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quinta-feira, 9 de maio de 2024

#Documentário - Mommy Dead and Dearest

 

Uma foto em close de um medalhão mostrando o rosto de Dee Dee Blanchard de um lado e o rosto de Gypsy Rose do outro, destacando a complexa relação entre mãe e filha retratada no documentário "Mommy Dead and Dearest". A imagem reflete a trama perturbadora e intrigante que envolve a história real de manipulação, abuso e segredos chocantes.

Sinopse

Abuso infantil, doença mental e amor proibido convergem num mistério envolvendo uma mãe e a sua filha. Elas pensavam que estavam a viver um conto de fadas, mas tudo acabou por se tornar num pesadelo. Em Junho de 2015, Dee Dee Blanchard, foi encontrada morta a facadas na sua casa, onde morava sozinha com a sua filha deficiente, Gypsy Rose. A jovem foi acusada de assassinato, mas as aparências enganam e as coisas não são tão simples quanto parecem. 


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Opinião 

Mommy Dead and Dearest é um documentário que conta a chocante história de Dee Dee Blanchard e da sua filha Gypsy Rose. Dee Dee apresentava Gypsy como uma menina seriamente doente, o que levou a uma série de aparições públicas e até mesmo doações para ajudar no tratamento da menina. No entanto, a verdade por trás desta história é muito mais sombria do que se podia imaginar. A verdade é que Gypsy Rose não era doente, mas uma vítima dum caso extremo de Munchausen por procuração, uma síndrome em que um cuidador inventa ou causa problemas de saúde numa pessoa sob os seus cuidados para atrair atenção ou simpatia. Assim, o documentário explora os acontecimentos que levaram Gypsy a cometer um crime chocante contra a própria mãe, revelando os segredos perturbadores por trás da relação entre mãe e filha. 


Até ao dia do fatídico crime e até um pouco depois, todos olhavam para Dee Dee como uma mãe dedicada e carinhosa, que vivia para cuidar da filha pequena, que crescia com uma série de doenças crónicas e debilitantes. Portanto, foi um verdadeiro choque para toda a sociedade americana quando se descobriu que Dee Dee fabricava e exagerava os problemas de saúda da filha, mantendo-a sob o seu controlo e manipulação constantes. É assim que descobrimos que estamos perante uma relação profundamente conturbada, marcada por abuso emocional e físico, e que parecia inevitável que tivesse um desfecho trágico. A trama do documentário envolve reviravoltas surpreendentes e revelações sobre a verdade por trás da imagem pública desta mãe dedicada e da filha doente. 


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A narrativa do documentário expõe as nuances e complexidades desta relação disfuncional, deixando o espectador atordoado com a dimensão do abuso sofrido por Gypsy Rose e as consequências devastadoras que isso teve na sua vida. Uma das partes mais impactantes de Mommy Dead and Dearest é precisamente a investigação policial minuciosa onde são revelados muitos dos segredos desta família. A maneira como os detalhes são apresentados é o que torna este documentário ainda mais envolvente, sobretudo quando percebemos que Dee Dee não enganou apenas a opinião pública, mas também um batalhão de médicos, que foram convencidos das doenças da menina e aplicaram tratamentos inacreditáveis e agressivos, como quimioterapia, sem que ela tivesse alguma vez sofrido de nada que precisasse disso. Parece mentira e até impossível, mas aconteceu, mesmo depois dos olhos da imprensa terem sido colocados em cima deste par e divulgado as suas necessidades, promovendo ajuda financeira de várias formas. 


A foto mostra a mãe e filha, Dee Dee e Gypsy, abraçadas ternamente, com um sorriso no rosto. Dee Dee está cuidando carinhosamente de Gypsy, demonstrando seu amor incondicional pela filha. A imagem transmite uma falsa sensação de harmonia e união entre as duas, escondendo os segredos e mentiras que permeiam a relação delas.

Ficamos também a descobrir que Dee Dee controlava todos os aspectos da vida de Gypsy, desde a sua saúde, como referi antes, até aos seus relacionamentos, impedindo que criasse laços com outras pessoas e afastando-a até do pai, mantendo-a num estado de dependência total. Chegou ao ponto de mentir sobre a idade da menina, à própria e a quem se aproximava, tentando impedir o seu crescimento e independência, até cognitiva. Esta dinâmica ilustra a profundidade do trauma e da manipulação emocional que Gypsy sofreu nas mãos da sua própria mãe. A questão complexa da saúde mental das personagens principais desta tragédia também é bem focado ao longo de todo o documentário. Afinal, as atitudes de Dee Dee não são de alguém normal, o que fica ainda mais claro com os testemunhos da sua família, com quem não tinha qualquer relação. Consequentemente, o que fez com a filha inevitavelmente deixou marcas na menina, sobretudo quando Gypsy começa a entender que existem coisas erradas e até mentirosas no que a mãe lhe conta. 


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Mommy Dead and Dearest, que se encontra agora disponível em Portugal na HBO MAX, teve uma repercussão significativa na opinião pública, levantando diversas críticas e reflexões sobre a história destas duas mulheres. Penso que todos os que descobriram este caso, ficaram chocados com a extensão da manipulação e abuso, e muitos outros também questionaram a responsabilidade da sociedade em proteger pessoas vulneráveis. Afinal, Gypsy passou por um sem número de médicos e hospitais, e nenhum foi capaz de detectar o que se passava e ainda menos de impedir que continuasse. O documentário também levantou debates sobre a saúde mental, a síndrome de Munchausen por procuração e a complexidade das relações familiares. Apesar de tudo isto, a verdade é que Gypsy arranjou forma de matar a mãe para se libertar, conduzindo um rapaz para esse crime hediondo, e por causa disso, arriscava-se a cumprir prisão perpétua. Mas tudo mudou quando a investigação policial percebeu esse passsado abusivo, que acabou por servir de atenuante para a curta pena que Gypsy cumpriu. 



No fundo, este é um documentário impactante e revelador que aborda questões complexas e delicadas. Foi enriquecido com uma série de entrevistas com membros da família da Dee Dee, o pai e a madrasta de Gypsy, só para dar alguns exemplos importantes de pessoas que nos permitiram conhecer melhor as personalidades e os eventos sinistros e criminosos. No que diz respeito às entidades americanas, penso que a reflexão a fazer seria como evitar que algo assim volte a acontecer, seja qual for a escala. Não podemos ignorar ainda as próprias palavras da Gypsy, já depois de condenada, que oferecem um vislumbre do que terá sofrido e do quanto isso a irá acompanhar ao longo da vida. No entanto, nada disso a impediu de refazer a sua vida, casar e continuar com uma presença activa no digital. Estas informações são do nosso conhecimento porque Gypsy já se encontra em liberdade há algum tempo. 


A dúvida fica se a jovem é assim tão inocente e se esta terá sido a pena suficiente para pagar pelo crime que cometeu. Só o futuro o dirá, mas é inegável que foi uma vítima nas mãos daquela mãe egoísta e egocêntrica, e que, provavelmente, não teria sido fácil livrar-se dela sem ter cometido esse assassinato. Agora, além de te convidar a ver este documentário, convido-te também a comentar abaixo com as tuas opiniões sobre este caso real. Viste o documentário? O que achaste desta história sinistra? Achas que a sentença foi justa? 

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