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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Verão 2024 - 10 Livros novos para ler nas férias

 

Uma toalha de praia estendida na areia com um livro, uma máquina fotográfica, uns óculos de sol e algumas uvas, em um cenário tranquilo e ensolarado. Prepare-se para as suas férias de verão com a nossa lista de 10 livros novos para ler e relaxar ao sol.

Com a chegada do Verão, que está mesmo aí ao virar da esquina, é hora de planejar as férias e começar a escolher a lista de leituras para aproveitar o tempo livre. Seja na praia, no campo, ou simplesmente a relaxar em casa, os livros são sempre companheiros perfeitos para esses momentos de descanso. Por isso, como vem sendo hábito por aqui, selecionei 10 livros novos e de temas variados para te aventurares durante as férias de 2024. Desde autores clássicos da Literatura até obras contemporâneas, ficção e não ficção, escritor por homens e por mulheres, há opções para todos os gostos e interesses. Portanto, prepara-te para te deliciares com histórias envolventes e mergulhar em diferentes mundos literários neste Verão! 


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1. Pobres Criaturas, de Alasdair Gray

A ambição científica de Godwin Baxter de criar a companheira perfeita concretiza-se quando encontra o corpo afogado da jovem Bella, que ele traz de volta à vida numa proeza ao estilo de Frankenstein. Mas o seu sonho é perturbado pelo amor ciumento do Dr. Archibald McCandless pela sua criação... À medida que o seu desejo se transforma em obsessão, os motivos de Archibald para libertar Bella revelam-se tão egoístas como os de Godwin, que a reclama em corpo e alma. 

Mas o que é que Bella pensa? 

Explorando a sua posição como mulher na sombra do patriarcado, Bella sabe que cabe a ela libertar-se - e decidir qual o significado, se é que tem algum, do verdadeiro amor na sua vida. 

Esta história de amor verdadeiro e ousadia científica leva o leitor dos consultórios de operações privados da Glasgow do final da era vitoriana aos casinos aristocráticos, à vida miserável de Alexandria e a um bordel parisiense. 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "Pobres Criaturas" de Alasdair Gray, com a foto da protagonista interpretada pela talentosa atriz Emma Stone em um fundo branco. Um romance envolvente que aborda as complexidades da condição humana e os desafios enfrentados por suas personagens. Ideal para quem busca uma leitura profunda e emocionante para as férias de verão.

2. O Livro do Império, de João Morgado

Século XVI. Os tempos gloriosos do império português chegam ao fim. O desejado rei D. Sebastião vive para os sonhos de glória. Cego à corrupção da nobreza que prospera aquém e além-mar, permite que a Inquisição imponha o obscurantismo, acusando e julgando as mentes mais iluminadas. 

Contra tudo e contra todos, um poeta-soldado, caído em desgraça decide contar a história épica de um povo para o relembrar da grandeza de outrora e salientar o desvirtuamento do poder que se vive no reino. Mesmo sabendo que corre perigo de vida. 

Como era a vida dos portugueses no século XVI e como interagiam com os outros habitantes nos territórios além-mar do império? 

Com tantos inimigos no poder, como pôde ser publicada uma obra que era provocadora aos olhos da Corte e da Inquisição? 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "O Livro do Império" de João Morgado, com ilustrações da partida das caravelas e de Luís de Camões em um fundo azul escuro. Uma história envolvente que nos transporta para a época dos descobrimentos e nos faz refletir sobre o legado deixado por aqueles que ousaram desbravar os mares desconhecidos. Um livro perfeito para uma viagem literária nas férias de verão.

3. Taylor Swift: A História Completa, de Chas Newkey-Burden

Taylor Swift é já um dos maiores fenómenos de sempre da música. A digressão Eras, com passagem por Portugal, tem levado milhões de pessoas aos concertos, que esgotam em poucos minutos. Os álbuns têm pulverizado todos os recordes de vendas e já fizeram dela a artista mais premiada de todos os tempos - e a mais bem paga. 

Mas como é que uma rapariga, dona de um talento inacreditável e com uma força e determinação assombrosas, saiu da cidadezinha pequena onde vivia e se tornou uma megaestrela global? 

Taylor Swift: A História Completa mostra-nos a evolução musical e o estatuto de mulher de negócios implacável que alcançou e que impõe as suas próprias condições. Desde os primeiros tempos na Pensilvânia, foram múltiplos os desafios que superou no trajeto até ao estrelato e os inimigos poderosos que teve de enfrentar, como Kanye West ou o produtor Scooter Braun. E nem a vida pessoal escapou ao olhar feroz dos media e do público e ao escrutínio das relações com John Mayer, Harry Styles, Joe Jonas, Jake Gyllenhall, Joe Alwyn ou Travis Kelce. 

Esta é a história completa de como a jovem prodígio da música country se tornou um ídolo pop de centenas de milhões e uma das pessoas mais poderosas do mundo. 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "Taylor Swift: A História Completa" de Chas Newkey-Burden, com uma foto deslumbrante da cantora no fundo coral, um relato detalhado e fascinante da ascensão de Taylor Swift ao estrelato e sua jornada emocionante no mundo da música pop.

4. Seis propostas para o próximo milénio, de Italo Calvino

As virtudes da grande literatura do passado para moldar os valores do futuro - o último legado de um grande escritor. Em 1984, Calvino foi convidado pela Universidade de Harvard a realizar as Charles Eliot Norton Poetry Lectures - um ciclo de seis conferências que têm lugar no decorrer de um ano letivo (para Calvino seria o ano de 1985-1986). A partir daí, consagrou quase todo o seu tempo à preparação destas conferências. Infelizmente, pouco antes de partir para os Estados Unidos, teve de ser internado e não voltou a sair do hospital. 

Sobreviveram-lhe estes rascunhos, um resumo brilhante do pensamento de um grande escritor cujo legado perdurará ao longo do milénio a que se dirige. Neles, com imaginação e sagacidade, Calvino procurou definir as virtudes da grande literatura do passado, para moldar os valores do futuro. O que deveria ser valorizado na literatura? Quais os valores literários a conservar no próximo milénio? 

Italo Calvino dedica uma conferência, ou lição, a cada um dos conceitos literários que lhe eram mais caros - leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência -, deixando-nos a mais eloquente defesa da literatura no século XX. 


Wook | Bertrand


Capa do livro "Seis propostas para o próximo milénio" de Italo Calvino, com destaque para o rosto parcial do autor em um fundo branco e amarelo. Um livro imperdível para os amantes da literatura que buscam inspiração e reflexão neste verão de 2024.

5. Feng Shui - Harmonia em casa e na vida, de Paula Margarido

A porta da rua deve estar sempre limpa para atrair bençãos e prosperidade. 
Na cozinha, o fogão deve estar sempre funcional. 
Tendo uma enorme importância para a prosperidade e riqueza da família, deve ser usado com frequência. 
As secretárias redondas ou ovais favorecem as profissões mais criativas. 
A cama deve ficar sempre posicionada de forma que a pessoa veja a porta, sem ter os pés virados para esta. 

Ninguém duvida do impacto que o ambiente que nos rodeia tem nas nossas vidas. Basta pensar em todas as vezes que se sentiu desconfortável num local sujo e desarrumado, ou como ficou mais em baixo numa divisão atafulhada de objetos, com pouca ou nenhuma luz. 

Com a ajuda do Feng Shui, tudo se pode alinhar de maneira a alcançar o que desejamos. Aplicar corretamente os princípios desta técnica milenar chinesa na nossa casa contribui positivamente para todos os setores da nossa vida, desde o campo amoroso até às finanças pessoais. 

Neste guia prático, Paula Margarido, arquiteta e especialista em Feng Shui, mostra-nos como algumas mudanças podem fazer toda a diferença. Um livro indispensável para quem pretende trazer harmonia para a sua casa e para a sua vida. 


Wook | Bertrand 


Uma sala acolhedora e harmoniosa, decorada com base nos princípios milenares do Feng Shui. O livro "Feng Shui - Harmonia em casa e na vida", de Paula Margarido, oferece dicas e orientações para transformar o seu espaço num ambiente equilibrado e positivo. Uma leitura essencial para quem busca paz e harmonia no lar e na vida.

