Sinopse
As Viagens de Gulliver é um dos livros mais conhecidos da humanidade. Quem nunca ouviu falar deste gigante que um dia acorda rodeado de pequenos seres? Quem nunca viu uma das suas inúmeras adaptações fílmicas? No entanto, quem leu o livro? É a desgraça das grandes obras, sempre mais citadas que lidas.
Aqui, encontra-se o mundo. Gulliver, um inocente médico inglês, transforma-se num intrépido viajante. Naufragando em paragens desconhecidas, descobre civilizações fantásticas, excêntricas, mas também a cupidez, a inveja e a intriga. Os velhos vícios da humanidade, satirizados pelo olho cirúrgico de Swift, o grande ironista, numa prosa magnífica.
Mas nem só de sátira vive a literatura. A literatura é também sonho e imaginação. E isso não falta. Venha conhecer seres minúsculos e gigantes amáveis, ilhas voadoras habitadas por intelectuais absortos, gente que nunca morre, cavalos faladores que cultivam a razão e humanos bestiais; há ainda marinheiros, piratas e até um capitão português.
Uma obra única, uma personagem inolvidável, um livro a ler e a reler, uma e outra vez ainda.
Opinião
As Viagens de Gulliver, publicado em 1726, é uma obra literária clássica escrita por Jonathan Swift, famoso escritor e satirista irlandês. Swift, conhecido pelo seu estilo afiado e crítico, utiliza essa narrativa para nos transportar para um universo fantástico por meio das aventuras do protagonista, Lemuel Gulliver. Ao longo das páginas, somos levados a explorar quatro ilhas distintas, cada uma com as suas próprias peculiaridades e civilizações singulares. Com uma linguagem cativante e um enredo repleto de reviravoltas e lições morais, o autor faz-nos reflectir de maneira irónica sobre a sociedade e a natureza humana, revelando as imperfeições e absurdos do mundo em que vivemos.
Esta é uma obra de grande importância na literatura mundial. O livro apresenta uma narrativa satírica em forma de viagens imaginárias, em que o protagonista explora diferentes terras habitadas por seres extraordinários e peculiaridades culturais. Contextualmente, a obra reflecte o período histórico conhecido como Iluminismo, uma época em que os pensadores questionavam os dogmas e crenças estabelecidas, procurando promover a razão e o debate crítico. Através destas suas aventuras, Swift critica e ironiza a sociedade da sua época, expondo as mazelas políticas, éticas e sociais de forma alegórica. É precisamente esta crítica social e política presente em As Viagens de Gulliver que estabelece a importância da obra na literatura mundial, uma vez que influenciou e continua a influenciar diversos escritores e leitores até aos dias de hoje.
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Lemuel Gulliver, o personagem principal de As Viagens de Gulliver, é um médico naval que se torna protagonista duma série de aventuras incríveis. Descrito como um homem comum, Gulliver possui uma mente curiosa e uma vontade inabalável de explorar o desconhecido. A sua personalidade é marcada por um senso de observação aguçado e uma natureza sofrida, que o leva a buscar escapar das amarras da vida quotidiana e lançar-se em jornadas extraordinárias. Sendo um homem de opiniões firmes e sempre pronto para se adaptar às diferentes culturas que encontra no seu caminho, Gulliver rapidamente torna-se um viajante destemido e fascinante, capaz de nos transportar para mundos inimagináveis através das suas experiências e narrativas intrigantes.
"Como são insignificantes os maiores serviços prestados aos príncipes quando colocados numa balança contra uma recusa em satisfazer as suas paixões."
