No dia 25 de Abril de 1974, Portugal viveu um dos momentos mais marcantes da sua história - a Revolução dos Cravos. Hoje, data em que se comemora o 50.º aniversário deste evento tão importante para a Democracia e a Liberdade do nosso país, é essencial relembrar e refletir sobre o que aconteceu naquele dia.
Para isso, proponho uma lista de 25 livros que nos ajudam a compreender melhor o significado e a importância da Revolução dos Cravos. Desde obras de ficção que retratam o período histórico, a relatos pessoais de pessoas que viveram de perto os acontecimentos, passando por análises políticas e sociais, bem como biografias das principais figuras da época, estes livros oferecem diferentes perspectivas e abordagens sobre esta data tão marcante e fraturante da nossa sociedade.
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Este é um convite para mergulhar na História, na memória e nas lições que a nossa Revolução nos deixou. Descobre estes 25 livros e permite-te viajar no tempo e no espaço, para compreender melhor a Liberdade que tanto prezamos e que é bem mais frágil do que podemos imaginar. Vens comigo nesta viagem ao nosso passado recente?
1. 25 de Abril, no Princípio era o Verbo
Festa. Este livro festeja os 50 anos do dia que derrubou uma ditadura de 48 anos. O 25 de Abril, catarse e delírio, foi uma das mais impressionantes algazarras de liberdade, loucura, e inocente destrambelhamento colectivo que o modesto povo português já viveu.
A liberdade chegou como uma inundação: proliferaram partidos políticos; levantaram-se do chão incendiários educadores do povo; agitaram-se estandartes; colaram-se cartazes; pichagens pintaram paredes; ruas, largos e avenidas entupiram-se com torrentes de gente em loucas manifs.
De tudo isso este livro quer ser a mais despretensiosa - e divertida - testemunha. Primeiro, num preâmbulo mansinho, nocturno, visitamos e descrevemos, hora a hora, os incidentes e o suspense da noite de 24 de Abril, da madrugada e do dia 25 em que os militares de Abril derrubaram o Estado do estado a que isto chegara.
Depois, redescobrimos as palavras de ordem, o alucinado desatino das palavras que varreu Portugal, evocando cartazes, os gritos das manifestações, as paredes e muros pintados. Mais de duas dezenas de ilustrações de Nuno Saraiva recriam, neste 25 de Abril, no Princípio Era o Verbo, um Portugal de cabelos desvairadamente compridos, calças boca de sino, soutiens a serem queimados, um Portugal a pôr a ávida boca na orgia de novos costumes.
O 25 de Abril foi um dia polifónico em que da voz de cada português saiu uma palavra, fosse essa palavra exaltante, ridícula, hiperbólica, tímida, ou do mais sublime humor. Dessas palavras se construiu o Portugal que hoje somos. Dessas palavras é feito este livro.
2. Abril pelas Direitas
Para o bem e para o mal, Abril marcou a ferro as nossas vidas. Na Metrópole ou em África, alguns já adultos na altura, outros crianças pequenas e outros ainda por nascer, convidámos um grupo de pessoas de quem gostamos, com as origens mais ecléticas, de partidos diferentes, ou sem partido, que, em comum, têm o situar-se à Direita do socialismo e dar-nos a honra de serem nossos amigos.
O que pedimos a cada um foi que transmitisse a sua própria sensibilidade ao 25 de Abril. Um testemunho que lhe saísse do coração, em total liberdade. Essa diversidade está espelhada nos vários textos que apresentamos. Esperamos que gostem.
3. 25 Mulheres
No ano da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, somos convidados a conhecer as histórias de 25 Mulheres, contadas pela sua voz.
Esta viagem à sociedade portuguesa do início dos anos 70, espelha as contradições da condição feminina, com as quais ainda nos debatemos hoje, meio século depois. O que mudou? Como mudou? Como nos víamos na altura? Como nos vemos agora?
Isolar 25 histórias é tarefa ingrata, mas fica a esperança de que as selecionadas possam representar, de forma digna, a gloriosa diversidade da existência no feminino.
Acima de tudo, fica o desejo de que este livro favoreça a curiosidade e o diálogo, quer pelo aprofundamento das raízes históricas dos relatos aqui narrados, quer pela indagação do significado contemporâneo do ser mulher.
