faças as pessoas pensar.
Continuação de um bom trabalho.
Olá!
EliminarFico tão contente pelo teu comentário! Quer dizer, por um lado fico contente por existir alguém que partilha a minha opinião de que é mais importante viver os momentos. Por outro, é triste perceber que não é só impressão minha e que esta moda se alastrou por tudo o que é canto e evento.
Espero sinceramente que esta reflexão possa fazer com que as pessoas pensem no assunto e procurem mudar um pouco esses seus hábitos modernos.
Infelizmente acho que a mudança de comportamento vai ser algo complicado, sabes. As pessoas estão muito agarradas ao digital e à necessidade de partilhar tudo com os outros através das redes socais. O que as pessoas se esquecem é que há um conjunto de coisas que não passa através das redes sociais. É tão bom viver e sentir as coisas sem aquela necessidades constante de fotografar para partilhar online. Perdeu-se o gosto de fotografar para guardar uma memória connosco e só para nós. Não sei se conheces este vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=GXdVPLj_pIk), eu acho que passa uma mensagem real e muito forte.
EliminarBem, não conhecia mas, de facto, passa uma mensagem muito forte!
EliminarQuero acreditar que essa mudança virá, só espero que não seja tarde demais para alguns...
Eu gosto de eternizar momentos e de tirar bastantes fotografias e confesso que também gosto muito de as partilhar, mas há momentos que têm de ser vividos só para nós!!
ResponderEliminarPassa pelo blog e aproveita a oportunidade para ganhares vários prémios que sei que vais adorar e que se não quiseres usar tudo podes dar a alguém que conheças.
http://abpmartinsdreamwithme.blogspot.pt/2017/09/mega-sorteio-de-regresso-as-aulas.html
Beijinhos
Tirar fotos para eternizar momentos e fazer essa partilha não é algo necessariamente mau. Estava a referir-me a quando as pessoas vivem para essas partilhas, ao invés de aproveitar os momentos que estão a viver.
EliminarNão podia concordar mais! Eu, felizmente, sou daquelas pessoas que até se esquece que o telemóvel existe quando estou a divertir-me, especialmente com amigos. É algo que me acontece naturalmente, exatamente devido a essa vontade de aproveitar bem os momentos. Há tempo para tudo e, se por acaso tiro uma foto ou outra, é apenas durante uma ínfima parte do acontecimento, pois o mais importante é vivê-lo. Algumas pessoas já chegaram a ficar chateadas comigo por demorar imenso tempo a responder às mensagens... Mas porquê que tenho de estar sempre disponível a toda a hora e minuto, sempre "online"? Antes de toda esta tecnologia as pessoas conseguiam comunicar-se na mesma, mas parece que o imediatismo veio para ficar. Acho que nunca conseguirei aderir, pois perco-me muito nos momentos... Acho que é algo que toda a gente devia fazer mais vezes.
ResponderEliminarA Rapariga Eclética / Facebook
Que bom encontrar pessoas que me entendem! Regra geral, com os meus amigos até me esqueço de olhar para o telemóvel. Para mim, só assim vale a pena e me faz sentido!
EliminarObrigada pelo comentário :)