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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

#Séries - Sem Limites

 

A imagem de capa da série "Sem Limites" apresenta Fernão de Magalhães, interpretado por Rodrigo Santoro, e Juan Sebastián Elcano, interpretado por Álvaro Morte, em primeiro plano. Ambos olham com determinação para o horizonte, enquanto atrás deles um mar revolto e uma nau em meio a um forte temporal refletem os desafios da histórica viagem de circum-navegação. O contraste entre os personagens e a turbulência do mar simboliza a luta e a perseverança dos exploradores diante das adversidades.

Sinopse

Sem Limites é uma minissérie espanhola do Amazon Prime Video que acompanha a primeira viagem de barco ao redor do mundo, empreendida pelos exploradores Fernão de Magalhães e Juan Sebastián Elcano. Em 20 de Agosto de 1519, um grupo de 239 marinheiros zarpou do porto de Sanlúcar de Barrameda, na Espanha, sob a liderança do português Magalhães. Três anos depois, 18 deles voltaram, esqueléticos e doentes, no único navio que resistiu às intempéries, agora sob a tutela do espanhol Elcano. Embora a jornada tivesse como objectivo encontrar um novo caminho para a ilha das especiarias, graças a ela os cientistas da época conseguiram provar que a Terra era redonda. Essa façanha transformou para sempre o comércio, a economia e o conhecimento que existia no século XVI. 


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Opinião 

A série Sem Limites, que retrata a fascinante trajetória de Fernão de Magalhães e a sua famosa viagem de circum-navegação, mergulha num período histórico repleto de descobertas, desafios e intrigas. Com uma produção cinematográfica de alto nível, a série revive os feitos extraordinários do navegador português, ao mesmo tempo que retrata os contextos sociais, políticos e culturais da época. Ao explorar a procura por novas rotas comerciais e a expansão do conhecimento geográfico, Sem Limites mostra a relevância da exploração marítima na formação do mundo moderno. A obra mostra de forma crua a coragem humana, o espírito de aventura e as consequências que a ambição pode trazer, obrigando o espectador a pensar no legado deixado por aqueles que se arriscaram a desafiar os limites conhecidos da sua época. 


Fernão de Magalhães, navegador e explorador português do século XVI, é uma das figuras mais emblemáticas e controversas da Era das Descobertas. Nascido em 1480, destacou-se pela determinação em encontrar uma rota ocidental para as Índias, desafiando as concepções geográficas da sua época. Em 1519, ao serviço da Coroa espanhola, Magalhães iniciou uma audaciosa expedição que acabaria por se tornar na primeira viagem de circum-navegação do mundo. Ao longo de mais de três anos, a sua frota enfrentou mares desconhecidos, condições adversas e conflitos internos, revelando as dificuldades da exploração marítima, bem como a riqueza e diversidade dos novos mundos que iria descobrir. A sua expedição, que terminou em 1522 com o regresso da embarcação Victoria a Sevilha, não só expandiu o conhecimento geográfico do seu tempo, como também estabeleceu ligações decisivas entre continentes, transformando para sempre a história da navegação e do comércio global. 


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Assim, Sem Limites retrata a ambiciosa jornada de Fernão de Magalhães, na sua busca por uma rota alternativa para as Índias, lidera uma icónica expedição no século XVI. A trama desenrola-se a partir do momento em que Magalhães vê recusada a sua proposta pela Coroa portuguesa e depois consegue convencer o rei de Espanha a financiar a sua ousada missão. Acompanhamos quando ele parte de Sevilha com cinco embarcações, e assistimos às tempestades assustadoras, aos conflitos internos entre os vários capitães da armada e a hostilidade dos povos nativos nas terras desconhecidas a que chegam. Ao longo da viagem, percebemos que o objectivo de Magalhães vai muito para além da busca por riquezas e que está muito mais ligado ao seu desejo de descobrir e cartografar novas rotas comerciais que uniriam o Ocidente ao Oriente. 


Rodrigo Santoro, interpretando Fernão de Magalhães, é visto a bordo da nau, vestindo uma camisa branca que contrasta com o ambiente marítimo ao seu redor. O olhar determinado do protagonista reflete a ousadia e a ambição da sua histórica viagem de circum-navegação, enquanto o mar aberto se estende ao fundo, simbolizando tanto os desafios quanto as possibilidades da exploração.

Evidentemente, Fernão de Magalhães, interpretado pelo brasileiro Rodrigo Santoro, é o protagonista da série e a força que conduz a expedição, sem permitir que desistam ou se contentem com menos do que aquilo a que se propôs. Ao seu lado, como o único homem da sua total confiança, segue o cunhado, interpretado pelo português Gonçalo Diniz, que o aconselha e o informa das intrigas entre os capitães espanhóis, que desconfiam das intenções dos portugueses e olham para o seu comando com cepticismo. A outra figura da história é Elcano, interpretado por Álvaro Morte, um experiente homem do mar, que se revela essencial para o sucesso da expedição e para que fosse completada a circum-navegação que nunca esteve prevista e que elevou a expedição a um nível de importância incomparável. 


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Sem Limites conta com uma produção cuidadosamente elaborada feita pela chancela da Amazon Prime Vídeo e dirigida por Simon West, que nos trouxe a sua visão para esta narrativa épica. É também uma produção espanhola, com um elenco repleto de grandes nomes do nosso país vizinho, mas que tem também, como já referi, estrelas brasileiras e portuguesas. A série passa-se maioritariamente em espanhol, mas ressalvo o esforço de todos ao colocar os personagens portugueses a falar a sua língua natal entre si, algo que entrega muito mais veracidade à narrativa. Destaco ainda o trabalho do Rodrigo Santoro que, além de falar espanhol na série, fala ainda português de Portugal, fazendo um trabalho difícil de afastar o seu sotaque natural na sua interpretação, para o qual sei que contou com a ajuda do seu amigo Gonçalo Diniz. 



O estilo visual da série imerge o espectador na era das grandes navegações, refletindo a grandiosidade e os desafios que este tipo de viagens acarretavam sempre que se navegava para onde os mapas terminavam. A fotografia destaca-se pelos contrastes marcantes, que capturam a beleza e o perigo da força do mar, o ambiente nas naus e os lugares exóticos que a tripulação encontra ao longo da viagem. As cenas de tempestade são habilidosamente compostas, criando uma tensão que contagia o público e nos faz sentir parte da tripulação. Os cenários, que variam desde a agitada Lisboa do século XVI, passam pela ambiente portuário de Sevilha e vão até às paisagens exóticas das ilhas do Pacífico, são ricamente detalhados e conseguem transportar-nos como uma máquina do tempo. Os figurinos mostram as diferenças entre classes sociais, com os marinheiros com as suas texturas e cores desgastadas a contrastar com a elegância dos nobres. 