Tal como o caminho para a liberdade, este é um livro em permanente construção.
4. A Desobediente
A dor e o abandono chegaram cedo à vida de Teresinha, a filha mais velha de um dos mais prestigiados médicos da capital e de uma mulher livre e corajosa, descendente dos marqueses de Alorna, que nas ruas e nos melhores salões de Lisboa rivalizava em encanto com Natália Correia. A menina que haveria de ser poetisa vê a morte de perto quando ainda mal sabe andar, sobrevive às depressões da mãe, chegando mesmo a comer uma carta para a proteger. É dura e injustamente castigada e as cicatrizes hão-de ficar visíveis toda a vida, de tal modo que a infância e a adolescência de Maria Teresa Horta explicam quase todas as opções que tomou. Sobreviver ao difícil divórcio dos pais, duas figuras incomuns, com as quais estabeleceu relações impressionantes de tão complexas, foi apenas uma etapa.
Mas quanto deste sofrimento a leva à descoberta da poesia? E quanto está na origem da voz activista de uma hovem que há-de ser uma d'As Três Marias, as autoras das famosas «Novas Cartas Portuguesas», e protagonistas do último caso de perseguição a escritores em Portugal, que recebeu apoio internacional de mulheres como Simone de Beauvoir e Marguerite Duras? A insubmissa, que se envolve por acaso com o PCP e mantém intensa actividade política no pré e no pós-25 de Abril; a poetisa, a mãe, a mulher que constrói um amor desmedido por Luís de Barros; a grande escritora a quem os prémios e condecorações chegaram já tarde (ainda que, em alguns casos, a tempo de serem recusados), entre outras facetas, é a Maria Teresa Horta que Patrícia Reis, romancista e biógrafa experimentada, soube escrever e dar a conhecer, nesta biografia, com a destreza e a sensibilidade que a distinguem.
5. Antes do 25 de Abril era Proibido
Já imaginou viver num país onde:
tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?
uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido?
as enfermeiras estão proibidas de casar?
as saias das raparigas são medidas à entrada da escola, pois não se podem ver os joelhos?
não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?
Já nos esquecemos, mas, há 50 anos, feitos agora em Abril de 2024, tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo na boca em público, um acto exibicionista atentatório da moral, punido com coima e cabeça rapada. E para os namorados que, num banco de jardim, não tivessem as mãozinhas onde deviam, havia as seguintes multas:
1.º - Mão na mão: 2$50
2.º - Mão naquilo: 15$00
3.º - Aquilo na mão: 30$00
4.º - Aquilo naquilo: 50$00
5.º - Aquilo atrás daquilo: 100$00
6.º - Parágrafo único - com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado.
6. A Revolução Antes da Revolução
As senhas da Revolução, é sabido, foram duas canções que fazem hoje parte do cancioneiro da Música Popular Portuguesa.
O papel da música na queda da ditadura não começou apenas, no entanto, na madrugada de 25 de Abril de 1974.
A editora Livros Zigurate, a coincidir com as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, publica uma obra que lança uma nova luz sobre a revolução e os caminhos musicais que a ela conduziram.
O ponto de partida é o ano de 1971, o ano da publicação de discos emblemáticos de José Mário Branco, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira ou Carlos Paredes. E de José Afonso. O ano que deu à música portuguesa e à revolução a contra-senha «Grândola, Vila Morena».
Neste trabalho de investigação é feito um levantamento rigoroso, exaustivo e em grande parte surpreendente que documenta o modo como a música popular portuguesa abriu as portas para o clima cultural, social e político que desencadeou o dia «inicial inteiro e limpo» e que mudou Portugal há 50 anos.
Para este livro foram entrevistadas dezenas de figuras e foi analisada uma extensa bibliografia, tendo sido consultados mais de 700 jornais e cerca de duas centenas e meia de revistas.
As histórias recolhidas e a análise desta vasta documentação - tratadas simultaneamente com o rigor de um estudo aprofundado e com a desenvoltura da linguagem jornalística - lançam pistas novas e um olhar inédito sobre o momento em que a música popular portuguesa iniciou uma revolução antes da revolução.
