Sinopse
Corre o ano de 997 d. C., aproximando-se o final da Idade das Trevas. A Inglaterra enfrenta os ataques dos galeses vindos do Oeste e dos viquingues a Leste. Os poderosos usam a justiça a seu bel-prazer, ignorando o povo e entrando muitas vezes em conflito com o rei. Na ausência de leis claras, reina o caos.
Nestes tempos conturbados, cruzam-se os destinos de três personagens. A vida de um jovem construtor de barcos é arruinada quando o único lar que conhece é atacado pelos viquingues, obrigando a que ele e a sua família mudem de terra e recomecem a vida num lugarejo ao qual não se conseguem adaptar... Uma mulher nobre da Normandia casa-se por amor e segue o marido até uma terra nova além-mar. Contudo, os hábitos da nova pátria são profundamente diferentes e, à medida que começa a aperceber-se de que, em seu redor, se desenrola uma luta constante e brutal pelo poder, compreende que um único passo em falso poderá redundar em catástrofe... Um monge tem o sonho de transformar a sua humilde abadia num centro de conhecimento que suscite a admiração de toda a Europa. E os três entram num perigoso conflito com um bispo arguto e impiedoso que tudo fará para aumentar a riqueza e o poder que detém.
Há trinta anos, Ken Follett publicou o seu romance mais célebre, Os Pilares da Terra. Agora, a nova prequela magistral, Kingsbridge: O Amanhecer de uma Nova Era, leva-nos numa viagem épica a um passado rico em ambição e rivalidade, mortes e nascimentos, amor e ódio, que termina quando se inicia Os Pilares da Terra.
Opinião
Kingsbridge: O Amanhecer de uma Nova Era é mais um episódio da cidade icónica criada por Ken Follett, que nos transporta para uma Inglaterra medieval, enquanto explora temas como fé, poder, resistência e transformação social. Conhecido mundialmente pelos seus romances históricos ricos em detalhes e personagens memoráveis, Ken Follet é um autor britânico cuja carreira se estende por várias décadas. Nesta obra, somos levados até à cidade que já conhecemos mas aos primórdios da sua origem, quando ainda era um lugar pequeno e obscuro. Numa era caracterizada por uma sociedade feudal estruturada em torno do senhor e do clero, foi um momento de profundas transformações sociais, religiosas e económicas. Foi por esta altura que se assistiu ao fortalecimento das cidades, ao florescimento do comércio e ao desenvolvimento de instituições como as universidades, ao mesmo tempo que se enfrentavam conflitos como as cruzadas e as invasões vikings.
Como nos tem habituado, volta a apresentar um elenco de protagonistas cujas vidas se entrelaçam no meio das turbulências do início da Idade Média. Temos Edgar, um jovem que aprendeu com o pai a arte de construiu barcos, mas dono dum talento invulgar que o faz destacar dos irmãos, e que se vê obrigado a começar a vida com a família noutro lugar depois dum ataque viking que levou à morte do seu pai e da mulher que amava. Ragna, uma jovem normanda, ambiciosa e determinada, casa por amor mas cedo descobre que a Inglaterra e o seu amado não são tudo o que imaginava, e terá de lutar bastante para conquistar o seu espaço numa sociedade dominada por homens. Já Aldred, um monge dedicado e visionário, dedica-se à preservação do conhecimento e tem o sonho de construir uma biblioteca importante na catedral que espera um dia liderar. Cada um deles persegue os seus sonhos e objectivos, enquanto enfrentam desafios pessoais e sociais que acabam por moldar o destino de Kingsbridge ao longo dos séculos.
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Na obra são explorados temas profundos e universais como fé, poder, ambição e resistência. A fé funciona como um fio condutor que une e motiva os personagens, embora a Igreja ainda se esteja a implantar e ainda lute contra as tradições pagãs e os hábitos antigos. O poder e a ambição estão de mãos dadas, impulsionando conflitos políticos e pessoais que refletem as complexidades duma sociedade em transformação e onde os vilões farão tudo para não perder o lugar privilegiado que ocupam. Por outro lado, a resistência surge como uma força vital, representando a esperança e a coragem de indivíduos que lutam para preservar os seus valores e sonhos diante das adversidades. Tudo isto cria uma narrativa rica, que evidencia a luta constante entre forças opostas na busca por um futuro melhor.
"Era duas as coisas que mais o alegravam: dinheiro e poder. E, na verdade, ambas eram o mesmo. Adorava ter poder sobre as pessoas, e o dinheiro dava-lho. Não conseguia imaginar ter poder e dinheiro a mais."
Também vais encontrar retratados grande parte dos conflitos sociais e políticos que moldaram esta época histórica. O livro destaca as tensões entre classes sociais distintas, como a nobreza, o clero e os camponeses, deixando claras as disputas pelo poder, riqueza e influência. Além disso, o romance aborda os conflitos políticos decorrentes de disputas dinásticas, a luta pelo controlo de territórios e a influência crescente da Igreja na sociedade. Também as relações entre os diferentes personagens desempenham um papel fundamental na condução da trama e no desenvolvimento histórico do enredo. As conexões familiares, alianças políticas e rivalidades entre os protagonistas e antagonistas criam uma teia complexa que reflete as tensões sociais, económicas e religiosas da época.
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Voltamos a encontrar o estilo marcadamente dinâmico de Ken Follett, caracterizado pela narrativa envolvente que prende o leitor do início ao fim. O seu talento para inserir detalhes históricos minuciosos confere autenticidade e profundidade à trama, transportando o leitor para uma época repleta de conflitos e momentos marcantes que vão ter consequências directas nos eventos que conhecemos dos livros que se seguiram cronologicamente. A combinação duma escrita ágil, com personagens bem desenvolvidos e repletos de nuances, faz com que a história ganhe vida, criando uma experiência de leitura verdadeiramente emocionante. Esta combinação de detalhes históricos precisos e desenvolvimento emocional dos personagens faz com que a leitura seja uma verdadeira viagem no tempo.
"Chorava a morte do moço incansável que fora em tempos, sempre a ler e a aprender, a absorver conhecimento como o pergaminho chupava a tinta; e depois do final das aulas, a gastar a mesma energia a infringir todas as regras. Ir a Glastonbury era como visitar a campa da sua juventude."
Foi mais uma aventura inesquecível, sobre as origens da ascensão de Kingsbridge, que me permitiu regressar a um universo que muito aprecio, com um novo romance de época, muito bem desenvolvido e que permite entender como uma cidade periférica se tornou detentora duma catedral e conseguiu prosperidade e independência da cidade mais próxima, onde os senhores feudais governavam sobre a região. Terás aqui uma experiência de leitura enriquecedora, se gostas de História e ficção histórica ou se aprecias personagens complexos e tramas bem desenvolvidas. Independentemente do teu perfil, este livro promete uma leitura envolvente e enriquecedora, capaz de cativar diferentes gostos e interesses.
Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste este novo episódio da série sobre Kingsbridge? Qual é o teu personagem favorito nesta aventura? Conheces outros livros de Ken Follett? Quais recomendas? Conta-me tudo nos comentários!