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terça-feira, 14 de maio de 2024

#Livros - O Adeus às Armas, de Ernest Hemingway

 

A capa do livro "Adeus às Armas" de Ernest Hemingway, publicado pela Livros do Brasil, tem um fundo cor de rosa choque que contrasta com uma mancha azul claro que destaca a ilustração de uma ambulância utilizada na Primeira Guerra Mundial. A imagem transmite a atmosfera de guerra e tragédia que permeia a história, enquanto o contraste de cores adiciona um toque de melancolia e esperança. A ambulância simboliza a dor e o sofrimento dos soldados feridos, enquanto o rosa choque sugere um tom de romance e perda. Uma capa impactante que captura a essência do livro de Hemingway.

Sinopse

O Adeus às Armas, provavelmente o melhor romance americano resultante da experiência da Primeira Guerra Mundial, é a história inesquecível de Frederic Henry, um condutor de ambulâncias que presta serviço na frente italiana, e da sua trágica paixão por uma enfermeira inglesa. 

Romance de amor e sofrimento, de lealdade e deserção, O Adeus às Armas, escrito quando o autor tinha apenas trinta anos, ficará para sempre como uma das obras-primas de Ernest Hemingway. 


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Opinião 

Ernest Hemingway, famoso escritor americano, é conhecido pela sua escrita concisa e directa, além da sua paixão por temas como guerra, amor e masculinidade. O Adeus às Armas, uma das suas obras mais aclamadas, narra a história dum soldado americano, Frederic Henry, durante a Primeira Guerra Mundial, e o seu romance com a enfermeira Catherine Barkley. Hemingway descreve de forma realista e comovente os horrores da guerra e as consequências devastadoras do amor em meio ao caos. A obra é um retrato vívido e impactante da humanidade em tempos de conflito. 


O Adeus às Armas foi publicado em 1929, após o término da Primeira Guerra Mundial, uma das guerras mais devastadoras da História, que deixou marcas profundas na sociedade e na cultura da época. Ernest Hemingway, que serviu como motorista de ambulância durante a guerra, baseou parte do seu romance nas suas próprias experiências, trazendo uma visão singular e intensa sobre o impacto da guerra na vida das pessoas. Considerado um marco na literatura mundial, O Adeus às Armas aborda não apenas os horrores da guerra e a fragilidade da vida, mas também temas universais como o amor, a morte e a busca por redenção, influenciando gerações de escritores e leitores ao longo dos anos. 


Podes ler também a minha opinião sobre O Velho e o Mar


A história é narrada pelo soldado americano Frederic Henry, que se encontra em Itália, e que se apaixona por uma enfermeira britânica no meio do caos e da destruição da guerra. O relacionamento dos dois é abalado pela brutalidade do conflito e pelas dificuldades que enfrentam, levando-os a questionar o sentido da vida e do amor em tempos de guerra, enquanto enfrentam a opressão e a censura da guerra e da sociedade conservadora da época. Transportando o leitor para os cenários da Primeira Guerra Mundial, Hemingway retrata com precisão e realismo a brutalidade do conflito. Os campos de batalha ensanguentados, os hospitais improvisados e as trincheiras lamacentas são descritas de forma vívida, fazendo com que o leitor sinta a angústia e o desespero dos personagens diante da carnificina e da destruição ao seu redor. Com uma linguagem simples e sem adornos, cria uma ambientação que nos imerge completamente no cenário de devastação e desolação destes anos sombrios. 


"Disse que estávamos todos liquidados, mas que isso não tinha importância enquanto não o soubéssemos. Estávamos todos liquidados. O que importava era não o admitir. A última nação a compreender que estávamos todos liquidados ganharia a guerra." 


O romance deste casal é marcado por circunstâncias extremas e pela iminência da morte, o que intensifica ainda mais as suas emoções e torna a narrativa envolvente e emocionante, num crescendo até ao grande e trágico final. No meio dum cenário de destruição e desespero, o autor consegue explorar de maneira brilhante a complexidade dos sentimentos e das relações humanas, revelando as nuances e as contradições do amor, da dor e da guerra. Com a publicação deste livro, Hemingway consolida o seu estilo conciso, marcado por frases curtas e precisas, com um realismo visceral que captura a essência da experiência humana de maneira crua e despojada. A verdade é que este autor revolucionou o modo de se contar histórias, rejeitando o excesso de ornamentação em prol duma linguagem simples e eficaz, que transcende o tempo e continua a inspirar escritores até aos dias de hoje. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Por Quem os Sinos Dobram


Esta foi uma leitura intensa e emocionante, que me deixou completamente envolvida desde os primeiros capítulos. A narrativa crua e honesta do autor, aliada à profundidade dos personagens e aos cenários de guerra descritos com precisão, trouxeram-me uma vontade real de saber mais sobre este conflito mundial que impactou a vida de tanta gente, e que acabou na sombra da Segunda Guerra Mundial. É inegável o seu talento para contar histórias tristes, com sensibilidade mas sem lamechice, e que deixam sempre uma marca profunda nos leitores. Os títulos dos seus livros também se destacam sempre pela beleza que, pelo menos em português, não se perde com a tradução. Em suma, esta leitura faz-nos refletir sobre as consequências devastadoras da guerra e como o amor pode ser uma luz no meio da escuridão. 


"As palavras «sagrado», «glorioso» e «sacrifício», e a expressão «em vão» deixavam-me sempre embaraçado. Tínhamo-las ouvido, muitas vezes, de pé, à chuva, quase fora do alcance do ouvido, de forma que só nos chegavam as palavras gritadas, e tínhamo-las lido, em proclamações, vezes sem conta, e eu não tinha visto nada sagrado, e as coisas que eram gloriosas não tinham glória e os sacrifícios eram como os matadouros de Chicago, com a diferença de que a carne servia só para ser enterrada." 


Estamos perante um clássico da literatura moderna, que permanece relevante até aos dias de hoje, destacando-se pela sua honestidade e humanidade, sendo mais uma prova do impacto duradouro da escrita de Ernest Hemingway. Posto isto, e apesar de não ter destronado os meus favoritos deste autor, só posso recomendar esta leitura, pela obra-prima que é, a todos que se interessam por livros bem escritos e que são capazes de nos emocionar com um texto simples e sem artifícios, e que, pelo seu quê de ficção autobiográfica, nos permite conhecer mais sobre a juventude do autor e de acontecimentos fundadores da sua personalidade. No entanto, se ainda precisas de argumentos para tirar este livro da estante, aconselho-te a veres o vídeo da Tatiana Feltrin


Agora que já conheces a minha opinião, quero conhecer a tua. Já leste O Adeus às Armas? Gostas do estilo peculiar de Hemingway? Qual o teu livro favorito do autor? Conta-me tudo nos comentários! 


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Wook | Bertrand 

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