7. As Duas Faces de Salazar
Há quem admire o nacionalismo de Salazar, que deixou Portugal fora de um conflito mundial e que foi capaz de repor a ordem nas ruas e nas finanças. Mas também não é possível ignorar que criou um regime elitista e fechado, que votou o povo à pobreza em nome do equilíbrio financeiro, do controlo e da ordem, não hesitando em recorrer à repressão e à censura.
Mas, afinal, que país deixou Salazar? Os portugueses dividem-se: enquanto uns estão cheios de certezas, outros enchem-se de dúvidas. Entre mitos que perduram e factos incontestáveis, Rui Carvalheira apresenta neste livro um retrato completo e abrangente da figura mais controversa do século XX português. As conclusões, essas, são do leitor.
8. Vozes da Revolução
«Estas entrevistas foram habilmente conduzidas por Paul Manuel em 1991, quando os dias agitados da revolução já tinham passado, mas os acontecimentos ainda eram suficientemente vívidos para serem recordados com algum pormenor. As reflexões de 14 dirigentes militares centrais de diferentes patentes e crenças políticas aqui registadas dão nos uma visão clara da espantosa diversidade existente na instituição militar, do desastre que foi evitado e também dos modos de pensar que foram ora penalizadores ora facilitadores de um final feliz. Estas fascinantes entrevistas, a par dos ensaios que as enquadram, oferecem nos uma imagem vívida de alguns dos homens que em última análise determinaram o destino de Portugal. Deveria ser dado um papel mais proeminente aos atores militares na nossa literatura sobre mudanças de regime, e esta deveria ser objeto de uma leitura alargada.» - Nancy Bermeo, Preâmbulo com entrevistas a: Amadeu Garcia dos Santos, António de Spínola, Carlos Fabião, Fisher Lopes Pires, Francisco da Costa Gomes, Jaime Neves, José Manuel da Costa Neves, Luís António Casanova Ferreira, Manuel Monge, Mário Tomé, Otelo Saraiva de Carvalho, Vasco Gonçalves, Vasco Lourenço, Vítor Alves.
9. Avó, onde é que estavas no 25 de Abril?
O que sabes sobre o 25 de Abril? Está bem, é feriado. Mas o que mudou na nossa vida e porque é que há pessoas a passear com cravos nesse dia?
O curioso Manu está de volta e quer saber mais sobre este momento histórico, até porque planeia fazer a sua própria revolução. Mas, desta vez, precisa da ajuda de quem viveu este tempo: a sua avó.
Junta-te ao Manu nesta viagem pela memória. Descobre, afinal, para que é que se fez o 25 de Abril. E não te esqueças de comer brócolos.
10. Cravo
Publicado em 1976, Cravo é um conjunto de vinte e dois textos (entre a crónica, a poesia, o manifesto ou o ensaio) ligados pelo impacto do 25 de Abril de 1974. Nos 50 anos desta data histórica, esta é um livro imprescindível para compreender Portugal: vinte e dois textos para pensar o país, a revolução, as mulheres e a condição dos escritores.
11. Do 25 de Abril de 1974 ao 25 de Novembro de 1975
«Se houve vários "25 de Abril", "11 de Março" e "25 de Novembro", pode-se, porém, concluir que, no primeiro dia, em 1974, a ditadura portuguesa com a duração de 48 anos, nas suas fases militar e civil, de António de Oliveira Salazar e depois de Marcello Caetano, foi decididamente extinta.»
«Neste livro apresento uma análise pessoal de episódios ocorridos entre os anos finais da ditadura e o 25 de Novembro de 1975, com destaque para o que acontece à ex-polícia política e para a ação dos EUA, França e Alemanha nesse período relativamente a Portugal.
Como se verá, não se trata de qualquer análise exaustiva de todas as questões em torno da implantação da democracia em Portugal. Também não serão analisadas as movimentações populares, rapidamente controladas pelos partidos depois de um muito breve período de espontaneidade e autonomia.
A autonomia do campo político é o que se optou por aqui analisar, através do estudo das principais instituições de poder erguidas durante o processo que se desenvolveu no período entre os dois "25", de Abril de 1974 e de Novembro de 1975, quer entre os militares, quer entre os principais partidos políticos portugueses.»