6. Ninguém disse que iria ser fácil, de Fernando Alvim

Este livro é uma demonstração perfeita do espírito criativo e do pensamento original de Fernando Alvim. Os textos que compõem Ninguém Disse Que Iria Ser Fácil tocam todas as principais dimensões da humanidade, e ainda outras mais, com especial enfoque no tema do amor - o favorito de Alvim. Livro original, poderoso e muitas vezes tocante, assinala o 50.º aniversário do autor e não é menos do que perfeito para quem o ler. 


Wook | Bertrand 


Na foto de capa do livro "Ninguém disse que iria ser fácil" de Fernando Alvim, vemos o autor vestido de astronauta, segurando o capacete debaixo do braço. Uma imagem que representa a jornada desafiadora e cheia de surpresas que o leitor encontrará ao se aventurar nas páginas deste livro. Um convite para mergulhar em uma história única e emocionante, que irá prender a atenção do leitor do começo ao fim.

7. Falar Piano e Tocar Francês, de Martim Sousa Tavares

Partindo da sua experiência pessoal como artista e divulgador cultural, Martim Sousa Tavares convoca o leitor para uma reflexão sobre o modo como nos relacionamos com a arte nas suas múltiplas expressões: a cena de um filme de João César Monteiro, as subtilezas escondidas numa partitura de Monteverdi, o deslumbramento captado por um poema de Sophia, a paixão por Veneza, cidade a que regressa todos os anos. 

A beleza pode não precisar de livro de instruções, mas a arte é uma forma de partilha onde o entusiasmo da mediação, o modo de ver, acrescenta significados ao objecto artístico, seja ele uma sinfonia, uma pintura ou um poema. É nesse diálogo permanente que este primeiro livro de Martim Sousa Tavares - assumindo os gostos do autor e não procurando ser consensual - pretende que seja o leitor a ter a última palavra. 


Wook | Bertrand 


A imagem de capa do livro "Falar Piano e Tocar Francês" de Martim Sousa Tavares mostra o autor sentado de smoking numa elegante sala de espetáculos, refletindo a sofisticação e a profundidade das histórias contidas em suas páginas. Com uma barra verde destacando o título do livro, esta imagem convida os leitores a mergulharem em uma obra que combina a arte da linguagem com a beleza da música, prometendo uma experiência literária única e envolvente.

8. Design para não-designers, de Robin Williams 

Durante mais de vinte anos, tanto designers como não-designers, foram apresentados aos princípios fundamentais de um óptimo design pela autora Robin Williams. Através do seu estilo direto e descontraído, Robin ensinou centenas de milhares de pessoas a dar aos seus designs um aspeto bonito e profissional. 

Design para Não-Designers foi escrito para todas as pessoas que precisam de criar coisas, mas não têm conhecimentos ou formação em design. Este livro é para aqueles cujos chefes agora lhes mandam criar newsletters; para estudantes que percebem que um trabalho mais bonito significa, muitas vezes, uma nota melhor; ou para donos de pequenos negócios que estão a criar os seus próprios anúncios; ou ainda para professores que aprenderam que os alunos reagem positivamente a informação bem estruturada, organizada de uma forma convidativa e não aborrecida, e assim por diante. 

Este livro presume que não tem tempo para estudar design e tipografia, mas gostaria de saber como fazer com que as suas criações tenham melhor aspeto. A maioria das pessoas olha para uma página com um mau design e afirma não gostar, mas não sabe o que fazer para o corrigir. Não vamos fingir que se tornará automaticamente num designer brilhante depois de ler este livro, mas irá aprender conceitos básicos, claros e concretos, usados em praticamente todos os projetos com um bom design. Se os seguir, os seus trabalhos irão parecer mais profissionais, organizados, coerentes e interessantes. E ganhará motivação e realização por isso. 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "Design para não-designers" em destaque, com cores vibrantes de amarelo, azul e vermelho. Os símbolos gráficos no fundo representam a diversidade de temas abordados no livro, que é uma leitura essencial para quem deseja entender e aplicar os princípios do design de forma prática e acessível. Ideal para os amantes de arte e criatividade que querem aprimorar suas habilidades durante as férias de verão de 2024.

9. Aprender a Investir, de Pedro Santos

Há muito que se sabe que não rende ter as poupanças paradas no banco e que ter pais ricos ou ganhar o Euromilhões não é para todos. Então, como se pode ter e ganhar mais dinheiro? Partindo da sua experiência pessoal, Pedro Santos, que, em poucos anos, passou do típico «chapa ganha, chapa gasta» para ter praticamente metade do que necessita para se «reformar» antecipadamente, e se tornou um reconhecido educador financeiro, responde a esta pergunta num livro que nos abre a porta do mundo dos investimentos e nos ajuda a:

Mudar a mentalidade em relação ao dinheiro;
Construir hábitos financeiros saudáveis; 
Compreender os vários tipos de investimentos; 
Delinear uma estratégia para investir; 
Compreender a relação entre risco e retorno e aprender a evitar os erros mais comuns; 
Assegurar um segundo ordenado;
Preparar a independência financeira. 

Numa linguagem acessível para quem quer saber mais sobre finanças pessoais, o especialista explica de forma detalhada os passos para começarmos a investir, mostrando que enriquecer está, afinal, ao alcance de todos. 


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Capa do livro "Aprender a Investir" de Pedro Santos, com um fundo amarelo e um desenho de um saco de dinheiro. Uma leitura essencial para quem deseja aprimorar seus conhecimentos sobre investimentos e finanças.

10. Quando os Rios se Cruzam, de Rita da Nova

«Durante anos, imaginei o que aconteceria quando contasse tudo isto, quando cravasse a mão no peito para extrair a culpa lá de dentro. E posso concluir que foi como arrancar o meu próprio coração, com a desvantagem de continuar viva.»

Para Leonor, ir de Erasmus significava começar de novo, aqueles meses em Turim seriam o balão de oxigénio de que tanto precisava para se afastar da mãe controladora, talvez até libertar-se da pessoa reservada e observadora que tinha aprendido a ser a casa. Onde ninguém a conhecesse, poderia ser quem quisesse. 

Na cidade italiana, ela descobre partes de si que ignorava existirem, muitas delas novas e entusiasmantes. Mas há um outro lado de si que se revela, uma parte que a envergonha e amedronta, atitudes em que não se reconhece e cujas consequências vão ficar consigo para sempre. 

Dez anos depois, mais uma vez a adiar o reencontro com o passado, Leonor dá por si a revelar a uma estranha tudo o que aconteceu naqueles meses e de que forma o fogo, até então tão inofensivo, acabou por lhe deixar marcas eternas. 

Depois de um romance de estreia que se tornou um sucesso imediato, Rita da Nova está de volta com uma personagem complexa em busca de si própria, que procura conciliar as suas várias versões. Afinal, somos mais nós quando estamos junto das pessoas que nos conhecem ou quando estamos longe de tudo e podemos ser quem quisermos? 


Wook | Bertrand 


Capa do livro "Quando os rios se cruzam" de Rita da Nova, com uma ilustração de uma mulher elegante em um fundo azul claro. Uma história envolvente que explora os caminhos imprevisíveis que a vida pode tomar e os encontros marcantes que podem mudar tudo. Ideal para acompanhar nas férias de verão de 2024!

Espero que estas sugestões de livros para ler nas férias tenham sido úteis e que tenham despertado o teu interesse por novas leituras. Independentemente do teu gosto literário, acredito que aqui vais encontrar algo que te agrade e te interesse. Assim, deixa-te de desculpas e aproveita o tempo livre das férias para te perderes nas páginas destas (ou outras) obras maravilhosas e enriquecedoras. 


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E tu, já decidiste quais os livros que vais ler nas tuas férias de Verão? Tens alguma sugestão de leitura para partilhar que não encontraste aqui? Deixa o teu comentário abaixo e partilha as tuas recomendações de livros para enriquecer ainda mais esta nossa lista de leituras de Verão. 

Boas leituras e um excelente Verão para todos! 

terça-feira, 28 de maio de 2024

#Livros - Diário 1915-1926, de Virginia Woolf

 

Capa do livro "Diário 1915-1926" de Virginia Woolf, publicado pela Bertrand Editora. Ilustração da autora de perfil, com o cabelo preso em tons de azul, em um estilo artístico e sofisticado. A imagem transmite a elegância e a originalidade da escritora britânica, que reflete em suas profundas reflexões e observações registradas em seu diário.