Ao retratar a histórica viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães, Sem Limites oferece um olhar fascinante sobre a era das grandes explorações e sobre o seu impacto cultural duradouro. Através desta viagem épica, a série estimula o interesse pelo tema dos Descobrimentos, evidenciando como estas expedições moldaram o entendimento geográfico e cultural do mundo, além de terem influenciado as trocas económicas e construído muito do que hoje conhecemos. Além de entreter, a série também entrega eventos históricos de suma importância o que faz que seja uma escolha acertada para os amantes de documentários históricos e para os apaixonados por histórias de aventura. Pessoalmente, adorei esta produção e espero que seja uma porta aberta para que sejam contados outros episódios desta época de aventuras épicas que são imensas durante os séculos XV e XVI. 


Agora, quero conhecer a tua opinião sobre esta série épica! Viste Sem Limites? Gostaste da interpretação do Rodrigo Santoro? Qual o momento que mais te arrebatou? Já conhecias os pormenores sobre o final da viagem? Achaste que Magalhães foi ou não um herói? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 24 de setembro de 2024

#Livros - A Contabilista Descomplica o teu Negócio, de Bruna Fernandes

 

Foto de capa do livro 'A Contabilista - Descomplica o teu negócio', da autora Bruna Fernandes. Ao fundo, um vibrante tom de amarelo que transmite energia e otimismo. A autora, Bruna, está vestida com uma camisa branca que simboliza clareza e profissionalismo, combinada com um elegante casaco azul turquesa, que traz um toque de frescor e criatividade ao visual. O olhar confiante de Bruna reflete sua paixão em simplificar a contabilidade para empreendedores, convidando os leitores a descomplicar suas jornadas de negócios.

Sinopse

Empreender é um caminho com altos e baixos, e a contabilidade pode dificultar ainda mais esse percurso ou, até mesmo, impedir que o coloques em prática. 

Em Portugal, cerca de 65% do tecido empresarial são empresas em nome individual e é sobre estes casos específicos que mais gosto de escrever. Somos um país de empreendedores, mas por vezes a complexidade e o desconhecido geram medos e é por isso que algumas pessoas e negócios ficam aquém do seu potencial. É também para estes que sinto que aquilo que transmito é extremamente útil. Como abrir atividade, IVA, IRS, Segurança Social e emissão de faturas, são alguns dos muitos temas que abordo. 

Neste livro, simplifico as coisas de tal forma que o teu foco estará sempre no teu negócio e não na contabilidade e fiscalidade. Vais saber tomar decisões mais seguras e mais adequadas para o teu negócio, e vais poupar muitas dores de cabeça. Bem-vindo a um mundo sem formulários mal preenchidos, esquecimento de prazos e obrigações que nem sabes que existem, ou quando devem ser cumpridas. 

A Contabilista - Descomplica o teu negócio é o livro que te vai fazer poupar muito dinheiro e preocupações. 

Trato as finanças e a contabilidade por tu desde há uns bons anos. E vou mostrar-te que esta área é como aquele tio-avô resmungão nas festas de família: parece muito difícil de se lidar mas, na verdade, essa é apenas a fama que foi ganhando. Ensinar tornou-se a minha grande paixão, e foi por ela que deixei os escritórios de contabilidade de outros para me dedicar aos meu próprio negócio. 

Por isso, vamos lá empreender e ter muito sucesso. Vais ver que é simples! 


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Opinião 

Estamos perante um livro escrito pela Bruna Fernandes, uma contabilista apaixonada pela educação financeira e pela desmistificação da contabilidade para empreendedores, trabalho que faz precisamente no seu icónico Instagram, onde a descobri há longos meses. Neste livro, a Bruna utiliza uma linguagem acessível e prática para guiar os leitores pelo universo contabilístico, proporcionando ferramentas e dicas que visam simplificar a gestão desta parte incontornável de qualquer negócio. Com uma trajetória marcada pelo empreendedorismo pessoal desde jovem e a sua experiência enquanto contabilista, a autora reúne aqui os seus conhecimentos e partilha com todos nós, os leigos que fogem destes temas a sete pés. 


A verdade é que a contabilidade desempenha um papel crucial no sucesso dos empreendedores, como um dia espero ser, e deve ser uma bússola que orienta a tomada de decisões estratégicas e financeiras. Além de ser essencial uma gestão adequada e o cumprimento das obrigações fiscais, também é essencial para ter uma visão clara da saúde financeira do negócio. Deste modo, a contabilidade é muito mais do que uma ferramenta administrativa, mas sim uma aliada fundamental na construção dum negócio sustentável e competitivo. Neste cenário, A Contabilista - Descomplica o teu negócio, torna-se, de facto, uma leitura essencial, pelos conhecimentos valiosos que oferece.


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Aqui vais encontrar um guia prático e muito completo destinado, sobretudo, a empreendedores que querem compreender melhor a contabilidade e a sua importância para a gestão eficiente dos seus negócios. A nossa contabilista, que arrisca-se a ser a mais famosa deste país, utiliza uma linguagem acessível e exemplos práticos para ilustrar conceitos que podiam parecer intimidantes e incompreensíveis. Deste modo, ao descomplicar os processos e esclarecer termos técnicos frequentemente confusos, a Bruna capacita os empresários a compreender melhor as suas finanças, a tomar decisões informadas e a desenvolver estratégias mais eficientes. 


Com uma abordagem muito didática, aborda temas essenciais e que se encontram divididos nos capítulos, que facilitam bastante a consulta para quando precisam de rever algum assunto em particular. No início, encontrar os capítulos sobre o que precisas para começar um negócio de forma legal e como abrir actividade nas Finanças, que podem ser consideradas as bases das bases. Depois, só para referir os mais conhecidos, tens capítulos sobre IRS, IVA e Segurança Social, além do tutorial precioso sobre como podes emitir faturas. Por fim, vais encontrar uma série de casos práticos no último capítulo para que possas pôr em prática o que aprendeste e consolidar esses conhecimentos. 


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Tens aqui o livro que precisas se és empreendedora ou uma empresária em início de trajetória, bem como para os que já possuem um negócio estabelecido, mas enfrentam dificuldades nas questões contabilísticas e financeiras. Profissionais autónomos, freelancers e pequenas empresas, que muitas vezes lidam com a burocracia e a gestão financeira de forma intuitiva, encontrarão neste livro um guia prático e acessível para desmistificar a contabilidade e os seus conceitos mais importantes. Portanto, se queres aprimorar as tuas habilidades nesta área, incontornável na vida de todos, mas principalmente dos empresários, vais encontrar neste livro todas as respostas que procuras e que certamente fará toda a diferença no teu percurso enquanto empreendedora. 


Agora, quero saber a tua opinião! Já conhecias o livro e o trabalho da Bruna Fernandes? Achas este tema interessante ou foges da contabilidade como o diabo da cruz? Se leste, qual o capítulo que achaste mais útil? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

#Places - Na Esquina

 

Uma deliciosa tábua de queijos e azeitonas, destaque do restaurante Na Esquina em Santa Maria da Feira, perfeita para compartilhar momentos entre amigos e saborear sabores autênticos da região.