Da Introdução
12. Eanes e a Democracia
Em 1976, no rescaldo da revolução de abril e de um conturbado Processo Revolucionário, Ramalho Eanes foi eleito Presidente da República. Portugal dava os primeiros passos na direcção da democracia plena e a instabilidade e incerteza quanto ao futuro político do país sentiam-se a cada movimento dos actores deste importante momento de transição. Os militares continuavam a ocupar um lugar central na vida política, o sistema partidário começava a tornar forma e o país assistia a um conjunto de crises políticas que colocavam em causa os ainda frágeis alicerces do regime democrático.
Neste período quente e crítico que decorreu entre 1976 e 1982, Eanes, o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio directo e universal, desempenhou um papel fundamental ao contornar os riscos que ameaçavam a consolidação da democracia.
Com uma surpreendente mestria narrativa e assinalável clareza e capacidade de síntese, David Castaño acompanha a actuação de Ramalho Eanes nas suas múltiplas vertentes revelando como, paradoxalmente, foi um militar o principal responsável pela subordinação do poder militar ao poder civil, pelo regresso dos militares aos quartéis e pelo sucesso da consolidação da democracia.
13. Esquecidos em Abril
Seis nomes sem biografia, encontrados no virar de uma página, são como seis cadáveres desconhecidos. Objetos de curiosidade mórbida e de indignação momentânea, que depressa acabam esquecidos. A 25 de Abril de 1974, cinco portugueses, quatro civis e um funcionário da PIDE, morreram na rua António Maria Cardoso; no dia seguinte, um agente da PSP foi assassinado no Largo de Camões. Fala-nos de João Guilherme de Rego Arruda, José James Harteley Barneto, Fernando Luís Barreiros dos Reis, Fernando Carvalho Giesteira, António Lage e Manuel Cândido Martins Costa. Esquecidos em Abril é uma investigação jornalística que dá corpo à memória dos mortos do golpe de Estado, pela primeira vez em 45 anos, expondo o mito da Revolução sem Sangue, que habita grande parte da consciência coletiva nacional. Nem todo o encarnado do "dia inicial inteiro e limpo" pertenceu aos cravos nos canos das espingardas.
14. Marcello Caetano Uma Biografia
Marcello Caetano, 1906-1980, de Francisco Martinho (académico brasileiro, "pupilo" de António Costa Pinto), retrata a vida e o homem nos seus vários quadrantes: família, academia, política e exílio. De ressaltar a ênfase dada ao exílio, apresentado como um período «desafogado» financeira e socialmente, ao contrário do que se poderá julgar. Inclusive, o autor ressalta a relação epistolar de amizade, ou algo mais - alvitra, com Maria Helena Prieto.
15. O 25 de Abril Contado às Crianças... e aos Outros
Escrito a pensar nos pequenos e jovens leitores, nos seus pais e educadores.
Textos de José Jorge Letria e ilustrações de João Abel Manta.
16. Mário Soares Uma Vida
A carreira política de Mário Soares não se compara, na realidade, com a de nenhum outro português. No seu currículo conta com 70 anos de vida política ativa. Durante este período foi: cabeça de lista ou em nome individual, disputou 10 atos eleitorais, dos quais venceu seis (constituintes de 1975, legislativas de 1976 e 1983, presidenciais de 1986 e 1991 e europeias de 1999) e perdeu quatro (legislativas de 1969, 1979 e 1980 e presidenciais de 2006). Não admira, por isso, que Mário Soares seja considerado um nome maior do século XX português e o pai da democracia portuguesa. Hoje, aos 88 anos, continua a ser uma voz ativa na política, considerada pela sociedade civil. Um verdadeiro senador.
