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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

#Livros - Villette, de Charlotte Brontë

 

Uma interpretação encantadora da capa de 'Villette' de Charlotte Brontë, onde um fundo roxo profundo envolve a delicada ilustração de uma árvore majestosa, cujo folhagem em tons vibrantes de amarelo e laranja traz à tona a transição das estações. Essa composição visual evoca a complexidade emocional da obra, refletindo os altos e baixos da vida da protagonista em um ambiente enigmático e sonhador, perfeitamente alinhado com o espírito da narrativa.

Sinopse

Charlotte Brontë (1816 - 1855) foi uma escritora e poetisa inglesa, a mais velha das três irmãs Brontë que chegaram à idade adulta e cujos romances são dos mais conhecidos da literatura inglesa. Villette é, de muitas formas, um romance delicado e deliciosamente difícil. Tudo o que diz respeito à sua heroína, Lucy Snowe, é encoberto por uma névoa de inacessibilidade e uma certa escuridão que sustenta a narrativa. Na narrativa, Lucy se muda para a cidade fictícia de Villette, onde será professora de inglês em um internato. Ali, será confrontada pelos traumas do passado enquanto completa seu percurso de heroína, com os dissabores e conquistas de uma mulher vitoriana, mas eternamente atual. Villette é considerada a obra-prima de Charlotte Brontë. 


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Opinião 

Villette, publicado em 1853, é frequentemente considerado a obra menos conhecida de Charlotte Brontë, ofuscada pelos sucessos das suas irmãs e pelo icónico Jane Eyre. Este romance apresenta uma narrativa rica e introspectiva, centrada em Lucy Snowe, uma jovem inglesa que viaja para a Bélgica em busca duma nova vida. Embora menos celebrada do que os seus trabalhos anteriores, Villette é uma obra profundamente complexa e inovadora, que revela a maestria de Brontë em capturar as nuances emocionais e psicológicas dos seus personagens, tornando-o um tesouro literário que merece muito ser redescoberto e valorizado. 


Inserido no contexto do século XIX, um período marcado por intensas transformações sociais e culturais, incluindo a Revolução Industrial e a ascensão do feminismo. A obra é uma das últimas contribuições da autora Charlotte Brontë, que, junto com as irmãs, foi uma figura proeminente do romantismo inglês. A autora destacou-se pela sua habilidade em explorar a psicologia dos seus personagens e as complexidades da condição feminina numa sociedade dominada por normas patriarcais. Villette é particularmente relevante pela sua representação da luta interna da protagonista, refletindo as inquietações da mulher vitoriana na busca pela sua identidade e autonomia. 


Podes ler também a minha opinião sobre Jane Eyre


O livro apresenta Lucy Snowe, uma jovem inglesa que, após a morte misteriosa dos seus entes queridos e duma tentativa frustrada de refazer a vida a trabalhar em Inglaterra, decide partir em busca de novas oportunidades na Europa. Ao chegar na cidade fictícia de Villette, ela vê-se envolvida num ambiente desafiador e muitas vezes hostil, onde luta para encontrar emprego num internato. Através das suas experiências, Lucy enfrenta as dificuldades de adaptação a uma nova cultura e língua, ao mesmo tempo que quer ser aceite e conquistar a sua autonomia. É uma obra rica em introspecção que explora temas como o isolamento, pertencimento e a luta pela liberdade pessoal apesar das restrições sociais. Afinal, Lucy, afastada dos seus laços familiares, enfrenta um mundo que a marginaliza e subestima, colocando a nu as dificuldades enfrentadas pelas mulheres da sua época. 


"As pessoas sensatas dizem que não há ninguém perfeito; e, quanto a simpatias e antipatias, deve-se ser amigo de toda a gente e não adorar ninguém." 


