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terça-feira, 26 de março de 2024

#Livros - Frankenstein, de Mary Shelley

 

Capa do livro "Frankenstein" de Mary Shelley, publicado pela Guerra e Paz em 2023. O fundo roxo com raios brancos e uma lua cheia criam uma atmosfera misteriosa e sombria. Na imagem, podemos ver a sombra de uma mão emergindo da terra, evocando a ideia de criação e ressurreição. Uma barra branca no centro da capa destaca o nome do livro e da autora em letras pretas, transmitindo ao leitor a essência do clássico de terror e ficção científica. Uma combinação de elementos visuais que captura a essência sombria e intrigante da obra de Mary Shelley.

Sinopse

Foi no estranho ano de 1816, o ano sem Verão, que a escritora Mary Shelley, depois de um sonho - ou seria um pesadelo? -, deu vida ao terrível monstro de Frankenstein, a primeira obra de ficção científica da história. O livro chegou, em 1818, às livrarias e o mundo nunca mais foi o mesmo... 

Frankenstein ou O Prometeu Moderno, simultaneamente um thriller gótico e um romance filosófico, conta-nos, através das cartas do capitão Robert Walton à sua irmã, a história do estudante Victor Frankenstein que, obcecado com a descoberta do segredo da criação da vida, cria um ser aterrador que acaba por abandonar à sua sorte. Solitário, incompreendido, maltratado e desprezado por todos, a criatura de Frankenstein lança-se numa jornada de busca por humanidade e amor, mas também de vingança contra o seu criador. 

Esta luta entre um monstro e o seu criador, entre o normal e o estranho, entre aquilo que separa o ser humano e a sua criação tem sido longamente tratada pela cultura pop e é, hoje, com as questões em torno da inteligência artificial, mais actual do que nunca. 


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Opinião 

Frankenstein, escrito por Mary Shelley e publicado pela primeira vez em 1818, é considerado um marco na literatura de terror e ficção científica. A autora, que tinha apenas 19 anos na época da publicação do livro, narra a história do cientista Victor Frankenstein, que cria uma criatura grotesca e perturbadora através de experiências científicas. A obra aborda questões como a criação, a responsabilidade do criador sobre a sua criação e os perigos da ciência quando utilizada de forma irresponsável. Mary Shelley, filha dos filósofos William Godwin e Mary Wollstonecraft, era uma escritora visionária que conseguiu criar um clássico da literatura que continua a ser relevante até aos dias de hoje. 


Esta é uma obra que transcende as barreiras do tempo, sobretudo por ser considerada uma das primeiras histórias de ficção científica moderna e por ter influenciado de forma significativa o género literário, inspirando inúmeras obras subsequentes. Com a sua narrativa complexa e a sua reflexão sobre temas universais, Frankenstein permanece como um marco na história da literatura, sendo uma leitura indispensável para quem deseja compreender melhor as angústias e os dilemas da condição humana. A história começa com Victor Frankenstein, um ambicioso estudante de ciências, que cria um ser monstruoso numa experiência macabra. Após dar vida à criatura, Victor horroriza-se com a sua aparência e a abandona, desencadeando uma série de eventos trágicos e violentos. O monstro, sozinho e rejeitado pela sociedade, procura vingança contra o seu criador, resultando numa escalada de terror e desespero para ambos. 


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A história assenta nos dois personagens centrais, criador e criatura, extremamente complexos e intrigantes. O criador, Victor, é jovem, apaixonado pela busca de conhecimento e muito ambicioso. A criatura, por sua vez, é inteligente e sensível, mas é atormentada pela solidão e pelo desprezo da sociedade e até do seu criador. A relação tumultuada entre Victor e a sua criação é o cerne da trama, explorando questões profundas e potenciando todas as desgraças que irão suceder em torno deles. Uma das principais características de Frankenstein é a exploração profunda dos conflitos internos de cada personagem e as suas motivações. Victor, por exemplo, é motivado pela ambição e desejo de se destacar na ciência, o que o leva a criar a sua criatura sem pensar nas consequências dos seus actos. Já a criatura é consumida pela solidão e pela falta de aceitação, o que o leva a procurar vingança contra o seu criador, quando vê toda a sua esperança de felicidade gorada. Através destes conflitos internos são reveladas as complexidades da natureza humana. 