A apetência pelo poder nasceu cedo, estimulada por uma educação de príncipe que parecia programá-lo para o destino que viria a ter. Mas o seu período de formação decorreu contudo em ambiente hostil, no qual teve de enfrentar a cadeia por 12 vezes. Teria sido mais fácil abandonar os desígnios políticos e enveredar por uma carreira profissional estável e próspera como advogado. Resistiu. Ganhou fibra, a mesma que viria a manifestar em diferentes situações ao longo da vida, como, por exemplo, na rutura com os comunistas, no lançamento de um movimento social-democrata em plena ditadura, no patrocínio jurídico à causa da família do assassinado general Humberto Delgado, na teimosa opção por uma candidatura separada do resto da oposição em 1969, na fundação do Partido Socialista, na liderança do movimento contra a radicalização no período revolucionário, na defesa da integração europeia de Portugal, na rutura com António Ramalho Eanes, ou nas opções para a revisão constitucional de 1982. Soares mostrou-se sempre à frente do seu tempo.
Para os portugueses sempre foi o «Bochechas». O homem que todos gritavam na rua «Soares é fixe». Afinal, Soares não se portava como um político remetido ao seu Olimpo, mas como um português comum, com as suas dúvidas e hesitações, baralhando números e menosprezando estudos, capaz de dialogar de igual para igual tanto com príncipes como com plebeus, relevando da mesma maneira as cerimónias oficiais e os contactos de rua, sorrindo até nas mais adversas circunstâncias, bonacheirão, atencioso, incapaz de dispensar os melhores confortos, um bom almoço ou uma sesta retemperadora. Sempre foi o presidente de todos os portugueses. O jornalista Joaquim Vieira, depois de vários anos de investigação, e de entrevistas ao próprio biografado, a amigos e inimigos, traça-nos a história de uma vida complexa, com algumas sombras por revelar, como o caso do fax de Macau.
Um livro fundamental não só para perceber o homem, mas também a História recente de Portugal.
17. Memórias Minhas
«Memórias Minhas é um deslumbrante caminhar por dias e lugares que se cruzam com tempos únicos da nossa história contemporânea. Uma vida - uma geração - a rebeldia, a resistência, a guerra, a cadeia, o exílio, a Voz da Liberdade, a festa dos verdes anos, amores e desamores, e ainda, desde o luminoso 25 de Abril que mudou o destino, os combates longos, duros, conflituantes, que esculpiram a identidade da democracia constitucional. E o depois, nas curvas e contracurvas da mudança, do parlamento, da candidatura presidencial.
Memórias Minhas é um filme do tempo, descontinuado, de ida e volta, comovente por vezes, do achamento das rotas da vida e da poesia, do feito e por fazer, até das ilusões perdidas. E Manuel Alegre, na sua inquietude, insubmisso, a dizer-nos que: "Mais do que de economistas, este é um tempo que precisa de filósofos, poetas e profetas."»
Alberto Martins
18. O Meu Primeiro 25 de Abril
Este livro conta a história de um Abril muito especial que mudou a nossa História. Esse Abril, o do dia 25 e dos muitos que se lhe seguiram, pôs fim à guerra Colonial, à censura e aos muitos medos de todos os dias e todas as horas. O autor, que era jornalista e cantor, conta como viveu essas horas e esses dias com grande intensidade e emoção, aos leitores mais novos, que podem partilhá-la com os colegas de escola e com os amigos.
É uma história vívida, emocionante e única que deu a Portugal um prestígio mundial invejável. O autor desta história foi de tudo um pouco nesses dias, desde jornalista a cantor-político, ao lado de Zeca Afonso e de outros. Esta é também a história da sua emoção e alegria, que quase dava um filme. O livro conta a história e ela ganha um H maiúsculo porque se tornou mesmo História, com datas, grandes personagens e muitos sonhos para cumprir.
Este foi um Abril para nunca mais ser esquecido.
19. O Príncipe da Democracia
Nenhuma outra figura foi intelectualmente tão relevante para a afirmação da direita liberal em Portugal como Francisco Lucas Pires. Forjado numa família que reunia formação clássica e espírito de liberdade, tornou-se um constitucionalista inovador, um jurista criativo, um político de dimensão intelectual rara à escala nacional e europeia - e, acima de tudo, um cidadão inconformado com o destino de Portugal.
Em O Príncipe da Democracia, Nuno Gonçalo Poças reconstitui o percurso e as ideias deste homem invulgar, cujo legado permanece em grande parte por cumprir, e passa em revista os seus sucessos e fracassos. O resultado é um livro que, graças à absoluta contemporaneidade do pensamento do biografado, nos ajuda a compreender as grandes questões que o país e a Europa continuam a enfrentar, mostrando-nos, ao mesmo tempo, uma elegância política difícil de conceber quando olhamos hoje à nossa volta.
