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terça-feira, 9 de abril de 2024

#Livros - Sonetos, de Florbela Espanca

 

A capa do livro "Sonetos" de Florbela Espanca apresenta um retrato em preto e branco do rosto da autora, em destaque sobre um fundo roxo decorado com delicadas ilustrações de flores e folhas liláses. A combinação de cores vibrantes e elementos florais transmite a sensibilidade e a intensidade poética presentes na obra da autora, fazendo desta capa um convite irresistível para adentrar no universo dos sonetos de Florbela Espanca.

Sinopse

Os versos de Florbela Espanca remetem aos grandes temas universais do Amor e da Dor, escritos dentro de um universo feminino e frágil, mas que ao mesmo tempo revelam o sofrimento e amargura que a poetisa tão bem conheceu durante a sua vida. 

São, no fundo, confissões que nos chegam das primeiras décadas do século XX, uma poesia que incita à reflexão por meio da mais pura expressão sentimental. 


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Opinião 

Florbela Espanca foi uma poeta portuguesa do século XX conhecida pela sua intensidade lírica e pela sensibilidade nos seus textos. Nascida em Vila Viçosa, em 1894, Florbela enfrentou uma vida marcada por tragédias pessoais e emocionais, que acabaram por se refletir na sua poesia. Com uma escrita marcada por sentimentos profundos, a autora conquistou um lugar de destaque na literatura nacional, sendo considerada uma das maiores poetas da língua portuguesa. Nos seus poemas são explorados temas como o amor, a solidão, a morte e a melancolia. Os sonetos reunidos nesta obra, que compila vários livros da autora, refletem esta intensidade emocional e a sensibilidade peculiar de Florbela, que soube captar e expressar de forma única as inquietações e angústias da sua alma feminina num período marcado por repressões e tabus sociais. 


Através duma linguagem poética sofisticada e melódica, Florbela Espanca convida-nos a entrar no seu mundo interior, permeado pela dor e pelo desejo, e a refletir sobre as complexidades do ser humano. Aqui, neste pequeno livro de bolso repleto de sonetos extraordinários, temos reunidos o Livro de Mágoas, de 1919, o Livro de Soror Saudade, de 1923, o Charneca em Flor, de 1930, o He Hum Não Querer Mais Que Bem Querer e, por fim, o Reliquiae, com os versos póstumos da autora. Inserido no meu desejo de ler mais poesia, esta foi mais uma obra que esteve na minha mesa de cabeceira e onde lia, pelo menos, um poema por dia. É um projecto que tem sido muito enriquecedor e que me permite explorar obras de arte que se encontram escondidas neste género literário. Apesar de ter contactado com a poesia desta autora na escola, foi um prazer descobrir mais do que escreveu na sua curta vida. 


Podes ler também a minha opinião sobre Florbela Apeles e eu


Os temas explorados por Florbela tenho memória de os descobrir ainda na escola, mas após esta leitura ficaram muito mais expostos e claros para mim. Nos seus sonetos, a autora apresenta uma visão melancólica e nostálgica do amor, expressando sentimentos de solidão, abandono e desilusão. A morte também se faz presente na sua poesia, sendo abordada de forma crua e dolorosa, refletindo a própria fragilidade da existência humana. A melancolia perpassa por todos os versos, como um manto que envolve a alma da autora, revelando o seu constante estado de tristeza e desespero. Por fim, encontramos também uma busca incessante pela felicidade, onde Florbela parece lançar-se num caminho tortuoso atrás da plenitude e da paz interior, que parecem sempre escapar-lhe por entre os dedos. 


"Beija-mas bem!... Que fantasia louca

Guardar assim, fechados, nestas mãos,

Os beijos que sonhei prà minha boca!..."


Nestes sonetos, é perceptível a profunda sensibilidade e intensidade emocional da autora, visível em casa verso. Os poemas revelam uma alma inquieta e romântica, mergulhada em sentimentos como amor, saudade, solidão e desilusão. A linguagem poética de Florbela Espanca transborda emoção e dor, tocando o leitor duma forma visceral. Cada soneto é como um grito de desespero ou um suspiro de paixão, demonstrando toda a fragilidade e grandiosidade dos sentimentos humanos, e obrigando a que nos identifiquemos com as suas palavras. No fundo, a poesia de Florbela é uma verdadeira celebração da intensidade dos afectos, o que faz com que os seus versos permaneçam vivos e impactantes mesmo após tantos anos da sua escrita. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Poemas de Mário de Sá-Carneiro


Ao longo dos sonetos aqui presentes, é possível notar a habilidade da autora para adaptar a forma clássica do soneto aos seus próprios temas e sentimentos. Mesmo seguindo as regras tradicionais do poema de quatorze versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos, Florbela consegue imprimir a sua marca pessoal, explorando a melancolia, a paixão e a introspecção de maneira única. A sua sensibilidade e profundidade emocional transparecem em cada verso, mostrando que a forma clássica do soneto pode ser reinventada e renovada, mantendo a sua força e impacto mesmo após séculos de existência. Outro aspecto interessante, é a linguagem usada pela poeta, rica em metáforas e imagens poéticas, que criam uma atmosfera de beleza e tristeza que toca profundamente quem lê. Parecem melodias que cantam a alma humana e que revelam a complexidade das emoções, tendo sido até musicado aquele que se tornou o seu soneto mais famoso "Ser Poeta". 


"E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada, 

Que me saiba perder... para me encontrar..." 


Com a sua temática introspectiva, intensamente emocional e marcada por uma profunda melancolia, os sonetos de Florbela Espanca transcenderam as fronteiras do tempo e do espaço, tornando-se imortalizados como um marco na poesia lírica portuguesa. A intensidade e a sinceridade dos sentimentos expressos nas composições da autora ecoam até aos dias de hoje, influenciando e inspirando gerações de poetas e leitores em todo o mundo. A sua capacidade de transitar entre o amor e a dor, a esperança e a desilusão, conferem uma universalidade e atemporalidade aos seus versos, garantindo-lhe um lugar de destaque no cânone literário. Portanto, Sonetos, de Florbela Espanca, é um verdadeiro tesouro da poesia portuguesa, cujo impacto e importância ressoam ainda hoje na alma de todos aqueles que se deixam envolver pela sua beleza e profundidade. 


A verdade é que Florbela Espanca deixou um legado poético de valor inestimável e que merecia muito mais atenção dos agentes culturais do nosso país. Enquanto isso não acontece, só posso convidar-te a ler esta obra encantadora, repleta de beleza e sensibilidade, num estilo que duvido que afaste mesmo os iniciados no mundo da poesia. Vais encontrar emoção e paixão em cada poema se te deixares envolver pela magia das suas palavras. Tenho a certeza que esta experiência de leitura te vai marcar e inspirar a olhar para a poesia com outros olhos. Agora, quero saber o que tens a dizer! Costumas ler poesia? O que já leste de Florbela Espanca? Qual o teu poema favorito? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand

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