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terça-feira, 8 de julho de 2025

#Livros - A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães

 

Ilustração da capa do livro "A Escrava Isaura" publicado pela Guerra e Paz, apresentando uma mulher branca acorrentada, retratada em tons de laranja e vermelho, transmitindo uma atmosfera de opressão e resistência.

Sinopse

A Escrava Isaura é uma das principais obras do romantismo brasileiro e um marco na literatura a favor do fim da escravatura. 

Isaura é uma escrava lindíssima, criada como filha pela mulher do comendador Almeida, numa magnífica fazenda do século XIX, em Campos de Goitacases, no Rio de Janeiro. A sua beleza desperta múltiplas paixões e desejos libidinosos, dos quais Isaura tenta escapar, particularmente dos avanços de Leôncio, o filho do comendador, um fazendeiro autoritário que não admite ser contrariado. A fuga com a ajuda do pai, o feitor português Miguel, parece ser a única solução. Serão eles bem-sucedidos nos seus planos? Poderá Isaura encontrar a liberdade e o amor? 

Escrito em plena campanha pelo fim da escravatura, este romance tornou-se rapidamente num êxito editorial, dando a Bernardo Guimarães o reconhecimento que até aí não granjeara na proporção merecida. 


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Opinião 

A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, é um clássico da literatura brasileira publicado em 1875, que retrata com sensibilidade e realismo a temática da escravidão e da injustiça social no Brasil do século XIX. O autor foi um importante romancista, poeta e jornalista brasileiro, reconhecido pelas suas obras que abordam questões sociais e morais do seu tempo. A sua escrita combina elementos do romantismo com uma forte crítica às desigualdades e injustiças, tornando-se uma das referências do século XIX. Passado num Brasil marcado pela escravidão, que perduraria até 1888, e por profundas contradições sociais, foi publicado num momento em que o país vivia o auge do regime escravocrata. 


A história de Isaura, uma escrava branca e virtuosa, serve como um símbolo da esperança de mudança e da luta contra a opressão, inserindo-se num contexto de crescente debate social e político que culminaria na abolição da escravatura pouco tempo depois. Apesar da sua condição, Isaura é pura e sonha com liberdade e amor verdadeiro. Tendo recebido uma educação esmerada e sido tratada como filha da senhora da casa, a sua vida complica-se quando esta morre sem a libertar e acaba por despertar o interesse do cruel fazendeiro Leôncio, herdeiro e agora dono de todos os escravos, que deseja torná-la sua amante a todo o custo. Ao longo da narrativa, são muitas as dificuldades que esta jovem enfrenta, mas nunca desiste de lutar pela sua dignidade, mesmo quando esmorece e deixa de acreditar que a liberdade é um sonho possível. 


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Na obra, cada personagem principal desempenha um papel essencial na trama, com uma forte carga simbólica. Isaura, a escrava de carácter nobre, é símbolo de pureza e esperança de liberdade. Leôncio é o fazendeiro racista e cruel, sem escrúpulos quando quer obter o que deseja. Álvaro, um jovem generoso e idealista, torna-se o grande aliado de Isaura e o dono do seu coração, representando a justiça e a crença na igualdade. Malvina, esposa de Leôncio, é ingénua e acaba vítima da manipulação do marido, que consegue iludir a sua percepção e esconder os seus defeitos e faltas, colocando toda a culpa na pobre escrava. O autor, sempre de forma contundente, aborda temas relacionados com a escravatura, como a crueldade e desumanização impostas aos cativos, numa época sobejamente marcada pela desigualdade. 


"Essa educação, que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que me servem?... são trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso deixa de ser o que é: uma senzala." 


O romance também explora o poder do amor puro e verdadeiro, evidenciado como uma força transformadora, capaz de desafiar os obstáculos impostos pelo sistema, reforçando a ideia de que a esperança é uma arma vital na luta por dignidade e igualdade. Assim, além de denunciar os horrores da escravatura, também inspira uma reflexão sobre os valores humanos universais de justiça, amor e esperança, além de promover a bondade e a esperança num mundo mais justo. Por fim, também reforça a importância da fé, da coragem e da perseverança diante das adversidades. Portanto, além de denunciar uma realidade triste, também inspira a crença na possibilidade de transformação social. 


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Com uma linguagem repleta de lirismo e uma trama tecida com delicadeza, o autor revela as dores e os anseios duma alma que, apesar das amarras da escravidão, mantém viva a esperança de liberdade e de viver um amor verdadeiro e digno. São muitos os recursos narrativos empregados para envolver o leitor e aprofundar a história. Entre eles, destaco a narrativa em terceira pessoa, a descrição detalhada de ambientes e personagens, de forma gradual, e a utilização de diálogos que revelam as personalidades e as dinâmicas entre os personagens, o que contribui para o desenvolvimento da trama. Um dos pontos fortes da narrativa é a sua construção de personagens complexos e cativantes, especialmente a protagonista Isaura, que conquista o leitor desde o início. 


"Parece que Deus de propósito tinha preparado aquela interessante cena, para mostrar de um modo palpitante quanto é vã e ridícula toda a distinção que provém do nascimento e da riqueza, e para humilhar até o pó da terra o orgulho e fatuidade dos grandes, e exaltar e enobrecer os humildes de nascimento, mostrando que uma escrava pode valer mais que uma duquesa." 


É impossível ler A Escrava Isaura e não ser tocado pela sensibilidade com que o autor retrata a luta pela liberdade e a dignidade humana. A história de Isaura, que todos conhecemos por ter sido celebrizada numa novela da Globo, é fascinante e cumpriu bem as expectativas associadas a um enredo tão reconhecido, tanto no Brasil quanto em Portugal. Retrato da sociedade brasileira do século XIX, a narrativa envolvente, aliada à construção de personagens profundos e humanizados, confere ao livro uma força emocional que permanece impactante até hoje. Apesar de alguns aspectos do romance refletirem o contexto da época, a obra mantém a sua relevância por promover uma compreensão crítica da História e das desigualdades sociais. 


Só te posso recomendar esta leitura, qualquer que seja a tua idade, se te interessas por histórias de resistência, amor e luta contra a injustiça. Claro que se viste e adoraste a novela, vais querer muito ler o livro enquanto é tempo, além de ser essencial para quem gostava de compreender um capítulo importante da História brasileira. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste o livro ou viste apenas a novela? O que achaste desta história? Algum personagem te marcou? Que reflexões te levantou esta leitura? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

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