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terça-feira, 12 de agosto de 2025

#Livros - Madre Paula, de Ricardo Correia

 

Uma ilustração moderna de uma freira com batom vermelho vibrante, vestida com o hábito tradicional, em um estilo artístico contemporâneo que combina elementos clássicos e modernos, destacando-se na capa publicada pela Ego Editora.

Sinopse

Em 1718, Paula Teresa da Silva e Almeida ingressa no Mosteiro de Odivelas. Filha de um ourives de ouro fornecedor da Casa Real, a bela jovem, pouco dedicada à vida religiosa, rapidamente capta o interesse do próprio rei de Portugal, dom João V. Apaixonada e ambiciosa, Paula vê a sua vida complicar-se ao ganhar a inimizade da rainha, que cedo descobre o romance entre esta e o marido. Manipulada pelos inquisidores lisboetas, torna-se o instrumento perfeito para espiar a corte e o rei, mas a jovem, que ficaria conhecida como Madre Paula, tem objetivos mais ambiciosos. Amante do rei, mãe de um filho bastardo, que se tornará inquisidor-geral de Portugal, religiosa no Mosteiro de Odivelas, Madre Paula é uma das mais influentes mulheres no seu tempo. Mas quem é que esta mulher foi na realidade? 


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Opinião 

Madre Paula é uma obra que se propõe retratar o romance que marcou a vida da freira de Odivelas com o rei D. João V, oferecendo uma perspectiva histórica e ficcional sobre este episódio singular da História portuguesa e que tanto me fascina. Ricardo Correia, é um escritor e investigador que se tem dedicado ao romance histórico desde 2017 e foi a minha estreia com a sua obra, com o seu livro que mais curiosidade me despertava. Mais do que interessar-me pelo romance proibido, que na época era comum, sobretudo com este rei que adorava seduzir freiras, fascina-me esta mulher misteriosa, que quase ficou perdida entre as inúmeras amantes do rei e mães dos seus bastardos. 


Assim, toda a trama é marcada pela relação clandestina entre Madre Paula e o rei, enquanto são explorados os segredos e conflitos internos desta mulher, que, apesar do seu voto de castidade, se vê envolvida num romance proibido com o monarca. Ao longo da narrativa, revela-se o impacto desta relação na vida de Madre Paula, bem como as tensões entre o desejo pessoal e as convenções sociais da época. Passado no século XVIII, sob o reinado de D. João V, o nosso rei sol, reflete a opulência da corte, o poder da Igreja e a centralidade do monarca na vida nacional. Os principais cenários são o convento de Odivelas e os palácios de Lisboa, onde o romance se desenrola numa atmosfera de segredo, moralidade rígida e interesses políticos. 


Podes ler também a minha opinião sobre Vera Cruz 


Ricardo Correia constrói uma narrativa que entrelaça o fervor religioso com os segredos dum amor proibido, onde revela a complexidade das emoções humanas sob a égide do poder e da moralidade do seu tempo. Com uma linguagem elegante e detalhada, o autor mergulha na vida de Madre Paula e da corte onde tinha mais influência que a própria rainha. A prosa fluida e repleta de nuances permite ao leitor sentir a intensidade desta relação, tanto para os próprios, quanto para os que os rodeavam. Com um novo prisma, o livro retrata uma época marcante da nossa História e destaca-se pela delicada construção dos personagens, alguns até bem conhecidos, que iniciaram a sua ascensão para o poder nesta altura, com a influência destes protagonistas. Com um ritmo que oscila entre momentos de delicada subtileza e episódios de tensão crescente, o autor conduz-nos por uma trama repleta de interesses, paixão e intrigas palacianas. 


"A rainha sempre se entregou por dever. Ao rei, ao casamento, ao reino, à tradição, não importa. O amor, eu descobri-o com Paula e a criança é fruto desse amor." 


Contada ao filho e herdeiro do rei, quando este se encontra no seu leito de morte e a única coisa que sai da sua boca é o nome de Paula, são alternados os momentos presentes com os relatos do passado. É assim que o jovem príncipe fica a saber que por trás das aparências de respeito e moralidade, podem existir paixões secretas e conflitos profundos, mesmo que se seja um monarca grandioso como o seu pai pretendeu ser. O autor explora, assim, as tensões entre os valores morais e as imposições da corte, evidenciando as limitações impostas às mulheres e as condições de vida na época, além de refletir sobre a influência do poder real e eclesiástico na vida pessoal e espiritual das figuras históricas. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre o outro Madre Paula 


A obra evidencia aspectos muito positivos, como a riqueza dos personagens e a pesquisa histórica. A figura da mais famosa freira de Odivelas é apresentada de forma complexa e convincente, revelando as suas emoções, dilemas e a sua trajetória de forma sensível. O enredo é envolvente e bem construído, conseguindo equilibrar elementos históricos, que são do conhecimento geral, com elementos ficcionais que ajudam a colmatar o tanto que não sabemos, apenas imaginamos acerca desta figura fascinante e do mundo em que viveu e que construiu para si. Como sempre acontece, fiquei com ainda mais curiosidade sobre esta história de amor pouco ortodoxa, sobre esta mulher que quase foi apagada da História e, com uma nova visão apresentada no livro, outras possibilidades se abriram sobre o que terá realmente acontecido para se aproximarem e, depois, para se afastarem, ainda que os relatos sejam unânimes a afirmar que o seu nome esteve na boca do rei até à hora da morte. 


"Não há dia em que não pense nele ou que não reze pela sua alma, mais talvez do que a sua legítima mulher alguma vez terá feito. Não há dia em que o meu coração não morra um pouco pelas saudades." 


No geral, esta foi uma leitura deliciosa, que soube a pouco, e que pode muito bem ser a porta de entrada para quem quer saber mais sobre este período histórico, sobre este reinado, sobre este casal invulgar e sobre o legado de ambos por onde passaram. É aqui possível perceber o ambiente da corte e do Mosteiro de Odivelas, sentir as tensões, os jogos de poder, as influências que se procuram exercer, mesmo quando os sentimentos parecem ser verdadeiros. Claro, que os fãs de romances históricos também vão aqui encontrar uma obra interessante e quem sabe um novo autor favorito. Pela minha parte, vou ficar com este autor debaixo de olho e estou muito tentada a ler a sua série sobre D. Sebastião, logo que seja possível. 


Mas agora quero saber a tua opinião! Já conhecias este livro e este autor de romances históricos? Gostas deste género literário? Qual a época histórica que mais te fascina? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

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