Sinopse

Entre 1915 e 1926, Virginia Woolf escreveu regularmente e em grande detalhe sobre os pequenos e grandes acontecimentos do seu dia a dia - marcado no panorama nacional e internacional pelos esforços da Primeira Guerra Mundial e mudanças políticas sísmicas, e na esfera privada por perdas, conflitos, momentos de grande criatividade e também de grande sofrimento, ensombrados pela doença mental. 

Este diário, anotado e enriquecido com cartas e ensaios de Virginia Woolf, permite-nos conhecer de forma íntima e sem filtros os pensamentos de um dos maiores nomes da literatura, com rasgos líricos surpreendentes e passagens de uma inteligência acutilante. 


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Opinião 

Diário 1915-1926 é uma obra que nos permite adentrar no mundo íntimo e profundo da famosa escritora Virginia Woolf, e que desejava muito ler, tanto que não resisti a comprar os dois volumes na Feira do Livro de Lisboa no ano passado. Neste livro, somos guiados pelas suas reflexões, angústias, alegrias e pensamentos mais íntimos ao longo de mais duma década da sua vida. Virginia Woolf, uma das mais importantes figuras do modernismo literário, presenteia-nos com a sua escrita sensível e perspicaz, que nos leva a questionar e a refletir sobre a vida, a arte e o papel da mulher na sociedade da época. Posso já adiantar que é impossível não nos encantarmos e emocionarmos com a genialidade e a profundidade dos escritos desta autora singular. 


Este primeiro volume do Diário de Virginia Woolf cobre um período intenso e transformador na vida da autora e do mundo também. Durante esses anos, Woolf enfrentou desafios pessoais e profissionais, incluindo questões de saúde mental e o início da sua carreira literária. Este diário é uma janela para a mente genial e perturbada e o coração duma das escritoras mais influentes do século XX. Por outro lado, entre os anos de 1915 a 1926, o mundo estava a passar por profundas transformações sociais, políticas e culturais. A Primeira Guerra Mundial começou em 1914, levando a uma enorme perda de vidas, destruição e mudanças na paisagem política da Europa. Neste cenário de caos e incerteza, surgia a modernidade na literatura, com autores como James Joyce, T. S. Eliot e a própria Virginia Woolf, que procuravam novas formas de expressão e reflexão sobre a realidade fragmentada e complexa da época. 


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Woolf, em particular, foi uma das principais vozes desta corrente literária, explorando temas como a subjetividade, a percepção do tempo e a condição da mulher na sociedade. Assim, o próprio Diário reflete não apenas a vida e pensamentos da autora, mas também os desafios e as inquietações de toda uma geração marcada por um profundo questionamento das tradições e valores estabelecidos. Por outro lado, nesta leitura conseguimos encontrar a voz singular de Virginia Woolf, além de ficar evidente a sua genialidade e a sensibilidade da sua escrita. O seu estilo é fluído e introspectivo, revelando uma profunda capacidade de observação sobre a vida quotidiana e as emoções humanas, através dos relatos sobre as pessoas do seu círculo próximo, que vão desde a família, aos amigos de longa data, até a autores tão famosos quanto ela. 


"Parece-me cada vez mais claro que as únicas pessoas honestas são os artistas, e que estes reformadores sociais e estes filantropos se descontrolam tanto e nutrem tantos desejos infames sob a máscara do amor ao próximo que afinal há mais razões para os censurar a eles do que a nós." 


A autora aborda diversos temas no seu diário, desde questões políticas e sociais até discussões sobre arte, literatura e feminismo. A sua escrita é marcada por uma linguagem poética e uma profunda introspecção, sem esquecer que por se tratar dum diário existem menos filtros, menos ponderação antes de escrever ideias e conclusões, resultando num pensamento em estado bruto. No fundo, estamos perante um verdadeiro tesouro literário, que nos permite entrar em contacto com a mente brilhante de Virginia Woolf e até vislumbrar o trabalho de construção de alguns dos seus livros mais famosos. As suas palavras são como um convite para mergulharmos nas suas complexidades emocionais e intelectuais, fazendo-nos questionar as nossas próprias crenças e valores. Vamos aqui encontrar reflexões sobre a natureza efémera da vida, a procura pela autenticidade e o papel da arte na expressão da alma humana, só para dar alguns exemplos. 


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Ainda só li dois dos seus romances, mas em comparação consigo perceber uma perspectiva mais íntima e autobiográfica no Diário, permitindo ao leitor compreender não apenas a mente brilhante de Virginia, mas também as suas vulnerabilidades e inseguranças. Enquanto nos seus romances encontramos personagens complexos e tramas invulgares, no seu diário deparamo-nos com a autora na sua forma mais pura e transparente, entendendo o seu processo criativo, o seu método de trabalho, tomando consciência do tanto que leu ao longo da vida, entendendo a sua dinâmica familiar, bem como as relações com os diferentes amigos, mas também temos um vislumbre da fragilidade do seu corpo e, sobretudo, da sua mente, que com qualquer abalo parece colapsar, impedindo-a de fazer o que mais gosta, escrever. Esta obra, apesar de não entregar o texto integral, não deixa de ser extraordinário e inspirador, além de que nos permite compreender melhor uma das vozes mais influentes da literatura do século XX. 


"Às vezes parece-me que nunca irei escrever todos os livros que tenho na cabeça, por causa do esforço. O que há de diabólico na escrita é que ela exige que cada nervo se mantenha retesado. Isto é exatamente o que não posso fazer..." 


Portanto, tendo em consideração a experiência de leitura deste primeiro volume do Diário de Virginia Woolf, é possível constatar a profundidade psicológica e a sensibilidade com que a autora regista as suas reflexões mais íntimas e os seus conflitos emocionais ao longo dos anos. A escrita lírica e eloquente de Woolf permite-nos entrar na sua mente complexa e observar as suas angústias, as suas alegrias e as suas observações sagazes sobre a sociedade e a literatura da sua época. Esta é, sem dúvida alguma, uma obra que nos permite mergulhar na alma duma das mais brilhantes escritoras do século passado e no seu universo repleto de personagens famosos e temas universais. Será leitura obrigatória para todos os interessados na vida e obra de Virginia Woolf, mas também para entender melhor a época desassossegada em que viveu a vida adulta, e o impacto de grandes acontecimentos na arte e na vida quotidiana. 


Agora, é a tua vez de me contares a tua experiência com esta autora que não reúne unanimidade. Já leste ou tens curiosidade para ler o Diário de Virginia Woolf? O que sentiste com o seu estilo e a sua escrita modernista? Que livros da autora mais tiveram impacto em ti? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


Encomenda o teu exemplar através dos links abaixo, sem custos adicionais para ti, e contribui para as próximas leituras deste blog


Wook | Bertrand 

quinta-feira, 23 de maio de 2024

#Séries - A Teoria do Big Bang

 

Howard Wolowitz, Rajesh Koothrappali, Penny, Leonard Hofstadter, Sheldon Cooper, Amy Farrah Fowler, e Bernadette Rostenkowski em pé, ao redor de um anel roxo, representando os sete elementos principais da série "A Teoria do Big Bang".

Sinopse

Na série A Teoria do Big Bang, Leonard Hofstadter e Sheldon Cooper são dois físicos brilhantes que trabalham no Instituto de Tecnologia da Califórnia e dividem um apartamento em Pasadena. Leonard vem de uma família cheia de prodígios e tem de lidar com a expectativa opressora dos seus parentes. Por outro lado, Sheldon frequentou a faculdade desde cedo, é o menino de ouro do Texas com dois doutorados, mestrados e, mesmo assim, tem pouquíssimo traquejo social para se relacionar com outros seres humanos. Leonard e Sheldon passam a maior parte do tempo com os amigos Howard e Raj, dois cientistas que também amam cinema, banda desenhada e jogos de computador. A dinâmica do quarteto muda quando Penny, uma jovem atraente e aspirante a actriz, se muda para o apartamento da frente, encantando Leonard à primeira vista. Apesar de ser muito diferente dos rapazes, aos poucos Penny aproxima-se dos geeks. 


