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terça-feira, 31 de dezembro de 2024

#Livros - Indiana, de George Sand

 

A imagem de capa do livro "Indiana" de George Sand apresenta uma jovem de cabelos negros soltos, envolta em um elegante vestido branco. Seu olhar expressa uma mistura de inocência e determinação, refletindo a complexidade emocional da protagonista. O fundo suave e etéreo complementa a figura, criando uma atmosfera que evoca o romantismo e as tensões sociais da época. Esta ilustração captura a essência da busca por liberdade e identidade que permeia a narrativa, convidando os leitores a mergulhar na jornada da personagem principal.

Sinopse

No universo de Indiana, percebemos a expressão de uma época, do século XIX e da classe burguesa, narrada com bastante realismo. O trabalho da autora permite alinhar os fatores estéticos e sociais na obra, e contemplamos, por isso, um romance cujo enredo é desenvolvido em um período histórico que perpassa o real e o imaginário, retratando uma gama de perfis políticos distintos entre si, os quais representam várias figuras sociais e até aquela que seria em suma, a idealização da mulher em ascensão à emancipação; além da maciça e relevante crítica social que se estende à política da época, até a mais clara situação da mulher na sociedade de 1830. Assim, discutiremos acerca dos traços relevantes da vida social da época, através de acontecimentos históricos e perfis de personagens, bem como a situação da mulher dentro do matrimónio. 


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Opinião 

George Sand, pseudónimo de Amandine Aurore Lucile Dupin, baronesa de Dudevant, nasceu em 1804, em Paris, e tornou-se uma das figuras mais proeminentes da literatura francesa do século XIX. Sand desafiou as normas sociais da época ao adoptar uma identidade masculina e envolver-se em relacionamentos controversos, como o que teve com o compositor Frédéric Chopin. A sua obra abrange romances, peças de teatro e ensaios, sempre pautados por uma forte crítica social e uma busca pela liberdade individual, especialmente no que diz respeito à condição feminina. Com uma prosa rica e envolvente, a autora abordou temas como o amor, a natureza e a luta contra as convenções sociais, tornando-se uma voz fundamental do romantismo e do feminismo, influenciando gerações de escritores e pensadores. 


Indiana, uma das obras mais emblemáticas de George Sand, foi publicada pela primeira vez em 1832, durante um período de intensas transformações sociais e culturais na França e na Europa como um todo. O contexto do início do século XIX, marcado pelo Romantismo e por uma crescente conscientização sobre os direitos individuais, proporciona uma base rica para a exploração dos temas centrais da obra, que desafia as normas patriarcais e propõe uma nova visão sobre a emancipação feminina. A protagonista, que dá nome ao romance, é uma jovem de espírito livre e sensível, casada com um homem possessivo e autoritário, o coronel Delmare. A sua vida monótona e opressiva é apenas aliviada pela presença de Ralph, o primo e amigo de infância, que a acompanha e lhe permite demonstrar sem amarras a sua verdadeira natureza. 


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No romance, os temas centrais giram em torno da complexa intersecção entre amor, liberdade, opressão feminina e colonialismo. Indiana, presa num casamento arranjado, procura pelo amor verdadeiro e genuíno, que reflete o desejo de libertação, tanto das correntes do matrimónio, quanto das normas patriarcais que a confinam a um papel passivo. Absurdamente ingénua e inocente para lá do esperado numa mulher casada, Indiana emerge como uma figura complexa e profundamente marcada pelas convenções sociais do seu tempo. Ao longo da narrativa, Indiana passa duma jovem idealista e submissa a uma mulher que desafia as normas sociais, ainda que corra atrás duma ilusão, um amor pouco recomendável e tudo se revele um grande erro, pois a sua felicidade nunca esteve onde achou que estaria. Confesso que tive alguma dificuldade em sentir empatia por Indiana, sobretudo quando, mais tarde, percebeu a verdadeira natureza do seu amado, e preferiu continuar a iludir-se e a esperar gestos nobres de alguém que já tinha demonstrado ser incapaz de o fazer. 