São relatadas as aventuras do nosso protagonista em quatro lugares diferentes: Liliput, Brobdingnag, Laputa e Houyhnhnms. Em Liliput, Gulliver depara-se com uma sociedade de habitantes minúsculos, onde as intrigas políticas e os aspectos da vida quotidiana são amplamente explorados. Já em Brobdingnag, ele é reduzido à condição de um ser insignificante diante dos gigantes que habitam a ilha, o que o faz questionar a sua própria existência. Em Laputa, Gulliver conhece uma ilha flutuante habitada por seres extremamente intelectuais, mas completamente desconectados da realidade e da humanidade. Por fim, em Houyhnhnms, ele depara-se com uma sociedade dominada por cavalos inteligentes, enquanto os seres humanos são considerados irracionais e selvagens. Em todas estas viagens encontramos críticas acutilantes, mas nenhuma foi tão perturbadora, para Gulliver, mas também para mim enquanto leitora, quanto a última, que nos colocou como seres irracionais, mas com instintos muito próximos do que fazemos na sociedade onde somos considerados racionais e desenvolvidos em relação aos restantes animais.
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É verdadeiramente impressionante a relevância e actualidade que encontramos nas críticas sociais que Jonathan Swift nos apresenta nas suas As Viagens de Gulliver. Através das diversas aventuras do protagonista, somos confrontados com uma visão sagaz e irónica da sociedade da época. No entanto, é assustador como muitas dessas críticas permanecem tão pertinentes nos dias de hoje, como se não tivesse existido, desde o século XVIII, qualquer evolução nos comportamentos corruptos. Através das suas sátiras inteligentes e do seu humor ácido, Swift expõe as falhas e absurdos da natureza humana, especialmente em relação ao poder, corrupção e ganância. Os governantes estrangeiros, os intelectuais e até mesmo as características físicas dos diferentes grupos são alvo da sua crítica afiada, que nos faz reflectir sobre as injustiças e desigualdades que ainda existem na sociedade contemporânea. Portanto, a verdade é que As Viagens de Gulliver continua a ser uma leitura fascinante e provocadora, relembrando-nos que, mesmo após tantos séculos, as questões levantadas pelo autor permanecem relevantes e dignas de reflexão.
"Não há guerras tão terríveis e sangrentas, ou tão longas, como as que são ocasionadas por diferenças de opinião, especialmente se relativas a coisas sem importância."
Através das viagens a diferentes reinos fantasiosos feitas por Gulliver, o autor faz referências históricas notáveis, como a sátira à corte inglesa no reino dos anões de Liliput, representando o poder dos governantes e a corrupção política. Já no reino dos gigantes Brobdignag, Swift alude à classe aristocrática e à nobreza, retratando-os como seres brutos e tolos. Ao utilizar estas referências históricas, o autor consegue apontar com maestria as contradições e vícios da sociedade do seu tempo, proporcionando uma leitura intrigante e reflexiva. Uma das características marcantes da escrita de Jonathan Swift é a sua habilidade em misturar fantasia e sátira de uma forma brilhante. A sua escrita é perspicaz e provocativa, revelando uma ironia afiada e um humor cáustico, o que faz com que As Viagens de Gulliver seja uma obra-prima da literatura e que merece a tua atenção e o teu tempo.
Estás preparada para te aventurares num mundo de proporções fantásticas? As Viagens de Gulliver é uma obra repleta de aventura, humor e sátira social, onde acompanhamos as peripécias do protagonista nas suas viagens a diferentes ilhas habitadas por seres incomuns, como gigantes, minúsculos seres humanos e até mesmo cavalos falantes. Além de entreter, este clássico permite que questionemos as nossas próprias perspectivas em relação ao mundo e à sociedade. Portanto, se ainda desconheces este clássico de Jonathan Swift, aceita o convite e embarca nesta aventura extraordinária, mergulha nas páginas deste livro fascinante e podes estar certa de que te vais surpreender. Se já leste, partilha as tuas opiniões e experiência de leitura nos comentários abaixo!
Apesar de conhecer o título desde pequenita nunca li o livro nem sinceramente sabia do que falava. Fiquei curiosa, espero ler Johanatan Swift em 2023, já tinha na minha wishlist um livro de ensaios do autor, o "Singela Proposta" :)
ResponderEliminarPois, eu antes desta leitura também sabia muito pouco, face a tudo o que descobri que se encerra nas suas páginas. Esse livro de ensaios não conheço, mas já fiquei curiosa! ;)
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