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terça-feira, 28 de outubro de 2025

#Livros - Uma Pequena Vida, de Hanya Yanagihara

 

Retrato de um homem com expressão de dor e sofrimento, com traços marcantes e olhar intenso, refletindo emoções profundas. Fundo escuro que destaca a intensidade da imagem.

Sinopse

Este é um dos mais espantosos, desafiadores, perturbadores e profundamente comoventes romances publicados nas últimas décadas: um épico sobre o amor e a amizade no século XXI, que visita alguns dos lugares mais assustadores onde a ficção já se aventurou; um livro que, desafiando explicações e todas as probabilidades, emerge do lado da luz. 

Quatro colegas de uma pequena universidade do Massachusetts mudam-se para Nova Iorque para começar a vida adulta. Sem dinheiro e em busca de um caminho, contam apenas com as suas ambições e com a amizade que os une. Bonito e generoso, Willem tenta vingar como ator; nascido em Brooklyn, inteligente e mordaz, por vezes cruel, JB quer afirmar-se como pintor na cena artística de Manhattan; Malcolm é um arquiteto frustrado com o seu trabalho num ateliê de renome; e Jude, brilhante, enigmático e fechado, é o centro de gravidade do grupo. 

Ao acompanhar os quatro amigos durante décadas, vemos como as suas relações se aprofundam e ensombram, marcadas pela dependência, pelo êxito e pelo orgulho. Porém, o seu grande desafio, compreenderão eles, é Jude, que se torna um advogado temido pelos seus pares, mas que é um homem cada vez mais destroçado, física e psicologicamente marcado por uma infância inimaginável e perseguido por um passado traumático que teme jamais conseguir ultrapassar. 

Numa escrita resplandecente, magnífica e assombrosa, Hanya Yanagihara compõe um hino trágico e transcendente ao amor fraternal, revela o sofrimento e o desgosto de forma ímpar, e retrata a tirania da memória e dos limites da capacidade humana para resistir. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Antes da leitura de Uma Pequena Vida, as minhas expectativas estavam altas, com muito curiosidade e algum receio, dado o reconhecimento da obra pela sua intensidade emocional e temática profunda. Foi uma das compras na Feira do Livro de Lisboa deste ano, que fui adiando por ser um calhamaço e por causa do referido receio, mas que, desde o início da leitura, ficou claro que esta seria uma experiência profunda e potencialmente angustiante, mas também reveladora, prometendo uma imersão intensa na vida destes personagens e nos seus conflitos mais íntimos. Esta foi a minha estreia com esta autora americana, nascida em 1974 e que se dedica à edição de revistas, ao mesmo tempo em que escreve os seus livros densos. 


Uma Pequena Vida acompanha a vida de quatro amigos que partilham uma profunda conexão enquanto enfrentam desafios pessoais, profissionais e emocionais ao longo de várias décadas. É fundamental destacar os temas centrais que permeiam a narrativa, como a amizade profunda, que serve como alicerce para explorar questões de trauma e sofrimento. O livro também aborda a luta pela identidade, especialmente diante de dores físicas e emocionais, além de refletir sobre a brutalidade e vulnerabilidade humanas. Sem esquecer a culpa e a tentativa de sobrevivência, onde se mostra como estes elementos moldam as vidas dos personagens ao longo do tempo. 


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A trama foca-se, com mais destaque, no passado traumático de Jude, que molda muito as relações que se estabelecem entre os quatro. Marcado por uma profunda vulnerabilidade, a sua inteligência, sensibilidade e força interior contrastam com as feridas emocionais que carrega. Ao longo da história, Jude passa por um intenso arco de transformação, enfrentando as suas dores, procurando aceitação e compreensão, mesmo quando se recusa a contar o que enfrentou no seu passado, e obcecado por estabelecer um senso de identidade e pertencimento. A sua jornada é marcada por momentos de dor e de esperança, numa evolução silenciosa, mas poderosa. A amizade entre Jude, Willem, JB e Malcolm é marcada por uma profunda lealdade, apoio mútuo e momentos diversos onde são reveladas a força e fragilidades de cada um. 