O restaurante Na Esquina é uma novidade gastronómica na cidade de Santa Maria da Feira. Localizado numa esquina charmosa, termo usado para oportunamente baptizar o espaço, o estabelecimento proporciona um ambiente acolhedor e descontraído, tanto no interior quanto na fantástica esplanada, pode ser a escolha ideal tanto para um lanche casual quanto para um jantar especial. A visita surgiu no habitual jantar com uma amiga muito querida com quem sempre me encontro nas férias e que mora nesta cidade. O restaurante fica perto de casa dela e chamou-nos a atenção por causa da esplanada incrível, sendo vizinho do Tio Fafá, que também descobri com ela num destes jantares de praxe. 


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Logo à primeira vista, ficamos encantados com a decoração acolhedora e contemporânea, num espaço pequeno mas bem aproveitado. O espaço é adornado com elementos de madeira escura, criando um ambiente quentinho e intimista, que convida a um momento tranquilo e relaxado. A iluminação suave contribui para o conforto visual, enquanto os detalhes em verde trazem um ar fresco e vibrante à sala. Com um mobiliário confortável e um layout bem pensado, o Na Esquina apresenta uma proposta de petiscaria, próprio para qualquer hora do dia, mas que também permite uma refeição satisfatória ao almoço ou ao jantar. 


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Este restaurante destaca-se pela sua proposta de culinária contemporânea, que harmoniza sabores tradicionais portugueses com toques modernos e inovadores. O cardápio apresenta uma fusão de ingredientes frescos e oferece pratos que vão desde petiscos tradicionais até opções mais elaboradas. Com uma atenção especial à apresentação e ao sabor, o Na Esquina proporciona uma experiência gastronómica que promete surpreender tanto os paladares mais exigentes quanto os apreciadores da boa cozinha caseira. A parte que mais me agradou e que se destacou aos meus olhos foram as muitas propostas do menu que permitem a partilha e experimentar vários dos petiscos que fazem. 


Descubra a deliciosa combinação dos nossos famosos ovos rotos – um prato que brilha pela simplicidade e sabor, com queijo derretido e batatas crocantes que proporcionam uma explosão de texturas e aromas. Ao lado, a nossa tábua de petiscos apresenta uma seleção irresistível de iguarias, perfeita para compartilhar e saborear outros prazeres da gastronomia. Entre presuntos curados, queijos artesanais e azeitonas temperadas, cada mordida é uma viagem pelos sabores tradicionais da região.

Nesta nossa primeira visita, optámos por começar com uns ovos rotos que dividimos e que estavam com um nível de sabor inacreditável, com o ovo no ponto exacto e um presunto de qualidade. Depois, seguimos a proposta de continuar a dividir e escolhemos uma tábua que apresentava vários potes com algumas das especialidades da casa, como as amêijoas, as moelas ou as asas de frango. Tudo delicioso, com doses generosas e uma apresentação espectacular porque os olhos também comem. Para acompanhar, fomos aconselhadas a experimentar a sangria de maracujá que era viciante e tornou a refeição ainda mais especial. Para a sobremesa, continuamos com o espírito da partilha e pedimos aquilo que chamam Dois à Esquina, que mais não é do que uma tábua de doces feita precisamente para duas pessoas. Recordo-me particularmente da Mousse de Chocolate e do Leite Creme que eram inesquecíveis. O ponto em comum de toda a refeição é a escolha dos ingredientes de alta qualidade, que certamente contribuíram para uma refeição memorável. 


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Outro aspecto que preciso mesmo destacar foi o fantástico atendimento que tivemos durante toda a nossa visita, desde o primeiro ao último minuto, e olha que ficamos até serem obrigados a fechar a esplanada às 23 horas. O funcionário que nos calhou primou pela cordialidade e atenção, e esteve sempre disponível para esclarecer as nossas dúvidas e fornecer recomendações de pratos. O tempo de espera foi bem curto, face aos nossos diferentes pedidos, evidenciando uma boa organização na cozinha. Quanto aos preços praticados, considero que são bastante justos tendo em conta a qualidade da comida e o serviço prestado. Levando em consideração, os ingredientes frescos e as receitas bem elaboradas que oferece, concluo que temos aqui um restaurante com uma excelente relação qualidade/preço, que pode muito bem a escolha certa para um momento relaxante sem que, para isso, se tenha de comprometer o orçamento. 


A montagem captura a sinergia entre a refrescante sangria de maracujá, perfeita para animar o paladar, e a rica tábua de sobremesas que encanta os olhos e o gosto, refletindo a experiência gastronómica única do restaurante "Na Esquina".

Pessoalmente, sei que vou voltar num futuro próximo porque quando somos bem tratados, bem servidos e encontramos os sabores certos, queremos sempre regressar e experimentar tudo o que a carta tem para oferecer. Assim, só posso recomendar que visites o Na Esquina e explores o menu diversificado, bem como o atendimento de excelência. Por isso, se ainda não conheces este espaço de Santa Maria da Feira, está na hora de o incluíres na tua lista de restaurantes que precisas descobrir. Se pelo contrário, já és cliente do Na Esquina, quero saber tudo sobre as tuas impressões. O que achaste do espaço? Gostaste da decoração? Qual o petisco que te conquistou? O que recomendas que experimente na minha próxima visita? Conta-me tudo nos comentários! 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

#Livros - Apneia, de Tânia Ganho

 

A capa do livro "Apneia", de Tânia Ganho, apresenta uma imagem impactante de uma mulher submersa na água, vestindo um fato de banho vermelho vibrante. A luz filtra-se através da superfície, criando um ambiente de tranquilidade e reflexão, enquanto a água envolve a figura de forma envolvente, simbolizando a busca e o mergulho profundo nas emoções e experiências humanas. O título do livro e o nome da autora estão dispostos de maneira discreta, complementando a cena dramática e evocativa. Publicado pela Casa das Letras.

Sinopse

Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho. 

Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade.

Escrito com uma sobriedade e frieza inquietantes, Apneia é um romance intenso, absorvente e perturbador, que ilustra com uma autenticidade desarmante o estado de guerra em que vivem milhares de famílias estilhaçadas, e com o qual, inevitavelmente, muitos leitores se vão identificar, encontrando nestas páginas ecos da sua própria experiência. 


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Opinião 

O nome desta autora, Tânia Ganho, anda nas bocas do mundo literário e tem despertado a minha curiosidade desde que comecei a ouvir falar dela e dos seus livros. Por norma, fugo destes picos mediáticos, porque, às vezes, não correspondem às expectativas que criam e assim evito decepções. No entanto, alegra-me que se fale mais de autoras portuguesas e, ainda que fosse um calhamaço, não resisti a dar uma chance ao seu livro mais famoso, sobretudo quando o vi como livro do dia na Feira do Livro de Lisboa. Comprado em Junho, terminado e com opinião publicada em Setembro, para um livro com quase setecentas páginas, não está nada mal, não achas? 