Lucy Snowe é uma protagonista complexa, com um passado misterioso sobre o qual sabemos muito pouco em termos factuais, cuja evolução é marcada por profundas lutas internas e um constante dilema entre a solidão, que acredita ser o seu destino, e o seu desejo por pertencimento, por uma família, por amigos, por amor. Desde o início, ainda uma criança a passar uma temporada na casa da madrinha, é nos apresentada como uma jovem introspectiva e isolada, que carrega o peso de experiências traumáticas. Esta solidão molda a sua percepção de si mesma e do mundo ao seu redor, criando uma narrativa de resistência e adaptação. Parecendo ser passiva e inerte perante os acontecimentos, à medida que Lucy se muda para Villette e enfrenta estas novas dificuldades da vida num novo país, a sua determinação e resiliência começam a emergir de forma cada vez mais forte. É um desenvolvimento subtil, mas significativo; ela passa de uma figura passiva e observadora para uma mulher que procura activamente a sua autonomia e a sua voz. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre O Professor


Em torno de Lucy existem alguns personagens interessantes e carismáticos, como o Dr. John Bretton, médico e uma figura central que provoca admiração, ao mesmo tempo que acorda sentimentos amorosos e esperanças para um futuro que a nossa protagonista quer abafar e esconder, por querer racionalizar e assumir que existem felicidades que não são para si, como um mecanismo de defesa para evitar desilusões. Como contraponto à sua reserva, temos a jovem Paulina, cuja vida e sentimentos entrelaçam-se com os de Lucy, mostrando diferentes maneiras como as pessoas lidam com o amor e a perda. A prima extravagante de Paulina, Ginevra, é uma jovem que gosta de dar nas vistas e espera deitar a mão a um noivo rico, que lhe permita ter a vida com que sonha na sociedade. Apesar disso, parece gostar de manter uma amizade com a discreta Lucy, a quem confidencia grande parte das suas extravagâncias e comportamentos duvidosos. A complexidade destas relações só vem enfatizar a luta interna de Lucy quanto às dinâmicas sociais da sua época. 


"Nada neste mundo me parece tão oco como dizerem-me que cultive a felicidade. Que significa semelhante conselho? A felicidade não é uma batata que se plante na terra e se cultive com adubo. A felicidade é um resplendor que brilha no céu, lá muito longe, acima de nós. É um orvalho divino que a alma, em certas das suas manhãs de verão, sente cair sobre ela, dos frutos, amaranto e ouro, do paraíso." 


O amor manifesta-se de diversas formas, desde a afeição platónica até à paixão não correspondida, culminando com a concretização dos amores possíveis e que melhor se adequavam às personalidades envolvidas. Com estas dinâmicas que oscilam ao longo da narrativa, Brontë ressalta as implicações emocionais que o amor pode trazer, desde a alegria e a esperança até a dor e o isolamento, sublinhando a luta interna de Lucy para conciliar as suas aspirações amorosas com a sua insegurança e o seu medo de não merecer esse tipo de felicidade.  A tudo isto acresce o magistral estilo de escrita de Charlotte, que volta a revelar um profundo domínio do simbolismo, da descrição vívida e do diálogo psicológico que conferem profundidade à narrativa. A história é narrada na primeira pessoa pela sempre pessimista Lucy e permite que, deste modo, o leitor se aprofunde na sua complexidade psicológica, enquanto ela navega por amores não correspondidos, amizades fragilizadas e crises de identidade. 


A obra explora temas como a luta pela autonomia feminina, as dificuldades da imigração e a rigidez das normas sociais do século XIX. Através da sua narrativa introspectiva e da rica caracterização, Brontë oferece uma crítica à sociedade da época, ao mesmo tempo que estabelece Lucy como uma protagonista forte e resiliente, refletindo as tensões entre desejo e dever, sendo a prova de como as nossas experiências moldam quem somos. É um romance que, a dada altura, me fez ter dúvidas sobre para onde se dirigia, mas que terminou com um final adequado e bem construído, capaz de nos deixar com uma sensação de que cada coisa ficou no seu devido lugar. Com Villette, tens uma leitura certeira para quem gosta de romances complexos e psicológicos, além de ser obrigatório para os fãs da literatura vitoriana. Também os jovens adultos vão encontrar aqui um romance de formação, melhor construído do que a maioria do que hoje andam a ler. Agora, quero saber a tua opinião! Já leste Villette? Conhecias esta obra da autora? O que achaste desta protagonista sofredora? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

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