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terça-feira, 4 de novembro de 2025

#Livros - Biblioteca Pessoal, de Jorge Luis Borges

 

Descrição alternativa para a foto de capa do livro "Biblioteca Pessoal" de Jorge Luis Borges, publicado pela Quetzal: "Detalhe do quadro 'Tentações de Santo Antão' de Hieronymus Bosch, destacando as cenas vívidas e complexas que ilustram as tentações e desafios enfrentados pelo monge no deserto."

Sinopse

Jorge Luis Borges tornou-se o emblema do bom leitor, do verdadeiro amante e erudito da literatura. Borges imaginou o paraíso como uma biblioteca e foi bibliotecário por muitos anos, vivendo essa profissão como a de um guardião do tesouro das letras. Em 1985, foi-lhe pedida a criação de uma «biblioteca pessoal», que contaria com cem grandes obras. Borges morreu em 1986, antes que pudesse concluir esse projeto, mas deixou uma lista de livros que refletem as suas preocupações e gostos literários, bem como os prólogos dos primeiros sessenta e quatro títulos da série: «Desejo que esta biblioteca seja tão variada quanto a curiosidade que a mesma induziu em mim.» É esta escolha pessoalíssima de Borges que aqui se apresenta. 


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Opinião 

Jorge Luis Borges, famoso escritor argentino, nasceu em 1899, em Buenos Aires, e é considerado uma das figuras mais influentes da literatura do século XX. A sua obra abrange diversos géneros, incluindo ensaios, poemas, contos e críticas literárias, caracterizando-se por um estilo erudito, filosófico e inventivo. A sua vasta experiência e profundo conhecimento literário conferem autoridade e profundidade à sua reflexão sobre a importância da leitura e das bibliotecas, temas centrais na sua obra e também na colectânea Biblioteca Pessoal


Biblioteca Pessoal é um conjunto de ensaios que exploram os livros que o autor considera fundamentais termos nas nossas bibliotecas pessoais, que nos levam a mergulhar no universo mágico da leitura, da memória, da imaginação e da natureza da dita biblioteca ideal. Apesar de estarmos perante um livro inacabado, pois a proposta era reunir cem títulos, ainda assim, foi-nos oferecida uma seleção com 64 livros fundamentais, acompanhados dos argumentos do homem que, quer-me parecer, mais amou esse objecto e essa arte. Deste modo, entrega a sua experiência pessoal com cada livro, além de discutir conceitos filosóficos sobre a infinidade do conhecimento e as possibilidades ilimitadas do universo literário. 


Podes ler também a minha opinião sobre Ficções 


A estrutura do livro é marcada por fragmentos ensaísticos, um para cada autor e respetivos livros recomendados. Borges organiza os textos de forma livre, entrelaçando as suas reflexões, referências literárias e experiências pessoais, o que nos permite vislumbrar o autor duma forma única. Sem seguir uma linearidade tradicional, privilegia associações livres e pensamentos dispersos, o que reforça a sensação de vastidão e complexidade da biblioteca que Borges idealiza, sempre com uma linguagem elegante e densa, típica da sua obra. As suas escolhas revelam a sua obsessão pela multiplicidade do conhecimento e pela busca infinita pelo entendimento. Em cada página é perceptível a paixão de Jorge Luis Borges pelos livros e pela ideia de que toda a leitura é uma jornada de descobertas, onde cada obra é um universo em si mesmo. 


"O destino de Kafka foi transmutar as circunstâncias e as agonias em fábulas. Redigiu sórdidos pesadelos num estilo límpido." 


Fica evidente ao longo da leitura destes textos que, para o autor, ler é mais do que uma simples actividade. É uma jornada de autoconhecimento e de descoberta do universo interior. Porque, tanto na leitura quanto na vida, a busca por sentido é um esforço contínuo, que revela a condição humana de querer entender o mundo e a si mesmo, mesmo diante da impossibilidade duma resposta definitiva. Um dos temas transversais nos seus ensaios é a complexa relação entre realidade e ficção. Borges explora como os livros e as histórias que eles contém podem criar universos paralelos, refletindo e ao mesmo tempo distorcendo a realidade. O estilo de Borges é conciso, preciso e marcado por uma elegância linguística ímpar, e a sua escrita é, ao mesmo tempo, poética e intelectual. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Olhos de Cão Azul 


Ao longo da leitura, as referências literárias e culturais que enriquecem o texto, revelam o quanto Jorge Luis Borges era erudito e conhecedor do universo literário, mas também capaz de nos inspirar a seguir esse caminho fascinante. Pessoalmente, a cada novo texto, fui levada a refletir sobre o potencial do conhecimento que é infinito e sobre a importância das nossas escolhas na construção duma colecção pessoal. A minha ignorância revelou-se imensa, mas, ainda assim, já li alguns dos autores referidos e quatro dos livros mencionados, portanto, não estou totalmente por fora deste círculo dos livros e autores essenciais. Destaco ainda que foi uma alegria ter encontrado um autor português nesta lista, o nosso Eça de Queiroz, o que muito me orgulha, ainda que não imaginasse que fosse esse o destaque nacional. Resta ainda a curiosidade sobre os livros que ficaram por mencionar e que iriam completar esta biblioteca extraordinária. 


"Como a descoberta do amor, como a descoberta do mar, a descoberta de Dostoiévski marca uma data memorável da nossa vida." 


A importância do livro na literatura contemporânea reside na sua capacidade de preservar e transmitir o conhecimento, a cultura e a imaginação ao longo do tempo. Biblioteca Pessoal é uma celebração do valor infinito dos livros como fontes de sabedoria e como portais para universos diversos, ressaltando o seu papel fundamental na formação do pensamento e na construção da identidade literária, sem esquecer a fonte de prazer que, de facto, proporciona. Esta foi mais uma compra da Feira do Livro deste ano e confesso que foi uma agradável surpresa mergulhar nas reflexões de Borges e, com elas, construir as minhas, abrir horizontes, e despertar a curiosidade para outros autores e outras obras. 


A partir destas reflexões, percebemos que a verdadeira biblioteca não é apenas um acúmulo de livros, mas um espaço de reflexão, memória e imaginação. A leitura emerge, assim, como uma actividade vital que transcende o tempo e o espaço, alimentando a nossa curiosidade e ampliando os nossos horizontes. Este é um livro que deixa uma mensagem de amor pelos livros e pela constante descoberta que eles proporcionam, reforçando a ideia de que a biblioteca pessoal é uma extensão do próprio indivíduo, repleta de universos por explorar. Mas agora, quero muito saber a tua opinião! Já leste Biblioteca Pessoal? O que achaste das escolhas de Borges? Algum autor ou livro que tenha despertado a tua curiosidade? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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