Apneia mergulha nas profundezas da experiência humana ao explorar temas como a ansiedade, a solidão, divórcios litigiosos com a luta inerente pela guarda das crianças, alienação parental e as várias formas de violência doméstica. Com a sua prosa sensível e introspectiva, a autora leva-nos por uma reflexão sobre os comportamentos humanos e as consequências que a violência provoca nas suas vítimas, sejam adultos ou crianças. A história gira em torno de Adriana, uma mulher recém divorciada, que descobre o quanto estava enganada sobre o homem com quem decidiu casar e que se tornou no pai do seu filho, culpa que carrega por ter associado esta pessoa à vida do menino de cinco anos, quando o deveria ter salvo deste pai perigoso. Curioso como as vítimas sempre se sentem culpadas, tendo de atravessar um longo caminho para entender e aceitar que a culpa pertence ao agressor, sempre. 


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À medida que os anos passam, o filho cresce, a luta pela sua guarda continua em tribunal, e Adriana vai enfrentando desafios emocionais que a levam refletir e questionar a sua identidade, as suas escolhas e o impacto delas na sua vida e na do filho. Existem mais personagens, mas o foco está no trio composto por Adriana, o ex-marido Alessandro e o filho que cresce neste ambiente tóxico, desde os cinco anos de idade. Adriana é portuguesa, Alessandro é italiano e conhecem-se quando vivem noutros países, por motivos profissionais. Também por causa do trabalho de Alessandro, as mudanças de cenário ocorrem com frequência, embora acabem por se fixar em Portugal a dada altura, onde o casamento se desmorona e o verdadeiro inferno começa. Porque nada do que viveu a poderia ter preparado para o que se seguiria a ter saído de casa. 


"O tribunal impusera uma partilha equitativa do tempo entre pai e mãe, mas não tinha poderes para impor uma partilha equitativa do respeito entre esses mesmos pai e mãe. Era irrecuperável, o respeito; deixava um vazio impossível de preencher." 


Tânia Ganho mergulha de forma profunda e perturbadora nos conflitos emocionais e psicológicos que permeiam a vida destes personagens e que nos permitem vislumbrar o que acontece naquilo que hoje se chamam as relações tóxicas. A protagonista vive o conflito com o pai do seu filho, com quem tem guarda partilhada, numa base de uma semana em casa de cada um, sendo ameaçada constantemente com a perda do seu filho, ao mesmo tempo que sabe que precisa ser a base sólida e estável que o filho encontra ao voltar despedaçado a cada semana de ausência. Enquanto que, da sua parte, procura nunca falar mal do pai do filho à frente dele, o pai tem a postura oposta, minando a mente do filho com constantes críticas à mãe e plantando memórias falsas na criança que lhe dão a imagem duma mãe negligente e assustadora. Esta relação instável e doentia arrasta-se por longos anos, impedindo um crescimento saudável desta criança e roubando-lhe a infância segura que deveria ter tido, que era seu direito. 


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Nesta minha estreia com a autora, fica evidente o seu estilo de escrita marcante e envolvente, que se destaca pela fluidez e pela profundidade emocional. Utiliza uma linguagem poética, rica em metáforas, como o próprio título dado ao livro, e de imagens vívidas, que permite ao leitor mergulhar e perturbar-se com as experiências vividas pelos personagens. A sua prosa, ao mesmo tempo lírica e precisa, cria uma atmosfera de reflexão e que perturba o leitor, como se ficássemos presos nos dilemas morais e éticos que a protagonista vive por tantos anos. A maioria dos capítulos são curtos e existe uma alternância entre passado e presente que, para um leitor mais desatento, pode provocar confusão. Mas como a leitura torna-se compulsiva, isso acaba por ser entendido mais facilmente à medida que entramos na história e avançamos na sua leitura. 


"O trauma é um ruído com que as vítimas vivem de manhã à noite, o ruído da violência sempre presente, ao acordar, ao deitar, e pelo meio, a tentativa de ser normal. A normalidade ansiada e que, a cada momento de insegurança ou frustração, se percebe que está longe de ser uma realidade." 


Quem estiver ainda a lidar com traumas relacionados com violência doméstica e pais abusivos, esta não deve ser uma opção, pelo menos por enquanto. É perturbador, intrusivo, revela os bastidores das relações, aquilo que não é visível aos de fora, que só conseguem ver a fachada que os abusadores querem transmitir. Os momentos em tribunal são assustadores, pela forma como a Justiça é cega aos verdadeiros interesses da criança, vendo apenas as aparências e os seus preconceitos machistas, dando muito crédito a tudo o que é dito pelo pai, e ignorando toda e qualquer acusação da mãe, rotulando-a de histérica e interesseira. Na senda de seguir o politicamente correcto, é instituída uma guarda partilhada que parece só perturbar a estabilidade da criança, enquanto vemos todos os mecanismos de análise do comportamento do menino serem cobardes, sem se atrever a procurar o cerne da questão e dessa forma salvar o rapaz das violências que só são descobertas e reveladas muitos anos depois. Poderíamos pensar que é um livro de ficção, mas claramente que espelha a realidade de muita gente que se vê desprotegida pela Polícia e pelos Tribunais. 


Estamos perante uma obra que transcende as barreiras da ficção e nos convida a entrar num mundo que, felizmente, a maioria de nós desconhece. A sensibilidade e eloquência de Tânia Ganho conquistaram-me e, embora o livro pudesse ter menos umas duzentas páginas, compreendo que elas são necessárias para criar a atmosfera e nos fazer entrar, de facto, na vida de Adriana e nos seus dramas secretos. Acho que as palavras não fazem justiça ao quanto este livro é especial e o quanto fica conosco, leitor, mesmo depois de terminada a leitura. É, certamente, das melhores leituras contemporâneas de que me lembro e tenho a certeza de que vou ler muito mais desta autora que agora está no meu radar. Portanto, se gostas de narrativas introspectivas, com temas actuais, sem medo de perturbar o leitor, tens aqui o livro certo para ti. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre este livro tão aclamado nos últimos tempos. Já leste Apneia? O que sentiste com esta leitura? Conseguiste sentir a realidade na narrativa? Qual o momento que mais te impactou? Que outros livros da autora já leste e recomendas? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

#Filmes - The Idea of You

 

O pôster do filme 'The Idea of You' apresenta Anna Hathaway e Nicholas Galitzine em um momento intimista, abraçados e sorridentes, com a luz suave criando uma atmosfera romântica. Ao fundo, uma guitarra repousa elegantemente ao lado de dois copos de champanhe, simbolizando a conexão musical e emocional entre os protagonistas.

Sinopse

Baseado na célebre história de amor contemporânea com o mesmo nome, The Idea of You centra-se em Solène, uma mãe solteira de 40 anos que começa um romance inesperado com Hayes Campbell, de 24 anos e vocalista dos August Moon, a boysband mais cobiçada do mundo. 