"Se ter melhores amigos aos 27 anos era considerado fantástico, porque havia de se tornar esquisito aos 37? Em que era uma amizade inferior a um relacionamento de casal? Não lhe seria superior, na verdade?" 


Estas conexões oferecem um refúgio no meio das dificuldades pessoais que enfrentam, demonstrando o poder do vínculo humano em tempos de crise. Além disso, as dinâmicas com familiares e parceiros acrescentam camadas de dor, esperança e conflito, ilustrando as diferentes formas de amor, perda e expectativa que moldam as suas vidas. A verdade é que chega a ser frustrante a forma como as coisas boas que acontecem a Jude não conseguem apagar os traumas do que viveu, nem lhe permitem abandonar os hábitos tóxicos que ganhou ao longo do tempo. Só que à medida que vamos descobrindo tudo o que passou, a sensação é a de que é impossível tanto mal acontecer apenas a uma pessoa, de forma sucessiva desde tão tenra idade. Quando o sucesso chega a todos eles, existe algum distanciamento natural e até conflitos que desgastam a amizade dos quatro, mas os laços que os unem nunca são realmente cortados. 


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O ritmo do livro parece-me deliberado, com passagens que se alongam em detalhes minuciosos, mesmo quando já não desejávamos saber mais sobre os monstros que atormentam Jude. A linguagem utilizada é carregada de sensibilidade, com descrições que revelam tanto a beleza quanto a dor, muitas vezes explorando o interior dos personagens de forma poética e contundente. A autora utiliza saltos temporais de forma subtil, muitas vezes alternando entre diferentes épocas para revelar o passado e o presente dos protagonistas, o que enriquece a compreensão das suas experiências e dores, ainda que requeira uma dose de atenção extra para não nos perdermos. No fundo, esta escolha estilística permite ao leitor vivenciar as emoções e os traumas de maneira mais intensa, criando uma conexão visceral com as experiências de cada personagem. 


"Acreditou que, escondendo quem era, se conseguiria fazer um pouco mais agradável aos olhos dos demais, em lugar de ser uma completa anomalia. Agora, porém, tudo o que não revela apenas o faz ser uma anomalia cada vez mais gritante, alguém que inspira compaixão, e, inclusivamente, desconfiança." 


Um dos aspectos que funciona excepcionalmente bem em Uma Pequena Vida é a sua capacidade de transmitir empatia e uma profundidade psicológica impressionantes. Com uma honestidade brutal, Hanya Yanagihara não evita retratar as emoções mais difíceis e as experiências mais dolorosas, mergulhando de cabeça em cada trauma. Também existe muita discussão acerca do excesso de violência, que por vezes parece excessiva e uma forma de agressão que nos atinge. Além disso, o peso de temas profundos e difíceis, como traumas, abusos e depressão, podem ser considerados sobrecarregados em certos momentos, o que exige uma resistência emocional por parte do leitor. Como tal, se estás a passar por um momento de fragilidade, este não é o livro certo para ti. Acredito que é preciso estar-se bem para mergulhar nestas vidas trágicas sem desejar seguir o mesmo caminho. 


Em suma, estamos perante uma narrativa profunda e comovente, que explora a complexidade das relações humanas, a dor, o amor e a amizade ao longo de várias décadas. Acompanhando a vida de Jude, Willem, JB e Malcolm, revela as suas histórias de crescimento, sucesso, perdas e traumas, numa viagem emocionante e perturbadora, que fica com o leitor muito depois de terminar a leitura. Mas agora quero muito saber a tua opinião! Já leste Uma Pequena Vida? Conheces o trabalho desta autora? De que forma te sentiste impactada com esta leitura? Qual a tua personagem favorita? Conta-me tudo nos comentários! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

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