"A mulher é imbecil por natureza, parece que para contrabalançar a eminente superioridade que as suas delicadas percepções lhe dão sobre nós, o céu tenha posto propositadamente no seu coração uma vaidade cega, uma credulidade idiota." 


Na obra, os personagens secundários desempenham papéis cruciais na construção da narrativa e na própria evolução da protagonista. Assim, um dos personagens mais significativos é o primo Ralph, homem reservado, circunspecto e até triste, cujas motivações para tudo isto será revelado à medida que a narrativa avança, mas o que permanece é o seu vínculo indissolúvel com a jovem prima, que ajudou a criar e a quem ensinou muitos dos ideais que hoje a colocam numa posição difícil. Outro personagem notável é a escrava Noun, criada a par da sua ama, a quem veio servir após o casamento, e que serve como um espelho das aspirações de Indiana, mas marcada, acima de tudo, pela lealdade e pela sabedoria de perceber, rapidamente, o verdadeiro carácter do homem que as iludiu. Por fim, não posso ignorar o personagem mais ignóbil de toda a trama, Raymon. Jovem bonito, charmoso e manipulador, capaz de se fazer popular entre os influentes, ambiciona alcançar uma fortuna que acha condizente com o que merece, mas, pelo caminho, vai seduzindo jovens que usa e descarta quando se cansa do passatempo. Quando achamos que o passar dos anos o irá fazer compreender os seus erros e tornar-se um homem melhor, acontece precisamente o contrário, pois sempre encontra uma desculpa para os seus comportamentos, escolhendo sempre o caminho mais fácil. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Emma


Esta foi a minha estreia com esta autora francesa tão famosa, e achei interessante o seu estilo de escrita que mistura lirismo e crítica social, com uma linguagem rica e poética que captura bem a complexidade das relações humanas. As suas descrições vívidas dos cenários, além de situarem a narrativa, também refletem o estado emocional dos personagens, criando uma atmosfera de intensidade e introspecção. Os diálogos são habilmente construídos, revelando as tensões e os conflitos internos das personagens, especialmente da protagonista, Indiana. A alternância entre a prosa fluída e os trechos mais dramáticos contribui para o ritmo da narrativa, ligando o leitor a uma jornada emocional. Um dos aspectos que achei mais interessante foi a sua crítica ao ideal romântico, ao questionar a idealização do amor e as consequências da submissão total. 


"O amor é a virtude da mulher, é por ele que ela se glorifica das suas faltas, é dele que ela recebe o heroísmo de afrontar os remorsos. Quanto mais lhe custar a cometer o crime, mais merecedora ficará àquele que ama. É o fanatismo que põe o punhal na mão do religioso." 


Temos aqui uma obra que cativa pela profundidade dos seus personagens e pela subjacente crítica social que permeia as suas páginas. A prosa envolvente da autora, aliada a um enredo emocionante, que, a dada altura, não consegui prever para onde se dirigia, tornou esta leitura muito agradável e interessante. Pessoalmente, não consegui ligar-me à protagonista, mas isso não impediu que retirasse prazer ao descobrir esta obra e a escrita de George Sand. Assim, recomendo Indiana a todos os que se interessam por literatura que desafia as normas sociais e que explora a complexidade das relações humanas. É um livro que, apesar de ter sido escrito no século XIX, ainda toca em questões contemporâneas, como são sempre os sentimentos, tornando-se numa leitura atemporal e talvez seja isto que torna um livro num Clássico, não é? 


Agora, quero saber a tua opinião! Já leste Indiana? Conhecias a autora George Sand? O que achaste desta sua protagonista? Conseguiste sentir empatia por ela? Que outras obras da autora recomendas? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog 


Wook | Bertrand 

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