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Opinião 

The Idea of You é um filme realizado por Michael Showalter, que nos apresenta uma história de amor e autodescoberta, protagonizada por Anne Hathaway e Nicholas Galitzine. Baseado no romance homónimo de Robinne Lee, a longa-metragem segue a trajetória de Solène, uma mãe divorciada que, ao levar a sua filha a um festival de música, acaba por conhecer um jovem astro pop, membro da banda que a filha e as amigas costumavam ser fãs. O interesse do jovem Hayes é notório e não desiste de procurá-la e aproximar-se, levando a que o romance acabe inevitavelmente por acontecer, ao mesmo tempo que são exploradas as complexidades do amor e da maternidade. À medida que a relação improvável se desenvolve, Solène enfrenta o desafio de equilibrar as suas responsabilidades como mãe e as suas emoções em relação a esse universo glamouroso e efémero da indústria da música. 


O filme mergulha em temas como a pressão da sociedade sobre a idade, sobretudo das mulheres, a busca por identidade pessoal e artística e o que realmente significa amar e ser amado em diferentes fases da vida. A conexão entre os protagonistas parece desafiar as normas sociais decadentes, enquanto também provoca reflexões sobre o desejo, a vulnerabilidade e as segundas oportunidades que a vida pode oferecer. O desenvolvimento dos personagens traz uma dimensão emocional que vai muito além do mero entretenimento romântico, abordando também as consequências emocionais e sociais das suas escolhas. 


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Anne Hathaway é uma cara habitual em comédias românticas e encarna bem o género, e aqui não foi excepção. Aqui, entrega uma performance marcante como Solène, uma mulher de quarenta anos que se vê envolvida num romance inesperado com um jovem ícone pop, com tudo o que isso implica e sendo obrigada a lidar com o impacto da fama na sua vida quotidiana. Por outro lado, temos Nicholas Galitzine, que desconhecia até agora, que interpreta a jovem estrela Hayes Campbell, cantor carismático, envolto na indústria mas com sonhos de fazer coisas novas e diferentes, onde possa encontrar-se artisticamente, o que o afasta do estereótipo da estrela pop, fútil, vazio e construído por terceiros. A verdade é que Hayes revela ser um jovem que tem de lidar com as pressões da fama e que, talvez por causa dessas mesmas pressões, procura conexões genuínas com pessoas que o vejam como é, para além do mediatismo. Fora isso, ainda me custa a acreditar que Hathaway já interpreta mulheres de meia idade, mas é bom que se reconheça o envelhecimento como algo natural, até para as mulheres que tanto são cobradas pela sua aparência e para manterem uma juventude eterna e irreal. 


Anna Hathaway e Nicholas Galitzine, protagonistas do filme "The Idea of You", estão abraçados em uma rua movimentada, ambos usando óculos de sol estilosos. O cenário vibrante ao fundo reflete a energia da cidade, enquanto o casal exibe um sorriso cúmplice e expressões de alegria. A conexão entre eles é palpável, simbolizando a intensidade e a complexidade de seu relacionamento no filme.

A dinâmica entre Solène e Hayes é construída sobre uma ligação inesperada que desafia normas e gerações. Esta relação, que se torna mediática, provoca um intenso conflito interno na protagonista, que navega entre a tentação de viver uma paixão revitalizante depois dum divórcio traumático e os problemas que surgem na sua vida e da sua filha por causa desta ligação com alguém famoso e tão mais novo, provocando reações nos media e nos fãs do jovem cantor. A diferença de idades e as expectativas sociais criam o drama que impulsiona a narrativa, enquanto as decisões tomadas por cada um influenciam a sua evolução pessoal, ao mesmo tempo que obrigam os espectadores a reconsiderar preconceitos caducos. Esta história ilustra bem a vulnerabilidade inerente ao amor, enquanto o filme expõe como as pressões da sociedade e as normas culturais podem dificultar a autenticidade nos relacionamentos. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Sensibilidade e Bom Senso


Relativamente à realização, as cenas são meticulosamente compostas, com closes que revelam a vulnerabilidade de Solène, enquanto ângulos mais amplos, dos concertos ou das viagens, transmitem a grandiosidade do mundo ao seu redor. A banda sonora, que tem grande protagonismo ao longo do filme, complementa a narrativa visual e cria uma atmosfera envolvente que transporta o espectador para o coração da história. Essa harmonização entre imagem, som e narrativa proporciona uma experiência cinematográfica rica e multifacetada, o que comprova o investimento feito pela Amazon Prime Video na produção. As performances de todo o elenco são notáveis, incluindo da filha de Solène e do ex-marido, peças fundamentais neste romance e na construção de muitos dos conflitos que surgem. A química entre os dois protagonistas é visível desde a primeira cena e atinge o expoente máximo naquele primeiro beijo, sendo continuada durante o tempo que passam juntos durante a digressão da banda pela Europa. 



Nos dias que correm, com discussões pertinentes sobre empoderamento feminino, idade e a luta por direitos iguais, o filme encaixa e permite que o público questione os estereótipos instituídos. Assim, inspira-nos a seguir os nossos desejos, independentemente das expectativas externas. The Idea of You, além de nos entreter e proporcionar um serão agradável, também provoca conversas necessárias sobre a liberdade de amar e de ser genuíno num mundo cheio de limitações artificiais como é o nosso. Em suma, estamos perante um filme que certamente vai agradar aos fãs de romances contemporâneos e de histórias que explora as complexidades do amor. Recomendo para os que apreciam narrativas sensíveis e bem construídas e, claro, para os muitos admiradores de Anne Hathaway. 


Agora, quero saber a tua opinião sobre The Idea of You. Já viste o filme? O que achaste da narrativa e das actuações? Ficaste a torcer por este casal improvável? Vais querer ler o livro também? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 

terça-feira, 10 de setembro de 2024

#Livros - O Homem Revoltado, de Albert Camus

 

Capa do livro 'O Homem Revoltado' de Albert Camus, publicado pela Livros do Brasil. O fundo é uma mescla de cinza e amarelo, criando um contraste dramático. Em destaque, uma ilustração de um vidro partido, simbolizando a ruptura e a revolta. O título do livro aparece em letras grandes, refletindo o tom provocativo da obra.

Sinopse

Escrito por um dos mais influentes pensadores do século XX, O Homem Revoltado é um ensaio em torno de dois conceitos-chave na obra de Albert Camus: o absurdo e a revolta. O impulso para a revolução é, para Camus, uma das dimensões essenciais do ser humano, expressa não só a nível individual, na constante luta do homem com a sua existência, mas também coletivo, nas sucessivas rebeliões populares contra a ordem instituída. Contudo, e pondo-se do lado da liberdade humana e da defesa da dignidade, o autor faz um apelo à reflexão - sobre as consequências da revolta, sobre os riscos da tirania, sobre as lições que se impõem no pós-Segunda Guerra Mundial. Eloquente, apaixonado, polémico, este texto abalou o panorama cultural francês assim que foi revelado em 1951 e, duramente criticado por Jean-Paul Sartre, acabaria com a amizade entre os dois autores. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Albert Camus, nascido em 7 de Novembro de 1913, na Argélia francesa, foi um filósofo, escritor e jornalista cujas obras deixaram uma marca profunda na Literatura e no pensamento do século XX. O seu trabalho abrange romances, ensaios e peças de teatro, sendo O Estrangeiro e A Peste algumas das suas obras mais emblemáticas. Em 1957, recebeu o Prémio Nobel da Literatura, como reconhecimento da sua contribuição à literatura e a sua profunda exploração da condição humana e tudo o que escreveu só consolidou a sua voz como uma das mais influentes do modernismo literário. Publicado em 1951, O Homem Revoltado é um ensaio que emerge num período de intensas turbulências sociais e políticas no pós-Segunda Guerra Mundial. 


