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terça-feira, 22 de julho de 2025

#Livros - Hamlet, de William Shakespeare

 

Capa do livro "Hamlet" de William Shakespeare, publicado pela Assírio & Alvim. Fundo azul escuro com uma ilustração de máscara em tom azul claro, transmitindo mistério e teatralidade.

Sinopse

Tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen.

«No Hamlet (e a tradução de Sophia torna-o transparente), a progressão da peça segue o processo de amadurecimento do pensamento de uma personagem que à partida é um jovem, um jovem príncipe. As suas descobertas são ainda pueris. Acaba quando perceber o que é o tempo e a morte e a responsabilidade individual, sempre perturbado com a confusão dessa responsabilidade com qualquer coisa que se lhe opõe: o poder. Aí a sua reflexão torna-o adulto, torna-o exemplar, torna-o simbólico.» 

Luis Miguel Cintra, no Prefácio a esta edição


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Opinião 

Hamlet, uma das obras mais célebres de William Shakespeare, é uma tragédia que explora temas universais como a vingança, a loucura e a corrupção moral. Escrita pelo maior dramaturgo da língua inglesa, cuja carreira abrange o final do século XVI e o início do XVII, a peça é considerada uma das maiores realizações do teatro clássico. Afinal, Shakespeare é conhecido pela sua profunda compreensão da natureza humana e pela sua habilidade para criar personagens complexos que permanecem relevantes até aos dias de hoje, prova de que mudamos muito pouco, mesmo passadas centenas de anos. É inegável que a sua obra influenciou gerações de escritores, criando os pilares do teatro como nenhum outro, e que continua a ser estudada e encenada em todo o mundo, consolidando o seu lugar como marco incontornável da literatura universal. 


Escrita durante o período do Renascimento inglês, uma época marcada por intensas transformações culturais, artísticas e filosóficas na Europa. A peça reflete as inquietações do homem renascentista, sobretudo no que toca às dúvidas existenciais e à complexidade da condição humana. Literariamente, Hamlet destaca-se pelo seu aprofundamento psicológico, pelo uso inovador do monólogo e pela riqueza das suas figuras de linguagem. A peça narra a tragédia do príncipe da Dinamarca, que deseja vingar a morte do seu pai, o rei Hamlet, assassinado pelo seu próprio irmão, Claudio, que usurpou o trono e se casou com a rainha Gertrudes. Ao longo do texto, o jovem Hamlet luta com dúvidas, conflitos internos e questionamentos morais enquanto procura por justiça, o que leva a uma série de eventos dramáticos, incluindo traições, loucura, mortes e o desfecho trágico. 


Podes ler também a minha opinião sobre Romeu e Julieta 


No livro, os temas de vingança e justiça entrelaçam-se de forma complexa e profunda, refletindo as tensões morais e éticas enfrentadas pelos personagens. Afinal, é a vingança que impulsiona a acção da peça e que leva o príncipe a questionar a legitimidade e as consequências dos seus actos. Ao mesmo tempo, o conceito de justiça é apresentado de maneira ambígua, pois a tentativa de corrigir uma injustiça acaba por gerar mais caos e sofrimento, o que coloca em evidência a dificuldade de equilibrar o desejo de vingança com a moralidade e as possíveis consequências de permitir que emoções e desejos impulsivos prevaleçam sobre a racionalidade e a ética. Por outro lado, temos a loucura que aparece tanto como uma manifestação verdadeira quanto como uma estratégia artificial. Hamlet, por exemplo, muitas vezes finge estar louca para melhor investigar a verdade sobre a morte do seu pai, colocando em questão a fronteira ténue entre a sanidade e a loucura. Em contraponto, a insanidade também revela como o peso da responsabilidade, a dor e a dúvida podem corroer a mente humana. 


"Mas o terror de alguma coisa que está depois da morte

- País desconhecido de cujas fronteiras

Nenhum viajante regressa - perturba o nosso desejo

E leva-nos a suportar o mal que temos

E a não voar para males dos quais nada sabemos." 