Mais do que um retrato elucidativo de Lucas Pires, que partiu precocemente aos 53 anos, este é um documento fundamental para responder aos desafios do futuro, numa altura em que o 25 de Abril completa meio século.
20. O Último Salazarista
Américo Thomaz, o último Presidente da República do Estado Novo, é frequentemente recordado como uma figura patética: o caricato corta-fitas do regime fundado por Salazar com o apoio dos militares que cometia gafes e falava com exasperante lentidão.
Bastará, porém, acompanhar a biografia que lhe traça Orlando Raimundo para perceber que essa é uma perspectiva manifestamente redutora e que o seu papel como facilitador das manobras da ditadura ao longo de quase quarenta anos de vida política teve consequências bastante mais nefastas do que as anedotas que sobre ele se contam fariam adivinhar.
Entre muitos episódios em que participou e que condicionaram a história portuguesa do século XX, a sua intervenção foi determinante quando traiu o general Botelho Moniz, fazendo abortar o golpe que iria derrubar Salazar, e no momento em que obrigou Marcello Caetano a assumir o compromisso solene de não abrir mão das Colónias. Como nos diz o autor do presente volume, «na procissão dos devotos do salazarismo [Thomaz] esteve sempre na linha da frente, a segurar o andor».
Deste modo, justifica-se amplamente dar a conhecer essa outra face de Américo Thomaz e revelar dados menos conhecidos deste Presidente da República que - pasme-se - era um adepto da monarquia. Até para evitar que a tragédia possa dar lugar à farsa.
21. Portugal - A Revolução Impossível?
Após a data que, da noite para o dia, derrubou quase cinquenta anos de ditadura, seguiram-se dezoito meses de convulsões profundas que trouxeram à tona as forças e fragilidades da sociedade portuguesa. Um povo pobre e deprimido, uma massa de gente ignorante e ignorada, habituada a não ter voz, revelou uma consciência política que parecia adormecida - a consciência da sua própria miséria e a crença de que era possível acabar com ela.
Mas estes dezoito meses foram também de desencanto: partidos sem vontade de provocar uma mudança real na vida das pessoas; jornais «entusiasmados com o seu poder de criar acontecimentos» e agarrados aos mitos que fabricavam; e vanguardas supérfluas que instrumentalizavam os desejos dos deserdados à medida de cada ismo, sabotando qualquer tentativa de auto-organização. Portugal: A Revolução Impossível? é um mergulho nas águas agitadas do PREC, longe dos comícios, ao lado de gente comum; uma crónica minuciosa e apaixonada de um povo em alvoroço, pelos olhos de um irlandês libertário a viver em Portugal.
22. Presos por um Fio
Com Presos por um Fio chega-nos finalmente o relato livre e documentado de uma das páginas mais negras da história do Portugal recente. É o trabalho de investigação que vem resgatar do esquecimento colectivo a trágica tentativa de impor - pela força das armas e do terror - ao povo português um projecto político que ele explicita e reiteradamente rejeitara.
Estudo histórico que conta pela primeira vez toda a verdade sobre as FP-25 de Abril, Presos por um Fio é também uma chamada de atenção para como uma outra vez na história contemporânea portuguesa forças de extrema-esquerda passaram do combate político ao extermínio físico daqueles que considerava seus inimigos.
Este imperdível livro de estreia de Nuno Gonçalves Poças conta ainda com o prefácio de Paulo Portas.
23. Quando Portugal Ardeu
Quem foram as primeiras vítimas mortais da democracia? Por que razão foram assassinados Padre Max, Rosinda Teixeira e Joaquim Ferreira Torres? Quem protegia e que segredos escondia a rede bombista de extrema-direita? Como enfrentou o cônsul dos EUA no Porto o PREC? O que relatam os diários do norueguês baleado no Verão Quente de 1975? Como é que a Igreja mobilizou e abençoou a luta contra o comunismo? O que sabia a PJ sobre o terrorismo político e tudo o que nunca chegou a julgamento? Com recurso a centenas de documentos, entrevistas e testemunhos inéditos, esta investigação jornalística traz à luz do dia histórias secretas ou esquecidas do pós-25 de Abril. Quando Portugal ardeu e esteve à beira da guerra civil.