Dentro do contexto da Guerra Fria e das revoluções que marcavam a época, a obra reflete as inquietações dum mundo que procurava o sentido diante do absurdo e da injustiça. Usando uma perspectiva existencial, o autor contribui para o debate filosófico sobre a moralidade, a liberdade e a responsabilidade individual. A obra começa com uma análise histórica e filosófica da revolta, abordando como o ser humano, diante da injustiça e do sofrimento, se levanta contra a opressão, procurando afirmação e liberdade. Camus examina figuras revolucionárias, desde a revolta do homem contra Deus até movimentos políticos e sociais, revelando a dualidade entre a necessidade de liberdade e os perigos da violência e do totalitarismo. Ao longo do livro, ele defende a ideia de que a revolta, quando realizada com um senso de responsabilidade ética, pode servir como um acto de afirmação da vida, mas alerta para o risco da transformação da revolta em tirania. 


Podes ler também a minha opinião sobre O Estrangeiro


Para Camus, a revolta não é apenas um acto de rebelião, mas uma afirmação da dignidade humana face ao sofrimento e à opressão. Ele argumenta que, ao reconhecer a falta de sentido da vida, o indivíduo pode escolher erguer-se em revolta, pela liberdade pessoal, mas também pela solidariedade com os outros. Essa revolta torna-se, então, um acto de resistência que se fundamenta na busca por valores universais e na negação da desumanização, apresentando-se como uma forma de resistência ética contra a tirania e a barbárie. A intersecção entre a revolta e a filosofia existencialista revela-se um campo fértil para a reflexão ética e política, onde a recusa em aceitar a opressão e a injustiça torna-se um acto de revolta e ainda um imperativo moral, essencial na construção duma existência autêntica e significativa. 


"Convém salientar que já então se põe o grande problema dos tempos modernos, quando a inteligência descobre que libertar o homem do destino significa entregá-lo ao acaso." 


No livro, o autor também explora a complexidade da revolta, revelando como este impulso pode manifestar-se tanto como um acto solitário quanto como um clamor por unidade coletiva. Camus sugere que esta revolta tem o potencial para unir os indivíduos numa procura comum por significado e justiça. Ao questionar e desafiar a opressão e a tirania, a revolta cria laços entre aqueles que partilham da mesma insatisfação, promovendo uma solidariedade que transcende a solidão. Assim, a revolta torna-se num meio de conexão, um convite para que os homens se reconheçam mutuamente na sua luta, promovendo muito mais do que uma resistência individual, mas um movimento coletivo que pode transformar a realidade. Inicialmente, Camus posiciona a revolta como um acto afirmativo do ser humano, mas à medida que avança na sua análise, somos confrontados com as consequências da revolta quando esta se torna dogmática ou é mobilizada em nome da ideologia. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre A Queda


No livro, voltamos a encontrar o estilo literário que caracteriza as obras de Camus, que combina clareza e profundidade. A sua prosa é directa e incisiva, o que revela a sua habilidade excepcional para abordar temas muito complexos de maneira acessível e compreensível. Como sempre, Camus utiliza uma linguagem precisa, sem floreios desnecessários, o que permite ao leitor entender rapidamente as nuances das suas reflexões filosóficas. A verdade é que a importância da linguagem e da estrutura em O Homem Revoltado é fundamental para a transmissão das suas ideias centrais sobre a revolta e a condição humana. A construção do texto, que mistura ensaio filosófico e análise histórica, permite ao leitor acompanhar a evolução do pensamento do autor de forma coesa e envolvente. 


"Se é verdade que a revolta instintiva do coração humano tem caminhado, pouco a pouco, ao longo dos séculos em direção a uma consciência mais elevada, também cresceu, como vimos, em audácia cega até ao momento excessivo em que decidiu responder ao assassínio universal com o homicídio metafísico." 


Por incrível que pareça, a verdade é que O Homem Revoltado permanece relevante até hoje, oferecendo profundas provocações e lições para o leitor moderno. Numa era marcada por crises sociais, políticas e até existenciais, a obra de Camus continua a confrontar-nos com a nossa natureza. Apesar de ser uma leitura que foge da zona de conforto da maioria de nós, é um deleite mergulhar neste ensaio e na mente brilhante do autor, que constrói a sua narrativa numa ordem cronológica de eventos e que permite compreender a evolução da revolta nas sociedades ao longo do tempo. Uma leitura fascinante e que reforça a minha vontade de continuar a ler toda a obra deste autor excepcional num futuro próximo. 


Agora, quero muito saber as tuas impressões sobre este livro e sobre Albert Camus! Já leste O Homem Revoltado? Costumas ler ensaios filosóficos? Qual a tua obra favorita deste autor? Conta-me tudo nos comentários abaixo! 


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Wook | Bertrand 

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

A minha experiência no Rock in Rio 2024

 

Público do Rock in Rio 2024 em Lisboa levanta os braços em celebração, com o palco iluminado ao fundo, criando uma atmosfera vibrante e emocionante durante a apresentação.

O Rock in Rio é um dos festivais de música mais icónicos do mundo, com as suas origens que remontam a 1985 no Brasil. Desde então, a sua expansão por diferentes cidades globais, incluindo Lisboa, solidificou o seu papel como um verdadeiro ponto de encontro para os amantes da música de todos os géneros. Além de apresentar artistas famosos, também promove a celebração da diversidade cultural e da linguagem universal da música. Com uma proposta que vai muito além do entretenimento, o Rock in Rio destaca-se pelo seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. Em 2024, com um novo cenário junto ao rio Tejo, chegou a minha vez de viver esta experiência única, que une fãs e cria memórias inesquecíveis. 


Buy Me A Coffee

A decisão de ir ao Rock in Rio 2024 em Lisboa foi, acima de tudo, para unir o amor pela música de algum dos meus artistas favoritos, com a vontade de experenciar um dos festivais mais emblemáticos do mundo e, a cereja em cima do bolo, partilhar este momento especial com a melhor amiga da vida. O cartaz conquistou-nos, ao reunir no mesmo dia James e Ivete Sangalo, e as expectativas ficaram bem altas, com a organização dum fim de semana bem especial e que prometia muitas surpresas boas. O planeamento foi articulado com as viagens da santa terrinha das amigas até Lisboa, sendo que o alojamento ficou por minha conta. Afinal, Montijo é já ao lado e num instante chegamos onde queremos. Depois de as ter apanhado na Gare do Oriente, apesar das dificuldades em chegar lá de carro por causa do festival, decidimos estacionar num dos parques dessa zona, para não perdermos mais tempo e poder almoçar antes de irmos apanhar o Shuttle que nos levaria ao recinto. 