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Opinião 

A Teoria do Big Bang é uma série de comédia que estreou em 2007 e conquistou fãs ao redor do mundo com o seu humor inteligente e personagens carismáticos. O programa gira em torno de quatro amigos nerds que trabalham como cientistas em diferentes áreas e têm dificuldades de se relacionar com as pessoas fora do seu círculo. Com referências à cultura pop, ciência e tecnologia, a série destacou-se por abordar de forma divertida temas complexos, como física quântica e teorias científicas. Com um elenco talentoso e roteiros bem escritos, A Teoria do Big Bang tornou-se um grande sucesso e uma das séries de comédia mais populares da última década. 


Assim, somos apresentados a um grupo de amigos que são brilhantes cientistas e geeks que compartilham uma paixão em comum pela física e pela banda desenhada. Leonard Hofstadter é um físico experimental que divide o apartamento com Sheldon Cooper, um físico teórico conhecido pela sua personalidade excêntrica e as suas várias manias. Howard Wolowitz é um engenheiro aeroespacial de origem judaica que é especialista em tecnologia, conquistador incorrigível, embora sem sucesso, e ainda vive com a mãe. Para completar o quarteto, temos Rajesh Koothrappali, um astrofísico indiano tímido que tem dificuldade para falar com mulheres quando não está bêbado. O núcleo feminino começa por ter apenas Penny, a vizinha atraente que sonha em ser actriz que traz um novo elemento à vida dos rapazes. Em temporadas posteriores, chegam Amy Farrah Fowler, uma neurobióloga que acaba por se tornar na excêntrica namorada de Sheldon, e, por fim, Bernardette Rostenkowski, uma microbiologista que casa com o Howard. 


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Juntos, formam um grupo único e divertido, com personalidades completamente diferentes, que se complementam duma maneira hilariante. A rotina diária do quarteto masculino é fortemente abalada com a chegada de Penny, uma mulher que certamente nunca se imaginou no meio de amizades tão improváveis. A interação entre estes personagens tão diferentes e as situações engraçadas que surgem a partir desta convivência improvável são o ponto central da trama e o motor que alimenta cada novo episódio. Ao longo das temporadas, acompanhamos o crescimento dos personagens, os seus relacionamentos e as loucas aventuras em que se envolvem. A dupla principal é formada pelo Leonard e pelo Sheldon, amigos com personalidades bem diferentes. Enquanto Leonard é mais sociável, romântico e emocional, Sheldon é extremamente racional, egocêntrico e incapaz de entender as emoções alheias. A dinâmica entre os dois é outro ponto central da trama, mostrando como as suas diferenças se complementam para formar uma dupla inusitada e cativante, que conquistou o público definitivamente. 


Foto do grupo principal da série "A Teoria do Big Bang" sentados no sofá da sala no último episódio. Os personagens Sheldon, Leonard, Penny, Howard, Amy, Raj e Bernadette estão reunidos em um momento emocionante e nostálgico, mostrando a ligação única e especial que eles compartilham ao longo de todas as temporadas. O cenário familiar da sala de apartamento traz à tona a jornada incrível que esses amigos nerds passaram juntos, explorando os mistérios do universo, enfrentando desafios e crescendo juntos ao longo de cada episódio.

A personagem Penny desempenha um papel crucial nesta construção da dinâmica do grupo de amigos onde passa a integrar-se. A sua personalidade extrovertida e bem humorada proporciona um contraponto interessante aos personagens mais intelectuais como o Leonard e o Sheldon. Penny traz uma perspectiva diferente para o grupo, muitas vezes desafiando a lógica e a racionalidade dos amigos cientistas. A sua presença traz leveza e diversão, permite que os rapazes ganhem competências sociais mais eficazes, além de mostrar um lado mais humano e emocional dos personagens. Amy chega como um Sheldon feminino à serie, destacando-se pela inteligência e perspicácia. A sua relação amorosa com o Sheldon é certamente um dos pontos altos da série, porque ninguém imaginava que ele fosse capaz de arranjar e manter uma relação amorosa com uma mulher. A evolução do relacionamento dos dois ao longo das temporadas é fascinante, a uma velocidade muito lenta, mas ainda assim, a evoluir a um ponto inacreditável para qualquer fã, que não seria capaz de imaginar este desfecho no início da série. 


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Outro aspecto diferenciador da série é a abordagem inteligente e divertida de temas científicos, principalmente relacionados à Física. Com este grupo de personagens excêntricos e apaixonados por ciência, a série consegue explicar de maneira acessível e simplificada conceitos complexos, procurando torná-los compreensíveis para o público em geral, embora por vezes seja só cómico tentar acompanhar os raciocínios destas pessoas e identificador as reacções da Penny. A parte cómica é ainda assegurada pela forma como os relacionamentos interpessoais são abordados. As dificuldades de comunicação de Sheldon, as tentativas de conquista de Leonard, os romances tumultuados de Penny e as divertidas investidas de Howard e Raj garantem uma dinâmica divertida e cativante ao longo das temporadas, ainda que exista uma clara evolução para todos, mas nunca uma ausência de problemas e dificuldades. 



Além da ciência, temos ainda a inclusão, como se de outro personagem se tratasse, da cultura nerd em praticamente todos os episódios. Referências a filmes, banda desenhada, jogos e outras subculturas são constantes, conquistando um público específico que se identifica com os personagens principais e as suas obsessões. A série não só faz piadas e homenagens a estes elementos, mas também os utiliza como parte fundamental da trama e do desenvolvimento dos personagens. Encontramos referências a todos os super heróis, a Harry Potter, Senhor dos Anéis, Star Wars, Star Trek, só para dar alguns exemplos. Até porque, pessoalmente, tenho a certeza de não ter entendido todas as referências, porque não domino todos estes universos. Descobri que não sou tão nerd como imaginava, mas parece-me que me tornei mais depois de assistir a todos os episódios, sempre com vontade de ver mais um. 


A Teoria do Big Bang é mais do que uma simples comédia, pois tornou-se num marco na cultura pop ao longo das suas 12 temporadas, com direito a referências a Comic Con e afins. Com personagens carismáticos e enredos hilariantes, a série conquistou uma legião de fãs em todo o mundo. O seu impacto vai muito além do entretenimento, devido às referências científicas e nerds, que popularizaram conceitos como física quântica e cultura geek, como que retirando do nicho e abrindo para um leque muito mais alargado de pessoas. Com um final emocionante, sobre o qual não vou falar para não dar spoilers a quem ainda não viu, a série deixou muitas saudades, mas o seu legado está vivo e permitiu já um spin-off, com a infância do Sheldon, que agora quero muito ver. Esta é a série certa para todos os que procuram uma comédia inteligente e bem escrita, que consegue equilibrar momentos engraçados com referências culturais e científicas de forma brilhante. Se gostas de humor inteligente e adoras acompanhar personagens cativantes e divertidos, tenho a certeza de que te vais apaixonar por Sheldon, Leonard, Penny e toda a turma de amigos que habitam o universo de A Teoria do Big Bang


Agora, quero saber a tua opinião sobre esta série de culto. És fã da série? Qual o teu personagem favorito? Qual o final que mais gostaste? Gostarias de ver um retorno da série de alguma forma? Conta-me tudo nos comentários! 

terça-feira, 21 de maio de 2024

#Livros - a máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe

 

A capa do livro "A máquina de fazer espanhóis", de Valter Hugo Mãe, traz um desenho delicado e melancólico de um homem de ar triste. A figura parece estar imersa em seus pensamentos, com os olhos baixos e os ombros curvados, transmitindo uma sensação de solidão e introspecção. O tom sombrio e a expressão abatida do personagem condizem com a atmosfera melancólica e reflexiva da obra, que explora temas como perda, memória e reconciliação. A arte da capa convida o leitor a adentrar no universo sensível e poético criado pelo autor, revelando desde já a profundidade emocional e a seriedade temática que permeiam as páginas do livro.

Sinopse

O que mudará na vida de antónio silva, com oitenta e quatro anos, no dia em que violentamente o seu mundo se transforma? 

Este é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo. a máquina de fazer espanhóis é uma obra de maturidade, conseguida pela grande capacidade de criar personagens que este autor sempre revelou, aqui enredadas nas questões da velhice, da sua ternura e tragédia, resultando num trabalho feito da difícil condição humana mesclada com o humor que, ainda assim, nos assiste. É uma imagem livre do que somos hoje, consequência de tanto passado e de dúvidas em relação ao futuro. É ainda um livro, tão delicado quanto sincero, de reflexão sobre a fidelidade na amizade e no amor. 


