Sinopse
Nas comunidades judaicas de Londres e Lisboa, ocorre uma série de homicídios, todos eles recriando episódios bíblicos. Actos bárbaros de antissemitismo ou de pura vingança? Um rabino é encontrado morto numa das mais famosas sinagogas de Londres. O corpo, disposto como num quadro renascentista, representa o sacrifício do filho de Abraão, patriarca do povo judeu. O caso parece ficar encerrado quando um jovem professor universitário a lecionar numa das faculdades da cidade é acusado do homicídio. Descendente de portugueses, existem provas irrefutáveis contra si e nada poderá salvá-lo da vida na prisão.
Mas é então que ocorrem outros crimes, recriando episódios bíblicos em circunstâncias cada vez mais macabras. E as dúvidas instalam-se. Estarão ou não estes acontecimentos relacionados? Poderá o docente vir a ser injustamente condenado? Porque insistirá a sua família em pedir ajuda a um antigo professor, ele próprio ainda em conflito com os seus próprios pecados? As autoridades contratam uma jovem profiler criminal para as ajudar a descobrir a verdade. Mas conseguirá esta mente brilhante ultrapassar o facto de também ela ter sido uma vítima no passado? Abordando temas fraturantes da sociedade contemporânea como o antissemitismo e o conflito israelo-árabe, e inspirando-se nos Dez Mandamentos e noutros episódios marcantes do Antigo Testamento, Pecados Santos guia-nos através das ruas históricas de Londres, Lisboa e Jerusalém, numa viagem intimista e chocante sobre o que de mais negro e vil tem a condição humana.
Opinião
Depois de ter comprado, em oportunidades imperdíveis, alguns livros do Nuno Nepomuceno na Feira do Livro de Lisboa em 2022, ficou a faltar-me o Pecados Santos para dar continuidade à serie do professor Afonso Catalão pela ordem correcta, como gosto de fazer as minhas leituras quando existe mais do que um livro relacionado. Portanto, fiquei atenta para encontrar este livro com um preço simpático e, assim, conseguir continuar a ler esta série policial tão fascinante. Comprado o livro, dediquei-me à sua leitura e a descobrir mais sobre o misterioso protagonista sobre quem apenas se levantou a ponta do véu no primeiro volume.
Antes de mais, tenho de destacar o fascinante que é encontrar livros que se inspiram tão claramente nas histórias dos livros fundadores das religiões mais importantes e que mais influenciaram a humanidade nos últimos longos séculos. É este tipo de livro que aumenta o meu desejo de um dia ler esses livros de um prisma literário e que me dá vontade de avançar num projecto de leitura tão grandioso como este. Dá medo ler esse tipo de livro antigo, mas acredito que a vontade um dia vai ganhar essa batalha, pois acredito que o conhecimento dessas obras irá permitir tirar um maior partido das leituras no futuro.
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Passando aos Pecados Santos, tudo começa com umas mortes misteriosas ligados a judeus e que faz surgir a suspeita de que poderá tratar-se de um crime antissemita, mas temos também a suspeita de que poderá tratar-se de um assassino em série, pois temos dois crimes cometidos em sinagogas em Lisboa e em Londres. Além de serem crimes violentos têm ainda a particularidade de reproduzirem momentos bíblicos essenciais para os judeus. Afonso fica envolvido com o crime em Lisboa porque a sua namorada é uma jornalista importante em Portugal, que procura perceber o que realmente aconteceu e conta com os seus preciosos conhecimentos.
"É um mundo de sombras e luzes, este em que vivemos, um exercício de dramaturgia em que todos representam algo."
Só que, inesperadamente, começa a ser contactado por uma mulher do seu passado, com quem tinha rompido em conflito devido à suspeita de que teria seduzido a jovem filha dela, que foi sua aluna antes de se suicidar. Ao render-se à curiosidade de saber o que quer dele esta mulher, fica a saber que o crime de Londres tem como suspeito o outro filho e irmão gémeo, que também foi seu aluno na altura e que parece ter seguido as suas pisadas, pois também se tornou num professor universitário na mesma área de ensino de Afonso. É assim que viaja para Londres com a namorada para descobrir mais detalhes sobre esse primeiro crime, tentar entender se existe alguma relação de facto com o crime de Lisboa, e encontrar o seu antigo aluno e procurar ajudá-lo.
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A mãe do rapaz acredita que ele está a proteger alguém, a Polícia Judiciária parece não ter qualquer pista que permita encontrar o culpado, e as investigações da jornalista parecem não levar a lado nenhum. É assim, neste ponto de impasse, que decidem pedir a ajuda de uma profissional ligada à psicologia que possa permitir entender que tipo de criminoso será este que procuram. Só que o passado desta mulher esconde momentos traumáticos que a podem limitar e até dificultar o seu trabalho. As pontas soltas são muitas, mas parecem nunca levar a nenhuma conclusão aceitável, e o mistério só se adensa. Nenhuma das viagens, por Lisboa, Londres e Jerusalém, parecem ser capazes de levantar a ponta do véu.
"A religião, apesar de tudo o que também pode ter de negativo, oferece regras, um padrão de comportamento pelo qual quem nela crê pode guiar-se, dando apoio e força nos momentos de adversidade."
As referências religiosas são fascinantes ao longo de todo o livro, mas também a dúvida que é transmitida ao leitor sobre o carácter de Afonso Catalão é crescente e chegou a deixar-me preocupada, pois não estava a compreender como seria possível. Aliás, este mistério deixou-me totalmente perdida durante muito tempo e só muito próximo do final é que comecei a vislumbrar lentamente o que me esperava e o tamanho da tragédia que estava prestes a acontecer. Este final atingiu-me como uma verdadeiro soco no estômago e ainda nem acredito muito bem no que li. Foi um final digno de filme e que me deu vontade de começar o próximo logo em seguida. Controlei-me e ainda estou a digerir o final extraordinário de Pecados Santos e só posso recomendar o livro, o autor e a série Catalão.
Já conheces o trabalho literário do Nuno Nepomuceno? Já leste algum dos seus livros? Qual o teu favorito? Conta-me tudo nos comentários e vamos falar sobre estes policiais!
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