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Também fez parte do planeamento escolher o que levar, entre o que precisávamos e o que poderíamos levar para dentro do recinto sem problemas. Para começar, optei por roupas leves e confortáveis, perfeitas para longas horas de caminhada e muito calor, sem esquecer os ténis para garantir que os meus pés resistissem a tantas horas de espetáculos. Quanto aos itens essenciais, foram reunidos numa mochila prática, e incluíram a garrafa de água, protetor solar, bolachas para petiscar e uma sanduíche para tentar reduzir os custos lá dentro. Depois de ter reservado o autocarro na aplicação, desembarcamos, longe de mais da entrada, mas sempre bem acompanhados pelos voluntários disponíveis para orientar e esclarecer dúvidas. Como tinha o MBWay Pulse, oferecido junto com a compra do meu bilhete, a passagem pelos seguranças foi feita nessa fila bem mais rápida, ainda que eficiente e com revistas de bagagem realizadas de maneira cuidadosa e ágil, assegurando que a entrada era feita com toda a segurança para todos. 


Montagem de fotos da entrada do Rock in Rio 2024 em Lisboa, destacando o icônico placard do festival com seu nome em letras grandes e coloridas. Ao fundo, é visível a majestosa roda gigante iluminada, que adiciona um toque vibrante à atmosfera do evento. A imagem captura a expectativa e a energia do público entrando no recinto.

Mal entramos, somos logo envolvidos pela atmosfera vibrante e contagiante, com uma energia única, onde jovens e adultos se misturavam numa celebração coletiva da música e da cultura. Onde a vista alcança só vemos cores vivas, instalações interativas e cenários deslumbrantes. A experiência vai além dos artistas, dado que por toda a parte temos uma diversidade de actividades e atrações, com stands temáticos, muitos associados a marcas conhecidas, onde a caça ao brinde parece ter-se tornado um desporto olímpico. Toda a gente me alertou para os preços altos da comida e da bebida, mas devo dizer que não achei nada fora do normal, sobretudo no que se refere à comida. A variedade de food trucks era considerável, oferecendo opções para todos os paladares e estavam bem distribuídas pelo espaço, de forma a todos os palcos terem acesso a bares para matar a sede, mas também onde comer bem. 


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O ponto alto, claro, que foram os concertos propriamente ditos, com performances memoráveis que marcaram e tornaram a minha experiência inesquecível. A exuberância de Ivete Sangalo, que já tinha visto antes no Meo Arena, iluminou o palco com a sua energia contagiante. A multidão cantou em uníssono os sucessos que transcendem gerações, ainda que o som não tivesse a qualidade que esperava num evento desta envergadura. Ainda assim, os ritmos brasileiros e a sua presença de palco arrebatadora tornaram a sua apresentação um verdadeiro espetáculo. Em seguida, enquanto jantávamos, a nostalgia tomou conta com os míticos Ornatos Violeta que, com a sua sonoridade única e as suas letras poéticas, proporcionaram um momento especial e nostálgico. Por último, temos James, que deveriam ter sido cabeças de cartaz, e que entregaram uma performance cheia de emoção e intensidade, criando uma atmosfera mágica que nos fez a todos dançar sob as luzes vibrantes do festival. Entretanto, a noite ficou desagradável com um vento frio que nos fez fugir a vontade de ficar para ouvir Kura e assim fomos embora depois do fogo de artifício lançado após o concerto de James. 


Montagem de fotos do Rock in Rio 2024 em Lisboa, destacando a atuação da banda James no Palco Galp. As imagens capturam a energia vibrante do público, os músicos em ação e, ao fundo, um deslumbrante espetáculo de fogos de artifício que ilumina o céu, celebrando o encerramento memorável do concerto. A cena transmite a emoção e a magia do festival, refletindo momentos de alegria e integração entre artistas e espectadores.

Um dos desafios enfrentados nesta edição do Rock in Rio, em Lisboa, foram as longas filas para alguns stands, que talvez tenham permitido que se tenha gasto bem menos durante o evento. O espaço propriamente dito também precisa de ser melhorado com mais áreas verdes que ofereçam mais sombras no Verão e sem todo aquele pó que se levanta à medida que a multidão caminha e que nos deixa as roupas, os sapatos e até os cabelos impróprios para consumo. Algo que muita gente reclamou foram as filas para sair do recinto, o que não nos aconteceu de todo. O dia 22 era o que terminava mais tarde, o único que não esgotou e, além disso, não ficámos mesmo até ao final. Ainda assim, muita gente saiu na mesma altura que nós e não houve qualquer problema para passar os portões nem para rapidamente entrar no autocarro que nos levou de volta à Gare do Oriente. 


Apesar de achar o custo do bilhete muito alto face a outros, ainda assim, a experiência foi transformadora, muito devido à música e aos artistas que assistimos, mas também pela excelente companhia que levei comigo e que me permitiu viver este momento ainda mais intensamente. Portanto, só posso recomendar este festival a todos os amantes de música e de experiências inesquecíveis. Vale pelo cartaz, o mais importante na minha opinião, mas também pela atmosfera eletrizante, pela vista extraordinária que o novo espaço oferece e pela organização de alto nível, que promete melhorar muito mais nas próximas edições, já familiarizados com o novo recinto. Em suma, as minhas expetativas que estavam altas, forma ultrapassadas e acredito que, com um cartaz sedutor, posso muito bem voltar a viver este festival único. Agora, convido-te a partilhares as tuas próprias experiências no Rock in Rio, desta ou doutras edições. O que consideras mais único neste festival? Qual a tua memória mais marcante deste evento? Se tens perguntas ou curiosidades também as podes deixar nos comentários abaixo! 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

#Livros - Os últimos dias de Henrique VIII, de Robert Hutchinson

 

"Reproduzindo a majestade e a complexidade do rei, a capa de 'Os Últimos Dias de Henrique VIII' apresenta o icônico retrato do monarca, pintado por Hans Holbein em 1538. Com suas vestes opulentas e imponente presença, Henrique VIII é retratado em toda a sua glória, refletindo um período de poder absoluto e conflitos internos que marcam o fim de sua vida. Este vislumbre do passado captura a essência de um rei que moldou a história da Inglaterra e cujos últimos dias são explorados com profundidade por Robert Hutchinson."

Sinopse

Após trinta e cinco anos como monarca absoluto, Henrique VIII era um homem velho, hediondamente obeso, perverso e raras vezes visto em público. 

Governou pelo terror e foi pioneiro em muitos métodos que os ditadores do século XX tornaram banais. Henrique VIII criou o moderno «julgamento fantasma» e manipulou as facções rivais com um brilhantismo cínico. 