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Opinião 

Valter Hugo Mãe, nome artístico de Valter Hugo Lemos, é um escritor e poeta português, nascido em Angola em 1971. Com uma escrita marcada pela sensibilidade e profundidade, ele destaca-se no cenário literário contemporâneo pela sua capacidade de explorar temas universais como a solidão, a identidade e as relações humanas. Reconhecido internacionalmente, Valter Hugo Mãe já recebeu diversos prémios literários e é autor de várias obras que conquistaram leitores ao redor do mundo. Em A máquina de fazer espanhóis ele entrega uma história emocionante e reflexiva sobre a passagem do tempo, a busca pela felicidade e a importância de nos reconectarmos com as nossas raízes e memórias. Por incrível que pareça, foi a minha estreia com este autor nacional e continuo sem entender porque demorei tanto tempo. 


A máquina de fazer espanhóis é um livro que nos transporta para a vida de António Silva, um homem de oitenta e quatro anos que tem de enfrentar a solidão após a perda da esposa. Assim, o autor apresenta-nos um retrato tocante e melancólico da vida deste protagonista, que tem de encontrar um novo significado para a sua existência, quando o seu desejo era partir também. A leitura é um convite a refletir sobre temas como a memória, a morte, o afecto e a identidade, explorando as nuances e complexidades da experiência humana, com especial destaque para a terceira idade. Com a sua narrativa poética, somos levados por um caminho de autodescoberta e redenção, chegando a mergulhar profundamente na intimidade e na fragilidade do protagonista, mas também dos idosos que lhe são próximos nesta nova realidade que é obrigado a viver. 


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Como já referi, António perde a esposa e a filha decide que será melhor que ele passe a viver num lar de idosos. Revoltado com a vida e com a família, sem fé no divino, recusa-se a falar ou estabelecer contacto com qualquer pessoa que vive nesta nova casa que habita. Esta birra acaba por durar pouco tempo, pois a educação e até a vontade camuflada de descobrir mais sobre esta nova realidade levam a melhor e dá por si com um núcleo de amigos à sua volta. É assim que vamos entre os acontecimentos típicos dum lar de idosos e as memórias da juventude dos seus habitantes, passando por algumas revelações inesperadas e que oferecem um novo fôlego de interesse e de esperança a quem já não acredita que nada disso seja para si. São esses personagens, cada um à sua maneira, que irão ajudar António a encontrar um novo sentido para a sua vida e a redescobrir um certo prazer de viver. 


"o ser humano é só carne e osso e uma tremenda vontade de complicar as coisas. eu aprendi que aqueles crentes se esfolavam uns aos outros de tanto preconceito e estigmatização. e aprendi, no dia em que perdemos o nosso primeiro filho, que estávamos sozinhos no mundo." 


Situada num lar de idosos, mais ou menos autónomos, a narrativa traz à tona temas como a solidão, envelhecimento e memória. Mas, mesmo num ambiente melancólico e até sombrio, existem amizades novas, esperança renascida, momentos divertidos e surpreendentes e até novos amores. Como uma prova de que a terceira idade não precisa ser o fim da vida e da alegria. Pode muito bem ser o início e entregar descobertas importantes e uma evolução emocional que na juventude, por alguma razão, escapou por entre os dedos. Parece ser o caso de António, que se vê a dar valor à amizade, que nunca cultivou fora da sua casa ao longo da vida, tendo vivido para a esposa e os filhos exclusivamente. Fez tudo pelo bem da família e sente-se injustiçado pelo filho que não voltou a Portugal para o funeral da mãe e também pela filha que o colocou naquele lugar, longe da vista, como um fardo que se coloca nos ombros de outros. É um relato que alterna momentos divertidos e engraçados com outros pungentes, capazes de nos cortar o coração, que nos obriga a compreender o que vai dentro de muitos idosos tirados das suas casas e do convívio regular com a família. 


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A escrita de Valter Hugo Mãe é marcada por um estilo único e envolvente, repleto de metáforas e com a característica de não incluir praticamente maiúsculas. Numa fase inicial, parece confuso, tal como acontece com o estilo de Saramago, mas depois habituamo-nos a estar atentos à pontuação, de forma a melhor entender onde estão pontos ou apenas vírgulas. Acresce a isto, a sua capacidade de criar um universo literário singular, onde os sentimentos e as relações interpessoais são o centro da narrativa, tornando a leitura uma experiência cativante e enriquecedora para quem se aventura nas suas páginas. Em A máquina de fazer espanhóis, as palavras são como pinceladas delicadas, que pintam um retrato profundo e emocionante sobre a natureza humana e as suas complexidades na terceira idade, época pouco abordada pelas artes em geral, mas sobre a qual me parece imperativo falar e pensar, dado que cada vez mais pessoas vivem até mais tarde. 


"o salazar foi como uma visita que recebemos em casa de bom grado, que começou por nos ajudar, mas que depois não quis mais ir-se embora e que nos fez sentir visita sua, até que nos tirou das mãos tudo quanto pôde e nos apreciou amaciados pela exaustão." 


Para mim, a leitura de A máquina de fazer espanhóis foi intensa e emocionante, obrigando a ler apenas poucos capítulos por dia, pela necessidade de assimilar e digerir o que foi lido, sobretudo pela carga emocional que sempre entrega. É impossível ler e não ficar totalmente envolvido por estas personagens complexas e sensíveis, que nos levam por uma enorme gama de emoções, desde tristeza e melancolia até esperança e alegria. É uma autêntica reflexão sobre a natureza humana, sobre o poder da empatia e da amizade. Foi uma leitura que me marcou profundamente e que tenho a certeza que vai ficar comigo por muito tempo. No fundo, é uma obra tocante e repleta de ensinamentos que nos fazem repensar as nossas escolhas e prioridades. 


Em suma, esta é uma obra que precisa ser lida e apreciada por todos os que procuram uma leitura que os toque e os transforme. Recomendo ainda para os amantes da literatura contemporânea ou para os que acham que não se escreve nada de especial nos dias que correm, porque vão perceber que estão bem enganados. Pela parte que me toca, agora quero ler tudo o que este autor já escreveu, a começar pelos restantes livros que completam esta tetralogia do seu início de carreira. Mas é chegada a hora de saber qual a tua opinião. Já leste este autor e este livro? O que sentiste depois de ler A máquina de fazer espanhóis? Que outros livros de Valter Hugo Mãe recomendas? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 16 de maio de 2024

A minha experiência com Salimbeni

 

Foto de capa do artigo "A minha experiência com Salimbeni", mostrando uma vela roxa acesa ao lado de um aromatizador em stick da marca Salimbeni. A imagem transmite tranquilidade e aconchego, remetendo ao poder dos aromas para criar uma atmosfera agradável em casa.

A Salimbeni é uma conceituada empresa italiana que se destaca pela qualidade e variedade dos seus produtos aromatizantes para a casa e não só. Com uma vasta gama de opções, a Salimbeni oferece desde difusores de ambiente a velas perfumadas, proporcionando uma experiência única e envolvente para quem procura deixar a sua casa com um aroma agradável e acolhedor. Com anos de tradição e experiência no mercado, penso que esta seja uma marca pouco falada em Portugal, mas que se encontra ao alcance dum clique e com portes grátis com determinadas condições. 


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Descobri a marca por acaso nas redes sociais e não resisti a experimentar, porque sempre gostei de manter a minha casa cheirosa e aconchegante e adoro este tipo de produto que oferece essa sensação. Acredito que os aromas têm o poder de despertar sensações, memórias e até mesmo de melhorar o nosso humor. Além disso, parece-me importante proporcionar um ambiente agradável e acolhedor para mim e para as pessoas que me visitam. Por isso, decidi experimentar os produtos da Salimbeni e descobrir a variedade de opções que a marca oferece para deixar cada cantinho da minha casa ainda mais especial. 


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Esta minha experiência com a Salimbeni foi marcada pela alta qualidade dos produtos oferecidos. Ficou evidente a preocupação da marca em utilizar ingredientes de óptima procedência e em garantir uma experiência sensorial única aos seus clientes. Os aromas são intensos e duradouros, tornando os ambientes ainda mais agradáveis e perfumados. A marca oferece uma ampla gama de produtos aromatizantes, incluindo os clássicos difusores de ambiente em stick, cartões perfumados, velas aromáticas, perfumes para tecidos e para ambiente e os perfumes para automóvel. Descobri também que possuem uma linha de Perfumes, nas gamas Eau de Parfum, Colónias e perfumes de viagem, embora não conheça de facto estes produtos ainda. Cada produto é desenvolvido com ingredientes de alta qualidade e fragrâncias exclusivas, com uma variedade de opções que permite que os clientes escolham o produto que melhor se adapte às suas preferências e necessidades de aromatização. 