A peça retrata um ambiente repleto de enganos, conspirações e a quebra de valores morais, onde figuras próximas ao protagonista se traem uns aos outros em busca de poder e vingança. A corrupção, tanto moral quanto política, permeia o reino da Dinamarca, refletindo a decadência do Estado e a decomposição dos princípios éticos. Esta atmosfera de desconfiança e traição intensifica o drama, evidenciando como a corrupção corrompe não só os indivíduos, mas também o tecido social como um todo. Shakespeare também mergulha nas questões do existencialismo e da dúvida, com Hamlet a encarnar a crise existencial quando questiona a própria existência, a moralidade das suas acções e o sentido da vida diante do sofrimento e da injustiça. A sua dúvida constante e hesitação refletem a condição humana de incerteza diante das escolhas e das verdades absolutas, evidenciando um profundo conflito interno que permeia toda a peça. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Tristão e Isolda


No universo de Hamlet, os personagens apresentam uma profunda complexidade que enriquece a tragédia. O príncipe introspectivo é marcado por dilemas e obriga-nos a refletir sobre a vida, a morte e a justiça, assuntos determinantes da humanidade, seja qual for a época em que vivam. Além do protagonista, outros personagens desempenham papéis cruciais na trama, cada um revelando camadas de complexidade e contribuindo para a tensão dramática da peça. Tanto Gertrudes, a rainha cuja lealdade permanece ambivalente, quanto o rei Cláudio, astuto e manipulador, cuja ambição e corrupção representam o mal encarnado na peça, ou Ophélia, personagem trágica que simboliza a fragilidade e a vulnerabilidade feminina, ilustram as múltiplas facetas da condição humana. De forma brilhante, Shakespeare utiliza monólogos internos, diálogos subtis e acções contraditórias para explorar toda esta riqueza psicológica, permitindo ao espectador ou, neste caso, ao leitor compreender as motivações e os conflitos internos dos seus personagens de maneira detalhada. 


"Ele é assim e como ele conheço muitos da mesma espécie que a nossa época grosseira adora - treinam-se em mundanismos, apanham só o tom do tempo e da moda, uma espécie de sabedoria fútil que os promove e os faz trepar através das opiniões mais profundas e escolhidas, mas se, para os pores à prova, lhes soprares, as bolhas desaparecem." 


As características do estilo de William Shakespeare, evidentes em Hamlet, incluem uma linguagem rica e poética, marcada pelo uso frequente de metáforas, trocadilhos e jogos de palavras que enriquecem o texto e aprofundam os significados. Combina momentos de grande dramaticidade com diálogos inteligentes e irónicos, refletindo uma maestria na manipulação do verso e na criação de cenas carregadas de simbolismo e ambiguidade, que se tornaram ícones da cultura popular até aos dias de hoje. A linguagem utilizada desempenha também um papel fundamental na criação da atmosfera sombria, introspectiva e tensa que vai crescendo ao longo de toda a peça. Como um das obras mais célebres de Shakespeare, a peça estabeleceu padrões para o teatro e a dramaturgia, influenciando inúmeras gerações de escritores e artistas ao redor do mundo. No fundo, é a prova de que só é possível tornar-se uma obra atemporal quando se colocam as questões e dilemas pertinentes para a compreensão do comportamento humano, que permaneceram actuais em diferentes épocas e culturas. 


É impossível ficar indiferente aos encantos desta peça, seja pela riqueza dos personagens, pelo seu desenvolvimento psicológico, seja pelo estilo único do autor. A minha edição é bilíngue e permitiu-me alternar a leitura no original com a tradução, o que me permitiu compreender melhor os desafios enfrentados por quem se atreve a traduzir estas obras, e a ter consciência da riqueza da linguagem em inglês. Acho que não seria capaz de retirar todo o proveito se tivesse lido apenas no original, embora não possa dizer que seja verdadeiramente impossível com um bom nível de inglês e algum hábito e esforço. Em suma, não é à toa que permaneceu relevante ao longo dos séculos, tendo conquistado pela sua profundidade filosófica e pela sua abordagem artística sofisticada. Se tens receios de começar, só te posso aconselhar que abordes a leitura com mente aberta e muita disposição para refletir. Tenho a certeza que não te vais arrepender. 


Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste Hamlet? Ou viste a encenação da peça? Refletiste sobre as questões universais abordadas? Que dilema moral consideras mais relevante nos dias de hoje? Qual a tua cena favorita? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog 


Wook | Bertrand 

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