O relato que Robert Hutchinson nos traz dos últimos anos de Henrique VIII tem inúmeras revelações espantosas. Hutchinson desenterrou sentenças de morte, confissões, pedidos de clemência desesperados, provas de chantagem, inclusive as cartas de amor entre Katherine Parr, a última rainha de Henrique VIII, e o almirante Thomas Seymour, que se julgavam perdidas. 


Buy Me A Coffee

Opinião 

Robert Hutchinson é um famoso autor e historiador britânico, conhecido pelas suas obras que exploram a rica tapeçaria da História inglesa, particularmente no que diz respeito à era Tudor, a minha favorita. Andava de olho neste livro há bastante tempo e antes das férias consegui deitar-lhe a mão numa boa promoção e levei-o para me fazer companhia na primeira época de descanso a sério. Depois de ter lido vários livros de ficção sobre esta época e sobre este rei e as suas esposas e filhas, chegou a hora de ler um livro de não ficção que se propõe contar os últimos anos do famoso monarca, Henrique VIII, oferecendo uma melhor compreensão deste período tumultuado e fascinante da História inglesa. 


Henrique VIII talvez seja o monarca mais controverso de Inglaterra e viveu num período marcado por mudanças drásticas nas esferas política, religiosa e social, tendo sido a causa de muitas delas no seu país. O livro procura contextualizar a crise de saúde e os desafios pessoais que Henrique VIII enfrentou enquanto tentava consolidar o seu legado e a sua dinastia. Assim, Hutchinson retrata não só a deterioração física do rei, mas também os labirintos de intrigas palacianas, a luta por poder entre as esposas e as suas famílias e os seus conselheiros, e as repercussões das suas decisões na formação da Inglaterra moderna. Estamos a falar dum rei que foi exuberante e carismático, chamado o mais belo príncipe da Cristandade em tempos, mas que, na velhice, encontra-se preso num corpo doente, sempre atormentado por dores e rodeado de gente pouco recomendável, sem um aliado em quem pudesse confiar plenamente. 


Podes ler também a minha opinião sobre A Rainha Subjugada 


O autor destaca os conflitos familiares, especialmente com as últimas esposas e as filhas, além das tensões políticas com a expansão do Protestantismo e as alianças perigosas que cercavam a corte. O livro é um retrato rico e detalhado da luta de um homem contra o tempo e as consequências das suas próprias escolhas, culminando num fim de vida sombrio e degradante. A morte e o sonho da imortalidade são temas incontornáveis nesta obra. Afinal, Henrique VIII, conhecido pela sua busca incessante por poder e prestígio, vê-se confrontado com a sua mortalidade à medida que a sua saúde se deteriora, revelando a inevitável decadência que aflige a todos os seres humanos, independentemente da sua estatura. Além disso, as intrigas políticas são emblemáticas neste reinado em particular. Hutchinson ilustra como a personalidade volátil de Henrique e as obsessões pessoais moldaram um cenário político desigual, onde as alianças eram frágeis e as traições comuns. 


"Apesar das palavras pacificadoras, Catarina sabia perfeitamente que, depois das experiências fatais das malogradas antecessoras consortes reais, entregar-se simplesmente à misericórdia de Henrique não a salvaria da execução." 


No contexto desta obra, a religião desempenha um papel fundamental na formação da sociedade inglesa do século XVI, especialmente à luz do impacto da Reforma Protestante. A ruptura com a Igreja Católica, impulsionada pelas disputas pessoais de Henrique VIII, transformaram a estrutura e a doutrina religiosa da Inglaterra, e também reverberou em diversas esferas da vida social, política e cultural. A ascensão do Anglicanismo e a imposição de novas práticas de culto levaram a tensões entre fé e poder, criando um ambiente de incerteza e conflito, levando o país a abeirar-se duma guerra civil nos anos que se seguiram. O descontentamento crescente entre os diversos grupos religiosos, como católicos, anglicanos e reformistas, levou a uma era de dúvidas e divisões que moldaram a identidade nacional e levou a momentos de intolerância e perseguição. 


Podes ler ainda a minha opinião sobre Os Habsburgos 


Tenho de destacar o estilo do autor, que combina fluidez com uma rica variedade de detalhes históricos. O autor entrega-nos uma narrativa envolvente, que informa ao mesmo tempo que entretém o leitor, transportando-nos para os conturbados anos finais do famoso rei inglês. A sua prosa é marcada por uma linguagem acessível, capaz de descrever minuciosamente os costumes, intrigas e tensões da corte, enquanto mantém um ritmo apaixonante, que instiga a curiosidade sobre os desdobramentos da História. A habilidade de Hutchinson para entrelaçar rigor histórico com uma narrativa dramática torna a obra uma fonte de conhecimento, sem que isso se torne aborrecido. Tudo isto assenta numa pesquisa histórica meticulosa, fundamentando-se em registos históricos, cartas e documentos da época. Além de relatar os eventos, também explora as motivações e os conflitos pessoais que marcaram esses anos finais, revelando a complexidade do monarca e os desafios enfrentados por aqueles ao seu redor. 


"Temos assim diante de nós a imagem de um monarca cruel, sem remorsos, completamente impiedoso ao comando das rédeas do poder; descuidado em relação às vidas dos seus amigos e súbditos; sempre determinado a levar a sua avante; e ávido na acumulação de riqueza, quase sempre a expensas de terceiros. Era um vândalo psicótico, paranoico, perigosamente apreciador da autoridade absoluta." 


O desenvolvimento é construído de forma brilhante. A imagem do rei poderoso, jovem, belo e sedutor, dá lugar ao homem cada vez mais consumido pela paranoia e pela decadência física e emocional. Deste modo, ilustra a luta interna e os dilemas morais enfrentados por cada figura essencial para contar este pedaço da História inglesa, apresentando uma nova camada de profundidade aos acontecimentos. Além do já referido, como a pesquisa minuciosa e a habilidade do autor em prender o leitor, tenho de referir ainda que a clareza na apresentação dos factos é um dos grandes trunfos desta obra. Hutchinson consegue explicar conceitos estranhos para os nossos dias e acontecimentos complicados de maneira simples e organizada, contando ainda com um objecto de estudo que talvez seja dos mais interessantes espécimes masculinos que a Inglaterra nos ofereceu. 


Aqui, com Os Últimos Dias de Henrique VIII, vais encontrar uma leitura interessante se gostas de História ou se tens curiosidade sobre um dos períodos mais fascinantes do Renascimento e pela dinastia mais carismática da Inglaterra, os Tudors. Vale a leitura por tornar a História acessível e emocionante, enquanto nos apresenta a complexidade dum líder que, ao mesmo tempo, era carismático e tirano. Agora, quero muito saber a tua opinião! Já leste este livro de Robert Hutchinson? Que aspectos da narrativa te chamaram mais a atenção? Alguma das revelações sobre Henrique VIII e o seu círculo íntimo te surpreendeu? Deixa o teu comentário abaixo! 


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