Montagem com três caixas dos aromatizadores em stick da marca Salimbeni, cada uma com um aroma único e marcante. Ao lado, dois aromatizadores em stick estão delicadamente dispostos sobre um móvel, revelando a versatilidade e elegância dos produtos. A experiência com Salimbeni é uma verdadeira imersão sensorial, capaz de transformar qualquer ambiente em um verdadeiro oásis de bem-estar e sofisticação.

Não podemos esquecer também as embalagens elegantes e sofisticadas, que tornam os produtos perfeitos para quem procura trazer mais conforto e aconchego para o seu lar, mas que também poderá ser uma excelente opção para oferecer a alguém especial. Sou uma apaixonada por este tipo de produtos e tem sido incrível experimentar os produtos da Salimbeni. Tenho utilizado, maioritariamente, os difusores em stick no hall de entrada e no meu escritório e é notável a tranquilidade e bem-estar que conseguem transmitir com os seus aromas espectaculares. A fragrância suave e duradouro dos produtos da marca conquistou não apenas a mim, mas também toda a minha família. Já tive oportunidade de experimentar alguns aromas, mas os favoritos, que certamente voltarei a encomendar, são o Cítrico Amargo e o Seda e Musgo Branco. Constatei ainda que estes difusores ajudam a combater odores desagradáveis e a manter o ambiente sempre perfumado. 


Podes ler ainda sobre a minha experiência com Castelbel


Em suma, a minha experiência com os produtos da marca Salimbeni foi extremamente positiva e agora quero descobrir outros produtos da marca, como as velas perfumadas e os perfumes para tecidos. A qualidade dos aromas é inquestionável, com uma variedade de opções considerável que permite que cada pessoa encontre a combinação perfeita para o seu gosto pessoal. Recomendo fortemente que experimentes os produtos para a casa da marca e destaco que existe um programa específico para quem vai comprar pela primeira vez, onde pode comprar alguns produtos pagando apenas os portes e assim comprovar a qualidade. Foi assim que comprei pela primeira vez e não estou nada arrependida! Além disso, existem sempre as promoções do mês, com preços bem simpáticos em alguns dos best-sellers da Salimbeni. Por fim, existem ofertas conforme o volume de compras, que te permite receber ainda mais produtos gratuitos. Adicionalmente, se estiveres por Itália, podes sentir as fragrâncias presencialmente nas lojas de Roma e de Milão. Tenho a certeza que não te vais arrepender de investir nestes produtos para deixar a tua casa ainda mais aconchegante e perfumada. 


Convido-te a procurar mais informações sobre a marca Salimbeni no site oficial, onde poderás explorar por ti mesma toda a variedade de produtos aromatizantes para a casa e para o corpo, e descobrir mais sobre a história e os valores desta marca italiana tão requintada. Agora, quero saber a tua opinião sobre esta marca e os seus produtos. Já conhecias a Salimbeni? Qual o aroma que mais desperta a tua curiosidade? Costumas usar estes aromatizadores na tua casa? Conta-me tudo nos comentários! 

terça-feira, 14 de maio de 2024

#Livros - O Adeus às Armas, de Ernest Hemingway

 

A capa do livro "Adeus às Armas" de Ernest Hemingway, publicado pela Livros do Brasil, tem um fundo cor de rosa choque que contrasta com uma mancha azul claro que destaca a ilustração de uma ambulância utilizada na Primeira Guerra Mundial. A imagem transmite a atmosfera de guerra e tragédia que permeia a história, enquanto o contraste de cores adiciona um toque de melancolia e esperança. A ambulância simboliza a dor e o sofrimento dos soldados feridos, enquanto o rosa choque sugere um tom de romance e perda. Uma capa impactante que captura a essência do livro de Hemingway.

Sinopse

O Adeus às Armas, provavelmente o melhor romance americano resultante da experiência da Primeira Guerra Mundial, é a história inesquecível de Frederic Henry, um condutor de ambulâncias que presta serviço na frente italiana, e da sua trágica paixão por uma enfermeira inglesa. 

Romance de amor e sofrimento, de lealdade e deserção, O Adeus às Armas, escrito quando o autor tinha apenas trinta anos, ficará para sempre como uma das obras-primas de Ernest Hemingway. 


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Opinião 

Ernest Hemingway, famoso escritor americano, é conhecido pela sua escrita concisa e directa, além da sua paixão por temas como guerra, amor e masculinidade. O Adeus às Armas, uma das suas obras mais aclamadas, narra a história dum soldado americano, Frederic Henry, durante a Primeira Guerra Mundial, e o seu romance com a enfermeira Catherine Barkley. Hemingway descreve de forma realista e comovente os horrores da guerra e as consequências devastadoras do amor em meio ao caos. A obra é um retrato vívido e impactante da humanidade em tempos de conflito. 


O Adeus às Armas foi publicado em 1929, após o término da Primeira Guerra Mundial, uma das guerras mais devastadoras da História, que deixou marcas profundas na sociedade e na cultura da época. Ernest Hemingway, que serviu como motorista de ambulância durante a guerra, baseou parte do seu romance nas suas próprias experiências, trazendo uma visão singular e intensa sobre o impacto da guerra na vida das pessoas. Considerado um marco na literatura mundial, O Adeus às Armas aborda não apenas os horrores da guerra e a fragilidade da vida, mas também temas universais como o amor, a morte e a busca por redenção, influenciando gerações de escritores e leitores ao longo dos anos. 


Podes ler também a minha opinião sobre O Velho e o Mar


A história é narrada pelo soldado americano Frederic Henry, que se encontra em Itália, e que se apaixona por uma enfermeira britânica no meio do caos e da destruição da guerra. O relacionamento dos dois é abalado pela brutalidade do conflito e pelas dificuldades que enfrentam, levando-os a questionar o sentido da vida e do amor em tempos de guerra, enquanto enfrentam a opressão e a censura da guerra e da sociedade conservadora da época. Transportando o leitor para os cenários da Primeira Guerra Mundial, Hemingway retrata com precisão e realismo a brutalidade do conflito. Os campos de batalha ensanguentados, os hospitais improvisados e as trincheiras lamacentas são descritas de forma vívida, fazendo com que o leitor sinta a angústia e o desespero dos personagens diante da carnificina e da destruição ao seu redor. Com uma linguagem simples e sem adornos, cria uma ambientação que nos imerge completamente no cenário de devastação e desolação destes anos sombrios. 


"Disse que estávamos todos liquidados, mas que isso não tinha importância enquanto não o soubéssemos. Estávamos todos liquidados. O que importava era não o admitir. A última nação a compreender que estávamos todos liquidados ganharia a guerra." 


O romance deste casal é marcado por circunstâncias extremas e pela iminência da morte, o que intensifica ainda mais as suas emoções e torna a narrativa envolvente e emocionante, num crescendo até ao grande e trágico final. No meio dum cenário de destruição e desespero, o autor consegue explorar de maneira brilhante a complexidade dos sentimentos e das relações humanas, revelando as nuances e as contradições do amor, da dor e da guerra. Com a publicação deste livro, Hemingway consolida o seu estilo conciso, marcado por frases curtas e precisas, com um realismo visceral que captura a essência da experiência humana de maneira crua e despojada. A verdade é que este autor revolucionou o modo de se contar histórias, rejeitando o excesso de ornamentação em prol duma linguagem simples e eficaz, que transcende o tempo e continua a inspirar escritores até aos dias de hoje. 


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Esta foi uma leitura intensa e emocionante, que me deixou completamente envolvida desde os primeiros capítulos. A narrativa crua e honesta do autor, aliada à profundidade dos personagens e aos cenários de guerra descritos com precisão, trouxeram-me uma vontade real de saber mais sobre este conflito mundial que impactou a vida de tanta gente, e que acabou na sombra da Segunda Guerra Mundial. É inegável o seu talento para contar histórias tristes, com sensibilidade mas sem lamechice, e que deixam sempre uma marca profunda nos leitores. Os títulos dos seus livros também se destacam sempre pela beleza que, pelo menos em português, não se perde com a tradução. Em suma, esta leitura faz-nos refletir sobre as consequências devastadoras da guerra e como o amor pode ser uma luz no meio da escuridão. 