"Nada é mais doloroso para a mente humana do que a calma morta da passividade e a certeza que se segue aos sentimentos desencadeados por uma tempestade de acontecimentos, calma esta que deixa a alma despojada não só da esperança, como do medo." 


Também a estrutura narrativa de Frankenstein é peculiar e intrigante. A história é contada através duma técnica narrativa em camadas, onde o personagem principal, Victor, narra a sua vida e os seus experimentos para um navegador no Ártico, que por sua vez escreve cartas para a sua irmã. Este formato cria uma sensação de distanciamento e fragmentação, contribuindo para a atmosfera sombria e melancólica da obra. Já a escrita de Mary Shelley é marcada por uma linguagem densa e descritiva, que também contribui para essa mesma atmosfera. A autora utiliza um tom introspectivo e filosófico para explorar questões éticas e morais, como a responsabilidade do criador em relação à sua criação. Além disso, Shelley é habilidosa a criar suspense e colocar tensão no enredo, com detalhes vívidos e uma narrativa fragmentada que mantém o leitor envolvido e intrigado até ao desfecho da história. 


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Os temas centrais de Frankenstein são a busca pelo conhecimento, a solidão e a responsabilidade pelos nossos actos e decisões. Assim, a obra revela as consequências desastrosas da ambição desmedida do protagonista, pelo seu desejo de ultrapassar os limites da ciência e criar vida a partir de cadáveres. Ao isolar-se no seu laboratório, Victor depara-se com a solidão e a angústia, embora só seja capaz de refletir sobre as consequências das suas escolhas e decisões quando o mal já estava feito e o monstro criado e vivo. A relação entre criador e criatura também exemplifica a complexidade das relações humanas e a necessidade de assumir as consequências das nossas acções. É por tudo isto que estamos perante uma obra atemporal que nos convida a refletir sobre os limites da ciência, o peso da solidão e a importância da responsabilidade nas nossas vidas. 


"Que estranha é a natureza do conhecimento! Atraca-se à mente assim que a alcança, como uma lapa numa rocha. Por vezes, desejo poder conseguir livrar-me de todo e qualquer pensamento e sentimento, mas aprendi que existe apenas um meio de vencer esta sensação de dor e esse meio é a morte, um estado que receava ainda não compreender."


Publicado há mais de dois séculos, Frankenstein continua a despertar reflexões profundas e inspirar inúmeras outras obras e artistas dentro do arco da ficção científica. A verdade é que este livro continua a promover discussões enriquecedoras sobre as consequências éticas e morais da ciência e da ambição desmedida. A figura do monstro criado por Victor Frankenstein ecoa até aos dias de hoje, tendo sido incorporado na cultura pop, protagonista de filmes e inspiração para tantas outras obras ao longo dos anos. Tendo em conta a minha experiência muito positiva com a leitura deste clássico, só posso recomendar este livro para todos os que apreciam uma leitura que provoca reflexões profundas sobre as fronteiras entre o bem e o mal, a busca pela vida eterna e os perigos da ambição desmedida. Além disso, os amantes de literatura gótica e de ficção científica certamente irão apreciar a escrita envolvente da autora e a atmosfera sombria e angustiante que permeia toda a narrativa. No entanto, se ainda precisas de mais motivos para tirares este livro da tua estante, aconselho o vídeo da incrível Tatiana Feltrin. 


Antes de terminar, preciso referir esta nova edição da Guerra e Paz, que gentilmente me enviaram no âmbito deste lançamento. Sou apaixonada pelo design das capas desta colecção de clássicos, ao ponto de ter vontade comprar até os que já tenho na estante. Acho que prima por um extremo bom gosto e uma qualidade bem acima da média. Depois temos aquele irresistível aroma a livro de verdade que emana de cada página, com um papel de qualidade, uma paginação e uma letra confortável para qualquer leitor, mesmo os que têm problemas de vista, como é o meu caso. Talvez o que aconteça com esta editora é que os seus livros transmitem o amor e dedicação com que são feitos. Neste Frankenstein temos ilustrações escondidas nos capítulos e a introdução e o prefácio escritos pela autora. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre esta obra incrível! Já leste Frankenstein? O que achaste da história e do estilo da autora? Mesmo sem muitas descrições explícitas, conseguiste perceber o peso do terror e da angústia? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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