E a noite passada aconteceu o improvável. De repente, dei por mim a ver passar por mim grande parte das peças da minha vida. Pessoas que já fizeram parte da minha vida, embora grande parte delas, já não faça neste momento. Parecia quase uma reunião do meu passado, que me obrigou a ponderar em cada um desses episódios.
O primeiro a aparecer foi o ex namorado suicida. Aquele que, na época, não se conformou com o fim da relação e ameaçava constantemente pôr termo à vida. A verdade é que isso nunca aconteceu, mas também sei que, por muito boa pessoa que ele seja, não me posso aproximar nem como amiga pois corro o risco do menino sofrer uma recaída por mim.
A seguir e no mesmo local, surgiu o ex namorado com complexo de vitima. Esse, que foi o último oficial, tem o estranho talento de sair de cada situação como o pobre coitado. Já passou um ano desde que terminamos, e desde aí já namorou, já terminou, conseguiu ainda que as pessoas tivessem muita pena dele por continuar apaixonado por mim, e neste momento vai na segunda namorada que fez questão de me mostrar. Quanto a esse não existe a remota hipótese de qualquer tipo de aproximação. Não merece e ponto.
Em seguida fui visitar o meu último amigo colorido. Amigo esse que está cada vez mais perto de ficar a preto e branco como talvez nunca devesse ter deixado de ser. É a ele que se prende a decisão difícil mas inevitável que tenho vindo a adiar. Embora seja uma pessoa muito especial, a vida e as suas próprias decisões, foram-nos afastando aos poucos, sendo que agora chegou o golpe final. Talvez existam pessoas que só consigam ser felizes com alguém que não os faz felizes. Desejo, no entanto, que a felicidade chegue para ele.
A meio da noite, chegou o amigo colorido anterior. Aquele que desapareceu sem deixar rasto e sem uma palavra. Esse chegou acompanhado da mulher que escolheu quando fugiu de mim. E fugiu quando eu sentia que ainda existia um mundo de coisas para sentir entre nós. Acreditei sinceramente no nosso potencial. Pena que tenha sido só eu a pensar assim. Com ele, gostava de ter uma conversa sincera e franca onde ele me pudesse responder a todas as dúvidas que deixou. Mas como não se aproxima, por falta de coragem ou de vontade ou ambas, cada vez que o vejo fico sempre com um sabor amargo. Quem sabe um dia a gente se encontre por aí...
Agora que já fiz o dito balanço do passado que me foi imposto, espero sinceramente encontrar alguém que fique não hoje, mas que faça parte do meu futuro. Alguém que me veja como sou e ainda assim seja capaz de se apaixonar pela mulher estranha que tem pela frente. Que não tenha medo de mim, mas que me respeite. Que me transborde, portanto...