"As palavras «sagrado», «glorioso» e «sacrifício», e a expressão «em vão» deixavam-me sempre embaraçado. Tínhamo-las ouvido, muitas vezes, de pé, à chuva, quase fora do alcance do ouvido, de forma que só nos chegavam as palavras gritadas, e tínhamo-las lido, em proclamações, vezes sem conta, e eu não tinha visto nada sagrado, e as coisas que eram gloriosas não tinham glória e os sacrifícios eram como os matadouros de Chicago, com a diferença de que a carne servia só para ser enterrada." 


Estamos perante um clássico da literatura moderna, que permanece relevante até aos dias de hoje, destacando-se pela sua honestidade e humanidade, sendo mais uma prova do impacto duradouro da escrita de Ernest Hemingway. Posto isto, e apesar de não ter destronado os meus favoritos deste autor, só posso recomendar esta leitura, pela obra-prima que é, a todos que se interessam por livros bem escritos e que são capazes de nos emocionar com um texto simples e sem artifícios, e que, pelo seu quê de ficção autobiográfica, nos permite conhecer mais sobre a juventude do autor e de acontecimentos fundadores da sua personalidade. No entanto, se ainda precisas de argumentos para tirar este livro da estante, aconselho-te a veres o vídeo da Tatiana Feltrin


Agora que já conheces a minha opinião, quero conhecer a tua. Já leste O Adeus às Armas? Gostas do estilo peculiar de Hemingway? Qual o teu livro favorito do autor? Conta-me tudo nos comentários! 


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quinta-feira, 9 de maio de 2024

#Documentário - Mommy Dead and Dearest

 

Uma foto em close de um medalhão mostrando o rosto de Dee Dee Blanchard de um lado e o rosto de Gypsy Rose do outro, destacando a complexa relação entre mãe e filha retratada no documentário "Mommy Dead and Dearest". A imagem reflete a trama perturbadora e intrigante que envolve a história real de manipulação, abuso e segredos chocantes.

Sinopse

Abuso infantil, doença mental e amor proibido convergem num mistério envolvendo uma mãe e a sua filha. Elas pensavam que estavam a viver um conto de fadas, mas tudo acabou por se tornar num pesadelo. Em Junho de 2015, Dee Dee Blanchard, foi encontrada morta a facadas na sua casa, onde morava sozinha com a sua filha deficiente, Gypsy Rose. A jovem foi acusada de assassinato, mas as aparências enganam e as coisas não são tão simples quanto parecem. 


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Opinião 

Mommy Dead and Dearest é um documentário que conta a chocante história de Dee Dee Blanchard e da sua filha Gypsy Rose. Dee Dee apresentava Gypsy como uma menina seriamente doente, o que levou a uma série de aparições públicas e até mesmo doações para ajudar no tratamento da menina. No entanto, a verdade por trás desta história é muito mais sombria do que se podia imaginar. A verdade é que Gypsy Rose não era doente, mas uma vítima dum caso extremo de Munchausen por procuração, uma síndrome em que um cuidador inventa ou causa problemas de saúde numa pessoa sob os seus cuidados para atrair atenção ou simpatia. Assim, o documentário explora os acontecimentos que levaram Gypsy a cometer um crime chocante contra a própria mãe, revelando os segredos perturbadores por trás da relação entre mãe e filha. 


Até ao dia do fatídico crime e até um pouco depois, todos olhavam para Dee Dee como uma mãe dedicada e carinhosa, que vivia para cuidar da filha pequena, que crescia com uma série de doenças crónicas e debilitantes. Portanto, foi um verdadeiro choque para toda a sociedade americana quando se descobriu que Dee Dee fabricava e exagerava os problemas de saúda da filha, mantendo-a sob o seu controlo e manipulação constantes. É assim que descobrimos que estamos perante uma relação profundamente conturbada, marcada por abuso emocional e físico, e que parecia inevitável que tivesse um desfecho trágico. A trama do documentário envolve reviravoltas surpreendentes e revelações sobre a verdade por trás da imagem pública desta mãe dedicada e da filha doente. 


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A narrativa do documentário expõe as nuances e complexidades desta relação disfuncional, deixando o espectador atordoado com a dimensão do abuso sofrido por Gypsy Rose e as consequências devastadoras que isso teve na sua vida. Uma das partes mais impactantes de Mommy Dead and Dearest é precisamente a investigação policial minuciosa onde são revelados muitos dos segredos desta família. A maneira como os detalhes são apresentados é o que torna este documentário ainda mais envolvente, sobretudo quando percebemos que Dee Dee não enganou apenas a opinião pública, mas também um batalhão de médicos, que foram convencidos das doenças da menina e aplicaram tratamentos inacreditáveis e agressivos, como quimioterapia, sem que ela tivesse alguma vez sofrido de nada que precisasse disso. Parece mentira e até impossível, mas aconteceu, mesmo depois dos olhos da imprensa terem sido colocados em cima deste par e divulgado as suas necessidades, promovendo ajuda financeira de várias formas. 


A foto mostra a mãe e filha, Dee Dee e Gypsy, abraçadas ternamente, com um sorriso no rosto. Dee Dee está cuidando carinhosamente de Gypsy, demonstrando seu amor incondicional pela filha. A imagem transmite uma falsa sensação de harmonia e união entre as duas, escondendo os segredos e mentiras que permeiam a relação delas.

Ficamos também a descobrir que Dee Dee controlava todos os aspectos da vida de Gypsy, desde a sua saúde, como referi antes, até aos seus relacionamentos, impedindo que criasse laços com outras pessoas e afastando-a até do pai, mantendo-a num estado de dependência total. Chegou ao ponto de mentir sobre a idade da menina, à própria e a quem se aproximava, tentando impedir o seu crescimento e independência, até cognitiva. Esta dinâmica ilustra a profundidade do trauma e da manipulação emocional que Gypsy sofreu nas mãos da sua própria mãe. A questão complexa da saúde mental das personagens principais desta tragédia também é bem focado ao longo de todo o documentário. Afinal, as atitudes de Dee Dee não são de alguém normal, o que fica ainda mais claro com os testemunhos da sua família, com quem não tinha qualquer relação. Consequentemente, o que fez com a filha inevitavelmente deixou marcas na menina, sobretudo quando Gypsy começa a entender que existem coisas erradas e até mentirosas no que a mãe lhe conta. 


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Mommy Dead and Dearest, que se encontra agora disponível em Portugal na HBO MAX, teve uma repercussão significativa na opinião pública, levantando diversas críticas e reflexões sobre a história destas duas mulheres. Penso que todos os que descobriram este caso, ficaram chocados com a extensão da manipulação e abuso, e muitos outros também questionaram a responsabilidade da sociedade em proteger pessoas vulneráveis. Afinal, Gypsy passou por um sem número de médicos e hospitais, e nenhum foi capaz de detectar o que se passava e ainda menos de impedir que continuasse. O documentário também levantou debates sobre a saúde mental, a síndrome de Munchausen por procuração e a complexidade das relações familiares. Apesar de tudo isto, a verdade é que Gypsy arranjou forma de matar a mãe para se libertar, conduzindo um rapaz para esse crime hediondo, e por causa disso, arriscava-se a cumprir prisão perpétua. Mas tudo mudou quando a investigação policial percebeu esse passsado abusivo, que acabou por servir de atenuante para a curta pena que Gypsy cumpriu. 



No fundo, este é um documentário impactante e revelador que aborda questões complexas e delicadas. Foi enriquecido com uma série de entrevistas com membros da família da Dee Dee, o pai e a madrasta de Gypsy, só para dar alguns exemplos importantes de pessoas que nos permitiram conhecer melhor as personalidades e os eventos sinistros e criminosos. No que diz respeito às entidades americanas, penso que a reflexão a fazer seria como evitar que algo assim volte a acontecer, seja qual for a escala. Não podemos ignorar ainda as próprias palavras da Gypsy, já depois de condenada, que oferecem um vislumbre do que terá sofrido e do quanto isso a irá acompanhar ao longo da vida. No entanto, nada disso a impediu de refazer a sua vida, casar e continuar com uma presença activa no digital. Estas informações são do nosso conhecimento porque Gypsy já se encontra em liberdade há algum tempo. 


