Sinopse
Neste livro repleto de beleza literária e cores realistas, tão chocante quanto maravilhoso, tão particular quanto universal, Thales Guaracy vê Anita pelos olhos de Giuseppe Garibaldi, a única pessoa que testemunhou realmente a vida da revolucionária. E assim desvenda e dá-nos a conhecer, com um estilo único, pessoal e emocionante, a mulher que se lança sozinha sobre o exército inimigo; que por ciúmes corta os cabelos do marido e o ameaça com um par de pistolas; que abandona os próprios filhos entre desconhecidos para atravessar um país em convulsão, escondida sob a correspondência num carro de correio, até uma cidade sitiada. E que aprendeu que as causas perdidas são as mais certas, tornando-se numa das mais extraordinárias personagens da história, considerada a heroína de dois mundos, precursora e símbolo do feminismo, e a representação da mulher forte e independente.
Opinião
O Brasil é mesmo todo um novo mundo à espera de ser descoberto. A sua descoberta não se limita aos seus limites geográficos e a sua riqueza vai muito além do ouro e das pedra preciosas que lá se escondiam. As figuras únicas e de dimensão universal são o seu maior legado. No seu passado encontramos o início de uma identidade própria, rica e que, absorvendo as culturas colonizadoras, criou a sua e com ela ganhou o mundo.
No que toca a mulheres é uma fábrica de personalidade extraordinárias, à frente do seu tempo e capazes de seguir o seu caminho sem se prenderem às convenções e pressões sociais. Foi o caso de Chiquinha Gonzaga, a compositora que se destacou na criação de uma música popular brasileira. E antes dela, foi o caso de Anita Garibaldi, que rasgou as amarras e se dedicou à luta pela liberdade, causa maior dos povos.
Desde que vi a mini-série da Globo, A Casa das Sete Mulheres, fiquei rendida a esta personagem histórica que ganhou um lugar especial no coração dos oprimidos e se tornou numa heroína de dois continentes. Depois, agarrei no livro com o mesmo nome e que está esgotado no nosso país, e apaixonei-me em definitivo por este casal de revolucionários.
Então podes imaginar a minha reacção quando descobri que ia ser lançado em Portugal um livro sobre Anita Garibaldi, certo? O autor, Thales Guaracy, propõe-se contar sobre a vida da grande heroína através do olhar do seu companheiro de amor e de aventuras. Os factos são narrados pelo próprio Garibaldi que nos relata a vida de Anita antes das suas vidas se cruzarem, segundo o que ela lhe contou, e depois o que aconteceu durante os anos que partilharam lado a lado.
Ao contrário de uma mulher comum, Anita não procurou prender o seu amado a uma vida segura e estável, onde os filhos se tornassem em âncoras e não permitissem perseguir as lutas que o chamavam. Em vez disso, incentivou e participou nas mesmas causas, tendo um papel fundamental e demonstrando uma coragem e destemor que poucos homens conhecem.
Este é um excelente livro, suportado por uma história verdadeira, repleta de heróis e momentos de emoção, com personagens fortes e marcantes, o que só se poderia traduzir num caso de sucesso. E, como cereja no topo do bolo, a sua escrita é incrível e transforma uma leitura interessante num livro inesquecível. A sua escrita é quase poética e acabei a ter de me controlar para não marcar todas as páginas, porque em todas elas podemos encontrar frases ou parágrafos que queremos guardar e reter.
Posso imaginar que talvez possa ter provocado alguma polémica, embora não me tenha prendido muito a procurar por ela, devido à forma como faz a sua versão do que se sabe, preenchendo alguns vazios e que poderá ter chocado alguns. Pela minha parte, lido bem com isso, precisamente por se tratar de um romance e não de uma biografia.
Pela minha parte, fiquei fã do autor e deste seu romance que me permitiu matar saudades de um casal apaixonado e apaixonante. É, sem margem para dúvidas, um livro para guardar e visitar sempre que possível e voltar a viver o deslumbramento das suas belas frases. Concordas comigo? Leste este livro ou ainda não lhe deste uma oportunidade?
"Tantas e quantas vezes até preferiu estar morto, sem carregar o peso dos companheiros perdidos, do amor perdido e das desilusões, que acumulava como ninguém. No final, a ironia suprema, estava ali, em 1882: um velho como se tivesse tido uma vida prudente, rotineira e previsível como a de um pacato sapateiro ou de um barrigudo mercador."
"Aprendera nas lutas a conhecer os homens; sabia sempre quem eram os doentes ou os fracos, os valentes e os fortes, aqueles em que se podia ou não confiar, mas nenhuma batalha lhe ensinara a entender as mulheres. Aquela era diferente; não precisava saber de nada ou, por outro lado, era como se já soubesse de tudo. Nunca vira uma mulher assim guerreira, nem sabia de alguma, desde Joana d'Arc, que de tão rara se tornara também uma santa. Ao ver o olhar de Anita, reconhecia o magma vivo, a energia vulcânica daqueles que, como ele, não perdiam tempo com decisões, como é necessário no campo de batalha."
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