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terça-feira, 6 de maio de 2025

#Livros - Verão, de Edith Wharton

 

Ilustração da capa do livro "Verão" de Edith Wharton, publicado pela Relógio d'Água. O fundo é em tom verde água, com uma figura feminina de lado, vestida de branco, segurando a mão à frente dos olhos para proteger-se do sol.

Sinopse

Edith Wharton chamou a O Verão o seu "Ethan escaldante". A novela tem como pano de fundo o mundo rural, o que representa uma mudança em relação ao ambiente de classe alta urbana da maioria das suas obras. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Verão é uma obra da famosa escritora americana Edith Wharton, publicada originalmente em 1917. Conhecida pelo seu olhar perspicaz sobre as complexidades das relações sociais e as nuances da vida aristocrática, Wharton é uma das vozes mais influentes da literatura americana do século XX. Os seus romances frequentemente exploram os conflitos entre as convenções sociais e os desejos pessoais, refletindo as transformações da sociedade da sua época. Apesar de, aquando da sua publicação, a Primeira Guerra Mundial estivesse em curso, a obra reflete, sobretudo, as mudanças na sociedade americana no início do século XX, com o advento do modernismo e uma crescente preocupação com as questões de classe, identidade e as expectativas sociais, especialmente para as mulheres. 


A autora nasceu numa família rica de Nova Iorque e teve acesso a uma educação refinada que influenciou profundamente a sua escrita. Wharton foi também a primeira mulher a vencer o Prémio Pulitzer de Ficção, em 1921, pelo seu romance A Idade da Inocência, que talvez seja a sua obra mais famosa. Em Verão, a autora narra a história de Charity Royall, uma jovem que vive na pequena cidade de North Dormer, no interior de Nova Iorque. Quando a protagonista conhece Lucius Harney, um jovem estudante universitário, a sua rotina tranquila é abalada pelos desejos de liberdade e descoberta e é obrigada a lidar com as suas próprias aspirações e as convenções da sociedade em que vive. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Idade da Inocência


Os personagens principais incluem a já referida Charity Royall, que vive sob a tutela do senhor Royall e que mantém com ele uma relação complexa, marcada por uma mistura de dependência e desejo de liberdade; e Lucius Harney, que chega à cidade para passar o Verão. A relação entre estes dois revela-se intensa e cheia de ambiguidade, pois ambos desenvolvem uma atração profunda, embora conscientes das diferenças sociais e das implicações dos seus sentimentos. É esta relação entre estes dois jovens que está no centro da trama e conduz todo o desenvolvimento do enredo, e que permite que sejam explorados os conflitos sociais e morais, com especial destaque para as restrições impostas às mulheres na sociedade da época. 


"Passara toda a vida entre pessoas cuja sensibilidade parecia ter murchado por falta de uso; e a princípio, mais maravilhoso do que os carinhos de Harney, eram as palavras que deles faziam parte." 


Wharton aborda a questão do preconceito e da moralidade, questionando as normas que definem o comportamento aceitável e expondo as consequências dessas tensões no destino dos personagens. Duma forma delicada, aborda também os temas da juventude e do amadurecimento. Deste modo, a obra retrata o período de transição da jovem Charity, que enfrenta as dificuldades de crescer e compreender o mundo ao seu redor. A narrativa explora as emoções, desejos e conflitos típicos desta fase, ao mesmo tempo que explora as dificuldades de abandonar a inocência e a visão idealizada da juventude. Entrelaçados na trajetória dos personagens estão os temas da luta pela liberdade e a busca por autoconhecimento. Vemos Charity enfrentar as limitações impostas pela sua condição social e pelo ambiente restritivo da sua cidade natal, enquanto anseia por uma vida que lhe permita explorar o mundo que existe para lá desse lugar tacanho e desinteressante. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Villette 


O Verão, como período de transformação e descobertas, simboliza esse processo de libertação, onde Charity confronta as suas próprias emoções e limites, enquanto procura entender quem realmente é e o que deseja para o seu futuro. Os pontos fortes da narrativa de Edith Wharton residem na sua habilidade para explorar de maneira sensível as emoções e dilemas dos personagens, com especial foco nos da protagonista. A autora apresenta uma prosa elegante e precisa, que captura com delicadeza as nuances do ambiente rural e das relações humanas, criando uma atmosfera carregada de tensão e expectativa. O que mais chamou a minha atenção foi a forma subtil como a autora conseguiu transmitir a sensação de confinamento emocional e até físico, quando Charity se sente presa naquele lugar onde nada de surpreendente parece poder acontecer. 


"O sentimento que a invadia não era ciúme; estava muito segura do seu amor; era antes um terror do desconhecido, de todas as atrações misteriosas que deviam estar a arrastá-lo para longe dela, e da sua impotência para competir com elas." 


A narrativa desperta um desejo de compreensão mais profunda sobre o destino destas figuras que acompanhamos ao longo da novela, embora tenha de admitir que o final não seja totalmente revelador. A história também acaba por provocar uma reflexão sobre a efemeridade dos momentos de felicidade e a inevitável passagem do tempo, lembrando-nos da fragilidade das paixões e das escolhas que fazemos sob a influência de circunstâncias externas. Penso que é mais um caso onde o carácter do homem amado era um tanto ou quanto evidente, mas a paixão cega e a nossa protagonista acaba por cair em todas armadilhas que o destino tinha para ela e termina a regressar ao lugar de partida, no papel que em tempos recusou. 


Só posso recomendar esta leitura para todos os que apreciam romances e autores clássicos, bem como todos os que gostam de temas como o amor e as complexidades das relações humanas, assuntos atemporais. Além disso, pode ser a leitura ideal para quem aprecia uma narrativa bem elaborada, com personagens profundos e uma atmosfera que captura os detalhes da época, e que proporciona uma reflexão sobre as convenções sociais e as escolhas pessoais. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste Verão? O que achaste deste triângulo amoroso? Acreditaste nos sentimentos do Harney? O que te pareceu a figura do tutor da Charity? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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