A dúvida fica se a jovem é assim tão inocente e se esta terá sido a pena suficiente para pagar pelo crime que cometeu. Só o futuro o dirá, mas é inegável que foi uma vítima nas mãos daquela mãe egoísta e egocêntrica, e que, provavelmente, não teria sido fácil livrar-se dela sem ter cometido esse assassinato. Agora, além de te convidar a ver este documentário, convido-te também a comentar abaixo com as tuas opiniões sobre este caso real. Viste o documentário? O que achaste desta história sinistra? Achas que a sentença foi justa? 

terça-feira, 7 de maio de 2024

#Livros - Os Romanov vol. 2: Declínio, de Simon Sebag Montefiore

 

Na capa de um fundo azul profundo, destaca-se uma imponente coroa dourada adornada com detalhes intricados e o símbolo da dinastia dos Romanov. A combinação de cores e elementos simbólicos reflete a grandiosidade e o declínio da família real russa, abordados de forma magistral por Simon Sebag Montefiore em seu livro "Os Romanov volume 2: Declínio". Uma imagem que evoca poder, tragédia e toda a pompa e circunstância da história dos últimos monarcas da Rússia.

Sinopse

Os Romanov foram a mais bem-sucedida dinastia dos tempos modernos. Como foi possível uma família transformar um reino débil e arruinado, devido à guerra civil, no maior império do mundo? E como deitaram tudo a perder? Esta é a história de vinte czares e czarinas, alguns tocados pelo génio, outros pela loucura, mas todos inspirados pela sagrada autocracia e ambição imperial. 

Esta arrebatadora narrativa revela de forma magistral a família Romanov - o seu mundo secreto de poder ilimitado, a implacável construção de um império, ensombrado por conspirações palacianas, rivalidades familiares, assassinatos, decadência e excessos sexuais, a influência dos cortesãos, aventureiros, revolucionários e poetas. 

É apresentado um vasto painel de figuras desde Ivan, o Terrível, a Tolstoi, da rainha Vitória a Lenine, de Pedro, o Grande, a Catarina, a Grande, até Nicolau II e Alexandra que, apesar do seu casamento feliz, se revelaram incapazes de salvar a Rússia da Primeira Guerra Mundial e da Revolução. 

Baseado numa aprofundada pesquisa de arquivos a que nunca tinha havido acesso, esta é uma obra fascinante e indispensável para conhecer a história empolgante de triunfo e de tragédia, de amor e de morte - um estudo universal do poder e um retrato essencial do império que ainda define a Rússia actual. Uma obra de leitura obrigatória que a Presença publica em dois volumes. 


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Opinião 

Simon Sebag Montefiore é um famoso historiador e autor britânico, conhecido pelas suas obras que exploram a História da Rússia e da Europa Oriental. Com o segundo volume do livro Os Romanov, Montefiore leva-nos por mais uma profunda imersão na história da família Romanov, uma das mais poderosas e conturbadas dinastias da Rússia. O autor transporta-nos para o turbulento século XIX, repleto de intrigas palacianas, revoluções e crises políticas que culminaram na queda do último czar, Nicolau II, e no trágico destino da sua família no início do século XX. Apresentando ao leitor um retrato fiel e visceral dos acontecimentos que levaram ao fim do império dos Romanov, revela as complexidades e contradições que marcaram a trajetória desta dinastia icónica. 


Voltamos a entrar na intrigante e tumultuosa história da família imperial russa, depois de observar os grandes nomes que fundaram e fizeram crescer a dinastia, para observar os que conduziram ao declínio, com todos os detalhes e desdobramentos. Com uma escrita cativante e uma pesquisa minuciosa, Montefiore guia-nos através dos eventos que levaram à sua queda, revelando os dramas, traições e tragédias que marcaram o seu fim. Terminando com a Revolução de 1917 e a execução brutal da família do último czar, ao longo da narrativa somos transportados para os salões do Palácio de Inverno, onde intrigas, traições e conspirações minam a estabilidade do país. Ficamos a conhecer personagens históricos marcantes e os bastidores do poder, descritos com detalhe, com as suas fragilidades e excessos. Com este relato fiel e emocionante dum momento crucial da História da Rússia, percebemos como a queda dos Romanov marcou o fim duma era e o início duma nova fase na política e na sociedade russa. 


Podes ler também a minha opinião sobre Alexandra A Última Czarina


O autor aborda os acontecimentos históricos, trazendo à tona curiosidades e aspectos pouco conhecidos sobre a família imperial russa e consegue mergulhar profundamente na mente dos membros da dinastia, revelando as suas emoções, motivações e dilemas diante das crises políticas e sociais que assolaram o país ao longo dos anos. A forma como Montefiore entrelaça os eventos históricos com as histórias pessoais dos Romanov torna a leitura cativante e emocionante, transportando-nos para este período específico, repleto de eventos trágicos. Além disso, não podemos esquecer a importância dada aos personagens principais, mas também os periféricos que influenciavam os decisores, e as suas complexas relações e polémicas decisões. 


"Rasputine, simultaneamente único e típico, pertencia à tradição dos caminhantes sagrados. Na Idade Prateada, a sua ascensão refletiu não só a moda dos místicos e das sessões de espiritismo, mas também uma decadência febril da sociedade e uma desilusão profunda com a Igreja Ortodoxa, que, como a burocracia, se transformara num simples departamento governamental cheio de oportunistas corruptos." 


Nicolau II, o último czar e que ocupa muito deste livro, é retratado como um líder fraco e indeciso, cujas decisões frequentemente são influenciadas pela sua esposa, Alexandra, e pelo místico Rasputin. A relação entre Nicolau e Alexandra é marcada por uma profunda devoção mútua, mas também por uma alienação do restante da família real e do povo russo. Rasputin, por sua vez, exerce um poderoso e perigoso domínio sobre a czarina e a sua influência sobre as decisões políticas e sociais do império é frequentemente vista como prejudicial. A interação entre estes personagens principais revela não apenas a fragilidade do regime dos Romanov, mas também a complexidade e as contradições das relações de poder dentro da família real e da sociedade russa como um todo. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Os Romanov vol. 1: Ascensão 


Este segundo volume é um verdadeiro mergulho na história da família mais importante da Rússia. Com uma riqueza de detalhes impressionante, sobretudo nesta parte referente à História mais recente, o autor transporta-nos para o turbulento período de declínio dos Romanov, transmitindo uma sensação de inevitabilidade, ao mesmo tempo que não conseguimos deixar de pensar que poderia ter sido tão diferente, se tivessem tomado decisões diferentes em momentos determinantes. A profundidade da pesquisa histórica de Montefiore é evidente em cada página, trazendo à tona informações e detalhes que nos fazem sentir como se estivéssemos a viver aqueles momentos ao lado dos personagens. A sua habilidade para contar assuntos históricos de forma envolvente e emocionante é o que mais impressiona, pois faz com que o leitor se sinta parte integrante da narrativa e ansioso para descobrir o próximo acontecimento desta saga familiar tão fascinante. 


"Um deputado liberal comparou a Rússia a um automóvel conduzido demasiado depressa por um condutor louco que os passageiros não se atreviam a parar com medo de morrerem todos." 


Em suma, Os Romanov vol. 2: Declínio é uma verdadeira obra-prima da literatura histórica, que merece ser lida e apreciada por todos os amantes da História com H maiúsculo e de narrativas cativantes, que têm por base figuras históricas fascinantes e misteriosas. Portanto, volto a recomendar este livro para os amantes de História, especialmente os interessados na era dos Romanov e no tumultuado período de transição da Rússia czarista para a Revolução. Simon Sebag Montefiore abre-nos a porta para os bastidores do palácio e para os segredos e intrigas que marcaram o declínio da dinastia. Estamos perante uma obra indispensável para compreender as complexidades da História russa e a queda do último czar, incluindo o final trágico que toda a sua família sofreu. 


Agora, convido-te a partilhares as tuas impressões e opiniões sobre esta obra. O que achaste do foco de Montefiore no declínio da dinastia? Quais foram os momentos mais marcantes para ti? Deixa o teu comentário abaixo e aproveita este espaço para debater e trocar experiências de leitura! 


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