24. Revolução
Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos.
O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso.
Revolução acompanha a família Storm, do desmoronar do império ao despertar da democracia, ao longo dos rocambolescos, violentos e excessivos meses do PREC, quando a esperança e o medo dividem os portugueses e muitos acreditam que o país está a um triz da guerra civil.
Um romance tragicómico sobre a liberdade e as relações familiares, num período único de transformação, na História de Portugal, em que o caráter e o radicalismo medem forças, separando os filhos dos pais, colocando irmãos em lados opostos da barricada, criando terroristas fanáticos e heróis improváveis.
25. Uma Longa Viagem com Álvaro Cunhal
"A carta enviada a 17 de Dezembro de 2003 a Álvaro Cunhal estendia-se por três páginas. Nelas, estava o pedido para uma entrevista e uma sugestão de trabalho que permitisse efectuar uma longa viagem pela sua vida pessoal, política e intelectual, a ser publicada por ocasião dos trinta anos da Revolução do 25 de Abril de 1974. A espera por uma resposta virou o ano e continuou por mais alguns meses. Nesse espaço de tempo, as novidades sobre o seu estado de saúde confirmavam que a espera iria ser longa ou até mesmo ultrapassada por um final várias vezes anunciado.
Apesar de a resposta não chegar, o trabalho jornalístico tinha data marcada e havia que encontrar outra abordagem.
Diferente, porque o protagonista Cunhal tem sido "fotografado" por vários ângulos ao longo das muitas décadas da sua vida. E o roteiro para essa longa viagem com Álvaro Cunhal recaiu sobre um dos lados menos conhecidos, o da criação literária, sob o pseudónimo Manuel Tiago.
No bloco em que as anotações iam ser feitas, escreveu-se na primeira folha "Em busca de Álvaro Cunhal na prosa de Manuel Tiago", como orientação cardial para o artigo. O encontro com os personagens que tornam real a ficção de Manuel Tiago sugeria que o título final fosse "Os homens da bicicleta" mas, ao fim de vários meses de investigação, só sobrava "Uma Longa Viagem com Álvaro Cunhal".
Uma primeira versão desta reportagem foi publicada no Diário de Notícias. Mas a recolha de depoimentos sobre Manuel Tiago só terminou no dia 9 de Junho de 2005, a quinta-feira reservada para a conversa com Jaime Serra. Sentados na sala E do rés-do-chão da sede do PCP, ele desabafou sobre o quanto detestava aquele compartimento: "Não tem janelas, parece uma cela do Aljube". Com esta conversa, o trabalho original passou a ter o dobro do tamanho com que fora publicado no suplemento DNa - a que Pedro Rolo Duarte dera toda a edição - mas o desejo de obter a entrevista solicitada ao ex-secretário-geral mantinha-se.
Com o amanhecer da segunda-feira seguinte, a notícia da morte de Álvaro Cunhal refez a realidade... Optou-se por manter o tempo presente em todo o texto porque fora escrito com Manuel Tiago vivo."
Neste 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, é importante relembrar e celebrar a conquista da Liberdade em Portugal. Através da leitura destes 25 livros sobre o 25 de Abril, podemos compreender melhor o contexto histórico, os ideais e os protagonistas dessa época tão marcante na nossa história.
Cada livro aqui sugerido oferece uma perspectiva única e enriquecedora sobre os eventos que levaram à queda do regime ditatorial e à conquista da democracia em Portugal. Através da leitura destas obras, podemos honrar a memória daqueles que lutaram pela Liberdade e lembrar sempre da importância de preservar e defender os valores democráticos.
Que este aniversário seja não só uma celebração do passado, mas também uma oportunidade de renovação do compromisso com a Liberdade, a Democracia e os Direitos Humanos. Que as mensagens destes livros nos inspirem a valorizar e proteger os ideais pelos quais tantos lutaram e sacrificaram as suas vidas.
Que a Liberdade seja sempre celebrada e jamais esquecida. Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade!
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