Eu sei que comecei a semana a lamentar o final das minhas férias e, por isso mesmo, parece-me apropriado e motivador começar já a pensar nas próximas. Sem pensar em destinos e planos demasiado concretos, o que melhor combina com a época de férias são os livros que queremos ler nessa altura onde temos mais tempo e disponibilidade.
Eu procuro ler durante todo o ano, mas claro que quando não temos de cumprir horários laborais temos mais liberdade para agarrar e devorar os livros que mais desejamos. A minha lista de livros para ler é gigantesca, os que se encontram em lista de espera cá em casa também é considerável. Contudo, têm sido lançados tantos livros incríveis que decidi aqui partilhar a lista dos livros que vão directamente para a minha lista de desejos e que seriam excelentes sugestões para lermos nas próximas férias.
A jornalista Isabel Nery traz-nos no seu novo livro, a primeira biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen, no ano em que se assinala o centenário do seu nascimento.
A autora percorreu lugares e pessoas que fizeram parte da história de Sophia, como o Porto, a Grécia, Lagos, ou entrevistando mais de 60 pessoas, do pescador José Muchacho, ao amigo Manuel Alegre, até ao ensaísta Eduardo Lourenço, passando por companheiros das letras e da política.
Só assim foi possível completar a biografia que faltava sobre a primeira portuguesa a receber o Prémio Camões e a única mulher escritora com honras de Panteão Nacional, a quem muitos gostavam de ter visto atribuído o Prémio Nobel.
Um homem é encontrado morto no seu apartamento em Oslo. Ao que tudo indica, a vítima era um desconhecido, saqueador de túmulos e coleccionador de troféus. Aliás, quando a Polícia abre o frigorífico da cozinha, a perplexidade é total. Uns dias mais tarde, Joona Linna é contactado por uma inspectora da Polícia alemã no sentido de o ajudar com um homicídio perto de Rostock, e Joona reconhece de imediato um padrão que não pode ignorar.
Alguns chamariam de milagre se alguém regressasse dos mortos - outros chamar-lhe-iam um pesadelo.
Arquétipo e símbolo do homem da Renascença, Leonardo da Vinci é universalmente reconhecido como o génio mais criativo e multifacetado da História. A sua criatividade, como aquela de grandes inovadores, nascia na intersecção entre as humanidades e a tecnologia. Esfolou rostos de cadáveres, desenhou os músculos que fazem mover os lábios, e depois pintou o sorriso mais memorável da História em Mona Lisa. Explorou a matemática da óptica, mostrou como os raios de luz atingem a córnea e produziu ilusões de perspectivas variáveis em A Última Ceia. No seu eterno entusiasmo pela encenação de espectáculos imaginava máquinas que subiriam aos céus, permitindo ao homem voar como os pássaros.
Filho ilegítimo, à margem de uma educação formal, vegetariano, canhoto, distraído e, por vezes, herético, o Leonardo da Vinci retratado neste livro é uma pessoa real, extraordinária pela pluralidade de interesses e pelo prazer que tinha em combiná-los.
Recorrendo a milhares de páginas dos impressionantes cadernos deixados por Leonardo da Vinci, e atendendo às mais recentes descobertas sobre a sua obra e trajectória de vida, Walter Isaacson revela-nos facetas desconhecidas do artista, desfazendo a aura sobre-humana que lhe é atribuída e mostrando como a genialidade de Leonardo se fundamenta em características bastante «humanas», moldadas por uma enorme vontade e ambição e assentes em habilidades que cada um de nós pode cultivar, não isentas de imperfeições e fraquezas.
Um livro indispensável, não só pela forma única de representar um dos grande génios da História da Humanidade, mas também enquanto demonstração da capacidade humana de inovar, da importância de aprender e questionar, de imaginar e, sobretudo, de pensar de maneira diferente.
Londres, 2019. A vida tem tratado bem Maxim Trevelyan. Com a sua beleza, dinheiro e relações privilegiadas, nunca teve de trabalhar e raras vezes dormiu sozinho. Mas tudo isso muda quando na sequência de uma tragédia ele herda a riqueza, as propriedades, e o título nobiliárquico da família com toda a responsabilidade que essa herança acarreta. É um papel para o qual não está preparado e que só a custo consegue enfrentar.
Mas o seu maior desafio é conter o desejo por uma jovem enigmática que inesperadamente chegou a Inglaterra, trazendo consigo pouco mais do que um passado perturbante e perigoso. Tímida, linda de morrer e musicalmente sobredotada, ela revela-se misteriosamente tentadora. E o desejo que Maxim sente por ela transforma-se numa paixão que nunca experimentou e nem sequer se atreve a nomear. Quem é Alessia Demachi? E poderá Maxim protegê-la do mal que a ameaça? E o que fará ela quando souber que também ele esconde segredos?
Do coração de Londres às paisagens idílicas da Cornualha, passando pela rude beleza dos Balcãs, O Senhor é uma montanha-russa de perigo e desejo, que deixará o leitor sem fôlego até à última página.
As razões que levaram o Infante D. Henrique a conduzir com invulgar tenacidade um projecto tão exigente e tão prolongado como foi o dos chamados «descobrimentos» é uma questão que ainda hoje merece análise.
Este projecto não constituiu um mero episódio fugaz, que tenha aparecido e logo depois desaparecido sem consequências permanentes. Pelo contrário, os descobrimentos deram origem a uma modificação radical da História da Humanidade, que se prolonga até aos nossos dias.
Na base de tudo esteve sempre a geografia, que naqueles tempos era matéria muito difícil de conhecer em vastas zonas do globo. Na presente obra o autor procura compreender de que forma o Infante D. Henrique abordou esta questão, que era afinal decisiva para o sucesso do seu projecto.
O jornalismo é a profissão que mais se parece com o pugilismo, com a vantagem de que a máquina ganha sempre e a desvantagem de que não nos é permitido atirar a toalha ao chão.
O Escândalo do Século reúne cinquenta textos representativos do percurso jornalístico de Gabriel García Márquez, seleccionados pelo seu editor Cristóbal Pera. Nestas histórias, onde não se diferencia o jornalista do romancista, o leitor descobrirá um fascínio por enredos que desafiam a nossa ideia da realidade, umas vezes porque nunca iremos compreendê-los por completo, tais como o misterioso caso de Wilma Montesi, que dá nome a este livro; outras porque nos obrigam a olhar o mundo com novos olhos, abertos para se surpreenderem com as contradições, desgraças e maravilhas que governam o seu imprevisível mecanismo.
Gabriel García Márquez, que se considerava mais jornalista do que escritor, deixou bem claro que o jornalismo foi sempre a sua paixão principal, a mais duradoura, e pelo que queria ser lembrado: «Não quero que me recordem por Cem Anos de Solidão, nem por aquilo do Prémio Nobel, mas sim pelo jornal.»
Romance lírico, irónico, cruel, cirúrgico e profético, Serotonina é uma radiografia do futuro que nos espera, atravessada pelo olhar sempre provocador de Michel Houellebecq.
Florent-Claude Labrouste tem quarenta e seis anos, é funcionário do Ministério da Agricultura e detesta o seu nome. Divide o apartamento na periferia de Paris com Yuzu, a namorada japonesa, muitos anos mais jovem. Cínico, profundamente desesperançado e intimamente só, tudo lhe parece insuportável: a França está à beira do precipício, a Europa ameaça ruir, a sua vida é um beco sem saída.
A descoberta de uns vídeos comprometedores da namorada, que ele planeava há muito abandonar, leva-o a despedir-se de muito mais: deixa o emprego, a namorada e a casa, e aluga um quarto de hotel. Dedica os dias a divagar e deambular pelos bares, restaurantes e lojas da cidade. E descobre Captorix, um antidepressivo que liberta serotonina e lhe devolve a possibilidade de aguentar o dia-a-dia mas lhe rouba aquilo que poucos homens estariam dispostos a perder.
Aproveita a ruptura radical para rememorar o passado: as aspirações e ideias de jovem agrónomo; as relações amorosas, de fim desastroso; a nostalgia de um amor perdido; e o reencontro com um velho amigo aristocrata, que o ensina a manusear uma espingarda. Entre passado e futuro, é-lhe forçoso contemplar, com uma feroz acidez, um mundo sem bondade, desumanizado, atingido por mutações irreversíveis.
Com Serotonina, romance-profecia de um futuro pouco perfeito, Houellebecq reafirma-se uma vez mais como um cronista impiedoso da decadência da sociedade ocidental, um escritor indómito, incómodo e por isso imprescindível.
Escrita com total acesso aos arquivos da Fundação Gulbenkian, esta é a biografia de um homem complexo, no aniversário dos 150 anos do seu nascimento.
Conhecido como o Senhor Cinco por Cento, a sua vida privada é tão elusiva e bizantina quanto a sua forma de negociar: as mulheres de que se fazia acompanhar, os negócios com Estaline, a forma como usava a sua mulher, a encantadora Nevarte, para aprofundar relacionamentos e alianças, a sua paixão por arte.
Em Portugal e no mundo, o seu nome estará sempre associado ao mecenato e à maior e mais importante colecção privada de arte do país, exposta na Fundação Calouste Gulbenkian.
Que livro vais ler nestas férias? Por qual deveria começar as minhas leituras?